FICHA TÉCNICA Título: OsmusikéCadernos 1
Conceção e organização Jorge do Nascimento, Joaquim Salgado Almeida, Agostinho Ferreira, Helena Ferreira
Abertura Domingos Bragança
Introdução Jorge do Nascimento Silva Prefácio Adelina Paula Pinto
Revisão Agostinho Ferreira, Jorge do Nascimento e Maximiano Simães Fotografias Arquivo d’Osmusiké
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Autores Textos produzidos por elementos d’Osmusiké, autores de Associações/instituições diversas e gente da cultura da sociedade vimaranense.
NÓSMUSIKÉ
ASSOCIAÇÕES/INSTITUIÇÕES
Albertina Amaral Ana Maria Oliveira
Florentino Cardoso Isabel Fernandes Janete Ruiz Jorge Cristino Paulo Cunha Roriz Mendes Rosalina Pinheiro Sofia Ferreira Vítor Oliveira
Ana Paula Ferrão Beatriz Roberto Emília Ribeiro Fernando Capela Miguel Filipe Guimarães Isabel Canário Joaquim A Salgado Almeida Joaquim Machado Jorge do Nascimento Silva José Matos José Teixeira Laura Pontes Lucinda Palhares Luís Almeida Luís Oliveira Luísa Teixeira Madalena Antunes
ARTES E LETRAS Adelino Ínsua Agostinho Ferreira Albino Baptista Álvaro Nunes Amélia Faria Ana Maria Bastos António Amaro das Neves Belém Pereira Carlos Poças Falcão César Machado Elvira Assunção Emília Teixeira Eva Machado Filipe Guimarães Filomena Bento Firmino Mendes Franklim Fernandes Georgina Sousa Helena Pinto Isabel Canário
Maria Helena Morais Maria Manuela Ferreira Olívia Freitas Óscar Ribeiro
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Isabel Viana Jandira Henriques João Pontes Joaquim A Salgado Almeida José Maria Gomes José Matos Julieta Ferreira Júlio Esteves Dias Liliana Xavier Lourdes Guimarães Lurdes Faria Madalena Antunes Manuela Barbosa Manuela Ribeiro Maria da Luz Natália Oliveira Nelson Xize Ofélia Ribeiro Olívia Freitas Rui Viana Sofia Antunes Machado Teresa Almeida
Apoio Técnico Helena Ferreira Maria Isabel Queirós
Apoio musical no lançamento online Júlio Dias
Local de edição Guimarães
Edição Osmusiké
Ano e mês: 2020, junho
Páginas: 254
ISBN: 978-989-33-0694-9
Nota: Os textos apresentados são da responsabilidade dos autores
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ÍNDICE A palavra do Presidente da Câmara Municipal de Guimarães ....................................................................... 9 Introdução: o associativismo ......................................................................................................................... 11 Prefácio de OsmusikéCadernos 1 .................................................................................................................. 15 NÓSMUSIKÉ PLATAFORMA DO TEMPO ........................................................................................................ 16 HISTORIAL ...................................................................................................................................................... 17 Historial d’OSMUSIKÉ ............................................................................................................................. 18 A Bandeira d’Osmusiké .......................................................................................................................... 28 E foi assim que tudo começou - Musiké: a experiência musical na arte de ensinar ............................... 29 Do Louva-a-deus ao milagre: Testemunhos do SAL ................................................................................ 32 CFFH Gerador de Projetos ...................................................................................................................... 35 Hino – OSMUSIKÉ ................................................................................................................................... 38 ÓRGÃO SOCIAIS ............................................................................................................................................. 40 Osmusiké – Associação Musical e Artística – Quadriénio 2019/2022 ..................................................... 41 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL ..................................................................................................................... 42 Osmusiké Cantar Guimarães................................................................................................................... 43 Osmusiké Cantares Populares ................................................................................................................ 45 Osmusiké Teatro ..................................................................................................................................... 47 Osmusiké Poesia ..................................................................................................................................... 54 Osmusiké Visitas Culturais ...................................................................................................................... 56 Inauguração do Espaço Criativo OSMUSIKÉ ............................................................................................ 57 Os Nossos Afonsinhos ............................................................................................................................. 60 5
TESTEMUNHO – REFLEXÕES – OPINIÕES....................................................................................................... 63 Vou contar uma história ......................................................................................................................... 64 As Nicolinas e Osmusiké ......................................................................................................................... 70 Epidemias em Portugal, Covid 19 e Cultura ............................................................................................ 73 Eu e Osmusiké ........................................................................................................................................ 76 Os Três Telefonemas .............................................................................................................................. 78 Osmusiké Momentos especiais............................................................................................................... 79 A alegria de ser Osmusiké ....................................................................................................................... 80 Testemunho ............................................................................................................................................ 81 O meu testemunho sobre música ........................................................................................................... 82 ASSOCIAÇÕES E INSTITUIÇÕES ...................................................................................................................... 83 Cantar em tempos de pandemia ............................................................................................................ 84 Pequenas Coisas - meio ambiente .......................................................................................................... 86 O sabor da terra em tempo de pandemia .............................................................................................. 89 Um “jejum cinéfilo” que ficou para a história ......................................................................................... 91 PENHA – Casa Comum, Farol de Guimarães, Ambientalmente sustentável ........................................... 93 Espaço museológico Francisco de Holanda ............................................................................................ 95 GUIMARÃES - A cidade santa de Portugal .............................................................................................. 97 Um outro depois ................................................................................................................................... 100 Alegria é com Osmusiké ........................................................................................................................ 101 ARTES E LETRAS ........................................................................................................................................... 103 SÍTIO DOS POETAS ....................................................................................................................................... 104 Ficar em casa ........................................................................................................................................ 105 A casa.................................................................................................................................................... 107 6
Este poema ........................................................................................................................................... 108 Abril de amor, abril de paz .................................................................................................................... 110 Nunca tal houvera visto ........................................................................................................................ 112 Somos Osmusiké .................................................................................................................................. 115 Cidade de Guimarães ............................................................................................................................ 116 Mente perdida ...................................................................................................................................... 117 Quadrifonia........................................................................................................................................... 118 Olá vida!................................................................................................................................................ 119 Entre emergência e calamidade ........................................................................................................... 120 Poesia em chama .................................................................................................................................. 122 SÍTIO DOS PROSADORES .............................................................................................................................. 123 Monologando ....................................................................................................................................... 124 D. Afonso Henriques: o limiano de Guimarães ..................................................................................... 126 Livro e Companheiro............................................................................................................................. 130 Luís de Camões e Guimarães ................................................................................................................ 132 Uma visão esclarecida e desalinhada.................................................................................................... 135 Aqui há gato – narrativa solta à procura de cantar Guimarães ............................................................. 138 Sobre o romance do escritor Albino Baptista Desde a Estalagem do Passado ..................................... 143 Observar, ouvir, sentir… aprender com o património ......................................................................... 148 A vila de Raul Brandão, abreviatura do mundo .................................................................................... 151 Querida Avó .......................................................................................................................................... 159 Terra, a nossa casa ................................................................................................................................ 161 Cinco por uma....................................................................................................................................... 165 Nos sessenta anos do Palácio da Justiça de Guimarães ........................................................................ 168
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O mundo sonhou .................................................................................................................................. 171 SÍTIO DA MÚSICA ......................................................................................................................................... 175 O canto em contexto informal .............................................................................................................. 176 SÍTIO DOS ARTISTAS .................................................................................................................................... 180 Desenhos do confinamento do SAL comentados ................................................................................. 181 Friso de Balsamão ................................................................................................................................. 190 Tributo a Guimarães ............................................................................................................................. 191 Jardins imperfeitos ............................................................................................................................... 193 Pequenos recetáculos ........................................................................................................................... 198 2010 – 2020 UMA DÉCADA DE ATIVIDADES ............................................................................................... 199 OSMUSIKÉ Cantar Guimarães ................................................................................................................. 200 OSMUSIKÉ Cantares Populares ............................................................................................................... 214 OSMUSIKÉ Reisadas ................................................................................................................................ 220 OSMUSIKÉ Poesia ................................................................................................................................... 225 OSMUSIKÉ TEATRO - Atividades ............................................................................................................. 228 OSMUSIKÉ TEATRO – PEÇAS ................................................................................................................... 249 OSMUSIKÉ TEATRO – Performances ........................................................................................................ 253
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A palavra do Presidente da Câmara Municipal de Guimarães Parabéns, Osmusiké! Domingos Bragança, Presidente da Câmara Municipal de Guimarães
O concelho e a cidade de Guimarães distinguem-se essencialmente por três grandes áreas de atuação: A Cultura e Educação, o Património e o Desenvolvimento Ambientalmente Sustentável. Como Presidente da Câmara Municipal de Guimarães, estou atento à vida e atividade das diferentes instituições culturais, desportivas e sociais do nosso concelho. Mas é com especial carinho que olho para Osmusiké. Osmusiké – Associação Cultural e Artística do Centro de Formação Francisco de Holanda é um projeto que, de forma feliz, conjuga harmoniosamente estas diferentes dimensões. Partindo do Centro de Formação Francisco de Holanda, de professores e educadores de Guimarães, a cultura é interpretada nas dimensões do teatro, da música ou da poesia para divulgar e defender o Património edificado e classificado. Mas esta harmoniosa conjugação das principais dimensões matriciais do nosso concelho não são o único motivo para nutrir esta especial atenção para com o trabalho desta Associação Cultural. Há duas outras dimensões que são essenciais: o forte sentimento de pertença da matriz identitária vimaranense e a abnegação com que se dedicam à causa associativa e cultural de Guimarães. Este forte sentimento identitário tem levado Osmusiké a cantar Guimarães e o seu Património pelas ruas, instituições e em momentos muito marcantes da nossa vida coletiva! Sempre dando dimensão à nossa História, à nossa dimensão monumental e ao lugar de Guimarães na fundação de Portugal. O sentido de abnegação dos seus membros é, também, uma marca indelével de um movimento associativo vivo e vibrante, que muito acrescentam à dimensão comunitária da cidade, colorindo e preservando a nossa forma de viver inclusiva. 9
Neste momento importante da vida da Associação, queria expressar os meus sinceros e sentidos Parabéns a todos os seus elementos – os que integram a instituição e os que por lá passaram - pelo percurso feito, pelo que têm ajudado a cantar e contar Guimarães e pelo caminho de futuro que ajudam a vislumbrar. Às felicitações, gostaria ainda de acrescentar um profundo agradecimento, personalizando-o na pessoa do Professor Jorge Nascimento. Nele, incluo todas e todos os associados de Osmusiké, pela forma como através da sua dedicação generosa engrandecem o nosso Concelho e a nossa Cidade. Longa vida à Associação Cultural e Artística Osmusiké! Parabéns, muitos parabéns! Um Abraço Amigo.
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Introdução O Associativismo Jorge do Nascimento Silva, Presidente da direção d’Osmusiké jorgenascimentosilva@gmail.com
O associativismo, tal qual o percecionamos hoje, entronca na Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada em 10 de dezembro de 1948, quando se afirma, na alínea 1 do Artigo 20, entre outras coisas, que "toda a pessoa tem direito à liberdade de reunião e de associação pacíficas." Por sua vez, a Convenção Europeia dos Direitos Humanos, aprovada para ratificação, pela Lei nº 65/78, de 13 de outubro, estipula que "(…) qualquer pessoa tem direito à liberdade de reunião pacífica e à liberdade de associação (…)”. A Constituição da República Portuguesa, aprovada em 2 de abril de 1976, na redação que lhe foi dada pelas Leis Constitucionais n.º 1/82, de 30 de setembro, n.º 1/89, de 8 de julho, n.º 1/92, de 25 de novembro, n.º 1/97, de 20 de setembro e n.º 1/2000, de 20 de novembro e 1/2004 de 24 de julho, no CAPÍTULO I - Direitos, liberdades e garantias pessoais, Artigo 46.º - (Liberdade de associação), define que “1. Os cidadãos têm o direito de, livremente e sem dependência de qualquer autorização, constituir associações, desde que estas não se destinem a promover a violência e os respetivos fins não sejam contrários à lei penal.” O Código Civil Português (CCP), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 47334 de 25 de novembro de 1996, protege também a criação de associações. Hoje, em qualquer autarquia e no país em geral, existe um tecido associativo vasto, dinâmico e diversificado. Trata-se de instituições ao serviço do desporto, da cultura e do lazer, que promovem as mais variadas iniciativas, envolvendo os associados e a comunidade em geral. Esta dinâmica associativa gera o convívio, a partilha e a animação entre os membros das associações e a comunidade em geral.
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Nesta linha de pensamento, as associações são motores de desenvolvimento local que animam as comunidades e transformam o seu dia-a-dia para melhor, isto é, dão sentido (s) à vida dos seus membros associados e das populações que servem. Assumem um papel fundamental na defesa dos interesses coletivos e revelam-se uma mais-valia enquanto agentes de transmissão e desenvolvimento de identidade cultural e de transformação social. São espaços privilegiados para reforçar a democracia e a participação dos cidadãos na vida social. São espaços de participação ativa da cidadania, promovendo a reflexão, o diálogo, o debate de ideias, desenvolvendo a cooperação, a solidariedade e a partilha de experiências. Umas promovem a recolha e divulgação da cultura popular e tradicional através da música, do folclore, das artes performativas ou cénicas… outras dedicam-se ao mundo do desporto, outras são ecléticas, isto é, promovem atividades de diversas áreas. A cultura popular, etnográfica e tradicional que as associações desenvolvem deve ser valorizada, pois será uma área central da afirmação e desenvolvimento dos nossos territórios e da preservação da sua identidade. O relacionamento entre as autarquias e os agentes culturais locais deve ser desenvolvido e intensificado, pois estimula a produção e criação artística e contribui para a melhor qualidade de vida dos habitantes dos territórios onde as associações atuam. Impõe-se, cada vez mais, que as associações sejam capazes de trabalhar em rede. O trabalho colaborativo deve constituir um ganho para as entidades que interagem e não um fim em si mesmo. As associações e coletividades culturais, recreativas, artísticas, performativas, desportivas, de defesa do ambiente e do património, de desenvolvimento local, de moradores, de estudantes, de pais, de profissionais… assumem-se como “espaço dinâmico e plural”, aberto a todas as iniciativas, parceiros das autarquias na atividade cultural, social e desportiva, na ocupação dos tempos livres, na promoção da cidadania, dos valores, da ética. Por isso, devem ser acarinhadas. Guimarães tem sido, neste âmbito, um caso exemplar. Segundo o Guia para o Associativismo (2001:5), o associativismo rege-se por três princípios:
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“De Liberdade – A adesão a uma associação é livre, tal como é livre a saída do movimento associativo”; “De Democracia – O funcionamento de uma associação baseia-se na equidade entre os seus membros, traduzida na expressão «um associado, um voto»”; “De Solidariedade – As associações resultam sempre de uma congregação de esforços, em primeiro lugar dos fundadores e depois de todos os associados”; Como referimos acima, as associações têm vindo a desenvolver uma ação de valor cultural e social muito pertinente na sociedade portuguesa. Tem contribuído para descentralizar a cultura, defender o património imaterial dos sítios onde atuam. A cultura promove o desenvolvimento. Osmusiké é uma associação criada em junho de 2002 pelo diretor do Centro de Formação Francisco de Holanda. Perfaz agora 18 anos de atividade ao serviço da cultura e da educação. Ao longo destes anos tem realizado uma atividade intensa e diversificada através das suas diversas valências. Constituída por professores e educadores e outros profissionais, é um espaço onde (apesar da idade e da formação académica de nível superior) se aprende a ser disciplinado, a trabalhar em equipa, a pensar coletivamente, a respeitar a diversidade de opiniões, a desenvolver a cidadania. OsmusikéCadernos 1 pretende dar a conhecer aquilo que as pessoas são capazes de produzir. No aconchego dos seus lares, motivado pelo isolamento a que a pandemia nos obrigou, cada um mostra a sua capacidade na área de que mais gosta. É esta confluência de participações de diferentes áreas (poesia, prosa, imagem, som) que pretendemos mostrar. Os longos dias de confinamento não nos fizeram parar. É esta dinâmica, dos muitos colaboradores, que desejo sublinhar, neste momento do lançamento de OsmusikéCadernos1 via ZOOM e também transmitido em direto pelo Facebook. A maior gratidão a todos os que quiseram colaborar neste Projeto de cruzamento de linguagens.
Bibliografia - Guia para o Associativismo. - Lisboa: IDS, 2001. – 40 p.; 15 cm ISBN 972-8553-12-9
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- Santos, Gonçalo (2011) O Associativismo Urbano: O caso da Cidade de Coimbra. Dissertação de Mestrado na área de Geografia Humana, especialidade em Ordenamento do Território e Desenvolvimento, apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, sob orientação do Professor Doutor Paulo Manuel de Carvalho Tomás, com a cooperação e ajuda da Nippon Foundation; - Tavares, Carina Isabel (2011) O ASSOCIATIVISMO E A PARTICIPAÇÃO CÍVICA DOS JOVENS EM MEIO RURAL, Dissertação de Candidatura ao grau de Mestre em Serviço Social, apresentada à Universidade Católica Portuguesa, Pólo de Viseu, sob a orientação da Professora Doutora Maria Olívia Dias; Legislação - DL n.º 47344, de 25 de novembro de 1966 (Código Civil).
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Prefácio de OsmusikéCadernos 1 Adelina Paula Pinto, Vereadora da Cultura Adelina.pinto@cm-guimaraes.pt Hoje vivemos tempos diferentes! Uma pandemia, inimaginável, bateu-nos à porta e obrigou-nos a entrar em casa! Entramos em casa e entramos dentro de nós, percebemos as incertezas, colocamos em causa o estabelecido, percebemos que precisamos de mudar, que o mundo só muda se nós mudarmos, e que este ele é um coletivo! E assim começou uma nova fase da vida de tantos de nós, o confinamento, largas semanas de reclusão para todos quantos podiam, ou por poderem fazer teletrabalho ou porque já estão no patamar sénior, esse estádio superior que não exige o picar do ponto! E Osmusiké continuam diferentes, mesmo em confinamento não esqueceram o seu papel na Cultura, nas Artes, no Património, na divulgação de Guimarães. E este desassossego que os carateriza está aqui presente, nestes OsmusikéCadernos 1, nesta forma maior de deixar para a posterioridade as memórias de um tempo diferente e, esperemos, único! Memórias, sentimentos, ideias, perceções, diversidade, arte, escrita, de tudo isto é feito este OsmusikéCadernos 1. Ousaram não deitar a toalha ao chão e deitar mãos à obra, àquilo que tão bem sabem fazer, cantar a nossa história, as nossas tradições, a nossa cultura, dar voz às pessoas. As instituições adquirem o ADN das pessoas que as constituem e Osmusiké são bem a prova disso. São as pessoas que constituem Osmusiké que fazem esta diferença, o seu amor à cidade de Guimarães, a esta terra maior que é berço de Portugal, o seu voluntarismo, a sua proatividade continuam a revelar-se mesmo em tempos de confinamento e de tantas incertezas! São verdadeiros vimaranenses, nascidos ou criados, gente com um coração gigante que dá de si, sem esperar nada em troca! 2020 não vai desaparecer, é um ano que vai ficar na nossa memória, na nossa memória individual, mas também na memória coletiva. Mas 2020 ganhou mais um ponto positivo, este documento que aqui fica, prova irrefutável da criatividade, dedicação e empenho de um grupo de cidadãos que orgulham Guimarães! Obrigada! Guimarães, 23 de junho de 2020.
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Historial d’OSMUSIKÉ Jorge do Nascimento Silva, presidente da direção jorgenascimentosilva@gmail.com
OSMUSIKÉ é uma associação sociocultural de direito privado sem fins lucrativos, com sede na Escola Secundária Francisco de Holanda (CFAE CFFH), Alameda Doutor Alfredo Pimenta, em Guimarães, que continua a ser a sua sede fiscal, criada em 2002, aquando do desempenho das funções de diretor do Centro de Formação Francisco de Holanda por Jorge do Nascimento Silva, e oficializada, através de escritura pública, apenas em vinte e sete de julho de 2009 por vontade dos seus elementos, com a denominação de Conferência pelo professor Paulo Lameiro
“OSMUSIKÉ – ASSOCIAÇÃO MUSICAL E ARTÍSTICA DO CENTRO DE FORMAÇÃO FRANCISCO DE HOLANDA”. O seu nome provém das palavras gregas musiké téchne que significa MÚSICA, a arte das musas, e tem por símbolo o louva-a-deus, pretendendo fazer significar a música como arte divina. No CFFH, a formação sentia-se, respirava-se e às vezes cantava-se, sobretudo nos momentos mais altos da vida do Centro de Formação Francisco de Holanda (CFFH). A sua identidade é produto de um caminho bem longo, iniciado com uma ação de formação na área da expressão
Lançamento do CD de músicas infantis (25/06/2003) Paço dos Duques de Bragança, em Guimarães
musical, na modalidade de Oficina de Formação, subordinada ao tema
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“Musiké: a experiência musical da arte de ensinar”, iniciada em março e concluída em junho de 2002 (considerada a data da sua criação), realizada na escola de Santa Luzia, na Quintã, de que foi formador Óscar Ribeiro, que com o seu entusiasmo e competência levou o diretor do CFFH a manter este projeto como um dos mais marcantes na história do Centro, para além
de
outros
que
ainda
sobrevivem
atualmente, tornando esta Instituição singular
Osmusiké cantando para crianças das Escolas de Guimarães, na UM
no todo nacional. Nesse primeiro momento, estabeleceram-se as bases da cultura musical, pois professores e educadores aprenderam a tocar diversos instrumentos (xilofone, flauta, maracas, cavaquinho e viola), bem como a cantar Reisadas
e a coreografar músicas infantis com o objetivo
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de envolver os alunos na Música. Havia lacunas na formação inicial musical dos educadores e professores do 1º CEB a ultrapassar e o formador Óscar Ribeiro deu um grande contributo nesta área da formação. O sucesso da formação inicial projetou a sua continuidade e, em fevereiro de 2003, depressa evoluiu para nova ação, que teve lugar na EB2/3 D. Afonso Henriques, continuando a perseguir os mesmos objetivos e foi assim que surgiu a gravação de um CD com músicas infantis, cujo lançamento se deu em vinte e cinco de junho desse ano, no Paço dos Duques de Bragança, um dos lugares mais nobres da nossa cidade, numa cerimónia muito significativa. Este trabalho de parceria permitiu recuperar memórias musicais da infância destes educadores e professores, perpetuando o seu passado coletivo. É opinião unânime que a música contribui para formar indivíduos e ajuda no desenvolvimento intelectual das crianças. Gerou-se uma unanimidade e um sentir
Capa do CD Os Nossos Reis, lançado em 21de janeiro de 2017, no Paço dos Duques de Bragança
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comum entre o diretor do CFFH e o Formador da área da Música, com o apoio da Comissão Pedagógica do CFFH, ao tempo, de forma que, em janeiro de 2004, surgiu nova ação de formação, intitulada “Todos ao Palco”, mantendo-se o núcleo duro dos mesmos formandos, que foram instados a pesquisar, ler, selecionar, sintetizar e transformar prosas históricas sobre Guimarães em poesia, posteriormente adaptadas a músicas, compostas pelo formador Óscar Ribeiro, no decorrer da formação. Em janeiro de 2005, a formação continuou com “Cantar Guimarães” que, para além da componente pedagógico-didática, pretendia divulgar temas inéditos ligados às tradições e à História de Guimarães, dando lugar à preparação da gravação de um novo CD. Com este trabalho, OSMUSIKÉ teve a intenção de ser suporte de práticas de professores e educadores, na contínua descoberta do maravilhoso mundo da música e da cultura local. A formação continuou, em 2006, com “Cantar Guimarães na Sala de Aula, na Escola e na Vida”, surgindo, então, a gravação do CD Cantar Guimarães, no Estúdio da Vimúsica, em ambiente de festa. Mais tarde, o grupo alargou-se, através da proposta “Anda a cantar e traz um amigo” na altura das Reisadas. Ao fim de alguns anos foi decidido registar as diversas músicas em CD.
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O grupo participou todos os anos nas Reisadas promovidas pela Câmara Municipal de Guimarães e atuou, ao longo
dos
tempos,
em
Lares
de
Idosos,
no
Estabelecimento Prisional, em Agrupamentos de Escolas, em Juntas de Freguesia, em Centros Sociais e Paroquiais, em instituições de cariz solidário, junto de populações do nosso Concelho… e, naturalmente, nas Atividades promovidas pelo Centro de Formação Francisco de Holanda, cujo diretor era Jorge do Nascimento, que, com Inauguração da da Estátua da Repúlica, 25.04.2017
o seu staff de apoio do CFFH, assumiu a responsabilidade de manter viva a chama e coordenar a associação (de início, de caráter informal) que não mais parou. Participou também em cerimónias oficiais promovidas pelo CFFH, conquistando visibilidade, o que motivou convites para atuar em todo o concelho. Osmusiké Cantar Guimarães tem partipado em cerimónias de elevado significado para a cidade.
Inauguração do ADARVE da Muralha, 30.06.2019
É o caso da Inauguração da Estátua da Repúlica conforme foto próxima. Esteve presente na inauguração do ADARVE DA MURALHA O historiador Amaro das Neves, (in Os Vimaranenses, edição do Cineclube, Guimarães, 2007) afirma que “Os vimaranenses apareceram antes de Portugal (aliás, como em Guimarães todos sabem, foi por já haver vimaranenses que, depois, pôde haver Portugal). Gente solidária e guerreira, com uma profunda devoção
Osmusiké Cantar Guimarães mo concerto Sons do Temp(l)o no 24 de junho de 2019
pelas marcas da sua identidade, que se inscrevem no seu
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código genético. Por aqui ainda persistem as ideias de fidelidade aos ancestrais e de pertença a uma estirpe única, embebida na tradição cavaleiresca e medieval. É nesse espírito que os vimaranenses se reveem. Entre eles, o cimento identitário é sólido e inquebrantável.” Ao longo do CD Gentes de Guimarães tentámos dar a conhecer este caráter, esta alma, esta identidade das gentes de Guimarães, os seus ofícios, a sua hospitalidade e, acima de tudo, o seu amor à terra onde nasceram ou onde vivem. Nesse sentido, incluímos no
Capa do CD Gentes de Guimarães, lançado em outubro de 2016, no auditório da Universidadedo Minho
CD temas ligados à História, aos seus Heróis e Santos, à Toponímia … Os vimaranenses são conquistadores! Cá ou em qualquer ponto do universo! Por isso o património imaterial da cidade está sempre presente nas nove músicas do CD. Osmusiké tem vido a organizar saraus, sessões de poesia, projetos de animação da cidade e da periferia. Recentemente tem primado pela organização de um Concerto anual denominado SONS DE OUTONO, cuja intenção é proporcionar a fruição de vários estilos de música com coro, orquestra, solistas, momentos de teatro e declamação de poesia apelativos, com um nível de qualidade que se aproxima dos momentos altos que Guimarães tem vivido em termos culturais, por forma a desenvolver, naqueles que tiveram a felicidade de
Concerto Sons de Outono, no dia 7 de novembro de 2019, no MIT Penha
conseguir um lugar nas salas dos Concertos, a sua cultura musical e uma forte vontade de voltarem a participar em eventos culturais, poéticos e musicais realizados em Guimarães, organizados por Osmusiké. Tem envolvido mais de uma centena de coralistas, orquestra, solistas e um Maestro convidado. As diversas valências entrecruzam-se proporcionando um espetáculo diversificado e de elevada qualidade. Atores e
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atrizes de Osmusiké oferecem performances de teatro ao longo do evento e um grupo de bailado das alunas da Escola Secundária Francisco de Holanda dão cor e vida ao espetáculo. Em 2008, expandiu o seu campo de atividade ao Teatro, integrando esta nova valência por proposta de colegas professoras e educadoras Representação de “O Rei da Ilíria”
(Emília Ribeiro e Madalena Antunes a liderar), já com alguma experiência cénica desde meninas que, com a designação de Osmusiké Teatro aderiram à filosofia deste projeto, começando a percorrer
escolas,
lares,
associações
num
trabalho contínuo cuja prova está nas dezenas de Peças de teatro encenadas e representadas por todo o concelho e concelhos circunvizinhos. Estiveram por várias vezes em programas de mais do que um Canal de televisão e ganharam
“O Avejão” de Raúl Brandão, 2017
prestígio pela qualidade das suas atuações. Em anexo, podem consultar a atividade desta associação ao longo da última década. Da mesma forma, foram sendo criadas outras VALÊNCIAS que permitissem que este grupo de Osmusiké Teatro nas escolas
educadores,
de
professores
e
de
outos
profissionais, que se lhe foram juntando ao longo da caminhada, pudessem dedicar-se àquilo que mais gostavam de fazer, mantendo sempre bem vivo o ideal d’OSMUSKÉ.
