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Aqui há gato narrativa solta à procura de cantar Guimarães
from OsmusikéCadernos 1
by osmusike
Isabel C. Viana, CIEC, Instituto de Educação, Universidade do Minho icviana@ie.uminho.pt
Apresentação
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É para mim uma enorme satisfação estar associada a esta iniciativa d’Osmusiké. É um privilégio poder prestar tributo a este grupo que, com as suas vozes, embelezam Guimarães, atraem e deslumbram gentes de todas as idades e condição social, acalentando sonhos e promessas de vida vimaranense com tradição, com memória e orgulho da identidade de uma nação. Na forma descontraída que a reflexão pessoal consente, e que o estado de pandemia configura, nesta apresentação, procuro partilhar perceções acerca da experiência de viver Guimarães através de narrativa solta construída com metáforas criativas proporcionadas por aqui há gato. É um tempo com memória que adquire no trajeto de vivência uma singular acuidade, dominada pela vontade de a considerar com lugar de destaque no contributo ao próprio desenvolvimento de ser pessoa que vive Guimarães, num particular de pandemia e com vislumbre de pós COVID-19. Um propósito enquadrado por objeto e métodos plurais de abordagem humanista e desígnio democrático, enquanto matriz integradora capaz de clarificar o debate em torno das ideias que cantam Guimarães sem medo. Descobrir Guimarães é também descobrir a nossa pegada vimaranense, pois também ela se desenha numa marca única e inconfundível, traduzida na força da genialidade das vozes das gentes que a habitam e projetam, a fazer-nos sentir que somos mundo. Nas dimensões, que ao longo desta narrativa solta se destacam, procuro reviver a experiência de tempo e lugares vimaranenses, considerando ecos e reminiscências do que foi acontecendo, onde o experiencial vivido é um lembrete de umas outras tantas coisas, à procura de preservar e registar experiências de vivências inventadas. O passado não é lembrado em si mesmo, mas a considerar o que acrescenta ao agora, fazendo emergir com maior destaque o emocional, sem minimizar o intelectual. Convidar a memória a revivê-las e encher-me de júbilo com elas é explorar o momento atual de pandemia e descobrir novos significados de cantar Guimarães.
Aqui há gato
A perceção de interface entre sonhar Guimarães a dormir ou acordada evidencia-se algo de curioso no esculpir vimaranense frequente, uma imersão imaginada pela metáfora do gato de Schrodinger em tempo de pandemia, à procura de formas confortáveis numa leitura incompleta, a residir numa mescla de ausência, pelo dever ser, em presença continuada de confinado, pelo direito a ser. É algo que aterrou e não libertou qualquer poeira, antes gerou múltiplos e curiosos temas que convergiram num dispositivo de mensagens continuadas que contam histórias de confinado e de não confinado, a anunciar narrativas de vimaranense frequente com e sem máscara. Revelador da invisibilidade de regra que pronuncie expressar pensar a sentir Guimarães através de múltiplas e fascinantes viagens apropriadas por imaginário, confortavelmente profícuo, e capaz de conter o desânimo pelo caos gerado na pandemia. O contador do pulsar Guimarães gera a onda alfa do colapso, evidenciando o estado de existência de mais uma e outra vontade de cantar Guimarães. Contudo, porque até sabemos que estas vontades têm fascínio pela experiência do gato de Schrodinger, pois mantêm a caixa fechada e posicionam o vimaranense frequente em estado de imprevisibilidade. Este cenário de turbulência em corrida louca conduz-nos à fascinante personagem fictícia da história de Alice no País das Maravilhas, onde o Gato de Cheshire aparece e desaparece, gerando interface, embora em cenário de confusão, ora visível ora invisível, estabelece