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Ficar em casa

Ficar em casa

Ficar agora em casa a aprender silêncio, paragem, atenção a relembrar as artes dos recantos e das horas

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Podemos encontrar esquecida alguma infância em sombras já queimadas podemos desarmar um pouco a alma deixarmo-nos mostrar mais nus de coração

Ficar agora em casa num tempo muito justo ao pobre corpo presentes a nós mesmos e a uma assustadora humanidade

Nada nos impede de abrir velhas janelas abri-las para dentro para onde há aposentos há muito irrespiráveis

Nada nos impede de abrir o livro mágico e pela primeira vez olhar o céu e ser olhado

Pois o grande medo entra só pelas defesas – Contacto de garras excessivas e aladas que matam o espírito altíssimo do voo

Carlos Poças Falcão

cpfalcao@gmail.com

21 de março 2020

O grande medo entra e infeta-nos o sangue produz a voz caótica febres de organização a mutação do humano em desejo desumano

Ficar então em casa para mais proximidade a arrefecer o mundo, a voltar ao lar comum de onde na verdade não devêramos sair

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