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Foi assim que surgiu Osmusiké Cantares Populares Decorria o ano de 2012, quando se começou a sentir e a pensar na necessidade em acrescentar algo mais a Osmusiké, isto porque, na Valência Cantar Guimarães como o próprio nome indica, predominava o canto sobre a toponímia da cidade,
seus
Heróis,
História
da
cidade,
monumentos, tradições, lendas e suas gentes e santos, por todos sobejamente conhecido. Assim, no ano de 2013, emerge do seio desta Valência, outra que passou a designar-se de Osmusiké Cantares Populares composta por alguns dos seus membros, tendo como objetivo preencher um vazio que se fazia sentir em momentos de convívio e de necessidade de implementar algo mais que alargasse o leque de oferta, noutra área, por parte da Associação. Havendo potencial para tal (instrumental e vozes) deu-se início ao projeto, fazendo-se recolha e efetuando os possíveis arranjos do Cancioneiro Popular (música tradicional), de acordo com a disponibilidade, habilidade e traquejo a que cada
Osmusiké Cantares Populares
elemento se mostrava vocacionado. Entretanto, a sua composição, desde então, e ao longo dos anos, sofreu algumas alterações de pormenor, por variadas razões, principalmente no que diz respeito a vozes. Da sua atividade constam variadíssimas atuações, em situações e lugares diversificados do conselho de Guimarães: Arraiais, Lares de Idosos, Juntas de freguesia, espetáculos solidários, animação de festas e romarias, etc.
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Por onde têm passado, a alegria e boa disposição demonstrada, que se imprimia no decorrer da atuação, alicerçada no reportório diversificado e na sua interpretação, do qual constavam temas de cariz popular, desde o Minho ao Algarve, não esquecendo as Regiões Autónomas, e ainda música tradicional Galega que contagiava quem assistia. Colabora com as diversas Valências de Osmusiké Poesia – Paço dos Duques de Bragança
OSMUSIKÉ,
nomeadamente
como
instrumentistas do coro Cantar Guimarães. E outras Valências surgiram: Comungando das ideias do Fernando Capela Miguel, quando afirma que “(…) se questionados todos dirão que sabem muito bem o que é a poesia, mas nunca pensaram para que serve, para além do óbvio”, foi criada a Valência Osmusiké Poesia. Hoje, esta valência tem um grupo que possui
uma
declamação
paixão de
especial
poetas
Portuguesa. Tem um
de
pela Língua
conjunto de
pessoas que ama a poesia e, assim, por Osmusiké – Sons de Outono, 7. 11. 2019
causa disso, é capaz de – Poetizar. Poetizar?!!! Sim poetizar!!!”
Só acrescentaria que, para além dos poetas de língua portuguesa, também temos presentes os grandes vultos da poesia mundial.
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Sob a orientação do Capela Miguel, com um conhecimento profundo da história local da cidade, descobrimos, durante muitos domingos, os recantos mágicos da cidade de Guimarães, incorporados na valência Osmusiké Visitas Culturais… fica um dos muitos registos à porta da Igreja da Senhora da Oliveira. Criou-se também a Valência Osmusiké Projetos, coordenada pelo Jorge do Nascimento que se faz acompanhar de alguns elementos disponíveis e com competências específicas para cada projeto concreto. Foi o caso desta publicação – OsmusikéCadernos1. OSMUSIKÉ assume-se como uma instituição com
Osmusiké Visitas culturais
um espaço próprio na dinamização cultural, musical, artística, recreativa e associativa do Concelho de Guimarães. Pretende: contribuir para a promoção, preservação, defesa e divulgação do Património tradicional e cultural local/nacional; colaborar com o Município, no Desenvolvimento Associativo, Musical, Cultural, Artístico e Recreativo; fomentar e desenvolver atividades musicais, teatrais e de poesia, diversificadas e afins, para uma itinerância municipal e intermunicipal; estabelecer parcerias com diversas Instituições socioculturais que permitam um trabalho em rede; desenvolver Visitas Guiadas tendo por base o Património histórico e cultural regional e nacional; criar e
Celebração de Guimarães Património da Humanidade, 13.12.2017
dinamizar projetos formativos, culturais e educativos; organizar eventos culturais que sejam uma mais-valia para a cultura da nossa terra. Pretende, em poucas palavras, ser um espaço de agregação de pessoas que se sentem bem, prioritariamente no desenvolvimento cultural de Guimarães, mas também do país.
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A Bandeira d’Osmusiké Luísa e José Teixeira luisag1956@gmail.com
Resultado da Lei ou da tradição, a Bandeira é o símbolo representativo de um Estado, uma região, uma empresa, uma sociedade ou de uma associação como Osmusiké. Utilizada desde há séculos, continua a ser símbolo por excelência das Nações e de todos os grupos onde os seus constituintes se identificam com um símbolo comum. A nossa bandeira espelha a verdadeira identidade d` Osmusiké – Associação Musical e Artística do Centro de Formação Francisco de Holanda. Foi projetada por um grupo restrito de trabalho, coordenado pelo “artista Salgado Almeida”, optando-se por personalizar a bandeira, utilizando o símbolo do louva-a-deus existente desde a fundação d`Osmusiké, e bordada num tecido acetinado de tom amarelo, cor que reflete a nossa forma de estar muito alegre e divertida, pela Luísa e José Teixeira. Está hasteada na nossa sede e, sempre que necessário, será envergada nas diversas situações públicas, levando mais longe a história da nossa Associação de forma elegante e distinta. Curiosidades: Posições relativas das bandeiras De acordo com o Decreto-Lei nº 150/87 de 30 de março, quando hasteada com outras bandeiras, a Bandeira Nacional ocupará sempre o lugar mais honroso. Se existirem três mastros: a BN ocupará o mastro do centro e a seguinte bandeira na ordem de precedência, ocupará o mastro da direita (esquerda de quem olha de frente). Neste caso a bandeira da nossa Associação ocupa o mastro da esquerda (direita de quem olha de frente).
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E FOI ASSIM QUE COMEÇOU Musiké: a experiência musical na arte de ensinar Óscar Ribeiro oscar.ribeiro@colcheia.pt
E foi assim que começou. Num tempo remoto que a história tratará de lembrar ou esquecer, esta ação de formação deu forma aos primeiros passos daquilo que hoje sobrevive. Vale o que vale e obviamente valerá de modo diferente para os que sofreram linearmente daquela febre estranha que nesses tempos teimou, em juntar numa mistura explosiva, educadores e professores na mesma sala. É que o ensino nem sempre foi o que é hoje e os agrupamentos ainda não se viam sequer no horizonte. Quantos estes se foram formando e afirmando, ainda como verticais ou horizontais, já “Osmusiké” laboravam arduamente em todas as direções e produziam conteúdos. Sem pejo algum digo-vos que era tudo gente maluca que parecia padecer de oscarite aguda impedindo-os de dizer “não” a certos devaneios. Estou-lhes grato! Na verdade, também pouco adiantava hesitarem ou tentarem negar porque a vontade de construção coletiva era tanta e sem filtros que o resultado final de qualquer prestação “artística” do grupo era digno de nota. Nunca houve enganos, aliás. Desenganem-se os leitores… nunca houve enganos que não fossem prontamente assumidos e revistos, ou repetidos em direto e a cores para que o público se divertisse… e nos ouvisse. E assim foi, quase sempre. E quando não ouviam à primeira… soltava-se um “Larai lai, lai, Lara la lai…” coletivo e do palco se saía e entrava repetidamente… e assim se desmontava o boneco do certinho e direitinho que nunca quisemos ser. Por vezes deu jeito até para completar o tempo de atuação que desta forma iniciava quando se entrava na sala e terminava apenas no último suspiro sonoro de algum elemento deixado para trás. Rapidamente começámos a excedê-lo, mas nunca fomos expulsos do palco. Era para o que desse. Estou crente que a comunidade ouvinte de então passou a ver a classe docente com outra “classe”. Pura diversão e processo criativo que brotava da partilha de experiências em contexto de sala de aula e da mais clara exploração das fragilidades musicais de cada um. Tanto que faltava a todos e tanto que sempre se fez! O primeiro contacto de muitos com instrumentos reais fazia com que um simples xilofone fosse desmembrado ao limite das lâminas necessárias para acompanhamento de um qualquer tema a três ou quatro notas. Paulatinamente lá retornavam os componentes não usados ao seu lugar de origem, ainda que
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muitas vezes etiquetados com “não usar”, não fosse a emoção atraiçoar a performance. As guitarras sempre tiveram cordas a mais para alguns, mas a reunião terminava para o grande grupo e lá ficavam as “guitarristas” o tempo extra bastante até fixarem mais dois ou três acordes antes de correr para casa a tempo (ou não) de jantar. As flautas de bisel voltavam a assobiar teimosamente desafinadas ao ponto de algumas serem brindadas com fita cola nos orifícios que não podiam de modo algum ficar a descoberto. Os primeiros registos de grupo foram captados numa sala da escola da Quintã em formato cassete e também em gravador de CDs portátil com recurso a dois microfones over head manhosos. Foi tal o entusiasmo que depressa partimos para uma gravação “a sério” e em estúdio, deixando mesmo sem cabelo os técnicos de então e cujo resultado naif ficou eternizado em quinhentos CDs que rapidamente se esfumaram entre ofertas, troca de galhardetes e calendários das coletividades que nos acolhiam. Alguns foram trocados por notas pequenas, na verdade. Na segunda (boa) tentativa de colocar em cd o repertório original que se ia acumulando já o “Cantar Guimarães” se reproduziu em quatro vezes mais do que o “Musiké”, só na sua primeira edição. Creio que desapareceram também à troca por medalhas, bandeiras e provavelmente autocolantes. Consta que alguns foram também trocados por notas maiores. A segunda edição havia de ser em registo “ouro” sobre o negro numa alusão clara à sublime arte de ensinar com alegria e nobreza. Ou por outra razão qualquer que não vem agora ao caso. Certo é que desapareceram todos também. Era, pois, uma praga quase “pandémica” que habitava nessa tropa toda. Uns ávidos por fazer e outros ávidos por ouvir. A multidão sorria entusiasticamente e isso deixava-nos felizes… Mesmo que por vezes ouvíssemos “vocês são demais” ou “só mesmo vocês para nos provocarem isto” e ficasse a dúvida acerca dos contornos do elogio. Enfim… vicissitudes de ter muita gente bonita exposta no mesmo palco, com dotes invejáveis e com cachets avultados. Quero acreditar que era mesmo por isso. Certo é que havia muitos seguidores mesmo sem redes sociais… e até alguns “haters” que religiosamente nos fulminavam com seus olhares e rezavam baixinho, mas convictos para que nos enganássemos ou houvesse um corte de energia ou feedback. Por isso devíamos ser bons. Mais e mais fiéis se foram juntando e quase todos iam ficando “percorrendo as planícies e os montes”. Os palcos tiveram de passar a ser maiores e os repastos de agradecimento também. E por aí adiante. Nunca chegámos a ter uma “Ramona” transportadora, mas todos chegavam sempre ao lugar, mesmo que com atraso. Atrasava-se o regresso para compensar.
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Houve quem ficasse rico e passasse a festejar em cima das colunas; quem tivesse vergonha e corasse em todas a atuações; quem tivesse que fazer contabilidade (vulgo escrita em dia) para poder comparecer a todos os encontros… houve também quem perdesse pessoas e bens e se encontrasse no grupo (e este é talvez um dos parêntesis mais importantes e esclarecedores do que foi tudo isto). Era uma tremenda responsabilidade brincar a cantar com a vida de todos nós. Para o bem e para quase tudo era uma família. Foi o primeiro palco para muitos. Fizeram-se descobertas de talentos, geriam-se egos e feitios… e fizeram-se amigos. Amigos loucos que se esqueciam das poses que os seus “cargos” educativos obrigavam… e naquelas curtíssimas/longas horas se divertiam como catraios. Seria redundante enumerar os tantos episódios dignos de nota, mas tremendamente injusto, até para os vindouros, não recordar alguns em jeito de confissão. Sim, fomos todos culpados. Pronto, está dito. Oh tempos áureos de tarefas hercúleas como aquelas incursões ruas fora a brindar transeuntes e taxistas com o espírito de natal e reis, simplesmente porque apetecia. Quantas idas virtuais ao outlet e três pancadas da praxe (vulgo bombadas) seguidas do aviso da pandeireta para iniciar… e nada. A enésima vez que se cantarolava “aquela” voz que para alguns era sempre (supostamente) nova a cada ensaio. Valiam os suplementos de injeções virtuais de motivação que faziam com que na "hora da verdade” a verdade fosse sempre a nossa e corresse tudo de feição. Fazia lembrar o espírito verbalizado mais tarde por uma outra seleção quando numa hora crucial o seu capitão indicava o penálti a um companheiro: “vai lá… tu bates bem. Se correr mal que…”. Na verdade, parecia que nunca “batíamos bem” … e era tão bom! Foi um grupo sem precedentes. Na ânsia de continuar a crescer e construir como sempre fez, deixou cair aqui e ali alguns dos seus. Mas também acolheu imensos outros, ligou o GPS para novos caminhos e vingou. Faz parte. E a maioridade tem também coisas fantásticas… sempre. E assim me calo que já falei (escrevi) demais. Pelo menos era o que me diziam em palco. Um caloroso abraço e “festas, festas muitas festas e um feliz ano novo” para todo esse povo.
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Do Louva-a-deus ao milagre: Testemunhos do SAL Salgado Almeida, artista plástico jasalgadalmeida@gmail.com
Decididamente não vou historiar Osmusiké, pois que, embora tendo acompanhado a Associação desde o seu início, mantive-me por certo tempo, mais nas margens que no leito deste rio de cultura, que afaga, expande e extravasa a região vimaranense. Apenas e só, pretendo dar uma pequena achega ao historial desta nossa Associação. Por um lado, fui o responsável, conjuntamente com o meu filho Pedro, pelo logotipo da Associação. Pode parecer estranha essa figura de um Louva- a- deus, mas é linda a imagem do esguio predador, porque Francisco de Holanda é o autor. Logo, é dele o logo. Nós apenas simplificamos a imagem de modo a ficar mais sintética e adequada à nova função. É, pois, uma homenagem ao patrono da Escola onde foi gerado Osmusiké. Por outro lado Louva - a- deus verde inseto Louva a cultura e as Gentes de Guimarães a Associação Louva-a-deus verde inseto Louva a Senhora da Oliveira a Associação. E o Louva - a - deus louva Louva Muma, D. Afonso e D. João a Associação. Louva- a - deus verde inseto Louva o verde Osmusiké, o rio e casario. Louva - a - deus verde inseto Louva a Associação doçaria da região. E o Louva - a- deus louva, louva E nós louvamos as tradições, o povo, as instituições, a cultura nas suas diversas expressões.
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Osmusiké por terras de Creixomil Durante vários anos, fui membro da autarquia de Creixomil, freguesia onde se localiza o Espaço Criativo Osmusiké, oficina de trabalho para preparar as diversas atuações. E é neste sentido, que acrescento mais algumas
linhas,
testemunhando
os
Encontro Reisadas G.F.C.P. de Creixomil - Cooperativa Agrícola, de Guimarães, 2016
préstimos e total disponibilidade de Osmusiké em Creixomil. Na junta, sempre dei relevância ao património, à cultura local, que, por isso, é nossa e deve ser apoiada e divulgada. Creixomil contou sempre com Osmusiké. Osmusiké em Creixomil, estiveram e estão, com a autarquia e com as suas instituições. Animaram com os seus cantares e teatros de rua eventos e festividades, caso das Comemorações do Dia de Creixomil, Festas da Sra. da Luz e de S. Miguel, Reisadas, Noites de Verão e até Cantatas. Na apresentação do livro “A Batalha de S. Mamede “de Narciso Machado no auditório da junta de freguesia de Creixomil – 20.02.2015
Quem sabe?!...milagre... Numa dessas animações, aconteceu milagre. Recriava-se precisamente a Lenda do Milagre da Senhora da Luz. Gente, muita gente, assistia ao espetáculo. 33
O céu estava encoberto, como provavelmente estaria em fim de tarde nesse dia longínquo de vinte e quatro de junho de 1128. Qual magnífico pregador, o profano orador, homem de porte e peso, com voz de trovão, proclama a súplica do então jovem Afonso. - Milagrosa Senhora, mãe de Jesus, dai-nos luz!...
Osmusiké festejando o milagre…
E fez-se luz. Um raio de luz rasgou a névoa e o sol juntou-se à festa. Assombro e silêncio. Depois, refeita a multidão de pé aplaudiu Osmusiké. Quem sabe?!... milagre…
Nós sabemos…
SAL - Moreira do Rei, onde estou confinado, 24 de maio de 2020
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CFFH Gerador de Projetos Lucinda Palhares, diretora do CFFH lucinda.palhares@gmail.com
O CFFH é, desde 1993, um centro de formação de associação de escolas, com sede na escola Secundária Francisco de Holanda, que prima pela agregação de saberes, experiências, competências e vontades, formando uma comunidade curiosa e ávida de desenvolvimento e de transformação das práticas. Com esta matriz de fundo, a ‘associação de escolas’ foi construindo, ao longo destes 27 anos, espaços múltiplos de criação e criatividade que ora perduram no tempo, ora se confinam ao nicho temporal da duração dos projetos, onde germinam as ideias e/ou o conhecimento e pululam as ações. Na classe docente coexistem variadíssimas áreas do conhecimento e é essa variedade que a torna rica, dinâmica, viva e empreendedora. Por outro lado, é essa vivacidade que a faz criativa, ativa e solidária. Um misto de saber em ação que lhe dá uma roupagem transformadora, desafiadora e participativa. Muitos têm sido os projetos que nasceram no CFFH constituídos e liderados por professores e educadores que, em contexto formativo, criam e recriam histórias e personagens, tecem e pintam cenários, descobrem a magia da matemática, fazem experiências laboratoriais, partem à descoberta de lugares de onde trazem
materiais
trabalho,
e
dramatizam
guiões
de
situações,
estruturam ideias ‘para mudar o mundo’, cantam o património, as tradições e a história local, produzem espetáculos
corais
que,
recorrentemente, nos encantam. Osmusiké é exemplo paradigmático O CFFH na Futurália, em 15.03.2018
dessas criações. A partir de uma ação
de formação, com educadores de infância e professores do 1º Ciclo, dinamizada há dezoito anos, com o 35
professor/formador Óscar Ribeiro, nasceu o germe que produziu outras ações, lançamento de CDs e, mais tarde, deu origem a uma associação autónoma (2009) designada Osmusiké – Associação Musical e Artística do Centro de Formação Francisco de Holanda, expandindo a sua área de intervenção a outras valências (teatro, poesia…), à exata medida do poder de criatividade dos elementos que a compõem. Esta Associação comunga de muitos dos sentidos e desideratos que o CFFH sempre transmitiu e vivenciou – é um grupo vivo, aberto, criativo, solidário, sempre atento às necessidades dos vimaranenses estando estes em escolas, hospitais, abrigos, praças ou, mesmo prisões, pois a sua faceta eclética faz com que abrace e dê voz aos mais diversos públicos. Esta afiliação ao Centro faz com que os Osmusiké tenham uma relação muito privilegiada com as escolas. A estas leva o teatro e a música animando alunos, professores e comunidade, mas leva sobretudo muito conhecimento (as letras das suas populares músicas) e mensagens pedagógicas (nas peças de teatro infantil que recriam).
Lançamento do ELO 25, no Paço dos Duques de Bragança, no dia 3.07.2018
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É aliciante que crianças dos Jardins-de-infância e alunos do 1º ciclo conheçam muita da História sobre Guimarães, dos ‘seus’ Reis (D. João I e D. Afonso Henriques), dos seus monumentos (Igreja da Senhora da Oliveira, S. Torcato, Penha, Santa Luzia), da sua gastronomia (Guimarães Terra Bonita, Tortas de Guimarães), das suas gentes (Gentes de Guimarães…) e tradições (A lenda das duas caras…) através das letras que Osmusiké criou e musicou. Afinal de professores se trata! Agora com o grupo mais mesclado por outros profissionais, que em boa hora nele ingressaram, trazendo ‘outras’ visões, mas também outras competências, ritmos e vontades, num crescendo de qualidade que faz de Osmusiké uma marca incontornável do património cultural e artístico de Guimarães.
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10 - Hino “OsMusiké” Nós somos OSMUSIKÉ, Vivemos na brincadeira! Cantamos com alegria! Queira você ou não queira. Somos grupo muito unido, Pelo prazer de cantar! Professores, educadores, E quem vier cá parar. Somos pr’aí uns cinquenta, Gostamos de divertir. Quando estamos a cantar Queremos todos a sorrir. Uns tocam bela guitarra, Outros tocam o tambor, Alguns até sabem música. Nossa voz é um primor! Pandeiretas bem ritmadas, Afinados cavaquinhos, Primeiras, segundas vozes! Até temos os ferrinhos! Temos as famosas clavas E as maracas também. Por vezes, o reco-reco. Toda a gente canta bem! As melodias e as letras Todas da nossa autoria. Os ensaios uma festa! Vivemos com alegria. Se não sabemos de cor, 38
Levamos connosco as letras. Cantamos com toda a alma! E tudo o resto são tretas. Nas nossas atuações Pomos tudo em rebuliço. Às vezes, sai muito bem, Outras vezes, nem por isso. Presidente, homem de bem, Leva tudo mais a peito. É quem põe alguma ordem E inspira algum respeito. As mulheres cantam certinho, Pois o maestro merece. Os homens, com rebeldia, Cantam se lhes apetece. Mesmo assim é já sabido Que são eles os melhores! No meio da confusão, São para eles as flores! Grande dom o grupo tem! A vida fica mais bela! Mal começa a cantoria, Todo o povo se atropela. Cantamos com coração! Estamos sempre contentes! Somos pessoas de bem, Bonitas e sorridentes. Letra: Madalena Antunes, Manuela Ribeiro e Amélia Ribeiro \ Música: Óscar Ribeiro
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OSMUSIKÉ - ASSOCIAÇÃO MUSICAL E ARTÍSTICA Quadriénio 2019/2022
Assembleia Geral Presidente – Luís Filipe Pereira Guimarães Vogal – Maria Amélia Ferreira Ribeiro Faria Secretária – Laura Manuela Ramos Pontes Direção Presidente – Jorge do Nascimento Pereira da Silva Vice-Presidente – Jandira Fernanda Cardoso Pereira da Silva Henriques Vice-Presidente – Joaquim Neves Machado Vogal – Olívia Cardoso Freitas Vogal – Maria Beatriz Martins Roberto Tesoureiro – Luís Manuel Nunes de Oliveira Secretário – Manuel Alves Barbosa Conselho Fiscal Presidente – Maria Lucinda Palhares C. Bessa Relator - José Maria Silva Gomes Vogal – Maria Helena Carvalheiro Pinto Morais
Guimarães, 15 de janeiro de dois mil e dezanove
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Osmusiké Cantar Guimarães Jorge Nascimento e Olívia Freitas Osmusiké Cantar Guimarães é uma das Valências que contribuem para a animação e desenvolvimento cultural e artístico da cidade e do concelho de Guimarães. Foi em torno desta Valência que nasceu Osmusiké –Associação Musical e artística do Centro de Formação Francisco de Holanda (CFFH). Nasceu, já lá vão 18 anos, como forma de dar corpo ao produto da formação, na área Musical, realizada pelo CFFH, uma
instituição
que
prestigia
Osmusiké Cantar Guimarães
Guimarães há mais de duas décadas e que tem sede na Escola Secundária Francisco de Holanda!
Nasceu, a partir de uma ação de formação – Musiké: a experiência musical da arte de ensinar”, incluída no Plano de Formação do CFFH para o ano de 2002, na modalidade de Oficina de formação, tendo como destinatários educadores e professores do 1º CEB, e como formador Óscar Ribeiro e depressa se transformou num espaço
de
partilha
de
afetos,
de
aproximação, de interajuda, de alívio do stress profissional, de alegria, de prazer, de convívio… e de apoio musical às diversas atividades do Centro de Formação. No fundo, Osmusiké na “Praça da Alegria”
passou a ocupar a vertente cultural do CFFH e 43
não mais parou. Criada e gerida a Associação pelo diretor do CFFH e o seu staff de apoio, o seu primeiro Maestro e impulsionador foi o Óscar Ribeiro, que desenvolveu algumas ações em espiral sobre temáticas semelhantes; depois, por indisponibilidade profissional, foi responsável musical o Luís Oliveira que tem dado o seu melhor em prole da Valência Cantar Guimarães; a seguir esteve a Sandra Azevedo como supervisora musical e, atualmente, tem como Maestro Júlio Dias, com o qual o Coro tem crescido muito em qualidade. Inicialmente constituída por Educadores e Professores foi evoluindo e, hoje, conta com todos aqueles e aquelas que vieram e vem cá parar! Há lugar e espaço para todos! As portas sempre estiveram abertas de par em par! Dedicou muito do seu tempo a CANTAR GUIMARÃES, a saborear a sua bonita cidade - a sua história, as suas lendas e tradições, as suas gentes, as suas romarias, os seus monumentos, as suas ruas e praças, os cantares populares do seu povo …sempre à sua maneira. Nos últimos tempos tem participado e organizado Concertos e cantatas alargando o seu repertório, indo ao encontro do seu público tradicional e de novos públicos. Tem atuado nas mais diversas instituições do concelho: Escolas, Lares, Estabelecimentos Prisionais, Hospitais, associações culturais, romarias, momentos significativos da cidade.
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Osmusiké Cantares Populares Luís Manuel Nunes Oliveira luisoliveira_guim@sapo.pt
Decorria o ano de 2012 quando se começou a sentir e a pensar na necessidade em acrescentar algo mais a Osmusiké, isto porque, na Valência Cantar Guimarães, como o próprio nome indica, predominava o canto sobre a Toponímia da cidade, seus Heróis, História, monumentos, tradições, lendas e suas gentes, por todos sobejamente conhecido. Assim, no ano de 2013, emerge do seio desta Valência, outra que passou a designar-se de Osmusiké Cantares Populares composta por alguns dos seus membros, tendo como objetivo preencher um vazio que se fazia sentir em momentos de convívio e, necessidade de implementar algo mais que
Jornadas Castrejas em Briteiros Stº Estevão
alargasse o leque de oferta, noutra área, por parte da Associação. Havendo potencial para tal (instrumental e vozes) deu-se início ao projeto, fazendo-se recolha e efetuando os possíveis arranjos do Cancioneiro Popular (música tradicional), de acordo com a disponibilidade, habilidade e traquejo a que cada elemento se mostrava vocacionado. Entretanto, a sua composição, desde então e ao longo dos anos, sofreu algumas alterações de pormenor, por variadas razões, principalmente
4º SARAU d’Osmusiké na UM
no que diz respeito a vozes. Da sua atividade constam variadíssimas atuações quer em Arraiais ou Lares de Idosos, quer ainda em convívios de Associações ou festas promovidas por Juntas de freguesia, etc…, melhor dizendo, um pouco por todo o concelho bem assim como por outras paragens.
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Do historial das suas atuações salientam-se as levadas a efeito no decorrer das Jornadas Castrejas em Briteiros Stº Estevão, no 4º SARAU d’Osmusiké, na UM no ano de 2017 e no Concerto “Sons de Outono”, na Quinta de São Vicente em 2018, cujos pontos altos aconteceram com a interpretação das canções: - Fui à lenha; Cascata e Chamateia (entre outras). Por onde passou, a alegria e boa disposição demonstrada, que se imprimia no decorrer da atuação, alicerçada no Concerto “Sons de Outono” na Quinta de S. Vicente
reportório diversificado e na sua interpretação, do qual constavam temas de cariz popular desde o Minho ao Algarve
não esquecendo as Regiões Autónomas e ainda música tradicional Galega, contagiava quem assistia, criando laços e colaborando com as diversas Valências de OSMUSIKÉ
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Osmusiké Teatro Emília Ribeiro e Madalena Antunes emiliaribeirospaio@sapo.pt; lenaantunes11@gmail.com
Osmusiké Teatro tem escrito uma belíssima história cultivando a afetividade, o apreço pela vida, rompendo laços de solidão e vendendo sonhos nas escolas do 1.º Ciclo, Jardins de Infância e Lares de Idosos. Nas várias peças apresentadas, os diálogos, o toque, o guarda-roupa, o cenário... criavam uma esfera mágica e enriqueciam a emoção, bem como resgatavam o sentimento da vida. Este Grupo de Teatro nasceu por vontade de quatro professoras aposentadas, que decidiram recrear a história do “Capuchinho Vermelho” dos Irmãos Grimm e adaptada por João Xavier de Carvalho, com o intuito de a apresentar nos Infantários Nuno Simões e Santa Estefânia, no início do ano letivo de 2008/2009. O feedback e a repercussão no meio escolar foram de tal modo positivas, que surgiram pedidos de atuação de diversas escolas EB 1/JI do Concelho. A estes juntaram-se outros da Pediatria do Hospital do Vale do Ave, da EB 1/JI dos Sininhos, Vila do Conde, do Colégio do Vale do Ave e do Colégio do Campo da Feira. No final deste primeiro ano de atividade, o elenco do grupo já contava com oito atrizes. Com este elenco expandido, resolveram levar a cena uma adaptação da história da “Gata Borralheira” de Charles Perrault, criada com a junção de canções populares portuguesas e êxitos musicais de várias épocas. O espetáculo foi construído com a colaboração de todas, por forma a suplementar hipotéticas limitações individuais. Durante o ano letivo 2009/2010, percorreram as Escolas do Primeiro Ciclo e Jardins de Infância do Ensino Básico e Lares de Terceira Idade do Concelho; o Agrupamento de Escolas do 1.º Ciclo Dr. Flávio Gonçalves, da Póvoa de Varzim; os Agrupamentos de Escolas 1.º Ciclo de Celorico de Bastos e Vizela.