diálogo precioso, porque capaz de orientar a Alice pelo dito País das Maravilhas, embora acabe por a confundir ainda mais. O gato, mesmo que autónomo, envolto do poder de aparecer e desaparecer, é pertença de alguém. A particularidade mais singular, a deixarnos perplexos, situa-se nas preciosas orientações e na invisibilidade preocupada em desenhar rasto de sorriso visível. Acresce o facto de a sua invisibilidade lhe permitir ser salvo da sentença austera da rainha de copas, a de ser decapitado. Pois, como sabemos, o carrasco não aceitou cortar uma cabeça sem corpo, dizia já estar muito velho para cortar cabeças sem corpo. Por seu turno, de volta ao cantar Guimarães, a superposição que constitui, se imaginada pela metáfora do gato de Schrodinger, torna-a tangível em múltiplas dimensões, desde a cor da vida interior depender do dia da batalha de São Mamede, 24 de junho de 1128, até à amizade que somos capazes de construir nos lugares de cantar Guimarães. Afinal, neste deambular por coisas de tudo e de nada, podemos concluir que encontramos gato, mas não um gato qualquer, sem estado de animação suspensa, antes nos permite adivinhar cantar Guimarães em estado
de vitalidade plena, sem disputas entre aberto e fechado, originando valiosa a ideia de vimaranense frequente em narrativa imaginada em pandemia e interrogada com o estado de cantar Guimarães no pós COVID-19. Em Guimarães, a lua existe em estado de unicidade sempre que observada por espíritos de boa vontade, podemos partilhá-la algures pelo tempo que o tempo tem e sem qualquer tempo ou lugar, portador de narrativa com vimaranense frequente, uma imersão imaginada pela metáfora do gato de Schrodinger. Esta é uma metamorfose a perturbar um ato irreversível de cantar Guimarães em estado imprevisível de ser bem ou mal observada. Contudo, o que mais desejamos é que chegue esculpida em forma capaz de ser bem observada, até porque projetada para libertar energia de ânimo ativo que compagine férias e vontade de viver Guimarães.
Narrativa solta à procura de cantar Guimarães
A pensar sem medo sobre o que a COVID-19 nos força transformar. Tal como referiu Sebastião da Gama, aprendo com as coisas a sua lição de sinceridade, para o que é importante observar sem escassez de tempo, é importante saber olhar, com interesse em admirar o jardim que está por detrás do que se impõe hostil, capaz de nos comover com coisas de tudo e coisas de nada. Sebastião da Gama pegou na mão de homens que estavam tristes e levou-os a passear pelo jardim e escreveu versos que iniciavam por “O Segredo é Amar…”. É também este o mote desta narrativa solta que escrevo em tempo de bondade manifesta, em estado de linha da frente, com vontade de dizer a transformar. É com este mote que desta vez avanço em balanço de quarentena do Mundo e de boas-vindas à Primavera, a estação que julgo capaz de eternizar a vida e acalentar o sonho com confiança e esperança… Este tempo de pandemia é particularmente diverso, pois amarfanha a confiança e esperança trazidas pelo sonho, ameaça com ausência de qualquer vestígio que possibilite avançar com o fio do sonho, com o fio do caminho, mas não podemos desamparar a Esperança, precisamos de a agarrar para horas maiores… Desta vez não nos será possível rir da inutilidade do que escrevo, pois consubstancia “O Segredo é Amar [Acreditar]…”, em múltiplas formas de o experimentar, sabendo que só respeitamos o que amamos/acreditamos, o que outros amam/acreditam, quando temos o privilégio de experimentar “O Segredo é Amar [Acreditar]…”, em essência, com alma. Não em registo de saltimbanco, em sucedâneos de um e outro e nada é, apenas síndrome de mercantilização, os serviços
