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A Via Expressa para Novas Competências
resolvidas simplesmente dando informação aos alunos ou fornecendo financiamentos mais generosos. Além disso, a utilização de uma ferramenta para corrigir um problema pode exacerbar os outros. Por exemplo, aumentar o financiamento pode não só aumentar a demanda por CSCDs, conforme desejado, como também incentivar a entrada de provedores de baixa qualidade. Para lidar com esse efeito indesejado é necessário usar políticas de regulação e financiamento de forma complementar. Este capítulo defende a necessidade de disponibilizar informações comparativas sobre os cursos para os formuladores de políticas públicas — que supervisionam e regulam os cursos — e para os alunos — que precisam tomar decisões fundamentadas. A mera disponibilização de informação não basta; é preciso trabalhar diretamente com os alunos para assegurar que tenham recebido e processado a informação. Atualmente o subsídio por aluno em instituições de ensino superior (IESs) é maior para cursos de bacharelado que para CSCDs, além de não existir auxílio financeiro para alunos de CSCDs em instituições privadas. Para restaurar a equidade e promover a aquisição de habilidades essas práticas precisam ser corrigidas. Os cursos de pior qualidade precisam ser eliminados com supervisão e regulação, promovendo um ambiente onde só existam “bons” cursos no mercado. Caminhos flexíveis precisarão ser implementados para facilitar a aquisição de habilidades em blocos ou módulos ao fim dos quais os alunos possam receber credenciais que os levem a um diploma, além de promover aprendizagem ao longo da vida Em termos gerais o objetivo da política pública deve ser a criação de um sistema em que informações comparativas sobre os cursos sejam divulgadas e usadas tanto pelos alunos quanto pelos formuladores de políticas, que por sua vez devem monitorar todos os cursos de perto e intervir ativamente para eliminar os piores. Sabendo-se atentamente observados pelos alunos e formuladores de políticas, nesse ambiente os cursos se esforçariam para oferecer um bom produto. Se a implementação de políticas como essa já seria um desafio em qualquer situação, o desafio é ainda maior na situação atual, em que a pandemia de COVID-19 afetou profundamente o ensino superior na ALC (Quadro 5.2).
Quadro 5.2 O impacto da pandemia de COVID-19 no ensino superior na ALC A COVID-19 causou grandes disrupções no ensino superior na América Latina e Caribe. A maioria dos governos fechou as Instituições de Ensino Superior (IESs) no começo de março de 2020. O efeito imediato foi o cancelamento de quase todas as aulas, com apenas algumas poucas instituições oferecendo aulas online. Embora a maioria das IESs tenha implementado o ensino à distância nos meses seguintes, quando este texto foi escrito (março de 2021), cerca de 27 milhões de alunos estavam sem aulas presenciais há cerca de um ano. A despeito da limitação de recursos, a maioria dos governos da região têm se esforçado em apoiar o ensino superior durante a pandemia, entre outros oferecendo kits de conectividade (quadro continua próxima página)