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Paralelamente, prepararam e executaram o teatro de fantoches sobre a história da “Carochinha e do João Ratão”, uma adaptação das histórias de António Torrado e Luísa Dacosta, que levaram aos alunos do Infantário Nuno Simões, à Pediatria do Hospital do Vale do Ave, à Escola EB 1/JI de Cruz d’Argola e ao Colégio do Campo da Feira. Para o ano letivo 2010/2011, produziram a peça “Salada de Contos...Era uma vez” a partir das seguintes obras de referência: As Fadas, de Antero de Quental; As Fadas Verdes, de Matilde Rosa Araújo; e as Histórias Tradicionais - Branca de Neve; Gata Borralheira; Carochinha; Capuchinho Vermelho e Alice no País das Maravilhas. A Feira Afonsina, em 2011, trouxe uma nova dinâmica ao grupo. A convite de Paulo Leite, responsável pela organização da mesma, participaram com a performance “As Regateiras”. Tal significou a expansão do grupo, quer em elementos, quer no campo de atuação. Usufruíram de formação em teatro de rua, que muito enriqueceu todos os envolvidos. Desde então, a participação na Feira Afonsina tem sido ininterrupta, com a adaptação de um texto anual, seguindo o fio condutor da primeira performance. O ano de 2012 foi, por excelência, o momento de viragem do grupo. O CAR (Círculo de Arte e Recreio) convidou as Associações Vimaranenses a envolveremse na Programação da Capital Europeia da Cultura.
Osmusiké
Teatro
aceitou
a
proposta surgida na sequência do convite do Programa Tempos Cruzados – “Aqui nasceu
Portugal…”,
vocacionado
para
as
um
projeto
artes
cénicas
protagonizado pelos grupos de teatro amadores e por grupos de teatro escolar de Guimarães. O projeto 48
organizou-se em quatro ações: Fórum Permanente de Teatro, que decorreu em parceria com a FPTA (Federação Portuguesa de Teatro Amador); Aqui Nasceram Histórias e Estórias; Aqui nasceu Gil Vicente e Aqui Nasceu Afonso Henriques. As três últimas usufruíram da coordenação artística e orientação dramatúrgica de Hélder Costa. As referidas ações tiveram como linha orientadora o elogio das figuras identitárias de Guimarães, tanto à escala local como nacional, desde a valorização de lendas e histórias locais, passando por Gil Vicente – “Pai do Teatro Português” – até à incontornável figura de D. Afonso Henriques. O desenvolvimento foi feito através da promoção de espaços e tempo de formação e aprendizagem. A peça “As aventuras e desventuras do Gato das Botas” foi criada, produzida e apresentada com dramaturgia original, inserida nos objetivos da ação [Aqui Nasceram Histórias e Estórias – Mostra Concelhia de Teatro de Amadores]. Inspirada na vida local, suas histórias, estórias, lendas, tradições e/ou personalidades, emana da fusão entre a expressão "Guimarães esfola gatos e mata cães" que faz alusão às indústrias de curtumes e cutelarias, e a conhecida obra “O Gato das Botas” de Charles Perrault. Nesta nova versão, a criação foi enriquecida por um guardaroupa inspirado nos trajes regionais e animada por uma seleção de músicas populares e adaptações do cancioneiro tradicional. Durante este ano o convite da TVI levou-nos a Lisboa com esta peça. Foi uma experiência única. Falamos na “Tarde é Sua" sobre o grupo, o voluntariado e a nossa aposentadoria e a associação Osmusiké. No dia 20 de dezembro, o Grande Auditório do Centro Cultural Vila Flor recebeu o espetáculo “Aqui Nasceu Afonso Henriques”, dramaturgia e coordenação de Hélder Costa com encenação de Romeu Pereira. Seguiram-se mais duas apresentações: uma no Salão da Junta de Freguesia de Silvares e a outra no Auditório de Brito, em 28 e 29 de dezembro. No ano seguinte de 2013, Osmusiké Teatro criaram, produziram e apresentaram “O Reflexo da Estátua”, um espetáculo em que o teatro e a música se fundem no campo das artes performativas. Esta obra fantasiou o 49
encontro de personalidades históricas dos primórdios da Nação, incluindo o confronto entre versões da mesma figura histórica, construídas com base nas linhas mestras estilísticas dos seus criadores plásticos (Soares dos Reis e Cutileiro). O espetáculo itinerou por agrupamentos de escolas e outras associações culturais e recreativas. Inserido na programação das comemorações dos 40 anos do 25 de Abril da Fábrica das Associações, foi criado, produzido e apresentado o espetáculo “Portugal Amordaçado” a mais de mil crianças, em cinco sessões. Paralelamente, levou-se a efeito o concurso “O 25 de Abril visto pelas crianças”, cujo produto esteve exposto na Casa da Memória juntamente com a exposição de cartazes, discos de vinil, cromos e documentos do CICP. O resultado superou as expectativas. O projeto “A Estrela e o Pequeno Grão de Areia”, foi a criação seguinte do grupo. Um espetáculo
inspirado
surgimento
das
na
lenda
do
estrelas-do-mar,
relatando a história de um pequeno grão de areia que ousa sonhar e conquistar o amor de uma estrela que se encontra a anos-luz de distância. A peça destacou-se principalmente pela mensagem da superação das limitações, trabalho coletivo, luta pelos sonhos e aceitação das diferenças de cada um. A estreia aconteceu a 16 de dezembro de 2014, no Auditório Nobre da Universidade do Minho, com duas sessões. Decorria ainda o ano de 2014, quando a pequena atriz Sofia fez uma Homenagem às avós Teatreiras no programa “Agora Nós” da RTP.
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O desafio seguinte foi “O Rei da Helíria”, um espetáculo baseado no texto de Alice Vieira “Leandro, Rei da Helíria” e inspirado na história de tradição popular “…Quanto a comida quer o sal…”. Esta peça abordou a história de um rei que tinha três filhas e, um dia, quis saber quanto as filhas gostavam dele... Uma história onde se fala de amor, de ingratidão, de sonhos, de remorsos, de longas viagens de aprendizagem, e de como se faz e desfaz um rei, ou seja, do que acontece a um rei quando a coroa lhe cai da cabeça. O espetáculo itinerou pelos agrupamentos de escolas e associações culturais e recreativas do concelho de Guimarães. Esteve ainda no Teatro de Felgueiras e no Colégio em Vila das Aves. Sensível às questões ambientais que assolam a sociedade atual, Osmusiké Teatro procurou dar o seu pequeno contributo. Convidar a comunidade a manifestar-se a favor do meio ambiente cuidando do espaço onde vive, plantando novas árvores, reciclando o seu lixo e aderindo a recursos menos poluidores, foi o pretendido com “A Derrota da Bruxa Poluição”. UM espetáculo sobre a poluição, que itinerou pelos
agrupamentos
de
escolas
e
associações culturais e recreativas dos concelhos de Guimarães, Braga e Barcelos. A convite da Câmara Municipal foi elaborado o projeto “Guimarães Sítio de Memórias”, que englobou teatro e música. Foi apresentado no dia 13 de dezembro, no Centro Histórico, tendo como objetivo a Comemoração do dia em que a UNESCO classificou esta Urbe como “BEM ÚNICO – Património Mundial”, a 13 de dezembro de 2001 e que o mundo reconhece.
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Em 217, teve lugar Húmus – FESTA DO TEATRO. Segundo as palavras do organizador João Pedro Vaz tratouse de “Uma oportunidade única! Todo o teatro de Raul Brandão apresentado numa grande festa que envolve os Grupos de Teatro Amador do concelho, os finalistas de Teatro da Universidade do Minho e os alunos das Oficinas do TO (OTO’s). A festa começa nas salas de ensaio dos grupos, pela cidade e pelas freguesias do concelho, vai às escolas, passa pelo centro histórico e explode no CCVF. Pela primeira vez, toda a família teatral de Guimarães reunida com o seu público para conhecer, discutir, representar e ver o teatro completo de um autor assombrado. “ Neste certame, Osmusiké apresentou “O AVEJÃO”, que mereceu a citação “Um raio de Júpiter que nos fulmina a todos, porque todos nós mentimos à vida e somos falsos a nós próprios” (Teixeira de Pascoaes). A Festa de Teatro não foi só um festival de apresentação, foi todo um projeto de estudo, leitura e trabalho à volta do autor. O grupo encontrou-se com Maria João Reynaud, a maior especialista em Raul Brandão e que fez uma conferência especialmente para os participantes sobre a vida e obra do homenageado. Tal muito contribuiu para a criação artística das personagens de “O Avejão”. Em 2019, Osmusiké Teatro integrou a Programação da Mostra de Teatro de Amadores, com a peça “Maria Parda”, um monólogo de Gil Vicente.
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A escolha do texto partiu da proposta apresentada pela Oficina, “Gil Vicente”, mote de 2019, tendo por base o facto de se cumprirem 500 anos do “Auto da Barca da Glória” do autor. Embora a Programação final da Mostra viesse a sofrer alterações, o grupo entendeu manter a candidatura uma vez que a Oficina considerou o ano de atividade como ano zero e o calendário da Mostra como antecessor da semana dos Festivais de Gil Vicente. De modo a levar por diante o espetáculo com uma qualidade superior, o grupo usufruiu do programa formativo contemplado nesta convocatória. Apesar da sua média de idades poder ser alta, o grupo apresentou muita vivacidade e vontade de fazer cada vez melhor. Como recompensa final, foi uma mais valia usufruir das condições físicas e técnicas que o Espaço CCVF possui para o produto final da produção do espetáculo. “Cinderela Borralheira” foi a mais recente criação de Osmusiké Teatro. Um espetáculo baseado na reinvenção do conto maravilhoso de Charles Perrault. Ocorrendo em algum lugar no tempo, uma grande notícia corre por todos os cantos de uma pacata cidade. O Palácio das Hortas foi supostamente comprado para hospedar a comitiva de um príncipe, que anuncia um baile real com o objetivo de escolher uma noiva para se casar... O espetáculo estreou no Auditório da Universidade do Minho, no dia 5 de dezembro e onde voltou no dia 14. No Dia Mundial da árvore de 2019 foi apresentado no Paço dos Duques de Bragança para mais de seiscentas crianças, em duas sessões. Com um percurso já longo, o grupo considera que tem sido um trabalho desafiante, não só por reforçar a experiência ano após ano, mas também pelo trabalho formativo que envolve (pesquisa, análise e reescrita de textos o mais fiel possível com a época e, ao mesmo tempo, diferenciador dos trabalhos anteriores). Em suma, Osmusiké Teatro conseguiu com trabalho, determinação e muita persistência, aliar a tradição à inovação, seguir em frente e concretizar sonhos.
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Osmusiké Poesia José Matos, Beatriz Roberto, Maria Manuela Ferreira Ribeiro, Isabel Canário, Capela Miguel Se calhar nunca pensaram as causas da criação desta Valência denominada de Osmusiké Poesia. Claro que se questionados todos dirão que sabem muito bem o que é a poesia, mas nunca pensaram para que serve, para além do óbvio. Hoje esta valência tem um grupo que possui uma paixão pela Língua Portuguesa; tem um conjunto de pessoas que ama a poesia e assim, por causa disso, é capaz de – Poetizar. Poetizar?!!! Sim poetizar!!!
Sons de outono, 2019
O que é poetizar?!!! Queremos partilhar com todos os que nos ouvem; os que nos conhecem; os que sabem que existimos, que existe uma Alma n’ Osmusiké Poesia que denominamos: poetizar. Poetizar... é a vontade que nos motiva para buscar textos de Língua portuguesa que tenham sido produzidos como Poemas!!! Poetizar... é a substância que sentimos em poemas que lemos murmurando e que nos criam emoções imprevistas!!! Poetizar... é partilhar leituras do mesmo texto uns com os outros e sentir que somos capazes de criar sintonias!!! Poetizar... é conversar calmamente sobre os sentimentos, sobre os aspetos que cada um de nós descobre nos poemas dos escritores-poetas que escolhemos!!!
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Poetizar... é selecionar os poemas capazes de provocar os públicos que escolhemos e os temas que decidimos em cada momento coletivo!!! Poetizar... será pegar no texto-poema e esquartejá-lo com a acutilante força da gramática ou a lixívia da lexologia ou ainda a disciplina da pontuação!!! Poetizar... é chorar quando somos únicos e sentir afetos e emoções, choros e sentimentos em momentos imprevisíveis que nos enchem de orgulho!!! Poetizar será afinar o conhecimento imenso na humildade de sermos o que somos!!! Poetizar... é a sabedoria que temos como Osmusikés ativos e humanos na condição que temos de seres vivos que se entendem partilhando as aventuras únicas pelos escaminhos e caminhos do universo da Poesia que é a valência Osmusiké Poesia!!! É assim ou não é?
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Osmusiké Visitas Culturais F. Capela Miguel fercamiguel@gmail.com
Fartos e cansados de viajar para todo o lado, são muitos os momentos em que nos confrontamos com riquezas abandonadas; construções únicas esquecidas; tradições vivas desconhecidas; memórias de todos os tempos curiosas; contos por contar com vontade indomável de descobrir e divulgar o mais possível. Património cultural material e imaterial é a denominação
universal
deste
universo
que
necessita de ser descoberto e partilhado em viagens constantes e programadas aos seus memoráveis e incríveis segredos. Esta é uma realidade que descobrimos!!! Assim nasceu a valência das visitas guiadas por
Capela Miguel explica pormenores da cidade
sabermos que as gentes que são Osmusiké possuem
uma curiosidade infinita; uma resiliência indómita e permanente; uma indomável vontade de combater a mediocridade e a ignorância, que, com a sua ânsia de conhecimento, aproveitam todo o momento próprio à descoberta do património nesta sua região que é o vale do Ave e particularmente Guimarães – Património Cultural da Humanidade!!! As visitas guiadas são, em si mesmas, instrumentos de valorização do conhecimento individual e coletivo que é reconhecido a Osmusiké para cumprir a sua missão de “Cantar Guimarães “. Osmusiké cantam Guimarães depois de a descobrir!!! Criou-se também a Valência Osmusiké Projetos, coordenada pelo Jorge do Nascimento que se faz acompanhar de alguns elementos com disponibilidade e competências específicas para cada projeto concreto. Foi o caso desta publicação – OsmusikéCadernos1. Viva Osmusiké!
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INAUGURAÇÃO DO ESPAÇO CRIATIVO OSMUSIKÉ Olívia Freitas e Joaquim Machado oliviargfreitas@gmail.com; joaquimnmachado@gmail.com
Osmusiké - Associação Musical e Artística do centro de formação Francisco de Holanda, formada por professores/educadores e outros profissionais, nasceu no Centro de Formação Francisco de Holanda, em junho de 2002, onde mantém ainda a sua sede fiscal. Em maio de 2013, a Câmara atribuiu à Associação um espaço no Mercado Municipal, para apoiar a sua atividade. Porque o espaço, dividido em 2 salas, se tornou exíguo para preparar os projetos em que nos envolvemos, foi solicitado à Câmara a sua conversão em espaço único. A Câmara anuiu ao nosso pedido e iniciou as obras de remodelação em abril de 2019, resultando num espaço amplo e funcional para desenvolvimento das diversas valências. A inauguração oficial das instalações, que batizámos de “Espaço Criativo Osmusiké”, realizou-se, em 4 de Julho de 2019, e contou com a presença da Câmara, na pessoa do seu presidente, Domingos Bragança, acompanhado da vereadora Sofia Ferreira, do adjunto Vítor Oliveira e Dalila Sepúlveda. E, ainda, o presidente da Junta de Creixomil, António Fernandes e demais convidados. A receção foi efetuada pelos associados, no exterior das instalações, que presentearam os convidados com a atuação das diversas valências.
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Osmusiké-Cantares
Populares
animaram
com
alguns números do seu vasto reportório, juntamente com Osmusiké-Teatro que encantaram com a peça “a noiva vai linda”, insinuando que “quem casa quer casa”. Procedeu-se então ao descerramento da placa, alusiva às novas instalações, momento em que o grupo Cantar Guimarães nos brindou com o Hino de Guimarães. Já no interior do espaço, OsmusikéPoesia declamaram o poema “Rejubilemos”. Seguiram-se os discursos.... O Presidente da Associação, Jorge Nascimento, agradeceu a presença dos convidados, enalteceu as benfeitorias realizadas, manifestando o nosso claro reconhecimento à Câmara, e seu staff, pelo apoio crucial na consecução desta mais-valia. Domingos Bragança, presidente da autarquia, apreciou a obra realizada e referiu que a Associação era bem merecedora desta benfeitoria, tal a atividade que desenvolve em prol da cidade de Guimarães, exaltando a sua pronta disponibilidade sempre que solicitada. Entretanto, alegou que a sala necessitaria ser melhorada na sua acústica, pelo que prometeu empenhar-se na sua” INSONORIZAÇÃO”.
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No final, Osmusiké-Cantar Guimarães, acompanhado por todos os intervenientes, cantaram o Hino de Osmusiké dirigido pelo maestro Júlio Dias. Após breve apreciação do espaço, seguiu-se um merecido lanche já no exterior. PARABÉNS aos Osmusiké e a TODOS um BEM-HAJA
“Filme” da Inauguração do Espaço Criativo Osmusiké
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Os Nossos Afonsinhos Ana Maria Oliveira anamiroliveira@hotmail.com
Esta história começa em 2011, altura em que a Câmara Municipal de Guimarães decide organizar a primeira Feira Afonsina, inspirada na história da nossa cidade e no nosso primeiro Rei D. Afonso Henriques, fundador de
Portugal.
Sendo
a
nossa
associação
OSMUSIKÉ um grupo proativo em práticas amplamente conhecidas de participação em toda a vida cultural da cidade, não quis deixar de viver, uma vez mais, memórias da nossa história. Mas de que forma poderíamos participar? Teatro? Poesia? Música? Sim, em todas estas vertentes poderíamos fazê-
Fotografia da Tenda dos Mercadores em 2011
lo já que, fazem parte das nossas atividades culturais, mas queríamos algo inovador e que, adequado ao momento histórico, nos transportasse ao ambiente da época. Designou-se então um grupo de trabalho para ponderar de que forma “OSMUSIKÉ “poderiam participar. Concluiu-se que a doçaria conventual poderia enquadrar-se neste projeto. A par da certeza, surgem as dúvidas: Quem seria a doceira? Que tipo de bolo? Que formato? Enfim, um rol de questões inerentes à novidade do projeto. Alguém me sugeriu e ‘fui eleita’ a doceira responsável. Quanto ao bolo, seria de criar um doce “Nosso” que marcasse a presença d’OSMUSIKÉ na doçaria conventual da Feira. Não temendo desafios, propus-me aceitar a tarefa. Tarefa de responsabilidade, já que a nossa cidade é afamada pela tradição de doçaria, legado deixado pela primazia das freiras Clarissas do convento de Santa Clara, ao povo de Guimarães. O nome surgiu de imediato: AFONSINHOS. Por que não? 60
Se a Feira é uma recriação da época afonsina, o nome seria muito adequado. E assim ficou…Afonsinhos. Chegávamos ao segundo passo: que tipo de bolo? Procurei nos meus baús e encontrei uma receita de família cujos ingredientes preenchiam os requisitos necessários para ser denominada doçaria conventual: ovos, gila e amêndoa. Depois de várias tentativas de adaptação da receita a um doce enquadrado na época no seu aspeto e sabor, decidi adicionar-lhe uns pós de magia com um sabor a mistério e muito carinho. Os Afonsinhos ficaram prontos para ser aprovados. Não esqueço o deleite dos participantes nessa reunião. Tínhamos Afonsinhos! Assim, ao longo de todo o ano, tenho a tarefa de preparar os ingredientes para confeção dos ditos doces: adquiro gilas, descasco, cozo e faço cerca de trinta quilos de doce. Descasco, seco e moo outro tanto de amêndoa, para podermos presentear a feira com cerca de mil Afonsinhos durante os três dias de duração. Os doces em forma de queque, estão envolvidos em papel, ao qual, o forno dá um tom sépia, muito próprio do usado na época. A cobertura de açúcar refinado dá-lhe um toque misterioso. Inspirado no tema da feira, complementamos cada queque com a bandeira que representa o estandarte usado por D. Afonso Henriques nas lutas pela independência, cujo símbolo representava uma cruz azul em campo de prata. São vendidos na zona dos mercadores por elementos da valência “Cantar Guimarães” trajados à época. A apresentação da tenda tem a configuração estipulada pela organização da Feira com decoração por nós escolhida: toalhas de linho, castiçais à época, abóboras de gila e amêndoas. Os licores fazem-nos companhia… De laranjinha e pêssego, estes licores são de confeção caseira e muito apreciados. São apresentados em pequenas garrafinhas envolvidas em tecido artesanal ou, vendidos ao copo. Assim, temos o orgulho de poder participar em mais este evento, que atingiu um tal grau de aceitação que nos levou a Registar a Patente “Afonsinhos”.
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A tenda d’OSMUSIKÉ tornouse um lugar de encontro e convívio, não só para os elementos do grupo mas para o todo o tipo de visitantes que encontram na nossa companhia, não só o desfrute
dos
Afonsinhos
regados com um bom licor, como um ambiente de lazer e uma alegria natural, que levam a manter a tradição e à visita obrigatória à tenda d’OSMUSIKÉ. Por tradição, a feira termina em festa: todos os elementos que durante estes dias se entregaram a manter a nossa história viva se recolhem junto à tenda e com o grupo de teatro, cantamos o nosso hino: o hino d’OSMUSIKÈ.
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Vou contar uma história Fernando Capela Miguel fercamiguel@gmail.com
1.º Episódio: Vou contar uma história A primeira e grande história é a nossa vida. Assim contarei uma história de uma parte da minha vida… Já com sete anos ou mais!!! Quando entrei pelas colunas daquele grande portão já lá vão quinze anos, jamais seria capaz de imaginar que ali, iria ter o início de um novo tempo de vida vivida, muito cheia e bem preenchida da minha existência. Primeiro porque a carta que tinha recebido do presidente/director do CFFH me convidava para a formação de adultos – os funcionários, pessoal auxiliar e bibliotecários – das escolas do Agrupamento de Escolas Francisco de Holanda (AEFH). Depois porque iria fazer “coisa” que gostava de fazer!!! A formação maior e a paixão tinham sido as motivações que justificavam o meu desempenho nos últimos onze anos neste universo fabuloso, mas difícil da denominada Educação ao longo da vida, vulgo de Adultos. Por outro lado, o CFFH era um espaço único de formação de professores que ia para além dos seus naturais objectivos pois lá se encontrava muita alegria nas amizades partilhadas e muita vontade de existir, naqueles cidadãos que eram professores e professoras que “aturavam os filhos dos outros”, na existência comprometida e profissional do quotidiano das escolas, sobretudo do primeiro ciclo básico. Pelas 22h00 de uma sexta-feira estou de saída. Junto ao portão uma amálgama de gentio se afadiga na organização “não sei de quê”!!! Vários são os instrumentos musicais que vejo sair de diferentes esconderijos!!! Vários são os conhecidos que vou cumprimentando pelo caminho que sorriem e riem como se fosse o ensaio não programado de uma festa… a Helena, a Amélia, a Bia, a Manuela, Maria José, o Lino, o Manel, o Luís, o Filipe… e outro, outro e outros… mais de duas dezenas!!! Risos!!! Tintim, pampans e boomes… Sons de ensaio de instrumentos. Pausas seguidas de gargalhadas abafadas, colectivas!!! Pandeiretas, paus, flautas, instrumentos… sons!!! Óscar e Laura de violas nas mãos trocam palavras que não entendo e eu questiono: - Vão para alguma manifestação?!! Revolução!!! – Convívio ou festada??!!! Óscar sorrindo riposta: - Vamos cantar os reis, anda daí!!! Laura reforça: - Claro, anda daí!!! Serás mais um!!! Há espaço para ti nesta noite!!! 64
Senti-me rei eu, sem pensar fui!!! Fui muitas vezes!!! E cantei aos reis sem nunca os encontrar!!! Encontrei outros sim, às dezenas, à procura dos reis para lhes cantar!!! De tantos anos a cantar acabei por encontrar os Reis… nos Trovadores do Cano!!! 2.º Episódio: Osmusiké chama-se o grupo Levei uma parte da minha existência a satisfazer esta paixão pelo canto. Admirei sempre os resultados magistrais que o “instrumento de Deus” – a VOZ – era capaz de produzir. Nunca pensei ser “castrati”, mas dos treze aos quinze anos, cantei nos coreiros da colegiada. Foi uma experiência juvenil que nunca esquecerei!!! Admirei sempre o canto com grupo e as cumplicidades que se constroem no compromisso entre a afinação e o prazer de cantar!!! Os coros gregorianos, os coros conventuais, os espirituais negros com ritmos espectaculares, os godspells ou os coros informais africanos entre outros, sempre foram capazes de me extasiar e serenar as brutalidades do meu espírito!!! Mas ainda outras vozes individuais, como as cantoras e mulheres brasileiras como Mara Andrade, Elis Regina, Fafá de Belém, Adriana Calcanhotto. Depois a música do samba de Vinícius de Moraes a Caetano Veloso ou o mexicano “aveugle” José Feliciano. A voz única de Mercury com Montserrat Caballé a cantar Barcelona. Ainda o trio incrível dos tenores Pavarotti, Contreras e Plácido Domingo e o cego Ray Charles ou a voz trepidante de Norah Jones que tantas vezes me arrepiaram ouvindo-os às escuras até à emoção e lágrimas!!! Saber ouvir Amália e Ana Moura; Mariza ou Camané, Mizia, José Cid, Jorge Palma, José Mário Branco ou Fausto; Paulo Gonzo, Rui Veloso, Dulce Pontes e o magno Zeca Afonso. As mornas e coladeras da música de Cabo Verde… Perdi-me tantas vezes em noites de fado ou de baladeiros… Estas são vozes, boas vozes, extraordinárias vozes portuguesas que devemos ouvir e conhecer!!! E as vozes colectivas?!! Inesperados os coros do cante alentejanos, ou das Adufeiras das Beiras, o coro sensacional de Santo Amaro de Oeiras; o Coro Académico de Coimbra ou o Polifónico de Lisboa. O Canto Nono ou o vimaranense Vilancico são a prova provada de algumas vozes conhecidas entre o sem número de vozes colectivas, coros, corais e grupos de vozes anónimas que cantam não só por prazer, não somente para
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partilhar sentimentos e emoções, mas, sobretudo por corresponderem a uma forma fundamental da manifestação da vida dos seres humanos: comunicar cantando!!! Actos culturais cantados, reconhecidos e essenciais!!! Na sequência desta meia reflexão coral e da essência do canto, acabei por aceitar o convite do Óscar e depois do Jorge para integrar aquele grupo de cidadãos, professoras e professores como eu, queriam cantar para além do tempo da profissão!!! Mais de metade já jubilados ou às portas da reforma… que fazer??!!! Só havia uma coisa a fazer!!! Organizar a vida com todos os compromissos e aderir!!! Veio-me à memória os ensaios do coro dos meninos da Colegiada!... De má memória!!! - “Canta como os Anjos”, gritava o padre enquanto nos “enfardava” uma bofetada afinadora da desafinação provocada no terceiro momento musical da elevação na Santa Missa!!! Desloquei para outro canto da memória esta e outras histórias e resolvi aderir… Passei a ir aos ensaios das quintas-feiras e cantar… Ora como diz a sabedoria dos velhos: - Quem canta seus males espanta!!! - Quem sabe cantar tem alegria para dar!!! - Quem canta até a ignorância espanta!!! Depois destes provérbios vejamos poemas: a cantar para não me perder na prosa: Foi a cantar que eu nasci Outros cantores vi nascer Foi cantando que vivi Será a cantar que vou morrer!!! Se queres cantar junta amigos Irás ficar deveras espantado… Encontrarás sementes de espigos Que medram em campos de fado 66
Se o fado é a nossa canção E já Património da Humanidade Nós somos o cidadão Que o canta em liberdade!!! Cá por mim cantarei até morrer E não faço nada de especial Pois em cada minuto há-de nascer Quem a cantar se torne imortal!!! Agora ando contente A cantar Guimarães É do Osmusiké a gente Com quem canto as canções. Minha mãe se tu soubesses Ai como eu gostava De te ouvir cantar!!! Podia ser que tu me desses Aquilo que eu mais amava: O teu amor para partilhar!!! E foi assim que afinal me juntei ao grupo. Foi assim que encontrei gente resiliente, activa, voluntariosa até em exagero!!! Com uma disciplina indisciplinada fomos capazes de fazer afectuosos programas e projectos que nos levaram a toda a região: escolas, instituições, recantos e ruas, associações!!! Fomos Reis e Rainhas, Bobos e palafreneiros, aios, amas, cavaleiros. Cantamos em Castelos e Palácios e fizemos festas e feiras doutros tempos!!! 67
Cantamos com vontade e vivemos com alegria partilhada, bons momentos!!! Cantamos em todo o lado, de lado e de frente, cantamos para toda a gente: velhos, ricos e pobres, gordos e magros, homens e mulheres, crianças… muitas crianças, com todos cantamos e semeamos alegrias quase infinitas!!! Depois dos Reis bens procurados e cantados descobrimos a nossa paixão: Cantar Guimarães. Para isso nos juntamos algumas vezes em visitas guiadas a descobrir os segredos nos escaninhos do Património Material construído neste burgo velho que é o nosso Berço – Guimarães antiga!!! Cantamos as “suas gentes” e o “Castelo”, “o Paço dos Duques”, “a Sr.ª da Oliveira” e “Nicolinas”, o “D. João I”. O nosso primeiro rei, “D. Afonso”, “Rua de Stª Maria”, “Stª Luzia” e “Penha”, “S. Torcato” e outros que vamos cantando!!! Depois já feitos artistas descobrimos outras capacidades e outras vontades. Assim nasceram as valências do magnífico grupo de Teatro e da Poesia. Ah!!! A valência Música Popular que tem sido a “Alma” do “descante”, pois, a substância é um
conjunto
de
instrumentistas,
“Musikeiros” dos OSMUSIKÉ que divulgam o magnífico cancioneiro da Música Popular Portuguesa. Nos ensaios esta malta Começa afinada a cantar Ouve-se a concertina e a flauta… Eis os OSMUSIKÉ… Pra Pular!!!
