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1.2 Fonte de dados fundamental: SEDLAC
Quadro 1.2 Fonte de dados fundamental: SEDLAC
Grande parte da análise neste livro baseia-se em microdados de pesquisas domiciliares para países da América Latina e do Caribe (ALC). Os dados são da Base de Dados Socioeconômicos da América Latina e do Caribe (SEDLAC), construída pelo Centro de Estudos Distributivos, Trabalhistas e Sociais da Universidade Nacional de La Plata (Argentina) e pelo Grupo de Pobreza do Banco Mundial para a região da ALC. Uma vez que os microdados brutos das pesquisas domiciliares não são uniformes em todos os países da ALC, a SEDLAC os harmoniza para fornecer informações comparáveis entre os países e ao longo do tempo, “usando definições semelhantes de variáveis em cada país/ano e aplicando métodos consistentes de processamento dos dados” (CEDLAS e Banco Mundial 2014).
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Os dados harmonizados são extremamente úteis para várias análises. De fato, Ferreyra et al. (2017) recorrem substancialmente a esses dados para estudar o ensino superior na ALC. No entanto, a utilidade desses dados é limitada para o presente livro, visto que os dados harmonizados eliminam a distinção entre cursos de bacharelado e cursos superiores de curta duração (CSCDs), agrupando-os em uma única categoria de ensino superior. Como resultado, não está claro se um aluno do ensino superior está matriculado em um CSCD ou concluiu um CSCD. Para superar esse obstáculo, o livro usa dados brutos, não harmonizados, e recorre aos questionários específicos dos países nas pesquisas domiciliares para identificar casos de matrícula e conclusão de CSCDs.
Ainda assim, alguns problemas persistem. Em primeiro lugar, a pesquisa original não identifica separadamente matrículas em CSCDs no Brasil, na Colômbia, na República Dominicana e na Guatemala, ou egressos de CSCDs no Brasil, na República Dominicana e na Guatemala. Assim, o livro usa dados administrativos sempre que possível (ver Anexo 1A). Em segundo lugar, no caso da Bolívia, do México e da Nicarágua, os dados não revelam se os indivíduos concluíram o ensino superior, mas sim o tipo (CSCD ou bacharelado) e a duração do curso no qual estavam matriculados. A conclusão é baseada no número de anos cursados no ensino superior, com janelas diferentes para a conclusão de CSCDs e cursos de bacharelado.
Fato estilizado 2. A ALC tem relativamente poucos alunos matriculados em CSCDs.
Em média, atualmente 24 por cento dos alunos do ensino superior no mundo estão matriculados em CSCDs (Figura 1.4). A proporção de alunos do ensino superior que cursam CSCDs (isto é, a proporção das matrículas em CSCDs) diminuiu em quase todas as regiões entre 2000 e 2017. Ou seja, na expansão mundial recente do ensino superior, as matrículas em cursos de bacharelado cresceram mais do que as matrículas em CSCDs.
Apesar desse declínio mundial, a proporção atual das matrículas em CSCDs varia significativamente nas regiões. Entre as sete regiões representadas na Figura 1.4, a região do Leste Asiático e Pacífico tem a maior proporção de matrículas em CSCDs (34 por cento), enquanto a ALC tem a segunda menor (9 por cento). Além disso, na ALC a proporção de matrículas em CSCDs caiu quase pela metade desde 2000, e em cerca de dois terços dos países da região (Figura 1.5).
Figura 1.3 Taxa bruta de matrícula no ensino superior, 2000, 2010 e 2017
Percentual 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0
Mundo Leste Asiáticoe Pacífico Europa e Ásia CentralAmérica Latinae CaribeOriente Médio eNorte da África Américado Norte Sul da Ásia África Subsaariana
2000 2010 2017
Fonte: Indicadores de Desenvolvimento Mundial, com base em dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Nota: Para cada região, a taxa bruta de matrícula corresponde à média ponderada nos países da região.
Figura 1.4 Alunos matriculados em cursos superiores de curta duração em relação à matrícula total no ensino superior, 2000, 2010 e 2017
Percentual 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0
MundoLeste Asiáticoe Pacífico Europa e Ásia CentralAmérica Latinae CaribeOriente Médio eNorte da África Américado Norte Sul da Ásia África Subsaariana
2000 2010 2017
Fonte: Cálculos do Banco Mundial com base em dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura e do Centro Nacional de Estatísticas da Educação dos Estados Unidos (2000 e 2010). Nota: A figura mostra o percentual de alunos matriculados em Cursos Superiores de Curta Duração (CSCDs) (ISCED 5) em relação à matrícula total no ensino superior (ISCED 5-8), independentemente da idade. O total de matrículas inclui cursos de pós-graduação. Cada região apresenta a média ponderada dos países correspondentes.
Figura 1.5 Alunos do ensino superior em cursos superiores de curta duração, por volta de 2004 e 2018
Percentual 45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
Peru ChileUruguaiBolíviaColômbiaArgentinaParaguaiAmérica Latinae CaribeEl SalvadorBrasilMéxicoNicaráguaHondurasEquadorCosta RicaPanamá
Por volta de 2004 Por volta de 2018
Fonte: Cálculos do Banco Mundial com base na Base de Dados Socioeconômicos para a América Latina e o Caribe (SEDLAC) e em dados administrativos para Brasil e Colômbia (ver Anexo 1A). Nota: As barras azuis (laranjas) mostram o percentual de indivíduos de 18 a 24 anos matriculados em um CSCD em relação a todos os indivíduos de 18 a 24 anos matriculados no ensino superior em 2004 (2018). Os dados são para os seguintes anos: Argentina (2003, 2018), Bolívia (2005, 2018), Brasil (2004, 2018), Chile (2006, 2017), Colômbia (2004, 2018), Costa Rica (2004, 2018), Equador (2008, 2018), El Salvador (2003, 2018), Honduras (2005, 2016), México (2004, 2018), Nicarágua (2001, 2014), Panamá (2004, 2016), Paraguai (2004, 2018), Peru (2003, 2018) e Uruguai (2006, 2018).
Fato estilizado 3. Os CSCDs tendem a atrair alunos desfavorecidos, não tradicionais.
Ao escolher um curso de ensino superior, os alunos se dividem entre CSCDs e cursos de bacharelado, dependendo de vários fatores pessoais, tais como histórico socioeconômico, preferências, localização residencial e compromissos familiares. A escolha também depende da disponibilidade de cursos de bacharelado e CSCDs em sua área de residência e da sua capacidade para se mudar para outro local. Como resultado da escolha, os alunos de CSCDs são, em média, diferentes dos alunos de bacharelado. Os alunos de CSCDs tendem a ser mulheres, são ligeiramente mais velhos e têm menor probabilidade de residir em locais urbanos (Tabela 1.1).9 Também têm maior probabilidade de se casar e trabalhar enquanto estudam, embora aqueles que trabalham tenham menor probabilidade de fazê-lo em tempo integral. Além disso, os alunos de CSCDs têm maior probabilidade do que os alunos de bacharelado de estar nos 80 por cento inferiores da distribuição de renda e uma probabilidade substancialmente menor de estar entre os 20 por cento de renda mais alta. Em suma, os alunos de CSCDs são mais desfavorecidos do que os que os de cursos de bacharelado.
A comparação com os graduados do ensino médio que não ingressam no ensino superior revela que as mulheres têm maior probabilidade do que os homens de ingressar no ensino superior, e os indivíduos buscam o ensino superior