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1.2 Panorama Institucional
Dentre as principais constatações destacam-se:
• Os CSCDs são relativamente menos prevalentes na ALC do que em outras regiões do mundo, uma vez que sua proporção de matrículas no ensino superior é menor na ALC do que na maioria das demais regiões. Além disso, a grande expansão do ensino superior que vem ocorrendo na ALC desde o início dos anos 2000 tem mostrado uma forte tendência na direção de cursos de bacharelado. • Os alunos de CSCDs são mais desfavorecidos e menos tradicionais do que os de cursos de bacharelado. Também são um pouco mais velhos, tendem a ser mulheres e casadas e vêm de famílias de menor renda. No entanto, são menos desfavorecidos do que os indivíduos que não ingressam no ensino superior. • Embora mais desfavorecidos, os alunos de CSCDs apresentam taxas mais altas de conclusão do que os decursos de bacharelado. Além disso, os egressos de
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CSCDs obtêm resultados melhores no mercado de trabalho (taxa de desemprego, emprego formal e salários) do que os alunos que abandonam cursos de bacharelados. Essa é uma constatação particularmente importante, visto que estes respondem por cerca da metade de todos os indivíduos que ingressam no ensino superior na ALC. • Os governos fornecem um subsídio anual por aluno de CSCD menor do que por aluno de bacharelado. Uma vez que os cursos de bacharelado são mais longos do que os CSCDs, a diferença é ainda maior em termos de subsídio total por aluno. Isso pode ter criado uma percepção pública dos cursos de bacharelado como sendo mais valiosos socialmente do que os CSCDs, talvez contribuindo, inadvertidamente, para o estigma pré-existente dos CSCDs. • Nos países da pesquisa, o corpo discente de um CSCD médio é formado principalmente por alunos do sexo masculino e alunos de ambos os sexos com menos de 25 anos. No Brasil e na República Dominicana, a maioria dos alunos está matriculada em cursos de meio período, e nos demais países da pesquisa em cursos de tempo integral. Os alunos ingressam na maioria dos cursos com déficits em matemática, leitura e escrita. Em termos financeiros, os cursos em média são relativamente acessíveis na Colômbia, na República
Dominicana e no Equador, mas menos acessíveis no Peru e no Brasil. Embora os alunos de CSCDs tenham acesso a alguns mecanismos de financiamento, a maioria financia seus próprios estudos. Não é de surpreender, portanto, a informação dos diretores de CSCDs de que o principal motivo para a evasão desses cursos é a dificuldade financeira. Embora os cursos afirmem oferecer caminhos para graus mais avançados, estes são pouco procurados pelos alunos, sugerindo que talvez não sejam tão suaves.
1.2 Panorama Institucional
Antes de começar, é preciso que se faça um esclarecimento sobre a definição de CSCD. Este livro adota a Classificação Padrão Internacional de Educação (ISCED) da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura (UNESCO), que descreve os CSCDs (ISCED 5) como cursos criados para dotar os alunos de conhecimentos, habilidades e competências profissionais; voltados para ocupações específicas; mais curtos, mais práticos e menos teóricos do que os cursos de bacharelado; e cujo objetivo principal é preparar os alunos para o mercado de trabalho.1 Os cursos inseridos na ISCED 5 são de formação superior, duram pelo menos dois anos e não incluem cursos profissionalizantes ou técnicos de menor duração.2
Na ALC, o panorama institucional dos CSCDs é bastante complexo. Os exemplos de CSCDs variam de técnico em saúde bucal, fisioterapeuta e enfermeiro a técnico de rede, especialista em marketing, desenhista técnico e especialista em gestão. Em vários países, também incluem o magistério.3 Além disso, abrangem uma variedade de cursos tradicionais e inovadores. Os primeiros incluem publicidade, hospitalidade e turismo, enfermagem, mecânica de automóveis, logística, artes culinárias, design de moda, design gráfico e eletrônica. Os cursos inovadores incluem aeronáutica, design de aplicativos, logística digital, animação digital, design de videogames, ciência de dados, segurança da informação, design de redes, citologia e histologia, segurança cibernética, biotecnologia e redes sociais.
Em geral, a duração dos CSCDs é de dois ou três anos, podendo chegar a quatro em alguns países.4 São oferecidos principalmente por Instituições de Ensino Superior (IESs) não universitárias, tais como escolas técnicas e profissionalizantes, embora em alguns países também sejam ministrados por universidades.5 Por exemplo, enquanto no Brasil, no Chile e na Colômbia, IESs universitárias e não universitárias podem oferecer CSCDs, no Peru essa oferta é restrita a IESs não universitárias. Em alguns países, o setor não universitário inclui uma instituição com abrangência nacional, que é pública na Colômbia [Serviço Nacional de Aprendizagem (SENA [Servicio Nacional de Aprendizaje] e privada no Brasil [Sistema S] e no Peru [SENATI - Serviço Nacional de Formação em Trabalho Industrial, Servicio Nacional de Adiestramiento en Trabajo Industrial]). 6
A Figura 1.1 mostra o número de IESs não universitárias em cada país. Para fins de comparação, também mostra o número de universidades, independentemente de oferecerem CSCDs ou não. Diferentes tipos de IESs prevalecem em diferentes países. O número de IESs universitárias supera o de IESs não universitárias no México e na Costa Rica, mas o inverso ocorre na Argentina, no Brasil e no Peru. Talvez devido a essa variedade institucional, na prática geralmente não há um caminho entre CSCDs e cursos de bacharelado — particularmente em diferentes IESs —, e as universidades raramente se articulam com IESs não universitárias. Nos CSCDs, os alunos normalmente seguem um currículo estruturado, com pouca margem para personalização curricular ou aulas eletivas. À guisa de comparação, o Quadro 1.1 apresenta uma descrição suscinta do panorama institucional nos Estados Unidos e na Alemanha.
Na ALC, a maioria dos alunos cursa o ensino superior localmente (Ferreyra et al. 2017), em particular no caso de CSCDs. Várias IESs públicas e particulares oferecem CSCDs. Em IESs públicas, os CSCDs são gratuitos ou altamente subsidiados. As instituições privadas cobram mensalidades, embora em países como