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Cantam todos juntos Ou um de cada vez O cancioneiro popular Canta o Povo Português Depois foi simplesmente viajar!!! Fazer tournées! Construir grandes espectáculos em Galas, Saraus e Arruadas!!! Cenas divinas em palcos, estrados e coretos!!! Descobrir momentos de cansaço que nos davam prazer por cumprirmos um projecto Associativo único que tem nome; OSMUSIKÉ!!! Assim é e será: Somos OSMUSIKÉ!!!
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As Nicolinas e Osmusiké Filipe Guimarães, Presidente da Assembleia Geral de Osmusiké filipeguimaraes@esfh.pt
Compreender qualquer realidade social implica a respetiva contextualização no tempo e nos paradigmas axiológicos estruturantes das vivências da época. Por isso, falar das Nicolinas e do seu inicial ‘ostracismo’ à participação da comunidade académica vimaranense, mais do que uma fácil e comum condenação, necessita de uma contextualização histórica e social. Recorde-se, a propósito, que as Nicolinas têm a sua origem nos costumes académicos vimaranenses do século XVI e que a sua ligação de exclusividade ao Liceu parece prender-se com a herança dos estudantes de Latim da Colegiada de Guimarães (século XIX) e dos seus seminaristas (Amaro da Costa, 2015), com passagem de testemunho para o Seminário-Liceu de Santa Clara (1896), onde definitivamente os estudantes liceais assumiram a liderança das celebrações. Por isso, o estigma de ostracismo sociocultural e académico que muitas vezes projetamos nas Nicolinas antes do 25 de Abril, parece, não ter grande consistência epistemológica, antes se revela como corolário evolutivo e circunstancial de toda uma situação, que acentua uma herança de práticas e tradições. De qualquer modo, e pesem embora estas considerações preliminares, o que realmente deve realçar-se é o âmbito de universalidade e equidade participativa que as Nicolinas assumiram após o 25 de Abril. Deixando de ser privilégio de uma única instituição académica, as Nicolinas pautaram-se como o efetivo elo de todos os estudantes vimaranenses, numa práxis que assume, antes e acima de tudo, o direito à liberdade de expressão e, consequentemente do direito à participação cívica, à democracia. As Nicolinas, recorde-se, embora tradicionalmente revestidas de e por um carater religioso, são, na sua essência a manifestação de tradições que encontram possivelmente a sua origem última nas tradições e crenças célticas, onde as festividades relacionadas com os equinócios se apresentavam como oportunidades para manifestar o direito à imaginação, ao sonho e, sobretudo, ao protesto e contestação social (Costa et al., 2003). Por isso, esta universalização que após o 25 de Abril se fez sentir acabou por as transformar em reais guardiões de toda uma tradição, de todo um património imaterial, que caldeado nos crisóis socioculturais célticos se foi consolidando em Guimarães a partir do século XVII.
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Atesta-se assim a perenidade de um património que se foi e vai enriquecendo em cada uma das suas manifestações e que se alarga não só às gerações seniores, mas que envolve já os mais jovens, na afirmação inequívoca da sua riqueza enquanto património imaterial. Procurando interpretar e comungar deste património, ‘Osmusiké’ têm-lhe dedicado algumas das suas produções. ‘Osmusiké’, para quem os não conhece, são um grupo artístico, centrado essencialmente na produção e interpretação musical, que teve a sua origem nas Ações de Formação de Professores no Centro de Formação Francisco de Holanda, na década de 90. Tomando como paradigma da sua entidade, a convivência e a amizade através da expressão artística e lúdica, este grupo, inicialmente só de professores e agora alargado à comunidade, tem como lema principal o desenvolvimento pessoal e socio emocional através do canto. A aprendizagem é um processo ao longo da vida. Quando tal processo se assume estruturalmente alicerçado no ludismo, e na expressão artística, na sã convivência assume contornos mais significativos, essencialmente mais expressivos de um ‘saber ser’, onde a solidariedade e a empatia se revelam como vertentes longitudinais. Nascida em 2002, ‘Osmusiké’ teve, como se referiu anteriormente, a sua origem nas ações de formação para professores. Mas um professor é um comunicador, um ‘ensinador’ de tradições, de bem-estar e sinergias de vida. Por isso, a primeira ação deste grupo artístico foi a publicação de um CD de canções para crianças, onde as letras expressam toda uma cultura, todo um conjunto de memórias passadas que as gerações futuras não podem nem devem ignorar. Começava aqui a delinear-se, para além de uma dimensão pedagógica, uma outra dimensão, a cultural, onde a história se transmite através do ludismo, em canções com letras próprias e reveladoras de tais conteúdos. Sob o comando dos professores Jorge Nascimento e Óscar Ribeiro, o primeiro, enquanto diretor do CFFH, criou a Associação e o segundo assumiu um papel importante como orientador musical do Associação. ‘Osmusiké’ apresentam-se hoje perante a comunidade vimaranense, em particular, e a comunidade nacional, em geral, como um grupo onde a qualidade artística se alia à riqueza do património histórico e cultural expresso nas letras das canções, numa idiossincrasia rara de encontrar, não só no nosso país, como em qualquer outra parte.
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Revelador do que acaba de afirmar-se foi a necessidade que o grupo sentiu de, em 2009, se transformar em associação cultural e artística, com a designação de ‘Associação Musical e Artística do Centro de Formação Francisco de Holanda”. Grupo artístico, onde a qualidade e o veio cultural, sobretudo da cultura e história vimaranenses, se apresentam como elos estruturantes da sua intervenção. ‘Osmusiké’ são uma associação a que a comunidade vimaranense e mesmo nacional tem de prestar a devida atenção, pois são os atuais transmissores de um conjunto de valores e heranças históricas e culturais que, a não existirem, seriam brevemente esquecidas e que, agora, sob o ludismo e arte da sua intervenção se vêm perpetuando, fazendo parte integrante do nosso acerbo musical e cultural.
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Epidemias em Portugal, Covid 19 e Cultura Maria Albertina Amaral amaralmar@gmail.com
A primeira Epidemia em Portugal data de 1188, logo seguida de uma outra em 1202, a qual matou a terça parte das pessoas no nosso país e que, devido às grandes chuvas que aconteceram de uma forma contínua, veio a causar grande fome. Estávamos em plena Idade Média e eis que, em 1310, surge a grande peste, matando igualmente muita gente de fome, pois esta calamidade fez diminuir a resistência das pessoas, o que vai contribuir para a difusão da Peste Negra, que entrou na Europa em 1347 e, em Portugal, em 1348, em tríplice forma, ou seja, a peste bubónica, a peste pulmonar e a peste intestinal. Matou grande número de pessoas e durou três meses, seguida de um novo surto em 1365. Em 1384, uma nova peste, o Tifo, atacou principalmente o exército que cercava Lisboa, com cerca de 150 a 200 mortes por dia. Em 1414, um novo surto de peste chega a Lisboa e Porto trazida por barcos estrangeiros da Ásia. Uma das vítimas deste surto foi a rainha Filipa de Lencastre. Em 1423, nova epidemia, agora localizada em Coimbra e seus arredores. Segundo o Cronista Rui Pina, «D. Duarte não assistiu às cerimónias do Funeral de seu pai D. João I, no Mosteiro da Batalha, por aí grassar grande Pestilência». Nas Cortes de 1434, afirma-se o mau estado de salubridade do País. Outras epidemias surgiram, sendo que a de 1478, por ter provocado muitas mortes, leva D. João II a mandar construir, na cidade de Évora, uma Casa de Saúde e ordenou várias medidas de Higiene. Em 1480, em todo o país, uma nova epidemia, que durou 17 anos e com grande incidência na área de Lisboa, talvez pela falta de higiene da capital. D. João II mandou fazer por toda a cidade fogueiras de alecrim, assim como, desinfetar as próprias casas dos doentes. Quando D. Manuel I sobe ao trono, durante quase um ano, não permaneceu em Lisboa devido à peste e, tendo encerrado as Cortes de Montemor-o-Novo, uma vez que a peste existia por todo o reino. De 1510 a 1514, nova epidemia, igualmente de origem desconhecida, o que leva D. Manuel a mandar construir cemitérios fora da capital e dar ordem de evacuação da cidade, no que não foi obedecido devido à dificuldade de a organizar. Em 1520, funda-se, em Lisboa, um Hospital próprio para doentes da peste. Em 1569, vindo de Veneza, surge a Peste Grande que matou 60 mil pessoas em Lisboa. E, assim, periodicamente, vão surgindo as epidemias em Portugal - até que em 1818 surge a mais mortífera das epidemias no país, a gripe pneumónica, também conhecida por gripe espanhola, com três ondas de 73
contaminação, matou famílias inteiras de norte a sul, provocando o medo por toda a parte. A nível Mundial, em seis meses, 25 milhões de pessoas tinham morrido, 500 milhões foram infetadas e ceifou ao todo 55 milhões de vidas. Entre 1918 e 1919 morreram em Portugal 102.750 pessoas. O ano de 1918 ficou ainda assinalado pelo Tifo, a Varíola e a Difteria. Nos Açores e nas províncias ultramarinas de então, registaram-se várias epidemias, tais como, a Cólera, o Tifo e a Febre-amarela. Em 2019, proveniente da China, surge na Europa e consequentemente entre nós, o Covid 19 que, em 2020, nos obrigou a uma Quarentena em casa, por um período de dois meses, e que provocou muitas mortes. Tomou o governo português medidas sanitárias, a higienização das mãos, uso de máscaras e/ou viseiras. Entre outras medidas, as de Confinamento, em que o país quase parou em absoluto, tivemos a funcionar a telescola e o teletrabalho a partir de casa, através da Internet. Perante esta situação eis que surge, após o dia 01 de junho de 2020 o desconfinamento, mas o medo do contágio é uma realidade ainda muito presente. E, perante todo este cenário como ficou a Cultura? Algumas vozes se fizeram ouvir entre as quais a do Presidente do Centro Nacional da Cultura que destaca a “resistência enorme que os agentes culturais têm manifestado durante esta pandemia do Covid 19, ao não deixarem de produzir e divulgar cultura para o público”. Sobre essas manifestações culturais que se têm visto na Internet, nas redes sociais, será de destacar a grande criatividade para encontrar novas formas de comunicação cultural e artística. Nesta Pandemia vivida em Portugal, têm existido vários comportamentos de crise - entre o medo e a solidariedade, aborda-se o papel da cultura e a confiança na ciência na resposta das sociedades contemporâneas à epidemia do Covid 19. O que nos reserva o futuro? Será possível ao governo assegurar um rendimento básico para cada cidadão, e/ou a redução das rotinas laborais em prol da criatividade? Iremos viver um futuro neste distanciamento social que nos levará a novas tendências de organização social, com impacto quer na estrutura urbana, quer no próprio ambiente? Sem dúvida que a atual crise pandémica está a ter grandes repercussões nas artes e na cultura em geral. Repercussões estas que são notórias na vida dos artistas, que estão sem trabalho, sem espetáculos, sem concertos e têm uma família para sustentar. Que se irá fazer em prol destes artistas? 74
São tudo interrogações, claro que podemos pensar em novas áreas que podem ser “desafios” e que os agentes culturais levem mais pessoas a participar nas atividades culturais, mas, no entretanto nada acontece!... pois não existe trabalho, e assim as dificuldades aumentam para os agentes culturais e artistas de modo geral. É urgente a participação do governo na área da Cultura em Portugal. Já tivemos a entrega ao governo, de um manifesto de cerca de 30 artistas, que se juntaram para “vincular o papel fundamental que cabe às diferentes formas de Arte e Cultura na resposta à crise”. Neste cenário quais os objetivos? O que desejamos é que não seja esquecida e que a tratem como prioritária em paralelo com as outras áreas da sociedade. Para a pintora Gracinda Candeias «A Cultura é também um bem de primeira necessidade» são milhares de empregos que estão em causa e, segundo a opinião de Carlos Cortez «É a própria identidade europeia que está em causa e é a sanidade coletiva que o exige no direito de vivermos livres» Abordamos as Epidemias em Portugal, o Covid 19 e a Cultura. Mas, o que entendemos por Cultura? Cultura consiste na valorização e defesa de um sistema de ideias. Cultura é Sabedoria, é um conjunto de Atitudes, de Técnicas. É Literatura Oral, é Poesia, é Dança. É Música. É o conjunto de Crenças Religiosas que caracterizam qualquer sociedade e que fazem parte do seu Património Social. Será ainda um conjunto de Costumes, Normas e Valores que um grupo ou sociedade possui. Daí a importância da Cultura na formação do cidadão, que a Cultura seja tratada com a dignidade que merece e Viva a Cultura!...
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Eu e Osmusiké Laura Manuela Ramos Pontes laurampontes@gmail.com
Vai ser difícil encontrar palavras para descrever o que Osmusiké significam para mim, mas vou tentar. Lembro-me que começámos com uns acordes de viola, um antigo gravador e umas canções que todos sabíamos de cor, depois de uma formação que nada tinha a ver com música. Foi assim que tudo começou. Aconteceu um dia, depois outro e outro. Mais tarde veio a Ação de Formação Musiké e continuámos. Quando demos conta, estávamos a gravar um CD de música para crianças. Entretanto, todo o grupo se divertia imenso, antes e depois, vivíamos cada pedacinho dos ensaios, das apresentações, dos pequenos e grandes momentos, com muita alegria e vontade de viver. Em cima de um palco, de uns bancos ou, simplesmente, entre algumas pessoas que, também felizes, gostavam de nos ouvir. O nosso Guia era o nosso formador Óscar Ribeiro. Guia? Sim, era isso mesmo. O Guia com quem nem precisávamos de falar para nos entendermos. O Óscar dizia vamos e nós, em conjunto, respondíamos, VAMOS. Não, nem respondíamos, somente nos deixávamos levar, contagiados por um sentimento de grupo que proporcionava a todos aqueles que connosco estavam um bem-estar, um querer estar e viver com alegria. Não posso elencar tudo o que vivemos, mas posso garantir que constituiu uma das experiências mais ricas da minha vida, quer a nível pessoal, quer profissional. Desde as Canções para Crianças, ao Cantar dos Reis ao Cantar Guimarães ou à simples entrada ou saída de um palco, a uma troca de palavras pelo meio das canções, a umas brincadeiras, a maior parte delas improvisadas, mas que levavam todos os presentes à gargalhada. Ah!! Desculpem, tenho uma confissão a fazer, Osmusiké concedeu-me o privilégio de aprender uns acordes de guitarra que me permitiam acompanhar os verdadeiros tocadores. Era um sonho de adolescente que em adulta se tornou realidade. Foi e continua a ser tão bom. Obrigada ao Óscar e a todos os que me incentivaram. Após todos estes anos, Osmusiké foram fazendo o seu caminho, hoje são uma grande instituição, mais profissionais e com mais responsabilidades. Este é o grupo que continua a espalhar a vida e a alegria através das suas valências, Osmusiké Cantar Guimarães e Osmusiké Cantares Populares, Osmusiké Teatro, Osmusiké Poesia, Osmusiké Projetos. Hoje estão em todo lado, fazendo parte da alma da nossa linda cidade.
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Agradeço de todo o coração a todos aqueles que tanto trabalham em prol de um bem maior, os que voluntariamente oferecem o seu tempo e trabalho para levar vida e alegria a quem delas precisa. Não posso esquecer ninguém, são todos tão importantes, por isso, permitam-me que preste a minha gratidão na pessoa do nosso presidente, Jorge Nascimento, como símbolo de trabalho e empenho e que estendo a todos, que fazem parte d’ Osmusiké ou que contribuem para o seu crescimento. Obrigada por hoje aceitarem o meu breve testemunho e por, não estando sempre presente, me receberem com tanto carinho.
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Os Três Telefonemas Luís Almeida, artista e animador sociocultural luis.mendes.almeida@gmail.com
Semana de 14 de março de 2020. Chega um telefonema. Voz suave e preocupada. Dizia triste que se tinham de anular todas as atividades, visto as mesmas englobarem um conjunto enorme de idosos. Um outro telefonema, quase logo a seguir, dizia que as filmagens seriam anuladas para as datas previstas. Só o futuro saberia quando as fazer. Último telefonema dizia, quase em voz trémula, que as atividades estavam adiadas por tempo indeterminado, sendo que estas incluíam, na sua maioria, crianças. Com três telefonemas se anulava o trabalho de meses. Decisões acertadas. O vírus espreitava sorrateiro e ninguém sabia as consequências de decisões mal tomadas. É nesta incerteza que vive o artista, o animador sociocultural. O trabalhador independente que vê nas horas soltas o seu sustento. O seu ganha pão. A sua vida. E ninguém disso tem culpa. De manhã está bem, de tarde meio dia passou. À noite, é altura de pensar no dia seguinte. Vive-se dia a dia. Por vezes, semana a semana. Algumas vezes, mês a mês e poucas ano a ano. Nunca há uma grande perspetiva de futuro. Mesmo quando tem lucidez da sua qualidade de trabalho. A cultura nunca foi prioridade na sociedade. É uma espécie de acessório educativo. Lúdico, de vez em quando, ou um luxo nas mentes de alguns. O artista, o animador sociocultural, vive entre dois mundos, até mais. Mas esses dois mundos partem de uma total entrega daquilo que faz. Sempre disponível. A sua paixão pelas artes é enorme. É fonte de sonhos. É fonte de esperança. É motor social. O outro dos dois mundos é uma enorme instabilidade. É de repente ficar sem o primeiro mundo. É ficar sem tapete. Um medo de ficar sem teto. Por vezes, é tão grande esse medo que se imagina sentado nu protegendo o próprio corpo sem ninguém por perto que o cubra com um manto. No final, agarra-se à esperança, a um poema, a um conto, a um canto. E, tal como um palhaço, fica a sorrir, a dançar ao vento.
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“Osmusiké Momentos especiais” Ana Paula Ferrão Silva ana.paulaferrao@hotmail.com
Lembrar o que foi Osmusiké é andar para trás no tempo e recordar com saudade as coisas boas e úteis que se cruzaram comigo numa determinada altura da vida. Fazer parte do primeiro grupo de uma formação que deu origem a este projeto é uma honra, que me faz pensar que valeu a pena... foram passados, na altura, momentos únicos que só quem os viveu pode sentir e explicar! Muitas horas de alegria e boa disposição, aprendizagens profissionais, partilha de saberes, cumplicidade entre colegas, o lançamento dos dois primeiros CD, mais e muito mais... Alguma vez na vida eu imaginaria que iria estar integrada num projeto destes? Não !!! Alguma vez eu imaginaria que iria novamente tocar flauta e aprender a tocar cavaquinho? Claro que não!!! Que iria integrar um grupo para cantar os Reis ? Não!!! Mas foi isso que aconteceu! Ai que nostalgia... Obrigada, Óscar e diretor do Centro de Formação Francisco de Holanda, Jorge do Nascimento, pela aposta nesta formação e por todos aqueles anos de desafios que fizeram de mim uma melhor profissional. Uma lição para a vida...
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A alegria de ser Osmusiké Maria Helena Morais helena1morais@gmail.com
“Pelo sonho é que vamos, Comovidos e mudos.
A formação encarada como “sonho”.
Chegamos? Não chegamos?
Na altura foi assim. A alegria de em conjunto
Haja ou não frutos,
refletirmos e criarmos materiais didáticos que
Pelo Sonho é que vamos.
enriquecessem a nossa prática profissional. Pouco ou nada sabíamos de música. Mas vencia a
Basta a fé no que temos.
esperança de sermos capazes de fazer coisas que
Basta a esperança naquilo
até aí nunca tínhamos conseguido. Cantar a vozes,
Que talvez não teremos.
tocar instrumentos simples que magicamente se
Basta que a alma demos,
transformavam em orquestra, gravar em estúdio.
Com a mesma alegria,
Gravar o primeiro CD das nossas vidas. Apresentá-
Ao que desconhecemos
lo numa das belas salas do Paço dos Duques.
E ao que é do dia-a-dia.
O sonho não chegara ao fim. A vontade de fazer mais e melhor acompanhou-nos ao longo de
Chegamos? Não chegamos?
vários anos e Osmusiké fez história. E ficou na
-Partimos. Vamos. Somos.”
minha!
Sebastião da Gama
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Testemunho Beatriz Roberto bea.roberto@sapo.pt É com orgulho e verdadeiro sentido de pertença que decidi deixar aqui o meu profundo agradecimento a Osmusiké. Durante os anos (e já rondam a dúzia), em que tive o privilégio de conviver convosco em tantos momentos únicos, irrepetíveis e carregados de significado, sempre me senti alguém que faz parte de algo maior ao darmo-nos aos outros sem nunca esperar nada em troca. Quando conseguimos projetar a nossa genuína alegria nos outros e envolvê-los na nossa plena satisfação, sou acometida de uma realização tão profunda que me permite sentir realmente feliz. Sinto um enorme prazer quando vejo reações espontâneas e verdadeiras de quem nos ouve cantar e nos acompanha sempre que lhe é possível. Ao ouvir amigos dizer que são nossos fãs, ou dizer que já tinham saudades das nossas atuações, apercebo-me de que somos diferentes e úteis para muitos dos que assistem às nossas prestações em cada uma das nossas valências. Adoro quando juntos nos deixamos invadir pelos sentimentos de pertença e de felicidade ao concluirmos com êxito cada objetivo a que nos propusemos. Gosto de, quando em algumas circunstâncias pontuais que não nos permitem atingir o êxito esperado, nos sabemos manter unidos e aprender para eventuais situações futuras. Mesmo que durante os nossos ensaios nem sempre tenhamos a atitude mais correta, é, aí, onde todos em algum momento conseguem esquecer problemas pessoais, deixando-se ajudar, mesmo que involuntariamente, pelo grupo. Eu mesma já vivenciei essa situação mais que uma vez. Lembraremos sempre com gratidão, experiências vividas por cada um, à sua maneira, que nos enriqueceram e nos ajudaram a crescer como seres humanos. Juntos resistimos a adversidades, porque juntos somos mais fortes e mais capazes no propósito de nos darmos aos outros e na satisfação de fazermos parte deste invulgar e singular coletivo. Identificando-nos com cada um dos outros e em cada um de nós, ligados por laços de amizade verdadeira, seguiremos na construção de algo fundamental para o nosso público e para todos nós. Através da arte, seja Teatro, Poesia, Música popular ou sobre Guimarães ou outro género, seguiremos unidos neste projeto que abraçamos, com toda a alma e satisfação. Por tudo isto, pelo que já vivi convosco e o que ainda viveremos, sinto-me imensamente grata a todos OSMUSIKÉ!
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O meu testemunho sobre música Madalena Antunes lenaantunes11@gmail.com A ação de formação Musiké (música) foi uma ferramenta extraordinária, para transformar o solo de 15 educadoras e 3 professoras do 1º ciclo num canteiro de flores. Esta contribuiu para o desenvolvimento do apreço pela escola, foi fonte de motivação para a aprendizagem, de perseverança e superação de obstáculos. Através da música nós, formandos, as crianças e outros adultos, observámos momentos singelos e sentimos a grandeza que emanava nos pequenos gestos, ampliando o mundo das ideias. Com ela, destruímos preconceitos, estimulámos o pensamento, levámos as crianças a superarem todos os seus medos… O contacto musical que a minha turma mantinha com a Sala dos deficientes profundos, abriu sorrisos de par em par, provocou gestos de alegria e olhares brilhantes! Todas as crianças esperavam este momento semanal com bastante espectativa e emoção, sendo considerado um trabalho ativo e eficiente. “Um brinde” aos dias memoráveis repletos de magia e boa disposição. A minha gratidão ao Óscar o nosso formador divertido e irreverente, e ao diretor do Centro de Formação Francisco de Holanda, Dr. Jorge Nascimento, que, através da inclusão destas ações de formação no plano de formação do Centro, e da seleção de formadores competentes estimulou o conhecimento e valorizou o “ser”.
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Cantar em tempos de pandemia Janete Costa Ruiz Jovens Cantores de Guimarães| Sociedade Musical de Guimarães Janeteruiz@gmail.com
Em fevereiro de 2020, tudo parecia ainda um problema longínquo, sem implicações na vida normal dos professores e alunos do Conservatório de Guimarães. Viajamos para Berlim em visita de estudo, planeávamos os concertos de Páscoa e tudo corria dentro da normalidade. Mas, subitamente, março inicia ameaçadoramente preocupante e os ecos do primeiro caso de Covid 19, (um músico) fizeram soar os sinais de alarme. Em pouco mais de uma semana as atividades musicais coletivas (coros e orquestras), foram interrompidas e todos remetidos a um isolamento forçado. Desde 9 de março, toda a comunidade educativa do Conservatório de Guimarães, professores e alunos, cantores, instrumentistas, todos, sem exceção, mergulha num desafiante processo de reinvenção, criatividade e resiliência. O período de confinamento transformou tudo e todos, tendo um impacto profundo nos processos de ensino, nas manifestações artísticas, nas relações humanas. Em Portugal como em outros países da Europa, a atividade artística durante a quarentena assentou num sem fim de experiências. Desde meados de março, multiplicaram-se os ensaios em plataformas online, os coros virtuais, as reuniões em parques de estacionamento para ensaios recorrendo a walkietalkies, as coreografias realizadas na sala de estar, os concertos à varanda, na sala, no terraço ou no jardim, transmitidos online. O limite foi apenas a imaginação e a criatividade. Mas nem tudo se apresenta com facilidades: não é possível cantar ou tocar em simultâneo em plataformas online, a qualidade do som é modificada pela compressão de frequências agudas e graves, a qualidade do sinal de internet condiciona a continuidade do som e da imagem. Assim, como desenvolver atividades musicais, cantar, tocar, mantendo a coesão e a continuidade dos projetos artísticos em contexto de pandemia? A solução encontrada no Conservatório de Guimarães foi diversificar a abordagem, em linha com práticas aplicadas noutros países: desde Workshops de respiração e técnica vocal online, ensaios em pequeno grupo ou naipes, webinars sobre história da música coral, audições comentadas sobre repertório contemporâneo, criação de coros e orquestras virtuais a exercícios de escrita criativa, foram múltiplas as 84
práticas, cujo principal objetivo foi a motivação dos jovens músicos e a descoberta de aspetos pouco explorados relacionados com a sua arte. Para os Jovens Cantores de Guimarães, a quarentena foi passada entre ensaios online, um coro virtual, a criação de desafios destinados a manter e reforçar os laços de cumplicidade e união entre os cantores. Manter rotinas, ler novo repertório, celebrar aniversários online, criar um mural de momentos especiais, permitiu dar continuidade ao trabalho iniciado, cimentou a relação humana e desenvolveu a autonomia, enquanto as limitações nos reduziram ao confinamento. Lentamente, a reabertura das atividades sociais e económicas permite um progressivo desconfinamento da atividade musical, ainda longe da normalidade anterior ao início da pandemia. O reinício das atividades corais tem sido muito diverso em toda a Europa, acompanhando as diretrizes das autoridades de saúde de cada país, e com efeitos igualmente diversos. Inicialmente, terão sido os coros profissionais a recomeçar, inicialmente fazendo concertos sem público, transmitidos em streaming. Já em maio na Noruega, Alemanha, Países Baixos, mais recentemente nas Astúrias e Pais Basco espanhol recomeçaram os concertos com público reduzido. Diferentes graus de proteção são usados, quer em ensaios quer em concerto (barreiras acrílicas, máscaras) bem como distanciamento físico entre cantores (de 2 a 4 metros) e entre estes e o maestro (a distância deste pode ir de 3 a 8 metros). Em comum, estes agrupamentos têm a existência de salas de ensaio muito amplas, arejadas e que possibilitam a existência de grande distanciamento físico entre todos, condições não habituais entre coros amadores e que têm limitado o regresso à atividade destes. Segundo os inquéritos realizados pela Europa Cantat (https://europeanchoralassociation.org/covid-19/) e pelo Tenso Network (https://www.tensonetwork.eu/), o regresso pleno a uma atividade coral regular será ainda demorado e lento, condicionado pelas condições de segurança sanitária exigidas em cada país. Não obstante, serão já bastantes os coros que recomeçaram a ensaiar em ginásios, jardins, parques de estacionamento e com formatos alternativos. Entre eles, os Jovens Cantores de Guimarães, o Coro Infantil da Universidade de Lisboa, diversos coros universitários recomeçam lentamente a reconstruir a sua atividade, buscando o som que ficou perdido em março, recuperando repertório, programando, projetando. Recomeçam a viver a magia que surge quando se respira em conjunto e se produz um som saído do espírito e da intenção de cada indivíduo.
