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A Via Expressa para Novas Competências
O setor privado pode desempenhar um papel fundamental na eliminação do estigma dos CSCDs, afirmando firmemente a sua necessidade das habilidades desenvolvidas por esses cursos. O Quadro 5.9 ilustra como a participação do setor privado em campanhas de comunicação pública pode tornar um determinado tipo de diploma mais desejável. Além disso, nos últimos anos pode ter surgido um aliado inesperado dos CSCDs: o crescente desinteresse dos alunos por cursos longos. Muitos dos diretores de cursos entrevistados para a WBSCPS enfatizaram que os alunos não se interessam mais em longos anos treinamento, preferindo credenciais obtidas no curto prazo com empregabilidade imediata. Considerando essas novas preferências, os cursos superiores de curta duração podem vir a ser uma opção interessante para um segmento bastante mais amplo e variado da população do que os alunos que têm hoje. Em última instância, nada ajudará mais a eliminar o estigma dos CSCDs que um estrondoso sucesso. A crise atual pode ser exatamente a oportunidade que os CSCDs precisavam para que o sucesso se realize.
Quadro 5.9 Combatendo o estigma de um diploma: a experiência da Alemanha Em 1999, 31 países europeus assinaram uma declaração em Bolonha intitulada “O Espaço Europeu de Ensino Superior” visando estabelecer um sistema compatível de titulações e graus de ensino superior na Europa até 2010, e ao mesmo tempo aumentar a qualidade dos cursos para melhorar a empregabilidade dos egressos. O “Processo de Bologna” introduziu uma estrutura de dois ciclos no ensino superior (graduação e pós-graduação). Existem bacharelados e mestrados em quase todos os campos do saber e áreas de estudo, em geral com duração de seis e quatro semestres, respectivamente. Na Alemanha, a reforma foi implementada para que tanto as universidades tradicionais quanto as escolas profissionais, conhecidas como “universidades de ciências aplicadas”, pudessem oferecer os dois tipos de cursos. Os bacharelados foram concebidos para fornecer habilidades relevantes para o mercado de trabalho europeu. O problema, contudo, foi que os bacharelados ficaram estigmatizados e passaram a ser percebidos como inferiores aos mestrados. O setor produtivo desempenhou um papel importante na luta contra o estigma. Para ajudar a removê-lo, em 2004 a Associação Alemã de Comércio e Indústria, o Centro para o Desenvolvimento do Ensino Superior, e a Confederação das Associações de Empregadores Alemãs lançaram a iniciativa conjunta “Bem-vindos Bacharéis”, com o objetivo de apresentar os bacharelados como uma boa opção profissional, capaz de dar acesso a bons primeiros empregos e carreiras promissoras. Mediante uma declaração conjunta, essas organizações apoiaram a reforma introduzida pelo Processo de Bologna e buscaram elevar o status dos cursos de bacharelado salientando a sua orientação prática, duração mais curta, e relevância internacional. A declaração original foi assinada pelos diretores de recursos humanos de 15 empresas líderes do mercado, tendo sido reafirmada e ampliada nos anos seguintes. Em 2012, 62 grandes empresas alemãs assinaram uma nova declaração denominada “Bologna@Germany” reiterando o seu compromisso de colaborar com as instituições de ensino superior (IESs) para expandir os cursos de bacharelado, e defendendo o fortalecimento do conteúdo prático com ampliação do acesso para um grupo diversificado de alunos.