Os Cursos Superiores de Curta Duração Valem a Pena?
empresas que procuram contratar egressos de CSCDs em áreas mais populosas podem não conseguir encontrar candidatos locais que atendam às suas necessidades.
2.2 O que Sabemos? Vários estudos tentaram quantificar os efeitos dos CSCDs em diversos países. No entanto, a natureza desses cursos varia substancialmente entre países, e essa característica é reforçada pelas dinâmicas específicas dos países em termos de desenvolvimento demográfico e econômico. Isso pode explicar a disponibilidade limitada de evidências robustas e comparáveis. Uma dessas evidências vem da Europa. Em vários países europeus, o ensino profissionalizante, que dura de três a quatro anos, representa um passo importante na transição da escola para o trabalho.1 Essa configuração específica, conhecida como sistema dual, normalmente é organizada como parte da estrutura educacional formal e envolve uma relação de emprego, além da educação formal média e superior. Muitas vezes inclui cursos de educação e formação profissional e técnica (EFPT), alguns dos quais duram apenas alguns meses e, como resultado, não constituem CSCDs. A literatura documenta que em países com sistemas duais como Áustria, Dinamarca, Alemanha e Suíça há menos desemprego juvenil e mais emprego em ocupações qualificadas e setores de altos salários.2 Esse efeito pode estar associado a uma maior compatibilidade entre formação e demanda do mercado de trabalho, que resulta do fato de o processo de acumulação de capital humano ser dependente da oferta de vagas pelos empregadores.3 Os pesquisadores também fizeram comparações mais diretas entre formação “profissionalizantes” no ensino médio ou superior (esse último incluindo CSCDs) e formação “geral”, como um curso de bacharelado ou um curso de ensino médio não técnico, preparatório para a universidade.4 Eles analisaram perfis de empregos ao longo do tempo para egressos dessas diversas opções de ensino. Usando dados de 18 países da Pesquisa Internacional de Alfabetização de Adultos, constataram que,5 contabilizado o total de anos de escolaridade, os egressos de cursos gerais obtêm resultados de emprego piores do que os egressos de cursos profissionalizantes no início de suas carreiras, mas melhores posteriormente. Esse padrão é particularmente acentuado em países conhecidos por seus extensos sistemas duais. As habilidades geradas por cursos profissionalizantes podem facilitar as transições para o mercado de trabalho, mas podem se tornar obsoletas mais rapidamente do que aquelas ministradas em cursos de formação geral. Outros estudos encontraram padrões semelhantes para a formação profissionalizante em relação à formação geral,6 incluindo estudos para países da Europa e Ásia Central e África.7 Nos países da ALC, evidências da Pesquisa de Habilidades e Trajetória (Skills and Trajectory Survey), realizada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) na Argentina e no Chile, sugerem que a formação
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