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Pequenas Coisas - meio ambiente Jorge Cristino, Presidente da direção do CAR jorgecristino@gmail.com
Diariamente éramos confrontados com uma só e absoluta realidade, a de que a Humanidade era eterna e que estávamos umbilicalmente ligados ao Planeta. Sem nós nada existia. Que profundo egoísmo este, que insistimos de forma quadradamente narcisista, em julgar que não cabemos no nosso ego e que tudo gira à nossa volta, seja de forma individual, seja como um todo. Nada mais errado do que pensarmos que
somos
infinitos,
imortais
sem
e
sequer
termos noção de que, para além de sermos efémeros, perdemos o melhor das nossas vidas. Perdemos os momentos
especiais,
perdemos o que a natureza nos proporciona, perdemos tudo... Mas... será que perdemos?! Não será antes que nos roubam? Sim!!!! Sim, roubam-nos. Deixamos que nos roubem. Confundidos pelo medo e pelo sentimento de perda, esvaziam as nossas almas torcidas perante a pressão que exercem na corrida do dia. Éramos confrontados pela necessidade de fazer e crescer. Mortos no dia-a-dia, vivíamos momentos alucinadamente estonteantes. Numa esquizofrenia coletiva, esquecíamos o essencial, só porque o Medo era permanente. O Medo de falhar, o Medo de morrer, o Medo de viver, o Medo de arriscar, o Medo de não ter, o Medo de não crescer, o Medo
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de ser julgado, o Medo de perder, o Medo de estar e o Medo de não estar, o Medo de sentir e o Medo de não sentir. Simplesmente porque éramos a sociedade do Medo. Até que um dia... sim, esse dia chegou. O Dia em que as Ruas ficaram desertas, as Cidades despareceram e tudo o que fazíamos deixou de fazer sentido. As rotinas, os horários, os compromissos, as tarefas, os medos... eclipsaram-se repentinamente, como que o Mundo parasse. Mas o verdadeiro Mundo não parou, porque esse nunca pára. Não para porque, independentemente do que possam fazer, esse Mundo é indissociável d’O Tempo. Esse sim, está intimamente ligado ao Universo e os dois nunca pararam. Regeneraram-se, continuaram os seus ciclos e mantiveram-se imunes àquilo que a Humanidade nunca o será, sem Medo. “O que eu quero, é tornar a viver. A minha saudade é esta. O que eu quero é recomeçar a vida gota a gota, até nas mais pequenas coisas. Não reparei que vivia e agora é tarde. Sinto-me grotesco. Recomeçá-la nas tardes estonteadas da primavera e na alegria do instinto. Encontrei há pouco uma árvore carcomida: deixaram-na de pé, e um único ramo ainda verde desentranhou-se em flôr... pudesse eu recomeçar a vida!” Raúl Brandão, in Húmus Perante isto, do que estamos à espera? Que maior sinal poderemos querer do que este? Quem não percebe que não podemos voltar ao trilho suicida que caminhávamos de mão dada? Quem não vê o penhasco enorme e impressionante de tão belo, num lindo dia de sol, de céu azul celeste, radiantes cantando e rindo de tão estupidamente egocentristas que somos? Este é o momento que nos deve fazer parar e infletir numa nova forma de pensar, de estar e de agir. Este é o momento em que devemos ter respeito pelas gerações anteriores e garantir a passagem de valores e princípios para as gerações vindouras. Não é apenas de solidariedade, liberdade, fraternidade, igualdade, moralidade, justiça ou outros valores e princípios fundamentais. Também não são apenas os recursos naturais, o ar, a água, o solo e outros essenciais à vida. É de FELICIDADE que há séculos nos falam. É termos tempo para tratar de quem nos cuidou, é termos tempo de cuidar e ensinar de quem vem a seguir. É termos tempo para parar. É não termos medo de não fazer. É não termos medo de falhar. É sabermos que 87
perante a tolerância, não existe desresponsabilidade, mas antes respeito pelo próximo. Respeito pela Família. Respeito pelo meu tempo. Respeito pelo meu momento. A necessidade efémera de crescer levar-nos-á a uma acelerada destruição coletiva, capaz de aniquilar toda uma espécie. Sejamos capazes de ligar às pequenas coisas. Perante os dias fechados a olhar pelas janelas, saibamos agora abrir a porta de todos os dias da nossa vida, com a vontade de fazer mais por si próprio e pelos outros. “Com que saudades me aparto da mentira! Dos nadas, das pequenas coisas que dão sabôr á vida. Já reparaste que são as pequenas coisas da vida que nos fazem chegar as melhores lágrimas aos olhos? Na natureza os ultimos dias d'outomno que se despedem de nós com saudade, o oiro húmido, o ultimo sol nas fôlhas molhadas; as noites cheias de estrellas, em que se adivinham outras estrellas ainda; a ternura que não tem existencia real, a sensação que passou por nós n'um segundo, sem deixar vestigios; e as horas que creamos, esquecidos e penetrados um do outro, ao pé do lume, já sumidas tambem na voragem. Nada—tudo. A tua expressão em certos momentos, em que uma figura transparece sob outra figura, como se me fôsse dado contemplar, n'um rapido instante, a tua alma limpida—todos os sentimentos que geramos de ilusão, de sonho e de tristeza. Tudo e nada.” Raúl Brandão, in Húmus É nas pequenas coisas que podemos ter as emoções que nos dão a felicidade. Ao apreciar uma paisagem, ao apreciar a natureza, ao apreciar a criança a crescer, ao apreciar cada ruga que nasce a cada dia. Parar para olhar, ver e contemplar. E apreciar os sentimentos proporcionados por um livro, por uma música, uma dança, um texto, uma peça de teatro, um filme ou simplesmente o SILÊNCIO. Em isolamento profilático, 20 de junho de 2020, ao som de Ludovico Einaudi.
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O sabor da terra em tempo de pandemia Isabel Maria Fernandes Diretora do Museu de Alberto Sampaio, Paço dos Duques e Castelo de Guimarães Imf.isabel@gmail.com
Este é um tempo que não conhecíamos. Ouvimos os nossos avós falar de pestes, de guerras, da pneumónica… Lembro-me de o meu avô as referir e de a minha sogra dizer que da família materna, durante a pneumónica, apenas se salvaram a avó e a mãe. Mas, era um tempo longínquo e na memória dos outros, nada que imaginássemos para o nosso tempo… Mas a epidemia chegou, transformou-se em pandemia, passou a ocupar o nosso tempo e a moldá-lo como nunca sequer sonhámos! Chegou para nos afastar dos que mais amamos – pais, filhos, netos… Deixámos de nos abraçar, deixámos mesmo de nos ver fisicamente e a saudade foi ganhando terreno e amargurando os dias. Chegou o teletrabalho, as reuniões por Zoom, Whereby ou outra qualquer plataforma digital. Falamos com quem gostamos por telemóvel, facebook, WhatsApp. Deixámos de juntar na mesma mesa a família em algazarra, deixámos de ouvir rir, falar muito ou comentar as peripécias da vida de cada um… Passámos a usar máscaras, a calçar luvas, a pensar duas vezes antes de ir ao supermercado, deixámos de cumprimentar e beijar os outros. Ah, e como nos faz falta esse contacto físico! 89
Cada um de nós foi fazendo das fraquezas forças e foi-se ajustando a este novo e amargurado tempo. Eu, que vivo no campo, nele encontrei o meu refúgio e a minha terapia! Quando estou em casa e o computador ou o telemóvel não me subjugam, gosto de passar tempo na terra. Visto-me a rigor – calças, camisola e galochas, muno-me com os utensílios necessários e vou para a terra! Cuido das minhas aromáticas, mimo as minhas flores, tiro ervas daninhas quase sempre… Danadas das ervas daninhas! Oiço os pássaros, vejo-os a comerem-me os morangos e as framboesas. E tenho uma mágoa enorme de não lhes distinguir o canto. Com a ajuda da net vou-os conhecendo – melros (estes são fáceis!), poupas, petos, andorinhas, águias (ou serão milhafres?). Ah, já me esquecia… também há morcegos por perto! Pelo chão encontro minhocas, toupeiras e cobras! As mais das vezes tenho a fazer-me companhia a minha gata – a Ninja. Quase parece um cão! Segue-me para todo o lado e até teima em cavar a terra! Este sossego é muitas vezes interrompido pela música que sai dos autofalantes das igrejas mais próximas e já distingo de onde vem o som! Mas, com todo o respeito pela fé de cada um, esta música religiosa, sai de uma aparelhagem roufenha, sem qualidade e incomoda quem quer sossego. Será que alguém em sua casa pára para ouvir esta música? Será que a mensagem que se pretende transmitir é eficaz? Duvido… Mas voltemos à terra. Percebo eu do assunto? Não?! E sou mesmo o espanto da vizinhança, pois passo muito tempo de joelhos, sobre uma placa a cavar a terra! Mas a minha espécie de hérnia discal a isso obriga! Dá para perceber que sou uma urbana, armada em lavradeira! Não interessa! O prazer que me dá a terra compensa tudo! E as vizinhas gostam de me dar dicas e de me oferecer couves, tomates, alfaces e flores! O facto de havermos decidido vir viver para o campo foi a melhor coisa que fizemos nos últimos tempos e, em tempo de pandemia, ainda mais valorizamos estes horizontes, esta verdura e este sossego!
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Um “jejum cinéfilo” que ficou para a história Paulo Cunha, Cineclube de Guimarães paulomfcunha@gmail.com
Mesmo atenuado por formas alternativas de visionamento “caseiro”, como a televisão, o VOD ou o streaming, este “jejum cinéfilo” que vivemos por estes dias parece demasiado longo para todos, mas houve um longo período na história da cidade em que os vimaranenses se viram privados de sessões regulares de cinema durante 18 meses! Em Julho de 1935, motivado por um conflito entre o arrendatário (empresa exploradora da sala de cinema) e o proprietário do edifício (Associação Artística Vimaranense), as sessões de cinema no então Cinema Gil Vicente foram suspensas por tempo indeterminado. A outra sala de cinema da cidade, o degradado Teatro D. Afonso Henriques, por sua vez, havia fechado as suas portas em 1930. Agravando a causa cinéfila, nesse Verão de 1935, a habitual Parada dos Bombeiros Voluntários não abriu ao público. Sem oferta cinematográfica na cidade, os cinéfilos vimaranenses não se conformaram e procuraram o cinema fora da cidade, começando a organizar “excursões cinéfilas” a algumas povoações vizinhas, nomeadamente Fafe, Vizela e Braga. Nessa longa pausa de exibições regulares, apenas se registaram na cidade algumas sessões pontuais: em Fevereiro de 1936, a Escola Industrial de Guimarães serviu de sala a três sessões de beneficência em favor da sua Caixa Escolar; dois meses mais tarde, foi a vez do Asilo de Santa Estefânia receber nas suas instalações algumas sessões de cinema, organizadas pela Empresa do Teatro Cine-Parque de Vizela; em Junho de 1936, a situação “remediou-se” com a reabertura da Parada dos Bombeiros Voluntários e o reinício das sessões de cinema ao ar livre; em Setembro de 1936, chegam à cidade-berço notícias sobre um Cine-Salão das Taipas, espaço de exibição cinematográfico explorado pela Empresa José Crespo; em Setembro de 1936, também funcionou no Largo da Condessa do Juncal um inédito e “turbulento” cinema ao ar livre, de frequência gratuita, em que cada espectador trazia de casa um banco ou cadeira para assistir ao espectáculo. Depois de resolvido o diferendo entre inquilino e senhoria, o Cinema Gil Vicente reabriria em Janeiro de 1937. No mesmo mês, após a circulação pela cidade durante algumas semanas de um rumor, Bernardino Jordão
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confirmou ao Comércio de Guimarães que iria “construir o teatro e conto que ele funcione já no próximo verão.” Mas a construção da tão aguardada nova sala de cinema seria atrasada por pressões políticas, quer locais, quer nacionais. Os responsáveis camarários, e a generalidade da classe política, manifestavam algumas reservas em relação à figura de Bernardino Jordão, tanto pelo seu envolvimento político em algumas causas (financiamento do jornal A Velha Guarda, semanário republicano dirigido por Mariano Felgueiras) como pela afirmação de poder pessoal que lhe provinha do monopólio do fornecimento de electricidade. A nível nacional, a polícia política da ditadura fascista mantinha-o sob vigilância, por cultivar relações de amizade e de apoio financeiro a “agitadores” exilados que mantinham uma posição de oposição em relação aos regimes ditatoriais vigentes. Em resposta a todos os obstáculos, um grupo de vimaranenses mais preocupado promoveu, no dia 22 de Fevereiro de 1937, uma manifestação popular como prova de um apoio incondicional ao projecto e ao seu promotor. No final desse mês, as obras arrancavam finalmente, mas Bernardino Jordão seria detido pela PIDE “para averiguações” entre 6 de Abril e 24 de Agosto desse mesmo ano. A inauguração só aconteceria em Novembro do ano seguinte, mas a nova casa de espectáculos não foi autorizada a assumir o nome do seu promotor na fachada do edifício. Assim, nos dois primeiros anos de funcionamento, o Teatro Jordão chamarse-ia Teatro Martins Sarmento por imposição do regime fascista. Nas décadas seguintes, o Teatro Jordão tornar-se-ia na sala de visitas da cidade, recebendo a visita de diversas companhias de teatro, variedades, tunas, orquestras e circo, entre outros. Mas o espectáculo mais frequente e popular seria o cinema, com sessões memoráveis para gerações consecutivas de vimaranenses. Foi também essa a primeira casa escolhida pelo Cineclube de Guimarães para as suas sessões de cinema entre 1957 e 1971.
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PENHA – Casa Comum, Farol de Guimarães, Ambientalmente sustentável Roriz Mendes, Juiz da Irmandade da Penha roriz.mendes@gmail.com
A sustentabilidade de um sítio deve garantir, em tempo, o sustento da vida e do futuro. A sustentabilidade é vital porque garante uma melhor sobrevivência. Sustentabilidade implica um plano de ação que estabeleça uma série de prioridades concretas e práticas que terão de ser executadas durante um período planificado, por vezes longo, com pessoas empenhadas e muita consciência ambiental. A ONU já definiu 17 objetivos para 2030 com vista a atingir um melhor Desenvolvimento Sustentável. Era bom que todos conhecessem esses objetivos. A sustentabilidade é uma responsabilidade de cada um de nós e também sobre cada um dos outros. Cada ser humano deve estar atento à destruição ou aos riscos a que uma Natureza, seja ela qual for, está exposta. Para viver de forma sustentável temos de cuidar da água, do território florestal e da paisagem. Se abusarmos da água, deixamos de a ter, como já acontece nos mal geridos rios internacionais ibéricos. Insustentável é também usar e abusar do território, como se ele fosse estável e eterno ou como se tudo o que fizéssemos nele tivesse consequências que podemos ignorar. É insustentável pensar hoje este território sem levar em conta o possível impacto das alterações climáticas. A floresta que fizermos hoje condicionará os incêndios de amanhã. 93
Viver de forma sustentável é estar atento e identificar as insustentabilidades. Viver de modo sustentável implica informação, estudo, empenho, mobilização, ação e a transferência de conhecimento às novas e futuras gerações porque será sempre mais barato evitar que socorrer. A Irmandade da Penha tem sabido estar atenta a estes fenómenos. Esta nossa casa comum, esta esplendorosa e abençoada “Montanha da Penha” abastece de água a nossa cidade. Trabalhamos, arduamente, na prevenção dos fogos florestais ao requalificar o seu espaço edificado e florestal composto com, praticamente, 100% de árvores autóctones, onde a biodiversidade encontra ótimas condições para se desenvolver e a captura do dióxido de carbono acontece de um modo eficaz e de uma forma natural. A nossa paisagem recomenda-se. Podemos contemplar o horizonte num olhar de 360º que permite avistar o mar e as mais altas elevações montanhosas em redor. Somos o epicentro de uma região, a floresta mais bela e mais bem cuidada do País. Estamos, em colaboração com a Câmara Municipal, a fazer novos caminhos e novos trilhos, a tratar da classificação da nossa Penha como “Paisagem Protegida”.
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Espaço museológico Francisco de Holanda Rosalina Pinheiro, Diretora do AEFH rosalinapinheiro@esfh.pt
A Escola Secundária Francisco de Holanda, atual escola sede do Agrupamento de Escolas Francisco de Holanda, tem nos dois eixos do seu projeto educativo, Educar para o Conhecimento e Educar em Cidadania, os pilares para a sua ação. Entendemos que, para a consecução destes pilares é preciso cultivar a memória, não esquecer as nossas raízes e as razões da criação desta Escola. Assim, um dos principais projetos da nossa comunidade é a criação de um espaço museológico, onde são disponibilizadas duas valências diferenciadas: A primeira, a secção museológica, disponibiliza mais de 600 peças, devidamente tratadas, identificadas e catalogadas, organizadas em armários por temas e áreas disciplinares correspondentes aos diversos cursos que funcionaram na nossa Escola, desde 1885 até aos nossos dias. Trata-se de objetos adquiridos por compra, por oferta, ou produzidos por alunos e professores cuja datação vai desde finais do século XIX até aos nossos dias. Uma parte significativa das peças expostas é do período do início da Escola, finais do século XIX, e diz respeito às disciplinas então ministradas, Desenho Industrial e Química Industrial, podendo ser observadas várias dezenas de modelos didáticos em gesso, um número muito significativo de material de laboratório, de apoio a estas disciplinas. O número de objetos deste período histórico é, na verdade, o mais significativo, e abrange as mais diversas áreas da física e da química. O material didático em exposição é bastante diverso e corresponde a um período temporal de mais de 130 anos. Na verdade, os objetos musealizados compreendem o período temporal de finais do século XIX até à atualidade, pois é considerado objeto de museu qualquer peça que deixou de ser utilizada. Destacamos ainda o valioso património artístico em exposição permanente nos mais diversos espaços da escola: desenhos, pinturas, esculturas, modelos de gesso, mobiliário, fazem da nossa escola um museu vivo de mais de um século. Não menos importante, deve ser assinalada a diversidade e qualidade de peças produzidas pelos alunos, com especial relevância para as peças produzidas pelos alunos do curso profissional de Serralharia. Gostaríamos de sublinhar ainda a preciosa e louvável intervenção de todos aqueles que têm sabido preservar, proteger e valorizar o espólio da nossa 95
escola, independentemente do seu valor material, do maior ou menor valor sentimental, alheados de qualquer reserva moral ou ideológica. O museu tem realizado, frequentemente, exposições temáticas sobre a máquina a vapor, pesos e medidas, materiais didáticos antigos, cartografia, material de laboratório, e exibe, mensalmente, a peça do mês. A segunda, a secção do espólio arquivístico e biblioteconómico, acomoda várias centenas de títulos, os registos da atividade escolar ao longo do período de funcionamento da Escola Francisco de Holanda. Possui coleções históricas de grande valor patrimonial. Possui ainda um importante arquivo da legislação produzida pelo poder legislativo durante a monarquia constitucional, a 1ª República, a ditadura, o Estado Novo, até aos nossos dias. Os Museu da Escola Secundária Francisco de Holanda
trabalhos
de
inventariação
e
tratamento do espólio desta secção estão
numa fase muito incipiente, não só porque ainda não foi possível, por falta de tempo, fazer o tratamento devido, mas também porque exige especificidades técnicas e de equipamento. Este espaço é um local que vale a pena conhecer, enriquece-nos e dá-nos um sentido de pertença, pois entendemos que sem memórias não há futuro! Venham visitar-nos.
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GUIMARÃES - A CIDADE SANTA DE PORTUGAL Florentino Cardoso, Presidente da direção da Confraria Alma do Povo florentinocardoso@sapo.pt
Por causa das Festas Centenárias de 1940, o antigo regime resolveu iniciar em 1939 grandes obras de restauro no Paço dos Duques de Bragança, que se encontrava há muito tempo num estado de abandono, degradação e ruína. Em 1952, terminaram as obras e depois foi definida a função que veio a ser dada ao palácio, de residência oficial do Presidente da República no Norte do país e de Museu. Com o objectivo de conferir maior dignidade à zona do Castelo, por força do simbolismo histórico e patriótico que já tinha e que se pretendeu fosse reforçado a partir de 1940, realizaram-se profundas obras de transformação na sua zona envolvente, designadamente na antiga Rua de Santa Cruz, retirando-se o casario que a compunha e deixando de pé apenas a capela do mesmo nome. Mais tarde, quando a cidade completou o seu milénio, em 1953, a estátua de D. Afonso Henriques que se encontrava no centro do Largo do Toural, foi transferida para o lugar onde hoje se encontra, ficando perfeitamente enquadrada com a Capela de S. Miguel e o Castelo. Realizadas estas operações, aquele espaço passou a ser designado, popular e patrioticamente, pelo epíteto de «Colina Sagrada». Guimarães orgulha-se de ser «Berço da Pátria», mas o único sinal representativo desta sublime condição é a inscrição aposta na Torre da Alfândega que diz «Aqui nasceu Portugal». Torna-se imperioso oferecer aos seus visitantes e turistas um sinal mais forte, mais vivo, mais emotivo e mais apaixonante, um sinal que represente melhor a circunstância histórica de ter sido o lugar onde Portugal nasceu. 97
Esse sinal pode ser produzido pela referida estátua de D. Afonso Henriques - porque até foi ele o Pai da Pátria - mas falta-lhe algo que transmita o carácter sagrado do símbolo, repetidas vezes profanado pelos vândalos que lhe partem a espada. Guimarães merecia que aquela estátua se transformasse num símbolo sagrado para os portugueses, o que aconteceria se fosse dotada de uma guarda de honra prestada pelo exército português e de uma luz permanente que traduzisse a «Chama da Pátria», acesa por D. Afonso Henriques no dia 24 de Junho de 1128 e que não se apagou durante estes quase nove séculos. Uma das peças oferecidas por D. João I, na sua peregrinação à Senhora da Oliveira, foi o Tríptico da Natividade, um altar portátil de madeira de cedro revestido a prata, que se encontra no Museu Alberto Sampaio e que representa um troféu da vitória portuguesa em Aljubarrota. Para alguns historiadores, esta foi uma das peças que D. João de Castela deixou ficar para trás quando teve de se pôr em fuga após a humilhante derrota que ali sofreu e, por isso, é um emblema extraordinário da identidade e da independência de Portugal. Esta riquíssima peça de ourivesaria encontra-se no Museu Alberto Sampaio e pode aí ser admirada por todos os visitantes. No entanto, porque constitui um emblema extraordinário da identidade e da independência de Portugal e foi oferecido na Igreja da Oliveira, este templo passou a ser o sítio que em Portugal melhor testemunha a crença de que os destinos nacionais sempre estiveram sob protecção celeste, especialmente nos momentos em que a independência esteve em causa. Ora, este recurso patrimonial composto de religiosidade e portugalidade, permite que a Igreja da Colegiada adopte, com toda a legitimidade, o título de «Altar de Portugal» e que, sob esta marca, instale no seu interior 98
uma imagem de D. João I ajoelhado diante do trono da Senhora da Oliveira, acompanhada da necessária interpretação e desenvolva todo um processo de comunicação vivo e atractivo, capaz de tornar imperdível a visita por parte dos milhares de turistas nacionais e estrangeiros, que lhe passam por diante ao longo do ano. Com a Colina Sagrada e o Altar de Portugal, Guimarães pode orgulhar-se de ser a Cidade Santa de Portugal.
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UM OUTRO DEPOIS Sofia Ferreira, Vereadora da Câmara Municipal de Guimarães (Turismo, Ambiente, Serviços Urbanos e Proteção Civil) sofia.ferreira@cm-guimaraes.pt
No âmbito das minhas competências na Câmara Municipal, senti de perto que o setor do turismo foi dos primeiros a parar e, certamente, será dos últimos a recuperar. Os Serviços Urbanos e a Proteção Civil tiveram que se manter a funcionar - e muito reforçados - durante todo o surto epidémico. Aprendi muito, todos aprendemos, sobre a fragilidade e a força da natureza humana. A fragilidade perante o poder de um agente patogénico ínfimo e a força para reagir, suster e recuperar como sociedade. Como tantas vezes na História, a tragédia revelou o melhor de nós. Contactei todos os dias com o sofrimento, o desalento e o medo. Mas mais ainda com a competência, a bravura, a resiliência e o espírito de serviço de tantos Vimaranenses a quem pedimos, como sociedade, que não fossem para casa. No momento em que escrevo, a crise permanece, com outra face: controlada a emergência sanitária, são agora os danos causados nas pessoas e nas empresas que provocam angústia e preocupação, mas também mobilização, coragem e empenho. Um dia que acabe, esta crise vincará em cada um de nós e na humanidade um antes e um depois. Que desta vez, por uma vez, a humanidade que emergir desse “depois” tenha bem presente a sua fragilidade e que essa consciência se revele na força necessária para construir uma sociedade mais solidária, sustentável e respeitadora do Ambiente.
