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5.6 O Estigma dos CSCDs
5.6 O Estigma dos CSCDs
Cursos superiores de curta duração carregam o estigma de ser a opção menos desejável com relação aos cursos de bacharelado. É muito raro que um aluno sonhe em se graduar de um CSCD, ou que uma mãe sonhe em ver o seu filho se graduar de um CSCD. CSCDs são considerados a opção que sobra quando a melhor opção — um bacharelado — não está disponível.
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Dadas as evidências apresentadas neste livro, será que esse estigma é justo? Em outras palavras, será que reflete a realidade? Este capítulo ressaltou alguns motivos de peso para que os cursos superiores de curta duração sejam vistos favoravelmente; todos levam a crer que o estigma é injusto. Ao mesmo tempo, CSCDs têm deficiências que poderiam justificar o estima. Além disso, os alunos podem achar os CSCDs limitados devido ao foco em ocupações especificas, contrastando com o suposto treinamento teórico mais amplo dos cursos de bacharelado. Essa preocupação aumenta quando o aluno acredita ser essa a sua única chance de cursar o ensino superior ou estudar em nível avançado.
Considerando que muitos alunos avaliam os cursos de acordo com o seu público, o estigma pode estar relacionado ao fato de que CSCDs costumam ser a opção de alunos relativamente desfavorecidos. Alunos mais avantajados poderiam interpretar isso como evidência de que CSCDs são menos desafiadores e compensam menos que bacharelados, sendo, portanto, a opção inferior. Existe ainda a possibilidade de que políticas públicas tenham contribuído para o estigma, particularmente em países com fácil acesso a cursos de bacharelado gratuitos em instituições de ensino superior públicas, onde os alunos naturalmente tendem a escolher esses cursos. Em outras palavras, as políticas de financiamento e admissão para cursos superiores de curta duração e bacharelados em instituições públicas podem incentivar os alunos a escolher os segundos em vez dos primeiros. Ao concentrar mais recursos e atenção nos cursos de bacharelado, os formuladores de políticas podem ter contribuído para a percepção de que os CSCDs são a opção inferior.
As políticas descritas neste capítulo devem ajudar a mitigar o estigma que paira sobre os CSCDs. Entre as estratégias que podem ajudar estão a disponibilização de informações para os alunos sobre CSCDs e bacharelados e ajuda para que processem corretamente as informações; restauração da equidade no financiamento do ensino superior; facilitação de caminhos acadêmicos e aprendizagem ao longo da vida; e regulação dos CSCDs para garantir a oferta de cursos de qualidade. Porém, conforme destacam Ferreyra et at. (2017), talvez precisemos também de uma nova mentalidade com relação ao ensino superior, que valorize a variedade das ofertas para que cada aluno encontre a melhor opção para si mesmo. Os formuladores de políticas públicas não devem objetivar a maximização do número de bacharéis, mas sim a maximização do número de pessoas altamente qualificadas, seja mediante bacharelados ou cursos superiores de curta duração. Da mesma forma, os alunos não devem ter por objetivo a obtenção do diploma de bacharel a qualquer custo, mas sim a graduação do curso que melhor atenda às suas necessidades, preparo acadêmico, interesses e objetivos.