OsmusikéCadernos 1

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D. Afonso Henriques: o limiano de Guimarães Franklim Fernandes entrevistaseouvidos@gmail.com

Segundo as crónicas que chegaram até nós pelo registo da História e pelo consenso geral, o primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques, filho do Conde D. Henrique de Borgonha e de Dona Teresa de Leão, terá nascido no castelo de Guimarães. Aí possui várias referências esculturais que o expõem como um guerreiro de grande envergadura e força física fora do comum, como convém à imagem e reputação dum rei de quem os portugueses se orgulham. Só que os caminhos da História são tão ínvios como a estrada velha do Marão ou como as curvas da subida da Falperra (e descida, pois tudo o que sobe alguma vez há de descer, segundo a lei da gravitação universal de Isaac Newton). Para mim, que não sou achacado a nacionalismos bacocos ou a bairrismos balofos, tanto se me dá que o Conquistador tivesse nascido em Freixo de Espada à Cinta como em Amieiro de Espingarda às Costas. E o assunto poderia morrer aqui, mas, já que se rosna que a História pode ser reinventada e moldada ao sabor da corrente e dos ventos dominantes de cada momento político, aqui vai mais uma acha para a fogueira. Afinal, qualquer de nós pode ser historiador, basta saber contar uma história ou dar alma a uma lenda. O cronista José Mattoso dá Viseu como berço de nascimento do nosso primeiro rei. E José Mattoso não é um qualquer contador de histórias, antes um dos mais reputados historiadores medievalistas da atualidade. Mas outra versão que não pode ser atirada para canto traz o berço de D. Afonso Henriques (e o redondinho e saliente ventre materno) para as cercanias de Ponte de Lima, uma localidade de grande importância já na época medieval e único caminho de passagem (pela ponte romana) do Lima para a Galiza, pela rota de Braga a Astorga. Passo a contar: D. Henrique, o consensual pai do Afonsinho do Condado e, historicamente, o grande responsável pela osga milenar que envenena o relacionamento entre os espanhóis de Guimarães e os marroquinos de Braga ao alcançar para a Colegiada da Senhora da Oliveira privilégios superiores aos da Sé de Braga, era um aventureiro que buscava fortuna e títulos honoríficos que o berço lhe negara na qualidade de filho mais novo do Duque de Borgonha, também ele chamado Henrique, não podendo, por isso, aspirar à herança do ducado, pois que, por aqueles medievais tempos, as sucessões hereditárias regiam-se por outras regras que deixavam 126


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