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Alegria é com Osmusiké… Vítor Oliveira, Chefe de Gabinete de Apoio à Presidência Guimarães é um concelho de afetos, de laços criados entre as suas gentes, com espírito empreendedor, que aposta no setor da Educação como meio impulsionador em prol de uma sociedade melhor. A Escola, independentemente do nível de ensino, deve fazer com que o aluno se sinta preparado para fazer parte desse processo, daí o permanente investimento do Município de Guimarães no setor da Educação, contribuindo para a formação cívica e crescimento social dos nossos jovens, na diária missão de criarmos uma sociedade de valores, de trabalho, de relações democráticas e solidárias. O nascimento da associação cultural “Osmusiké”, muito por obra do Professor Jorge Nascimento, constitui uma extensão do trabalho desenvolvido em ambiente escolar. Os docentes do Centro de Formação da Francisco de Holanda, que somaram uma carreira a ensinar milhares de alunos, iniciaram há 18 anos uma outra carreira: dinamizar Guimarães, com as suas experiências, a sua sabedoria, o seu valor acrescentado que resulta de uma vida, também académica. Ser Vimaranense é isto. Não estar parado. Procurar algo mais. Indagar. Saber onde podemos continuar a ser úteis. Seja qual for a função. Afinal, ser de Guimarães é ter o ADN de um país. É ter os vasos sanguíneos de Afonso Henriques a fervilhar em cada opinião, atitude ou comportamento mais determinado. Ser de Guimarães é honrar a confiança que nos foi concedida pela Rainha D. Maria II, em 1853. Foi nesse ano, a 22 de junho, que elevou Guimarães ao estatuto de cidade, depois de uma visita efetuada em maio de 1852. Recebida perto do Toural, junto às "Portas da Villa", onde as importantes individualidades eram solenemente recebidas, o então Presidente de Câmara entregou-lhe as chaves da vila. Nessa visita, deslocou-se até à Igreja da Oliveira, percorrendo a hoje "Rua da Rainha D. Maria II", antigamente designada por Rua Sapateira (troço da Porta da Villa à Torre dos Almadas) e Rua dos Mercadores (troço da Torre dos Almadas à Oliveira). Esteve dois dias alojada no palacete do Conde de Arrochela, atual Vila Flor. A simpatia dos vimaranenses e a forma calorosa como foi recebida determinaram a elevação de Guimarães a cidade. Uma cidade que se orgulha como ninguém do seu passado e que tem nas suas gentes a força motriz, capaz de gerar experiências memoráveis para quem a visita. Tal como fizemos com D. Maria II... É essa simpatia, o saber-fazer, a experiência de uma vida, que “Osmusiké” acumulam nas histórias que nos contam. E Guimarães é um concelho com História, com uma grande oferta de atividades e um alternativo 101
conjunto de momentos culturais que preenchem o calendário todo o ano. É uma cidade familiar, que gosta e sabe receber. É o Berço de todos os portugueses e a nossa cidade fundadora. Hoje, aos olhos do Mundo, Guimarães é uma referência de cultura, de património, de conhecimento e de investigação. É, ainda, uma cidade universitária, voltada para o futuro. Ontem como hoje, a Escola é um ecossistema de valores nas áreas artística, desportiva, ambiental, tecnológica ou de participação, contribuindo para a formação cívica e crescimento social dos nossos jovens, na diária missão de criarmos uma sociedade de relações democráticas e solidárias. A Escola Francisco de Holanda, as raízes d’Osmusiké, sempre teve um carismático projeto educativo, muito centrado nos valores, na inclusão de todos, assumindo-se como uma Escola para todos, promotora de sucesso escolar e de qualidade de ensino, com um excelente corpo docente e não docente. É uma referência no ensino, mas também no forte investimento que estabelece com as pessoas, caracterizando-se por uma grande abertura à sociedade civil. E os frutos são conhecidos… Mas, na cidade fundadora da Nação, há igualmente a solidariedade. Que se traduz no ato de ser voluntário, tal como sucede com os membros que integram “Osmusiké”. Há cidadãos que, dentro das suas competências, dão um pouco de si à comunidade nas mais diversas expressões culturais, associativas, desportivas ou exclusivamente sociais. Com alma, empatia e alegria interior. Em nome da concretização de sonhos e de causas. E de fazer acontecer. Têm um ideal por bem fazer, correspondente a uma decisão (e adesão) livre, apoiada num conjunto de motivações, que vão desde o altruísmo à necessidade de socializar e de partilhar experiências, passando pela realização profissional e necessidade de melhorar as competências técnicas e práticas. É um encontro de vontades comprometidas numa relação solidária dos cidadãos com a sua comunidade resiliente. A vida não é gratificante se não dermos aos outros um pouco do nosso tempo, das nossas competências, das nossas capacidades, a par desta consciência do sentimento de pertença e de solidariedade. O gesto – pequeno, determinado, digno e intencional – faz a diferença. Pode levar tempo, mas vale sempre a pena. Hoje, no silêncio da noite, pergunte-se que causa o move. E mova-se por ela. Em prol do bem comum. Obrigado “Osmusiké”!
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Ficar em casa Carlos Poças Falcão cpfalcao@gmail.com 21 de março 2020
Ficar em casa Ficar agora em casa a aprender silêncio, paragem, atenção a relembrar as artes dos recantos e das horas Podemos encontrar esquecida alguma infância em sombras já queimadas podemos desarmar um pouco a alma deixarmo-nos mostrar mais nus de coração Ficar agora em casa num tempo muito justo ao pobre corpo presentes a nós mesmos e a uma assustadora humanidade Nada nos impede de abrir velhas janelas abri-las para dentro para onde há aposentos há muito irrespiráveis Nada nos impede de abrir o livro mágico e pela primeira vez olhar o céu e ser olhado Pois o grande medo entra só pelas defesas – Contacto de garras excessivas e aladas que matam o espírito altíssimo do voo 105
O grande medo entra e infeta-nos o sangue produz a voz caótica febres de organização a mutação do humano em desejo desumano Ficar então em casa para mais proximidade a arrefecer o mundo, a voltar ao lar comum de onde na verdade não devêramos sair
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A CASA Firmino Mendes firminomendes@gmail.com
A casa: lugar intenso, umbigo do mundo onde a avó navega entre animais, terra e vegetais. Tudo ali sossega e adormece: o cântaro de barro e a sua porosidade, a humidade transparente da argila humedecida, o ninho dos gatos, o berço permanente. A casa: eu sei, a casa era o centro do mundo e agora está vazia as telhas caídas, as traves apodrecidas, a cozinha negra e fria. Eu sei: tudo agora é memória, espaço antigo, infância parada numa imagem que já foi de riso e movimento e agora é quase nada. Lá fora, também é casa: o quintal aberto às aves e aos animais perdidos. Ali, aconteciam as estações: as primaveras cantantes, os verões ardidos os outonos brandos, os invernos de terra mansa, gerando, adormecidos. Assim a descoberta: a casa tem dentro e fora, sol e nuvens, chuva e vento e, sobretudo, tem aquelas qualidades que esquecemos: sangue, sentimento, relâmpagos, luminescências e o silêncio todo do mundo, agora em movimento.
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ESTE POEMA Franklim Fernandes entrevistaseouvidos@gmail.com
ESTE POEMA… É voz da Natureza em movimento, Aurora que precede a madrugada E sol que se levanta no horizonte Cruzando o firmamento nas alturas… É noite que sucede à claridade Do ocaso que se deita além do mar E acende mil luzinhas no infinito… É nimbo que derrama sobre a terra A água que converte o nada em vida E veste à terra seca verde manto, O cúmulo que dá forças à tormenta Rugindo, furiosa, em belos raios Iluminando a noite ruidosa, Batida pela chuva, em catadupa… ESTE POEMA… É maré viva, é vaga em remoinho, É neve cor de noiva em sol de agosto, É fogo que devasta a floresta Em trágica beleza indesejada… É sul e norte, é leste e ocidente, É vento e calmaria, é mar e sol…
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É árvore florida em pão de abelha Que em mel paga o favor da terra-mãe; É primavera farta em luz de abril, Semente de verão que o sol aquece; É folha seca que o outono beija Em espiral de pó na terra ardida… Ao contemplar a Natureza em festa Ornada de arco-íris em diadema, Eu sinto como é grande a sua força E como é limitado ESTE POEMA!
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ABRIL DE AMOR, ABRIL DE PAZ José Matos zematos2@sapo.pt Abril de sonho, abril de ternura, abril que se fez de lutas e palavras, como esta onda de desejo que cresce em forma de vinho por nós decantado. Abril que se renova em cada aventura, sonho que brilha nos olhos da aurora em memória de um rosto vivo e frágil que sobrevive ao tempo da poesia. Abril que se respira num sopro de ar, apesar de nos encontrarmos retidos em casa por causa das normas do confinamento. Abril de sonho, paz, liberdade, de todas as memórias que o tempo não apaga. Abril de ternura, de sonho e de saudade, que se reinventa enquanto o coração bate por esta expressiva sensação de euforia que nos faz reviver a festa em cada dia. Abril razão, abril paixão, espaço de perfeição e harmonia, ar que vem com cheiro a alfazema, liberdade que se respira com emoção e se repete ano após ano, dia após dia. A vida fixou-se no limiar desta paixão assumida e petrificados no limite da inconstância deste rio de caudal indefinido que embala e corre no meio de sorrisos,
afetos, sonhos e emoções. As florestas hão de crescer a salvo do crime perpetrado a soldo dos malfeitores que querem espalhar o terror e o medo para nos conduzirem ao centro da tragédia, clamando vingança em nome do poder, até dirimirem a última réstia de esperança. Abril de querer como que te quero, abril de tudo: de paixão, de serenidade, de ternura, da minha, da tua e da vossa geração, abril da rua, onde hoje não podemos estar. Abril desta gente pura, trabalhadora, valente, que sabe ir até onde outros não conseguem chegar, sem medo do futuro, com cautela no presente. Abril sempre, neste jardim de delícias e paixões, onde respiramos a neblina fresca das manhãs, onde podemos gritar a plenos pulmões este sonho consolidado na paz e na alegria. Sou livre para sonhar e para viver, para cumprir esta viagem perfeita em torno de um ideal que foi crescendo, criando raízes, cimentando ideias para a construção de um mundo novo mais fraterno, mais igualitário, mais justo. Sei que não posso sair à rua, mas vou aplaudir 110
esta nobre e incontornável façanha de saber e querer, de amar e respeitar. Abril de esperança, embora confinado, que me traga os ventos desta longa história, a emoção que me fez chorar como uma criança. Abril da terra, do mar, do sol, da água, de todas as recordações que tenho e vivo,
como aquele beijo que sai da tua boca ou o poema que trago guardado na alma. A liberdade inteira em percussão e expectativa, será sempre um gesto transversal de ternura a dissolver-se puro nesta fonte de água viva onde o sonho permanece verdadeiro, puro.
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Nunca tal houvera visto Salgado Almeida jasalgadalmeida@gmail.com
Nunca tal houvera visto! Confinados Afastados Ditos idosos Desditosos Estamos metidos nisto.
Tinha orelhas de Jerico E olhos vermelhos O Mafarrico.
A culpa de tudo isto Dizem ser do Diabo. Valha-nos o Santo Cristo!
A fome, peste e guerra Trazia no ventre a Besta Senhor das Moscas, Carcará Coisa Ruim e Coisa Má.
Disseram-nos que o Pestilento Era Porco e Sarnento!...
Ensinaram-nos que o Diabo Tem cascos e é Rabudo Tem chifres como um chibo, Pé de Bode e Chifrudo”.
E mais coisas nos disseram E nós aprendemos. Aprendemos a fazer o sinal da cruz E dizer, ai Jesus!...
E ensinaram-nos que As coisas malignas são Causados pelo Dito Cujo, Maligno, Porco e Sujo.
Aprendemos a dizer –Avé Maria E que água benta O Diabo apoquenta.
Disseram-nos que as coisas más São obra de Satanás.
Lúcifer Disseram-nos ter sido anjo, Um grande anjo, anjo da luz Que tem pavor à cruz.
Disseram-nos ser o Diabo Ardiloso e Tinhoso.
Por ser grande 112
E revoltoso Contra o Todo-poderoso Virou Príncipe das Trevas Reinando nas profundezas E disseram-nos do Anjo Branco Do Anjo da Guarda Que por nós olhava. Um anjo lindo Como todos os outros. O Dito Cujo não Pois nunca fora Anjo bom. Quando criança Tinha um quadro no meu quarto Com um anjo, lindo, lindo E mais um menino e menina Junto duma ravina. E durante muito tempo Esse anjo Era a companhia Que por mim olhava E protegia. Pensava. Depois Desapareceu.
Tinha medo da noite Que o Demo andava à solta. Era depois das trindades.
Nesse tempo 113
Confesso que o que via Eram apenas ratos Ratos com asas. Por isso Para mim Os morcegos serem o Demo.
Eis que voltou o Maldito Os morcegos Outra vez. Querermos cantar Sorrir, falar. Mas o Demo não deixa.
E o tempo passou Hoje já não digo – Aí Jesus! Nem faço o sinal da cruz. hoje já não rezo à Senhora. Apenas canto. Canto porque gosto.
Cada um para seu lado Só assim é que cantamos. Mas do que gostamos É do coro e harmonias Com os arranjos do Dias.
Mas pese embora Prefiro Gregoriano E o bom canto profano.
Esperem pra ver Que um dia qualquer Voltará a acontecer!
E se deixara de ver o Dito
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Somos Osmusiké Manuela Ribeiro manela1962@gmail.com
Somos gentes humildes, solidárias, Somos conquistadores de Portugal. Cantamos o passado, em belas árias, Em nós habita o orgulho nacional. Cantar bem alto a memória de um povo E manter sempre viva esta esperança; Contar nossa nobre história, de novo, E não perder jamais nossa aliança. Somos o fruto das nossas raízes, Somos a terra fértil conquistada, Que nos torna tão grandes e felizes, Fortuna por D. Afonso legada. E vós, companheiros desta aventura, Eternizai no tempo a nossa herança. Somos semente viva da cultura, Aos vindouros passai esta lembrança. Eis nossa séria e profunda missão, Eis aqui o nosso repto fecundo: Entrar em ação, partir à conquista, Cantar Guimarães, a Europa e o Mundo!
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CIDADE de GUIMARÃES Madalena Antunes lenaantunes11@gmail.com
Fundada por Mumadona, No longínquo século dez Cidade de Guimarães, Tem história de lés a lés… Dois Monumentos se associam, aos alvores da nacionalidade. O Castelo e a Colegiada, Símbolos da Portugalidade! O seu lindo Centro Histórico, Muito bem reabilitado. Funciona como santuário Sendo muito venerado. Quem Guimarães visita Embrenha-se no muralhado Percorre Caminhos de História Com mistérios do Passado. P´ra todos és na verdade, um encanto sem igual… Com orgulho nós dizemos “Aqui nasceu Portugal”.
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MENTE PERDIDA Sofia Antunes Machado sofy.machado13@gmail.com
Tudo o que sonhamos, Tudo o que nos atormentou. Não nos foquemos no passado e o que com ele voou… Foi apenas uma página, Do livro que agora eu sou. Serás apenas um capítulo Que agora se encerrou. Palavra como seta Que me acertou o coração, que consigo trouxe dor e uma Avalanche de desilusão! Apenas me posso permitir, Apenas me posso entregar Sem nunca me deixar possuir Pela essência de amar.
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QUADRIFONIA José Matos zematos2@sapo.pt QUADRIFONIA Corremos eufóricos atrás o trevo de quatro folhas, mas a sorte não nos bafejou. Vimos nascer flores azuis, lilases, vermelhas, brancas amarelas, sorrisos sem maldade dentro das palavras. Criamos canções, segredos, sonhos, ilusões. Cantamos no intervalo das chuvas uma canção improvisada para afugentar o medo dos trovões. Fizemos das nossas dúvidas segredos, e resignados vencemos as noites sem fim quando a insónia nos consumia o desejo ou a chuva fustigava as vidraças. Guardamos segredos sussurrados nos ouvidos. Perseguimos os fantasmas da noite com responsórios inventados e lengalengas do tempo de criança. Inventamos o sonho sem o reconhecer. Criamos a ilusão perversa do corpo, ao percorrer o olhar em busca da luz numa incerteza arrepiante e comovedora. Vagueamos por lugares desconhecidos, por paisagens indefinidas, florestas inexploradas,
por veredas nunca imaginadas. Os barcos entravam no cais sob o impulso das ondas, transportando as bandeiras na ponta dos mastros num ambiente de festa para esquecer amarguras. Ficamos à espera, lendo os sinais do vento no desejo de dissolver a dúvida que persiste ou do sol que quer despontar a medo quando os pássaros esvoaçarem na incerteza irrequieta dos seus voos. Haveremos de fazer despontar nas palmas das mãos invulgares segredos de paixão, sem agitar a luz e o brilho dos olhos, definir as intenções do vento. Levantar-nos-emos a meio da noite à procura de algum conforto na penumbra evidente do corpo, sabendo que por ele flutuam imaginação e desejo ou a harmonia que acalenta o canto. Aprenderemos a distinguir as luas refletidas na água, as palavras murmuradas em segredo, as promessas de um sorriso direto e livre.
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OLÁ VIDA! Isabel Maia Canário isabelmaiacanario@sapo.pt
Tu que caminhas a meu lado, Que me acaricias ou fazes sofrer. Tu que avidamente me ofereces ou tiras o Universo, Que num gesto egoísta, Toldas minha alma. A ti apelo para um pouco de liberdade. Solta-me. Liberta-me dessas correntes tão pesadas, Deixa-me respirar o meu ar. Preciso ser apenas eu, Nada mais te peço. As correntes da fantasia da vida, Não deixam límpido o ar. Apesar da libertação interior, O exterior condena A carícia oferecida a cada momento a teu lado. Queria soltar-me das amarras sociais E sentir no meu peito O bater do teu coração. Respirar o teu ar e sufocar a tua alma Com intermináveis momentos de carinho e carícias. Que exiges de mim? O meu sonho é sentir-te.
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ENTRE A EMERGÊNCIA E A CALAMIDADE José Matos zematos2@sapo.pt Acordamos no meio de um pântano sem divisarmos uma saída possível. Fechamos escolas, fábricas, restaurantes, cinemas, centros comerciais, igrejas e recolhemo-nos em casa. Lá fora o vírus era uma ameaça invisível cuja propagação através do contacto social tornara-se rápida e mortífera.
racionado e não racionalizado, sempre com o mesmo cheiro das árvores ou das flores da vizinhança.
Assim, fomos obrigados a ficar em casa, alterar toda a rotina diária como convívios, idas ao café, cinema, visitar a família, conversar com os amigos. A vida torna-se numa prisão domiciliária quando lá fora o céu azul convida a viver de forma expressiva e urgente o tempo da esperança e da alegria, deixar para trás ressentimentos, experiências menos conseguidas e sonhar com um mundo perfeito que só existe nos contos de fadas.
Caminho pelo apartamento, escrevo, leio e releio o que escrevi, encho o ambiente de música e procuro sonhar com aquele mundo perfeito como se fosse um pássaro livre a voar nas asas do sonho e do desejo.
Eu, espetador da varanda do meu apartamento, pergunto-me que crime pratiquei para ficar aqui isolado a respirar o ar que entra pela janela,
O mundo parece-me ainda mais pequeno do que é na realidade. Às vezes falta-me coragem para enfrentar as normas do confinamento.
Hoje é um daqueles dias em que me sinto triste. parece que tudo entrou de quarentena: o sorriso, o bom humor, a ironia. Escrevo como se cumprisse o dever de alguma conta que tenho para pagar e o prazo está quase a expirar. Lá fora o ambiente não é convidativo. 120
Está tudo parado, expectante, à espera de dias melhores. Este ambiente faz-me recordar outros dias terrivelmente tristes que vivi na guerra, matando o tempo para ver se passava mais depressa, saturado de ver sempre as mesmas pessoas, confinadas, dentro do arame farpado.
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Poesia em chama Albino Baptista baptistagv10@gmail.com
poesia em chama mão de nervuras pasquins rosácea no caixilho da ogiva na pirâmide glacial estendida nas nuvens destiladas na brancura do breu relapso emergiu no ondular coagulado da aragem remexeu a remexida secura da tela vieiriana mãos de luz fosca iluminam a brancura da encruzilhada noturna solarenga nas eiras sulcadas de ferrugem metalizada que cobre os braços ensanguentados pelo amarelado crepúsculo das tardes que ressonam ao crepitar do esvoaçar da folhagem fugidia dos pingos do suor canforados em cardume trans planagem versal dos dorsos arquejantes eretos fundidos até à cintura escavada de hastes cinzentas destiladas na brancura do breu relapso da encruzilhada noturna solarenga arregaçam corpetes cozidos à pele de bolotas fétidas carpindo risotas paradas em rostos bravos de cera olhos estáticos ouvindo sinos de grossas mágoas cospem a secura agreste do pó granulado fatiado engolem o zumbido do ferrão pestilento dos moscardos diluindo-se nos pés de terra massacrada de castidade trans planagem versal dos dorsos arquejantes ereto
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Monologando Elvira Oliveira aelvira.oliveira00@gmail.com
CHIQUINHO Recebi-te das mãos avaras pela pobreza, e pouco dada a ternuras, pela dureza da vida, da minha mãe. Fiquei em êxtase, como deves calcular. Eras rosadinho, gorducho e olhavas para mim com uns olhos que pareciam dois girassóis em dia de sol. Foi amor à primeira vista. A minha mãe fez-te um fato de chita em tons de vermelho, com mangas e pernas curtas, lembras-te? Ficaste um verdadeiro encanto! Assim, podia ver-te as perninhas roliças, os braços robustos e em dias frios embrulhar-te na minha própria camisola. E quando te metia na minha cama nos dias em que eu ficava doente? Penso que adoravas, pois o meu calor tornava-se o teu calor. Nunca me dizias nada, mas ficaste a ser o meu terno companheiro de todas as horas, o meu confidente, o irmão, que não tinha e desejava com fervor. Com a tua vinda, meu querido Chiquinho, era assim que te chamava tal como ouvia chamar ao meu pai, a solidão sentida na presença ausente da minha mãe, embrenhada no trabalho, deixou de ter importância. Embalei-te horas a fio, aqueci a tua carinha com beijos, dei-te de comer, pus-te a dormir. De vez em quando, se fazias asneiras, aquelas que eu inventava no meu maravilhoso infantil, também te castigava como a minha mãe me fazia e dava-te umas boas palmadas. Depois voltava a acariciar-te, o meu carinho por ti, querido amiguinho, era muito maior do que as zangas que cresciam entre nós… Durante semanas, meses, fizeste de mim a menina mais feliz do mundo! Havia só uma coisa que estava a falhar nos meus desvelos para contigo: começaste a ficar sujo. Eu queria muito dar-te um banhinho. Mas a minha mãe não deixava que eu brincasse com água, por causa da garganta, lembras-te? e da bronquite. Certo dia, porém, já não sei precisar quando, a minha tia apareceu lá em casa com um alguidar. Sim, um alguidar. Não uma bacia. Era um alguidarzinho pequeno, de barro vermelho, vidrado por dentro em cor amarela: “para fazeres de conta que dás banho ao Chiquinho!” Assim fiz, fui fazendo de conta que o teu banho acontecia. Tu é que limpo não ficavas e parecias cada vez mais sujo. 124
Numa certa manhã, a minha mãe deixou-me ir brincar para o quintal. Peguei em ti e no alguidarzinho, os meus bens mais preciosos, e fui. A manhã estava linda, o sol radioso! E a ideia subiu em mim como quem sobe uma escada, primeiro depressa, muito depressa, depois mais devagar, mas subiu, subiu, subiu... Cansada de te dar tanto banho seco e, como a minha mãe não estava por perto, deslizei até junto da fonte que havia num pequeno nicho lá no quintal e enchi o alguidar. - É agora - dizia-te eu baixinho - é agora que vais ficar limpinho outra vez. Despi-te com muito jeitinho e meti-
te na água, enquanto continuava a falar-te: - Não tenhas medo, a água está fria, mas com este solzinho quentinho, vais aquecer depressa, vais ver.
Esfreguei-te os pés e as pernas, eram a parte mais suja, bem como os dedinhos das mãos, as bochechinhas, as orelhas e o nariz. O resto do corpo não estava mal, o fatinho protegia. E aí aconteceu: começaste a amolecer, eu não conseguia manter-te de pé. Peguei em ti e corri direita a casa. “Meteste-o em água!” - ralhou a minha mãe com rispidez. Eu, envergonhada, a chorar, acenei afirmativamente com a cabeça. Tu, meu querido Chiquinho, eras de papelão. Eu não sabia e ninguém me tinha dito que o papelão não se podia molhar. Chorei. Muito. Não pelo castigo que a minha mãe me impôs, por ter-lhe desobedecido, mas porque a dor da tua perda era lancinante. Ainda hoje, querido Chiquinho, essa mágoa permanece na minha lembrança. Mais tarde tive outros bonecos e bonecas, de plástico, que abriam e fechavam os olhos, mas nenhum até hoje ocupou o teu lugar no meu coração. Enquanto criança, ajudaste-me a crescer, ensinaste-me a não desobedecer e, de forma genial, acabaste por preparar o meu futuro como mulher e mãe que hoje sou. Obrigada, Chiquinho!
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D. Afonso Henriques: o limiano de Guimarães Franklim Fernandes entrevistaseouvidos@gmail.com
Segundo as crónicas que chegaram até nós pelo registo da História e pelo consenso geral, o primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques, filho do Conde D. Henrique de Borgonha e de Dona Teresa de Leão, terá nascido no castelo de Guimarães. Aí possui várias referências esculturais que o expõem como um guerreiro de grande envergadura e força física fora do comum, como convém à imagem e reputação dum rei de quem os portugueses se orgulham. Só que os caminhos da História são tão ínvios como a estrada velha do Marão ou como as curvas da subida da Falperra (e descida, pois tudo o que sobe alguma vez há de descer, segundo a lei da gravitação universal de Isaac Newton). Para mim, que não sou achacado a nacionalismos bacocos ou a bairrismos balofos, tanto se me dá que o Conquistador tivesse nascido em Freixo de Espada à Cinta como em Amieiro de Espingarda às Costas. E o assunto poderia morrer aqui, mas, já que se rosna que a História pode ser reinventada e moldada ao sabor da corrente e dos ventos dominantes de cada momento político, aqui vai mais uma acha para a fogueira. Afinal, qualquer de nós pode ser historiador, basta saber contar uma história ou dar alma a uma lenda. O cronista José Mattoso dá Viseu como berço de nascimento do nosso primeiro rei. E José Mattoso não é um qualquer contador de histórias, antes um dos mais reputados historiadores medievalistas da atualidade. Mas outra versão que não pode ser atirada para canto traz o berço de D. Afonso Henriques (e o redondinho e saliente ventre materno) para as cercanias de Ponte de Lima, uma localidade de grande importância já na época medieval e único caminho de passagem (pela ponte romana) do Lima para a Galiza, pela rota de Braga a Astorga. Passo a contar: D. Henrique, o consensual pai do Afonsinho do Condado e, historicamente, o grande responsável pela osga milenar que envenena o relacionamento entre os espanhóis de Guimarães e os marroquinos de Braga ao alcançar para a Colegiada da Senhora da Oliveira privilégios superiores aos da Sé de Braga, era um aventureiro que buscava fortuna e títulos honoríficos que o berço lhe negara na qualidade de filho mais novo do Duque de Borgonha, também ele chamado Henrique, não podendo, por isso, aspirar à herança do ducado, pois que, por aqueles medievais tempos, as sucessões hereditárias regiam-se por outras regras que deixavam 126
os mais novos na dependência dos irmãos mais velhos, naturais sucessores beneficiários dos territórios e títulos da nobreza, isto é, dos bornais e dos cabedais. Respondendo ao apelo do rei Afonso VI de Leão, em guerra de expulsão contra os mouros, e encontrando aqui a grande oportunidade para alcançar fama e fortuna, reuniu-se a um grupo de cavaleiros “cruzados” que se dirigiram à Península Ibérica e integraram os exércitos do rei, ajudando-o a conquistar o reino da Galiza. E de tal modo se portou o guerreiro nos campos de batalha e tão influente no bom sucesso da empresa que D. Afonso, grato, não hesitou em dar-lhe a mão, e o resto, de sua filha bastarda Dona Teresa de Leão, uma donzelinha de apenas 13 anos de idade, porém bem nutrida de carnes, alta e formosa, de avantajado busto e pose altiva, como convinha a uma princesa. Mas tivesse o histórico episódio ocorrido nos tempos atuais e o conde D. Henrique, que, sem consultar o cartão de cidadão da noiva, logo abocanhou sofregamente aquele saboroso e tenro docinho, não se livraria de um processo por pedofilia e abuso sexual relevante e reiterado sobre uma menor, e o pai de Dona Teresa por cumplicidade e consentimento, embora qualquer deles viesse a beneficiar dos suspensórios que a justiça à portuguesa oferece com as penas a que seriam condenados. Por índole atreito a aventuras, não seria de esperar que D. Henrique se quedasse por Guimarães a colher os doces frutos do seu casamento, tanto mais que a menina e bisonha Teresa, mais nova onze anos, e não obstante os indesmentíveis atributos físicos, não lhe oferecia grandes prazeres sensuais limitando-se a submeter-se à autoridade varonil sempre que o Conde a procurava, enfastiado de outras alcovas. Com o Conde D. Henrique viajara para a península o seu companheiro de armas e aventuras D. Afonso de Ancemondes, senhor da Torre de Refoios (nos dias de hoje também denominada Torre de Malheiras, ou de Malheiros), perto de Ponte de Lima, uma construção castelar edificada antes da fundação de Portugal que pertenceu aos monges do Mosteiro de Refoios. Segundo narra outro caminho da História, este nobre era dotado de grande beleza e robustez física, atributos que deixavam babadas de desejo todas as donzelas que com ele se cruzavam. E teria sido durante uma das constantes e longas viagens de D. Henrique pelos territórios do condado que este ousado Don Juan se terá aproximado da jovem condessa, junto dela se insinuou, e lá diz o ditado: “o fogo perto da estopa, vem o diabo e assopra”. Carente de afetos varonis, a futura rainha submeteu-se às investidas do fogoso gabiru. Pimba! Tiro certeiro: estava gerado o nosso futuro rei. E como a lei do aborto
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consentido ainda não tinha sido aprovada pelo nosso parlamento, a condessa não teve outro remédio senão deixar aberto e livre o caminho da Natureza. Deus, que criara o mundo, havia de ter mão nele. Ora, ontem como hoje, num matrimónio pai é o que detém a prerrogativa legítima de consorte, o que nem sempre bate certo com as viravoltas da Natureza. Por isso, uma vez mais assumiu a paternidade do feto que, no decurso natural da gestação, ia ganhando contornos no ventre da jovem mãe. Aproximando-se a hora do desenlace, Dona Teresa viu-se de novo privada da companhia do inconstante e peregrino conde que, enfastiado com o inconveniente estado de gravidez de sua mulher, se perdeu em deambulações pelos meandros do condado. Sabendo disso, D. Afonso de Ancemondes convenceu a futura mamã a despegar do castelo de Guimarães e a quedar-se pela Torre de Refoios onde, rodeada pelas aias mais fiéis que a haviam acompanhado na jornada, acabou por parir o bebé Afonso. Passadas algumas semanas e totalmente recuperada do parto à força de caldos de galinha solteira das encostas da Vacariça, Dona Teresa regressou ao seu castelo com o embrulhinho ao colo. D. Afonso Henriques cresceu, forte e formoso, tornando-se um hábil guerreiro, bem adestrado nas artes bélicas e nas estratégias dos torneios pelo aio fiel Egas Moniz. Perante a morte de seu pai, e na menoridade do Afonsinho, o condado portucalense passou para a regência de Dona Teresa que depressa se aliou, de corpo e alma, a um nobre galego, de seu nome Fernão Peres, conde de Trava. Presto o jovem Afonso, através dos seus tutores e leais conselheiros, intuiu o grande perigo que o suspeitoso relacionamento de sua mãe com o Conde de Trava constituía para o futuro do condado. E liberto de qualquer apelo filial perante sua mãe, o intrépido guerreiro encheu-se de brios e entrou em guerra com a condessa pela posse do território. E foi assim que, na célebre e histórica batalha no campo de S. Mamede, nas imediações do castelo de Guimarães, pregando um valente coçório às tropas teresianas, o futuro rei se emancipou definitivamente da influência materna, garantindo a posse do condado que se tornaria no primitivo território geográfico de Portugal. Dona Teresa foi enclausurada no seu bem conhecido castelo da Póvoa de Lanhoso e, deixando de constituir qualquer ameaça, foi autorizada a juntar-se ao Conde de Trava, na Galiza. Durante a regência, que exerceu governando como uma verdadeira rainha, a condessa Dona Teresa não se esqueceu do acolhimento e hospitalidade limiana, outorgando, em 4 de março de 1125, em reconhecimento, a carta de foral a esta vila.