transacionáveis, vendáveis e compráveis. No estado de consternação em que passamos a viver, sinto que já se falharam tantos e muitos poemas, ora porque morremos, ora porque nos esquecemos. Como apontou Manuel Alegre (2018): "Está gente a morrer agora mesmo em qualquer lado, está gente a morrer e nós também! Está gente a despedir-se sem saber e para sempre. Este som já passou e este gesto também, ninguém se banha duas vezes no mesmo instante. Tu próprio te despedes de ti próprio... A Terra gira e nós também, a Terra morre e nós também... Os pássaros voam sobre a sua própria despedida... As folhas vão e nós também..." O poema da amizade é expressão de Liberdade espontânea que se descobre a cantar Guimarães, onde a turbulência e a calmaria são natureza da vida que pensa o que sente e que sente o que pensa, sem lugar para indiferença, antes constitui algo que está dentro de nós e se vive de forma capaz de consagrar direitos e valores, sem precisarmos de morrer para sermos os melhores do mundo... Hoje, agora mesmo, perspetivamos descobrir Guimarães no pós COVID-19, o elogio ao sonho que comanda a vida e aprende as sonoridades do poema que a imaterializa em projétil de Liberdade como folhas soltas ao vento que vão e Guimarães não. É no caminho entre ideias que descubro tantas outras que me fascinam e, por vezes, parece convergirem para uma epopeia, onde as ideias surgem enfatizadas para além dos seus limites, não são registo de sentimento à letra, são projeção de cenários fictícios em telas de vida real, que não se deixam intimidar pelo medo que passou a liderar os lugares humanos.
Nota final
Porque os dias vão tristes, à procura de cantar Guimarães descobri a guitarra portuguesa, o lugar mais requintado para o aqui há gato e descobrir a guitarra portuguesa é descobrir a sonoridade de cantar Guimarães pela perspetiva do aqui há gato, pois também ela nos deleita numa marca única e inconfundível, traduzida na força de vontade para horas maiores de paz e diversidade, preenchida de confortável simplicidade e alívio do que vai mal. A enriquecer os ambientes, o fio do caminho por onde caminhamos e cantamos, de forma competitiva e inovadora, tornando-os muito formativos e projetivos, sempre a instigar refletir sobre o que somos e queremos ser, a fazer-nos sentir que somos plurais como o mundo sempre que cantamos Guimarães. De tudo o que esta narrativa solta me proporcionou perspetivar, pressenti fusão nas forças: Pandemia, Emergência, Urgência, Escuta, Encontro, Paz, Identidades, Investigação, Educação, Cultura,
Imaginação e Globalização, a projetar desenvolvimento de resiliência numa Guimarães em transição continuada e acelerada. Muitas vezes gerenciada de forma intangível pelo fenómeno da globalização, assumindo aquelas forças como heterónimos representativos de identidades próprias, de lugares humanos à procura de cantar Guimarães, com interesses comuns e crenças com marca de cultura cidadã em tempo esperançado de pós COVID-19.
Referências Bibliográficas
Alegre, M. (2018). Todos os poemas são de amor. Alfragide: Publicações Dom Quixote. Acessível a partir de: https://books.google.pt/books?id=tvVsDwAAQBAJ&pg=PT42&lpg=PT42&dq=Manuel+Alegre,+%22Agora +mesmo%22,+quando+foi+escrito&source=bl&ots=fV4tXAbVV&sig=ACfU3U1j94yQ8hEMjy7xojC3bOxP1WkvVg&hl=pt-
PT&sa=X&ved=2ahUKEwjYocKyp_3pAhUHExoKHVwLAngQ6AEwA3oECAoQAQ#v=onepage&q=Manuel% 20Alegre%2C%20%22Agora%20mesmo%22%2C%20quando%20foi%20escrito&f=false Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll (1865). Por Carolina Marcello (2018). Disponível em: https://www.culturagenial.com/livro-alice-no-pais-das-maravilhas-lewis-carroll/ Sebastião da Gama (2019). Antologia de Poemas. Disponível em: https://issuu.com/bibliotecasdoagrupamentosebastiaoda/docs/poemas_sebasti_o_da_gama_2 Super Interessante (2011, atualizado em 2019). O que é o Gato de Schrödinger? Disponível em: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-que-e-o-gato-de-schrodinger/