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E digo “condessa”, ignorando a rainha, pois que Dona Teresa, de facto, jamais foi rainha no verdadeiro sentido do termo. Afastada do condado após a derrota dos seus barões na citada batalha de São Mamede ocorrida em dia de São João do ano da graça de 1128, faleceu aos cinquenta anos de idade, a 11 de novembro de 1130. Ora, o reino de Portugal apenas tomou corpo em 1139, terminada que foi a conquista do território a sul do Tejo ocupado pelos mouros. Ademais, o reconhecimento oficial do reino ocorreu apenas em 5 de outubro de 1143, pelo Tratado de Zamora, treze anos após a morte da condessa. Reza a História que o rei D. Pedro I, o Cru ou Cruel, depois de subir ao trono, coroou “post mortem” a sua amada Inês de Castro, assassinada às ordens do rei D. Afonso IV. Para o efeito, ordenou a exumação do cadáver, fê-lo sentar no trono, terá mandado colocar anel na esquelética falange anelar e organizou um beijamão real, obrigando os cortesãos a ajoelhar perante o esqueleto da “rainha” Dona Inês. Pois não consta nos anais da História que o episódio tivesse precedentes, como não haveria de ter exemplos futuros, constituindo-se caso único de coroação após a morte. Assim, a nossa Dona Teresa apenas é reconhecida como rainha por grande cortesia das crónicas tradicionais, neste caso nada rigorosas com a realidade histórica. Temos assim que, em crua e rigorosa verdade, a majestosa estátua da rainha Dona Teresa, pomposamente e em ato de justa gratidão venerada em Ponte de Lima, coroada com a tiara real e ostentando na mão o cetro da realeza na forma de carta de foral, afinal representa tão-só a condessa Teresa de Borgonha, mãe do futuro primeiro rei de Portugal. E terão sido estas as circunstâncias que situam numa outra história um berço natal para o nosso reiconquistador, lançando a confusão e a dúvida nos caminhos da História, Segundo o Conde de Bertiandos (Lendas), Ancemondes, profundamente apaixonado por uma pieira de lobos, desapareceu de cena depois de ter doado todos os seus bens aos frades do convento de Refoios.
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Livro e Companheiro Elvira Oliveira aelvira.oliveira00@gmail.com
Li, algures numa revista, a seguinte frase: “O livro é o companheiro ideal.” E dei comigo a pensar: não, o Livro não é o companheiro ideal, o LIVRO é... O MELHOR COMPANHEIRO! Senão vejamos: •
Vai connosco a todo o lado… jamais reclama.
•
Vai de qualquer jeito: na mão, debaixo do braço, no bolso, na bolsa, num saco, sobre os joelhos (se estamos sentados), vai só, vai com outros... vai, jamais reclama.
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Entra connosco nas lojas de sapatos, de roupa, de lingerie, de eletrodomésticos, na farmácia, na drogaria, na padaria, na carpintaria, na galeria, no museu... entra, jamais reclama.
•
Vai connosco ao médico, ao dentista, ao ginecologista, ao ortopedista, ao oftalmologista, ao psicólogo, ao psiquiatra... vai, jamais reclama.
•
Passeia connosco nas ruas, nas avenidas, nas vielas, nos caminhos com gente, com muita gente, com pouca gente, sem gente, com máscara, sem máscara... passeia, jamais reclama.
•
Acompanha-nos ao hospital, à clínica, ao centro de saúde, à igreja, à cadeia, ao cinema, ao café, ao teatro, ao concerto... acompanha-nos, jamais reclama.
•
Podemos estar muito vestidos, pouco vestidos, elegantemente vestidos, pobremente vestidos ou, simplesmente, nada vestidos... jamais reclama.
•
Calçados, descalços, bem cheirosos, malcheirosos, fétidos, alegres, tristes, bêbados, sóbrios, gritando ou em silêncio, ele... jamais reclama.
•
Vai connosco em grandes viagens, curtas viagens, médias viagens, nenhumas viagens... jamais reclama.
•
Entra nos melhores hotéis, nos albergues, nas espeluncas, na tenda de campismo, dorme ao relento... jamais reclama.
•
Em confinamento, em isolamento social, em isolamento profilático, com mais ou menos distanciamento social, em casa, no campo, na praia… jamais reclama. 130
•
Podemos ir a pé, de bicicleta, de autocarro, de automóvel, de barco, de avião, ele simplesmente vai, não enjoa… jamais reclama.
•
Seja eu cristão ou agnóstico, tenha a religião que tiver, ele vai comigo… jamais reclama.
•
Seja qual for a cor do meu clube, a minha linha política, a minha cor da pele, a minha pobreza, a minha riqueza, a minha ambição ou falta dela, que importa… jamais reclama.
O livro pode, até, simplesmente estar, mas esteja eu onde estiver, com ele, sei que nunca estou só. Aprendo com ele, ensino com ele, divirto-me com ele, choro com ele, rio com ele, enamoro-me com ele, apaixono-me com ele, descubro tesouros com ele. Com ele sou professor, aluno, médico, enfermeiro, pintor, vendedor, cientista, polícia, ladrão, detetive, suicida, adulto, criança, agricultor, operário fabril, um ser humano, um animal, uma rocha ou simplesmente… o leitor. Com ele, conheço o passado, vivo o presente e prevejo o futuro. Não me injuria, não me acusa, não me contradiz, conheço a verdade, aceito o perdão. Com o livro desbravo caminhos, rasgo montanhas, atravesso oceanos, dou um salto à lua. Tudo o que está longe se faz perto, o desconhecido se conhece, o inimaginável se imagina… jamais reclama. É o melhor companheiro!
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LUÍS DE CAMÕES E GUIMARÃES Álvaro Nunes alvaroamanunes@gmail.com Este ano perfazem-se 440 anos sobre a morte de Luís Vaz de Camões, falecido a 10 de Junho de 1580, atual feriado nacional consagrado como o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Ora, em Guimarães, tempos houve em que Camões era evocado com toda a pompa e circunstância. Assim aconteceu em 10 de Junho de 1880, aquando do tricentenário do seu nascimento, como consta registado nas “Efemérides vimaranenses” de João Lopes de Faria: “A Comissão criada para celebrar o tricentenário de Camões principiou as suas solenidades neste dia por uma missa rezada na Colegiada, em que foi celebrante o Padre António José Pereira Caldas Júnior, pelas 11 horas da manhã (…) Terminada a missa, a comissão dos festejos, acompanhada por todas as corporações, dirigiu-se à Casa da Câmara e estando aí reunidos em sessão solene os vereadores, foi-lhes apresentado e lido pelo Conde de Margaride uma mensagem, na qual a mesma comissão oferecia ao município dois exemplares duma tradução de alguns cantos dos Lusíadas em francês pelo duque de Palmela e revista por Madame Stäel; edição que a mesma comissão mandará fazer para distribuir neste dia em honra do grande épico. Fez-se dela uma tiragem de 200 exemplares e 12 desses de luxo, sendo aqueles numerados e distribuído pelos assinantes e oferecidos exemplares ao rei D. Fernando, ao imperador do Brasil, à Câmara e ao Dr. Pereira Caldas (…) Na mesma mensagem se pedia à Câmara que um dos largos ou ruas de Guimarães fosse batizada com o nome de Camões e que se resolveu logo por unanimidade, sendo por isso escolhida a antiga Rua Nova das Oliveiras. Em seguida, por proposta do vereador António Joaquim de Mello, também se resolveu que ao Largo do Pelourinho se pusesse o nome Largo do Trovado, em comemoração do primeiro trovador português Manuel Gonçalves, nascido no antigo burgo, na Rua de Couros. Terminada a sessão à meia hora da tarde, saiu uma banda real, convidando os habitantes a iluminarem as suas casas (…)”
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No entanto, o relato de João Lopes de Faria daria ainda conta de um jantar concedido aos presos, toques de sinos a repique e o cancelamento da iluminação no Toural, por causa da chuva. Porém, nessa noite de 11 de Junho, reporta-se também o espetáculo de gala ocorrido: “Na noite de 11 de junho e com a continuação dos festejos houve no teatro espetáculo de gala, representando-se pela primeira vez o original do nosso cónego Dr. António d’Oliveira Cardoso “Lágrimas e Risos”, em 3 atos. Nos intervalos recitaram-se algumas poesias, produções literárias de vimaranenses, entre os quais se distinguiu o Dr. Pereira Caldas (…) O teatro achava-se elegantemente adornado com ramagens e coroas de carvalho e louro e bandeiras. No camarote central de segunda ordem estava o busto de Camões, em gesso, entre cortinados azuis e brancos, lendo-se em escudetes postos sobre as colunatas de cada camarote datas mais notórias da vida de Camões e na primeira ordem em idêntico lugar os nomes de 14 poetas e literatos notáveis vimaranenses (…) O saldo deste espetáculo, deduzidas as despesas, que foram grandes, reverteu em benefício das obras da Penha, que por esse motivo iluminaram nessa noite o cimo dos penedos e deu uma salva de morteiros”. O texto dá ainda conta de um acidente ocorrido devido ao fogo, bem como da constituição da comissão dos festejos, aos quais se agregaram os condes de Margarida e de Vila Pouca, bem como o barão de Pombeiro e Francisco Sarmento, notáveis da época. De facto, Guimarães nunca esqueceu o genial poeta, que se encontra consagrado na toponímica da cidade: a rua de Camões, que liga o Toural às Domínicas. Aliás, muito recentemente, entre dezembro de 2017 e maio de 2018, “Os Lusíadas” seriam manuscritos em Guimarães por cerca de 450 “copistas”, dos 6 aos 95 anos, entre os quais o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, que escreveria as três últimas estrofes. Uma excelente iniciativa, denominada “Dê 10 minutos à Língua Portuguesa”, à qual antigos professores da Escola Secundária Martins Sarmento e do seu movimento “Voltar à Escola” deram arranque e que contou ainda com o apoio da Biblioteca Raul Brandão e da Sociedade Martins Sarmento. Uma edição manuscrita e
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singular, que atualmente se encontra à guarda da Sociedade Martins Sarmento, ao lado da primeira edição impressa, existente nesta instituição vimaranense. Com efeito, como na altura sublinhou Paulo Vieira de Castro, presidente da Sociedade Martins Sarmento, uma ocorrência que seria um “exemplo de dinamismo de um grupo que mostra o que é ser professor”. No fundo, e tal como os desígnios de Osmusiké - Associação Musical e Artística do Centro de Formação Francisco de Holanda - exemplos concretos de vida ativa ao serviço da cultura e do saber partilhado. Mas Guimarães está também imortalizado nos “Lusíadas”, em especial nas estrofes 31 e 35 do canto III, que transcrevemos: “De Guimarães o campo se tingia
Não passa muito tempo, quando o forte
Co sangue próprio de intestina guerra,
Príncipe de Guimarães está cercado
Onde a mãe, que tão pouco o parecia
De infinito poder, que desta sorte,
Ao seu filho negava amor e terra”.
Foi refazer-se o inimigo magoado.
Co ele posta em campo já se via,
Mas, como se oferecer à dura morte
E não vê a soberba o muito que erra
O fiel Egas amo, foi livrado
Contra Deus, contra o maternal amor,
Que, de outra arte, pudera ser perdido,
Mas nele o sensual era maior.
Segundo estava mal apercebido.
Camões está, de facto e para sempre, entre aqueles que “se vão da lei da Morte libertando” … Cremos, contudo, que Guimarães bem poderia assinalar estas referências intramuros. Não só Camões, obviamente, mas também muitos outros como Saramago, Torga, Ferreira de Castro, Raul Brandão, Camilo Castelo Branco, que nas suas obras citam Guimarães e que deveriam ser de conhecimento público. Aqui fica o repto e o desafio …
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Uma visão esclarecida e desalinhada José Maria Gomes zemariagomes@gmail.com
Muitas vezes, ouvimos histórias de cidadãos anónimos que ficam perplexos com a sociedade de interesses e promíscua em que vivemos, infestada de gente sem valores, interesseira, parasita e corrupta. Histórias de gente humilde. Filhos da aldeia e do trabalho, com uma vida marcada pela aspereza e agruras do campo ou do monte, onde pouco mais havia que ocupação na vida agrícola ou pastorícia. Tudo servia para ocupar o tempo. Trabalhava-se para ganhar a vida a guardar gado, a exercer a pastorícia, a cuidar dos animais, a tirar areia do rio com cestos à cabeça ou a trabalhar nas obras... Histórias de crianças que se ocupavam dos trabalhos de casa, no campo, enquanto guardavam o gado e comiam no chão, com as mãos, pão de milho com pão de milho, feito em casa, pela mãe ou pela avó. Quantas vezes bebiam água do chão ou dos regatos sem qualquer tipo de incómodo ou pudor. Era assim que se ganhavam defesas...dizia-se! Crescia-se na aldeia, que pouco mais tinha que gente honesta e trabalhadora. Vivia-se em casas de pedra por onde, quantas vezes, o vento assobiava pelo aperto das fendas das pedras amontoadas umas em cima das outras, à luz da candeia ou do candeeiro a petróleo, sem água e sem conforto. Na aldeia era assim! Crescia-se rodeado de aldeias com casas sem conforto, sem saneamento básico, sem água, sem luz e sem estradas. Mas...ocupação não faltava! Muito trabalho duro, árduo e difícil. Crescia-se numa aldeia carregada de valores, no seio de famílias amigas e de saudável amizade, solidária, com gente de palavra e que se olhava nos olhos. Mas, nesta aldeia, também havia dualidade de comportamentos. Jovens que estudavam e outros que trabalhavam. Muitos que estudavam reclamavam de tudo. Até pelo facto de ficarem desempregados, depois do “canudo”, apesar das ajudas e apoios de várias instituições e da própria comunidade. Outros que trabalhavam e, sem grandes reclamações, seguiam a sua caminhada de contribuição para a produção nacional e prosperidade do país. Uns contribuíam para a sustentabilidade do estado, sem grandes contrapartidas. Outros recebiam sem nada produzir.
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Passamos, de repente, de um país em vias de desenvolvimento para uma nação próspera, onde afluíram camionetas carregadas de escudos e euros sem que muitos se dessem conta da nova realidade. Era assim! “Uns cresceram sem nada e outros com tudo”! Agora tudo parece diferente! O mesmo país com duas realidades mais vincadas! De um lado, a urbe grandiosa, desenvolvida, moderna, com tudo e onde se decide tudo a favor de uns sem respeito pelos outros. Numa capital de memórias com passado, com presente e com futuro. Do outro lado...o resto! Aquilo a que chamam província. Território do interior, com passado, mas sem presente e sem futuro. Um espaço - com gente que sente - cada vez mais esquecido, abandonado, despovoado e envelhecido. Sabe-se que nem todos conseguem ou querem, muitas vezes, intencionalmente, ver! Um país que se esqueceu dos valores, da sua história e das suas gentes, do seu território e do seu espaço, da dedicação e do empenho, do trabalho e da produção. Pelo contrário, valoriza-se um país de vícios, onde abundam doutores e comedores: fazem-se promessas para justificar e conseguir os lugares que se ocupam; abusa-se do apoio de gente de bem para se manterem no poder, no centro de decisão, para proveito próprio, dos seus e dos amigos mais chegados. Ao longo da caminhada da vida, muitos foram os que procuraram a vida associativa pela necessidade intrínseca de estar com o outro para realizar um bem comum. Hoje, pouco importa se as associações e/ou instituições, seja qual for a sua natureza, cumprem os ideais ou os objetivos para que foram criadas. Sente-se que existe uma apropriação indevida deste espaço de aprendizagem e de salutar convivialidade para, eventualmente, se iniciar uma apropriação indevida de bens públicos como, com relativa frequência, tem sido divulgado pela comunicação social e é do conhecimento de todos. Muitos parecem querer dizer: essa situação pouco importa, desde que os meus estejam lá e recebam os benefícios e as benesses devidas. Pouco importa se políticos tiveram um passado limpo de trabalho ou estudo, de experiência e responsabilidade ou se as autarquias e demais instituições públicas têm excedentes. O que interessa e o que importa é que os meus e os meus amigos estejam lá.
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Pouco importa se vivemos num país sem justiça onde pedófilos são condenados e depois libertados, onde políticos são exaltados e juízes humilhados, onde assassinos são libertados depois de uns anos de bom comportamento, onde criminosos financeiros continuam a roubar, a escapar e o povo chamado a pagar, onde políticos desgovernam, enriquecem e emigram para viver à custa dos “amigos”. Hoje crescemos numa sociedade onde o povo vê, percebe, compreende, pede favores a toda a hora e momento, entra no esquema e no sistema e vai alimentando esta máquina demolidora que tando critica, que tanto questiona e que tanto chora! Crescemos numa sociedade de elevados níveis de exigência e sofisticação, mas, ao mesmo tempo, num país carente de regras, respostas e educação. Crescemos num país onde se pode bater nos professores, sem que estes possam estabelecer e implementar normas, regras e limites ou sequer levantar a voz. Crescemos num país onde todos entram nas universidades para cumprir estatísticas, onde os alunos mandam nos professores e onde, afinal, ser doutor passou a ser uma coisa normal e banal. Crescemos num país a perder a alma e a sua gente que, apesar de rico em clima e solo fértil, abandonou a pecuária, a agricultura, a pesca, a sua história e as suas tradições, que abandonou a sua riqueza e a sua produção endógena e que desvalorizou as suas potencialidades locais e regionais. Crescemos num país onde se valorizam sofisticados serviços, o trabalho dos computadores e dos doutores, onde se pisa quem produz e se destaca homens de gravata. Mais de oitocentos anos de história merecem um país com gente diferente! Com motivação, com alegria e com alma. Um país capaz de participar em novos ideais para continuar a usufruir e disfrutar do seu solo fértil, do seu ar e do seu mar, da sua terra, dos seus montes e do seu sol para que o futuro dos seus continue a prosperar, a sorrir e a brilhar!
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AQUI HÁ GATO – NARRATIVA SOLTA À PROCURA DE CANTAR GUIMARÃES Isabel C. Viana, CIEC, Instituto de Educação, Universidade do Minho icviana@ie.uminho.pt
Apresentação É para mim uma enorme satisfação estar associada a esta iniciativa d’Osmusiké. É um privilégio poder prestar tributo a este grupo que, com as suas vozes, embelezam Guimarães, atraem e deslumbram gentes de todas as idades e condição social, acalentando sonhos e promessas de vida vimaranense com tradição, com memória e orgulho da identidade de uma nação. Na forma descontraída que a reflexão pessoal consente, e que o estado de pandemia configura, nesta apresentação, procuro partilhar perceções acerca da experiência de viver Guimarães através de narrativa solta construída com metáforas criativas proporcionadas por aqui há gato. É um tempo com memória que adquire no trajeto de vivência uma singular acuidade, dominada pela vontade de a considerar com lugar de destaque no contributo ao próprio desenvolvimento de ser pessoa que vive Guimarães, num particular de pandemia e com vislumbre de pós COVID-19. Um propósito enquadrado por objeto e métodos plurais de abordagem humanista e desígnio democrático, enquanto matriz integradora capaz de clarificar o debate em torno das ideias que cantam Guimarães sem medo. Descobrir Guimarães é também descobrir a nossa pegada vimaranense, pois também ela se desenha numa marca única e inconfundível, traduzida na força da genialidade das vozes das gentes que a habitam e projetam, a fazer-nos sentir que somos mundo. Nas dimensões, que ao longo desta narrativa solta se destacam, procuro reviver a experiência de tempo e lugares vimaranenses, considerando ecos e reminiscências do que foi acontecendo, onde o experiencial vivido é um lembrete de umas outras tantas coisas, à procura de preservar e registar experiências de vivências inventadas. O passado não é lembrado em si mesmo, mas a considerar o que acrescenta ao agora, fazendo emergir com maior destaque o emocional, sem minimizar o intelectual. Convidar a memória a revivê-las e encher-me de júbilo com elas é explorar o momento atual de pandemia e descobrir novos significados de cantar Guimarães.
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Aqui há gato A perceção de interface entre sonhar Guimarães a dormir ou acordada evidencia-se algo de curioso no esculpir vimaranense frequente, uma imersão imaginada pela metáfora do gato de Schrodinger em tempo de pandemia, à procura de formas confortáveis numa leitura incompleta, a residir numa mescla de ausência, pelo dever ser, em presença continuada de confinado, pelo direito a ser. É algo que aterrou e não libertou qualquer poeira, antes gerou múltiplos e curiosos temas que convergiram num dispositivo de mensagens continuadas que contam histórias de confinado e de não confinado, a anunciar narrativas de vimaranense frequente com e sem máscara. Revelador da invisibilidade de regra que pronuncie expressar pensar a sentir Guimarães
através
de
múltiplas
e
fascinantes
viagens
apropriadas
por
imaginário,
confortavelmente profícuo, e capaz de conter o desânimo pelo caos gerado na pandemia. O contador do pulsar Guimarães gera a onda alfa do colapso, evidenciando o estado de existência de mais uma e outra vontade de cantar Guimarães. Contudo, porque até sabemos que estas vontades têm fascínio pela experiência do gato de Schrodinger, pois mantêm a caixa fechada e posicionam o vimaranense frequente em estado de imprevisibilidade. Este cenário de turbulência em corrida louca conduz-nos à fascinante personagem fictícia da história de Alice no País das Maravilhas, onde o Gato de Cheshire aparece e desaparece, gerando interface, embora em cenário de confusão, ora visível ora invisível, estabelece diálogo precioso, porque capaz de orientar a Alice pelo dito País das Maravilhas, embora acabe por a confundir ainda mais. O gato, mesmo que autónomo, envolto do poder de aparecer e desaparecer, é pertença de alguém. A particularidade mais singular, a deixarnos perplexos, situa-se nas preciosas orientações e na invisibilidade preocupada em desenhar rasto de sorriso visível. Acresce o facto de a sua invisibilidade lhe permitir ser salvo da sentença austera da rainha de copas, a de ser decapitado. Pois, como sabemos, o carrasco não aceitou cortar uma cabeça sem corpo, dizia já estar muito velho para cortar cabeças sem corpo. Por seu turno, de volta ao cantar Guimarães, a superposição que constitui, se imaginada pela metáfora do gato de Schrodinger, torna-a tangível em múltiplas dimensões, desde a cor da vida interior depender do dia da batalha de São Mamede, 24 de junho de 1128, até à amizade que somos capazes de construir nos lugares de cantar Guimarães. Afinal, neste deambular por coisas de tudo e de nada, podemos concluir que encontramos gato, mas não um gato qualquer, sem estado de animação suspensa, antes nos permite adivinhar cantar Guimarães em estado 139
de vitalidade plena, sem disputas entre aberto e fechado, originando valiosa a ideia de vimaranense frequente em narrativa imaginada em pandemia e interrogada com o estado de cantar Guimarães no pós COVID-19. Em Guimarães, a lua existe em estado de unicidade sempre que observada por espíritos de boa vontade, podemos partilhá-la algures pelo tempo que o tempo tem e sem qualquer tempo ou lugar, portador de narrativa com vimaranense frequente, uma imersão imaginada pela metáfora do gato de Schrodinger. Esta é uma metamorfose a perturbar um ato irreversível de cantar Guimarães em estado imprevisível de ser bem ou mal observada. Contudo, o que mais desejamos é que chegue esculpida em forma capaz de ser bem observada, até porque projetada para libertar energia de ânimo ativo que compagine férias e vontade de viver Guimarães. Narrativa solta à procura de cantar Guimarães A pensar sem medo sobre o que a COVID-19 nos força transformar. Tal como referiu Sebastião da Gama, aprendo com as coisas a sua lição de sinceridade, para o que é importante observar sem escassez de tempo, é importante saber olhar, com interesse em admirar o jardim que está por detrás do que se impõe hostil, capaz de nos comover com coisas de tudo e coisas de nada. Sebastião da Gama pegou na mão de homens que estavam tristes e levou-os a passear pelo jardim e escreveu versos que iniciavam por “O Segredo é Amar…”. É também este o mote desta narrativa solta que escrevo em tempo de bondade manifesta, em estado de linha da frente, com vontade de dizer a transformar. É com este mote que desta vez avanço em balanço de quarentena do Mundo e de boas-vindas à Primavera, a estação que julgo capaz de eternizar a vida e acalentar o sonho com confiança e esperança… Este tempo de pandemia é particularmente diverso, pois amarfanha a confiança e esperança trazidas pelo sonho, ameaça com ausência de qualquer vestígio que possibilite avançar com o fio do sonho, com o fio do caminho, mas não podemos desamparar a Esperança, precisamos de a agarrar para horas maiores… Desta vez não nos será possível rir da inutilidade do que escrevo, pois consubstancia “O Segredo é Amar [Acreditar]…”, em múltiplas formas de o experimentar, sabendo que só respeitamos o que amamos/acreditamos, o que outros amam/acreditam, quando temos o privilégio de experimentar “O Segredo é Amar [Acreditar]…”, em essência, com alma. Não em registo de saltimbanco, em sucedâneos de um e outro e nada é, apenas síndrome de mercantilização, os serviços 140
transacionáveis, vendáveis e compráveis. No estado de consternação em que passamos a viver, sinto que já se falharam tantos e muitos poemas, ora porque morremos, ora porque nos esquecemos. Como apontou Manuel Alegre (2018): "Está gente a morrer agora mesmo em qualquer lado, está gente a morrer e nós também! Está gente a despedir-se sem saber e para sempre. Este som já passou e este gesto também, ninguém se banha duas vezes no mesmo instante. Tu próprio te despedes de ti próprio... A Terra gira e nós também, a Terra morre e nós também... Os pássaros voam sobre a sua própria despedida... As folhas vão e nós também..." O poema da amizade é expressão de Liberdade espontânea que se descobre a cantar Guimarães, onde a turbulência e a calmaria são natureza da vida que pensa o que sente e que sente o que pensa, sem lugar para indiferença, antes constitui algo que está dentro de nós e se vive de forma capaz de consagrar direitos e valores, sem precisarmos de morrer para sermos os melhores do mundo... Hoje, agora mesmo, perspetivamos descobrir Guimarães no pós COVID-19, o elogio ao sonho que comanda a vida e aprende as sonoridades do poema que a imaterializa em projétil de Liberdade como folhas soltas ao vento que vão e Guimarães não. É no caminho entre ideias que descubro tantas outras que me fascinam e, por vezes, parece convergirem para uma epopeia, onde as ideias surgem enfatizadas para além dos seus limites, não são registo de sentimento à letra, são projeção de cenários fictícios em telas de vida real, que não se deixam intimidar pelo medo que passou a liderar os lugares humanos. Nota final Porque os dias vão tristes, à procura de cantar Guimarães descobri a guitarra portuguesa, o lugar mais requintado para o aqui há gato e descobrir a guitarra portuguesa é descobrir a sonoridade de cantar Guimarães pela perspetiva do aqui há gato, pois também ela nos deleita numa marca única e inconfundível, traduzida na força de vontade para horas maiores de paz e diversidade, preenchida de confortável simplicidade e alívio do que vai mal. A enriquecer os ambientes, o fio do caminho por onde caminhamos e cantamos, de forma competitiva e inovadora, tornando-os muito formativos e projetivos, sempre a instigar refletir sobre o que somos e queremos ser, a fazer-nos sentir que somos plurais como o mundo sempre que cantamos Guimarães. De tudo o que esta narrativa solta me proporcionou perspetivar, pressenti fusão nas forças: Pandemia, Emergência, Urgência, Escuta, Encontro, Paz, Identidades, Investigação, Educação, Cultura, 141
Imaginação e Globalização, a projetar desenvolvimento de resiliência numa Guimarães em transição continuada e acelerada. Muitas vezes gerenciada de forma intangível pelo fenómeno da globalização, assumindo aquelas forças como heterónimos representativos de identidades próprias, de lugares humanos à procura de cantar Guimarães, com interesses comuns e crenças com marca de cultura cidadã em tempo esperançado de pós COVID-19. Referências Bibliográficas Alegre, M. (2018). Todos os poemas são de amor. Alfragide: Publicações Dom Quixote. Acessível a partir de: https://books.google.pt/books?id=tvVsDwAAQBAJ&pg=PT42&lpg=PT42&dq=Manuel+Alegre,+%22Agora +mesmo%22,+quando+foi+escrito&source=bl&ots=fV4tXAbVV&sig=ACfU3U1j94yQ8hEMjy7xojC3bOxP1WkvVg&hl=ptPT&sa=X&ved=2ahUKEwjYocKyp_3pAhUHExoKHVwLAngQ6AEwA3oECAoQAQ#v=onepage&q=Manuel% 20Alegre%2C%20%22Agora%20mesmo%22%2C%20quando%20foi%20escrito&f=false Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll (1865). Por Carolina Marcello (2018). Disponível em: https://www.culturagenial.com/livro-alice-no-pais-das-maravilhas-lewis-carroll/ Sebastião da Gama (2019). Antologia de Poemas. Disponível em: https://issuu.com/bibliotecasdoagrupamentosebastiaoda/docs/poemas_sebasti_o_da_gama_2 Super Interessante (2011, atualizado em 2019). O que é o Gato de Schrödinger? Disponível em: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-que-e-o-gato-de-schrodinger/
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Sobre o romance do escritor Albino Baptista Desde a Estalagem do Passado Agostinho Ferreira agostinhoferreira@esfh.pt
O último romance do escritor Albino Baptista é uma obra de considerável dimensão. As 329 páginas incluem uma biobibliografia de oito páginas, um prefácio de 24 páginas e uma pequena reflexão do autor com cinco páginas. A capa e a contracapa são também da autoria do escritor. É uma edição da “Chiado Books” e data de outubro de 2019. Tem como subtítulo “Passos perdidos nos desencontros e encontros de estórias de amor”. Trata-se de um romance que pretende retratar as relações humanas dos tempos atuais. Desde a fragilidade das relações amorosas até às duvidosas relações laborais, passando pela evolução das condições de trabalho e pela emigração das gerações que precederam as atuais, tudo é analisado neste romance. José Saramago dizia que o escritor está sempre presente na obra que escreve. É nessa linha que o prefaciador analisa o romance. O Dr. Rui Lopes, autor do prefácio e especialista na área da psiquiatria, encontra um forte paralelismo entre a vida do autor e as linhas narrativas do romance. Ainda que a mundividência do autor, a sua visão política e social estejam sempre presentes, parece-nos que a leitura biografista do romance pode não ser a mais objetiva, embora seja uma interessante visão, sobretudo se a associarmos à formação do prefaciador. 143
À maneira naturalista, as ações do passado contribuem para a verosimilhança do presente. Assim se explica a necessidade de recuar até à década de 1950, época marcada pela ruralidade, pelo domínio do masculino, pela religiosidade, pelo obscurantismo. É aí que se situa a infância de Dário, uma das principais personagens da obra. A década seguinte foi marcada pela emigração, sobretudo para Paris, que operou significativas mudanças no tecido social. Mas foi sobretudo na geração dos filhos desses emigrantes que se operou a mais significativa mudança de mentalidade. De facto, o pai do Gil, emigrante em Paris, continua a rezar e a ter uma vivência muito marcada pela religiosidade, ao passo que a filha Violeta assume um comportamento extravagante, com a vivência de uma sexualidade livre e espontânea e com um total desprendimento em relação aos preceitos religiosos. Enquanto o pai, estando em Paris, continua a viver como se estivesse numa aldeia rural do Minho, a filha vive como se não fosse portuguesa. As figuras paternas são tipos sociais que representam as mentalidades anteriores ao 25 de abril: uns são muito severos, outros muito religiosos, outros muito protecionistas. E em todos os casos prevalece a visão masculina que dominava a visão social da época. A ação central deste romance gira essencialmente em torno de três casais, também eles correspondentes a três tipos sociais. O primeiro casal é constituído por Dário e Leonor. Representa aqui um estatuto social elevado. Dário era advogado, como o seu pai, e é a personagem mais relevante do romance. Leonor, por seu lado, também mostra um elevado nível socioeconómico. Dotada de uma personalidade forte, acaba por ser a mulher que abre e fecha o ciclo amoroso de Dário. O segundo casal é constituído por Salema, primo de Dário, e Filipa. Salema, filho de transmontanos que foram viver para Lisboa, à procura de uma vida melhor, acaba por se tornar uma figura destacada nos meios académicos da capital. Filipa é uma personagem muito bem construída, que corresponde ao perfil da mulher atual. Divorciada e mãe, acaba por se tornar marcante na vida de Salema. O terceiro casal junta Gil e Joana. Formam o casal mais jovem. Gil é filho de emigrantes. Regressa a Portugal e por cá fica. Tira o curso de sargento da polícia. Joana é uma rapariga estudiosa, organizada e responsável. Há ainda uma outra personagem feminina muito relevante, a Violeta. É o elemento perturbador. Aparece no romance como o protótipo da mulher livre, com uma mentalidade evoluída, que vive sem preconceitos nem limites. Simboliza a libertação feminina em relação aos cânones estabelecidos. É sensual sem ser magra, é extravagante no modo como se veste, como se ri e como se relaciona com o sexo oposto. Muda de parceiro 144
com facilidade e acredita que as paixões são sempre efémeras. Representa a visão existencialista da vida. Interfere com dois dos casais atrás referidos, desestabilizando a vida amorosa destes. Foi educada em Paris e mostra que a educação social pode ser mais marcante que a educação familiar. De facto, o pai é uma personagem muito tradicionalista e orienta toda a sua existência por uma excessiva religiosidade. Relativamente às personagens masculinas, há a registar o facto de todas terem vivido aventuras amorosas que vieram perturbar a harmonia dos respetivos casais. As personagens femininas podem dividir-se em dois grupos que representam outros tantos modos de encarar a vida e as relações amorosas. O primeiro grupo, que inclui Leonor, Filipa e Joana, representa a mulher moderna, evoluída, com personalidade, com autonomia social e laboral, desligadas de preconceitos religiosos. Simultaneamente são românticas, com elevação moral. Embora de diferentes modos, a sua existência é marcada pela dignidade e pelo compromisso. O segundo grupo, que inclui Violeta e Fernanda, representa outro modo de viver a sexualidade. Representam a conduta de vida de quem vive intensamente o presente, sem as peias dos compromissos. São mulheres que sabem ser livres, nem que seja por umas horas. O romance, por definição, procura entrar nos meandros da psicologia humana. Este não é exceção. O romancista explora com frequência a vertente do erotismo, como uma das facetas mais significativas da vivência humana. A própria vivência da sexualidade mostra a evolução da sociedade. Para facilitar a exposição, direi que a sexualidade tem aqui quatro funções: marcar a diferença de gerações e de mentalidades e mostrar a evolução da mentalidade social e individual; salientar a liberdade e a diversidade de vivências; mostrar o lado irracional do ser humano, à maneira surrealista; registar o modo como o romancista perspetiva a problemática da sexualidade. Os espaços geográficos são elementos contextualizadores relevantes. Embora diversificados, os mais significativos são Lisboa, Porto e Paris. Há, depois, espaços menores que vêm confirmar o título da obra (estalagem do passado) que são vivendas, apartamentos, cafés e bares, o interior de automóveis, espaços rurais e urbanos e que contribuem, por um lado, para o enquadramento de diferentes situações afetivas e, por outro, para a caraterização de diferentes extratos sociais. Representam, ainda, determinadas mentalidades: o bairrismo do Porto; a presunção de alguma superioridade cultural de Lisboa com a qual o narrador ironiza; a mentalidade aberta e evoluída de Paris. 145
Merece ainda destaque a originalidade dos títulos que introduzem os capítulos. Estão sempre relacionados com a luz ou a escuridão. Títulos como “Sombrinhas”, “Sombras… sombrinhas”, “Sombreado…”, “Sombreado claro”, “Claridade sem penumbra”, “Penumbra…”; “Negrume”, etc. remetem metaforicamente para diferentes momentos históricos ou para diferentes situações vividas (ou expectáveis) pelas personagens, como: incerteza, recordação, choque de perfis psicológicos, situações trágicas ou eufóricas. Funcionam, ainda, como antevisões de acontecimentos ou como indícios. O autor é um leitor experiente e profundo conhecedor das técnicas narrativas. Um pouco à maneira de Saramago, procura fugir às tradicionais teorias da literatura que nunca conseguiram, de modo definitivo, resolver a problemática da entidade a quem compete a narração dos eventos. É comum falar-se de narradores. Preferimos aqui falar de vozes. Há a clara presença de três vozes narrativas. Uma funciona à maneira tradicional e apresenta os eventos na sua globalidade. Há a voz off que serve para estabelecer diálogos com o autor. Personifica possíveis leitores ou críticos da literatura, que questionam a pertinência de algumas situações: “vou interromper-te, ó autor deste livro. Como romance, que queres que ele seja, não te parece que deverias estacionar, pairar mais um pouco sobre os ambientes?” (pág. 102). Na fase final do romance, a voz off é a voz de um lisboeta que dialoga com o autor e a quem este responde de modo crítico, mostrando o seu bairrismo nortenho: “Cansadinho, Caro escritor? Vais numa pedalada! Mas isso é uma batedura a Nobel ou quê? Viva escusado intruso! Tens sotaque diferente!? Não és o mesmo do outro dia… esse “inho” agudo e esse “e” de “pedalada” aberto, diz-me que deves ser um da capital… Aquela onde todos são escritores, mesmo sendo escrito por outros… Eles são apresentadores de TV, corredores de atletismo, jogadores de futebol, atores (…) Estás enervado, cansado, incomodado ou irónico, ó escritor do norte? Com letra maiúscula, faz favor, ó menino! NOR…TE! Assim, está bem? Estou como quero estar. Não tenho satisfações a dar-te, pá! Vai trabalhar meio dia e fingir outro meio…” (pág. 319). Aparece ainda uma outra voz que é claramente a voz do autor. É uma voz crítica, semelhante à de um cronista que se pronuncia sobre a sociedade, sobre o sistema politico e social. Por último, uma referência breve ao estilo. O autor, além de romancista, é também poeta e cronista. E isso acaba por moldar a sua escrita. Estamos perante uma escrita que prima pela clareza. A frase, normalmente 146
curta e frequentemente poética, promove um ritmo rápido e proporciona uma leitura agradável. As descrições são feitas de traços largos e sugestivos. Os eventos narrados deixam normalmente margem para a imaginação do leitor. Concluímos, salientando que o eixo narrativo essencial deste romance gira, como refere o subtítulo, em torno dos “desencontros e encontros de estórias de amor”.
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Observar, ouvir, sentir… aprender com o património Helena Pinto mhelenapinto@gmail.com
Ao longo do meu percurso profissional com enfoque no ensino de História, mas sem nunca esquecer uma década de participação em escavações arqueológicas e outros tantos anos de colaboração com vários museus, ao nível da ação educativa, e de investigação em educação histórica e patrimonial, permaneceu um elemento comum e fundamental – o uso educativo dos objetos, o seu questionamento e possibilidades de interpretação por alunos de diferentes idades. Os objetos podem ser muito estimulantes no processo de ensino e aprendizagem, pois são concretos, palpáveis, relacionam-se com contextos próximos ou mais afastados no tempo e no espaço e, por isso, permitem a compreensão da complexidade, desde que as questões colocadas sejam adequadas e desafiadoras. Na cidade, nas praças, nas ruas, o olhar é comummente dominado pelos edifícios, pelos monumentos – e isso é evidente em Guimarães – mas há uma infinidade de objetos e detalhes em diversos espaços que, com uma observação mais atenta e curiosa, acompanhada de questões menos ou mais complexas, de hipóteses e tentativas de resposta, podem ajudar-nos a compreender melhor o nosso mundo, desde o meio mais próximo aos lugares afastados no espaço e no tempo, aos quais nos ligamos por intermédio dos objetos (Santacana e Llonch, 2012). Todos estes lugares podem proporcionar excelentes momentos de aprendizagem. Utilizar outros locais, além da sala de aula, pode proporcionar experiências desafiantes, diferentes e estimulantes para a aprendizagem. Os lugares onde essas experiências/atividades educativas acontecem podem ter um efeito marcante na forma como os jovens se envolvem no estudo de determinado assunto, curricular ou outro com ele relacionado. A aprendizagem fora da sala de aula pode ser integrada no planeamento educativo para todos os alunos e ao longo de todo o ano. É uma ferramenta poderosa, capaz de reforçar o desenvolvimento social, emocional e pessoal e contribuir para o bem-estar de crianças, jovens e adultos. Estas experiências expandem os seus horizontes, abrindo-os a áreas como a arte, o património, a cultura, o ambiente. Simultaneamente, são dadas 148
aos jovens oportunidade de trabalhar e lidar com desafios da vida real, de desenvolver a sua capacidade de pensar de forma imaginativa e criativa, de definir e explorar problemas complexos, de utilizar e adaptar múltiplos recursos, tanto dentro da sua comunidade como fora dela, a fim de experimentar e conceber soluções para estes problemas. Experienciar algo – e não apenas ouvi-lo descrito ou ler sobre ele – pode ajudar a melhorar a capacidade de reflexão crítica dos jovens. Também é possível o desenvolvimento da noção de temporalidade histórica nos alunos por meio da ação mediadora dos objetos da cultura material, dotados de significado histórico. Por isso, “a realização de atividades relacionadas com o património histórico-cultural de uma comunidade pode favorecer a aprendizagem de conceitos históricos” (Pinto, 2016, 16). A partir de uma biblioteca, um arquivo, um museu local, uma coleção de arte, um parque, ou um sítio arqueológico, os alunos podem analisar e refletir sobre o que o património significa para eles, através da pesquisa sobre o património local, saindo do meio escolar para a área envolvente ou um pouco mais afastada. Um breve parêntesis, em tempo de pandemia, leva-nos a trabalhar mais com as imagens desses objetos, através de plataformas digitais, mas com a esperança de que, brevemente, as propostas de atividades sejam aplicadas no trabalho dos alunos com as materialidades, presencialmente, em visitas aos locais. Entretanto, fotografias, ferramentas, objetos do mobiliário doméstico, guardados e que foram testemunhas da vida num passado não muito distante, podem adequar-se também a esse olhar curioso. No entanto, o património cultural não se limita ao material. A cultura imaterial, intangível, está-lhe intimamente associada (Unesco, 2003). É neste contexto que se inserem as artes performativas e, em especial, as diversas formas de expressão musical – não se podendo esquecer aqui o inestimável contributo da Associação Osmusiké, a nível local. Quase dois terços dos elementos inscritos nas listas do Património Cultural Imaterial da UNESCO, incluem uma componente musical significativa. Nestas listas encontram-se mais de 300 práticas em que a música desempenha um papel importante, a maioria das quais envolve também formas de celebração, danças, rituais, poesia ou modos de saber-fazer (UNESCO, 2020). A música é particularmente compatível com o conceito de Património Imaterial, uma intangibilidade que, sendo uma distinção institucional e prática, faz eco da tradição romântica ocidental, que parece considerar a música como a mais espiritual de todas as formas de arte. Na verdade, a música e os instrumentos musicais 149
(sua materialidade) parecem omnipresentes entre as práticas sociais e culturais de todos os grupos humanos. Em todas as sociedades, os instrumentos musicais são uma parte essencial da vida cultural e, para além de produzirem música, servem objetivos específicos relacionados com contextos não musicais como, por exemplo, em muitos rituais religiosos. A cultura enriquece a vida de todos, dos mais idosos aos mais jovens. Por isso, a participação em atividades criativas e culturais pode ter um impacto significativo nos jovens ao dar-lhes a oportunidade de desenvolverem competências fundamentais ao longo da vida, tais como a criatividade, a confiança, a autodisciplina, a comunicação eficaz e a capacidade de trabalhar em equipa. Estas competências são particularmente relevantes num mundo em rápida mutação tecnológica e social, onde as indústrias culturais e criativas são cada vez mais valorizadas.
Referências PINTO, H. (2016). Educação Histórica e Patrimonial: conceções de alunos e professores sobre o passado em espaços do presente. Porto: CITCEM - Centro de Investigação Transdisciplinar «Cultura, Espaço e Memória». SANTACANA, J.; LLONCH, N. (2012). Manual de didáctica del objeto en el museo. Gijón: Ediciones Trea. UNESCO (2003). Convention for the Safeguarding of the Intangible Cultural Heritage. UNESCO. Disponível em português em https://ich.unesco.org/doc/src/00009-PT-Portugal-PDF.pdf [18/06/2020]. UNESCO (2020). Intangible Cultural Heritage. UNESCO. Disponível em https://ich.unesco.org/en/lists
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A vila de Raul Brandão, abreviatura do mundo. António Amaro das Neves amarodasneves@esfh.pt
Já passaram mais de 120 anos sobre a data em que Raul Brandão, feito alferes, se apresentou no Regimento de Infantaria 20, que estava aquartelado no “casarão negro e em osso” do Paço dos Duques de Bragança, em Guimarães. Quem lesse a História de um Palhaço, que se publicou no mesmo ano de 1896, facilmente perceberia que aquele modo de vida quadrava mal à personalidade do escritor. O coronel Mário Cardoso, que sabia do que falava, atestou que Brandão errara absolutamente no caminho que empreendera, “por inadaptação à vida militar”. Era manifesto que se sentia deslocado em tal carreira, que se forçara a seguir “por vontade do pai, e para não desgostar a mãe” que, segundo Aquilino Ribeiro, fazia gosto em ver “o seu menino fardado, taful, cintadinho em correias de anta, pisgado pelas carochinhas das janelas”. Quando arribou a Guimarães, embora ainda longe da fama que viria a ter, Raul Brandão não era um ilustre desconhecido. À chegada, teve direito a uma nota de boas vindas nas páginas de O Comércio de Guimarães do dia 8 de junho daquele ano de 1896, onde se lê: Apresentou-se no 1.º batalhão de infantaria 20 aqui estacionado o sr. Raul Brandão, ilustrado alferes de infantaria, primoroso escritor e literato lisbonense. Este nosso talentoso colega, muito digno redactor do “Correio da Manhã”, estava em Lisboa fazendo parte duma comissão, e tinha a seu escrever a história da guerra peninsular. Como actualmente nenhum oficial pode passar ao posto imediato sem ter feito dois anos de serviço efectivo, eis a razão porque o snr. alferes Raul Brandão se encontra nesta cidade, retirando-se para Lisboa logo que terminar o seu tempo de serviço, voltando a ocupar o seu lugar naquela comissão, Cumprimentamos o nosso estimadíssimo colega e brioso militar. Vinha para Guimarães por imposição administrativa, para passar uma temporada. Acabaria por ficar. Ainda cá está, por escolha sua. O que Raul Brandão encontrou em Guimarães, no que tocava aos andamentos da vida militar, era bem diferente daquilo que já conhecera na sua curta carreira nas fileiras do Exército, como se percebe pela leitura
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das suas Memórias, onde pintou a traços negros os dias da Escola do Exército e do estágio na Escola Prática de Infantaria de Mafra: Durante o tempo que fui tropa vivi sempre enrascado, como se diz em calão militar. Tudo me metia medo, os homens aos berros que ecoavam no quartel (era o Cibrão na secretaria); castigo para um lado, castigos para o outro; e as coisas negras, feias, agressivas, a parada, a caserna, as retretes. Levo para a cova a imagem daquelas retretes como uma das coisas mais infames que conheci na vida. O Inferno deve ser uma retrete de soldado em ponto maior… A vida no regimento de Guimarães nada tinha a ver com a experiência militar anterior de Raul Brandão, de acordo com a descrição do alferes-escritor: Outra louça. Achei-me numa casa de campo sem conforto nenhum, mas a parada da guarda era às onze – entrada – e tocava à ordem à uma – saída. Meia dúzia de soldados no velho casarão negro e em osso, e oficiais a jogar o gamão, numa sala, ali encantados desde o princípio do Mundo. De quinze em quinze dias uma inspecção: ficava-se no quartel, mas eu, como noivo, fechava os soldados à chave, metia esta no bolso e ia dormir a casa. Das suas obrigações castrenses em terras vimaranenses, Brandão guardou memória de dois acontecimentos anuais em que a tropa tinha que participar: a romaria de S. Torcato e a procissão de S. Jorge, a que os vimaranenses batizaram carinhosamente de procissão do caga-ratos: Estou a ver-me na Oliveira, com o Flores a comandar uma companhia: – Abrir fileiras! Apresentar armas! – Era o simpático boneco que aparecia lá no fundo, em cima do cavalo, de lança, elmo e plumas, seguido por todas as alimárias que os fidalgos de Guimarães mandavam naquele dia para o acompanhar. – Marche! – Uma rua mergulhada em sombra húmida. Um ziguezague muito azul lá no alto, entre os beirais. Chiada de ferreiros no céu e pelo chão punhados de funcho aromático, que exalavam mais cheiro calcados. As meninas debruçavam-se sobre as colchas de seda. – Marche! – A música a tocar e nós a rompermos, de espada alta, sorrindo para as janelas atrás do bonifrate. Em Guimarães, o alferes Brandão levou uma “vida de abade”, como confidenciaria ao seu amigo Columbano Bordalo Pinheiro, numa carta de meados de 1898. Aí nos deixou uma descrição da cidade que o acolheu:
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Guimarães é uma cidade perfeitamente Idade Média, com palácios, igrejas e casas minhotas curiosíssimas. Tudo isto tem um aspecto de que você deve gostar muito. Os arredores, a paisagem, até nos dias de chuva, são admiráveis. Lindas raparigas e vinho verde magnífico a cinco mil réis a pipa; acrescentado isto, fica você percebendo que esta terra basta para a minha felicidade. Estou, portanto, contente. Não vejo à minha volta senão gente feliz, corada e palreira — e a alegria é, como sabe, comunicativa. Aluguei uma casa fora da cidade com um enorme quintal e um telheiro. De lá, nestas duas últimas tardes de calor, amodorrado olho a Penha — uma montanha eriçada de penedia e as árvores que separam os campos, cobertas de vinha. Trabalho da uma às quatro e meia. Depois passeio, como e durmo. Uma vida de abade. Uma das razões que ajudam a perceber porque é que, na memória local, a presença de Raul Brandão em Guimarães se ficou mais por uma dimensão erudita e comemorativa, do que por uma apropriação do seu nome e da sua obra como património integrante da identidade vimaranense, decorre da ideia de que o escritor da Casa do Alto pouco terá escrito sobre Guimarães. Essa perceção, sendo injusta, porque ignora que as obras maiores da produção ficcional de Raul Brandão têm Guimarães como pano de fundo, resulta de serem muito escassos e muitos breves os textos em que o escritor da Casa do Alto toma Guimarães como tema explícito da sua escrita. Destes, o mais nítido é o texto que inseriu numa obra coletiva que assinou com D. João da Câmara e Maximiliano de Azevedo, com o título Pátria Portuguesa, editado em 1906 e que se destinava a ser entregue como prémio aos “alunos mais distintos nas escolas primárias portuguesas”, onde lhe coube descrever a cidade onde se acolheu: Guimarães foi a primeira corte de Portugal, e ainda hoje a cidadezinha laboriosa conserva vestígios da antiga muralha, que teve sete torres, e do esplendor do passado: a igreja gótica, a colegiada, os conventos, as ruínas do Paço do conde D. Henrique e da rainha D. Teresa, e principalmente o pequenino e humilde templo de São Miguel do Castelo, que o povo chama igreja de Santa Margarida. […] Guimarães é hoje uma cidadezinha tranquila, de ruas estreitas, com as suas casas tão características de beiral saliente e gelosias, ainda célebre no fabrico da cutelaria, que teve nomeada em todo o país, nos tecidos de linho e no curtume dos coiros. […]
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Seria também das mais lindas e características de Portugal se a moderna febre de demolição, sem necessidade nem critério, não tivesse derrubado tantas coisas belas e históricas: ainda assim, cada pedra denegrida pelo tempo nos lembra o passado, um homem, uma data gloriosa. No folheto O Padre, que publicou em 1901, Raul Brandão atribui ao território um carácter simbólico repartido por três espaços físicos e metafóricos: o campo, lugar da “vida recolhida e severa pelo contacto com as coisas simples e imensas da natureza”, que se despreza e despovoa; a vila, “onde se intriga”; a cidade, “onde se goza”. A vila será o cenário das duas obras ficcionais maiores do escritor de Nespereira, A Farsa e Húmus. Jacinto Prado Coelho descreveria a vila de Raul Brandão como “uma abreviatura do mundo”, cujos habitantes representam “a humanidade inteira”. A vila de Raul Brandão tem uma dimensão mais simbólica do que real, operando como território metafórico e assumindo-se como uma paisagem imaginária, impossível de identificar e de localizar no espaço geográfico do mundo concreto. No entanto, da leitura da obra do escritor da Casa do Alto, é possível perceber que há uma vila concreta por trás da vila brandoniana. A vila da obra de Raul Brandão foi delineada a partir da Guimarães que ele conheceu e que, apesar do título de cidade que já ostentava quando o escritor a conheceu, mantinha a configuração de vila, que sempre tivera. Para afastar dúvidas na identificação da povoação com que Raul Brandão montou o cenário da sua narrativa, bastam as primeiras linhas do primoroso quadro com que abre A Farsa. Uma nuvem desce da serra: arrastam-se os rolos pelas encostas pedregosas e depois as baforadas espessas abafam de todo a vila. E noite, cerração compacta, névoa e granito, formam um todo homogéneo para construírem um imenso e esfarrapado burgo de pedra e sonho. Quando lemos a descrição duma serra de encostas pedregosas e duma “praça solitária”, cujo granito “revê água” e onde se ergue uma sé, com a sua torre, se desenham arcarias, onde há “um Cristo aflitivo na abóbada de pedra sustentada por quatro arcos ogivais” e se percute o “telingue-telingue eterno duma fonte”, percebemos que Raul Brandão descreve um espaço familiar, povoado de elementos de fácil identificação: a Penha, a praça da Oliveira, a igreja da Colegiada, com a sua torre e a fonte que nela se encostava, e o monumento icónico e único que continuámos, erradamente, a chamar de Padrão do Salado. Alguém mais cético ainda poderá argumentar que, no que fica dito, não se encontra qualquer referência explícita a Guimarães na obra ficcional de Raul Brandão. Avancemos então até ao terceiro capítulo de A Farsa. 154
Aí, Raul Brandão transporta-nos até à noite de 5 de dezembro, véspera de S. Nicolau. Na Vila, está “toda a populaça na rua”, quando Os tambores rufam sem interrupção – dir-se-ia que o planeta estoira farto de sonho inútil – e do nada, iluminados a vermelho, brotam bamboleando e somem-se logo sem aparência de realidade, o arco medievo e a mole rendilhada da Sé, para depois a novo clarão ressurgirem só por momentos com a abóbada, o Cristo, as colunatas e os fantásticos recortes de muralha e sombras que tomam corpo e se amontoam nos vastos fundos onde o clarão não penetra. O único lugar do mundo onde, ano após ano, acontecia, e continua a acontecer (aconteceu ontem), a festividade que Raul Brandão descreve, é Guimarães. São as Posses, um dos atos dos festejos que os estudantes vimaranenses dedicam ao seu padroeiro, S. Nicolau, e cuja origem se perde na poeira dos séculos. No programa das festividades, esse é, como o nota Raul Brandão, “o dia das posses, em que desde tempos imemoriais certas famílias estão na obrigação, que a populaça não perdoa nem perde, de dar, uns castanhas, outros lenha, vinho, pão, uma árvore”. Raul Brandão concluiu a escrita de A Farsa em Maio de 1903 e, a crer na data que inscreveu no início da obra, terá começado a escrever a sua obra-prima, Húmus, no dia 13 de novembro de 1915. Entre essas duas datas, passou mais de uma dúzia de anos sem que, aparentemente, o mestre de Nespereira tenha produzido prosa ficcional. É certo que, em 1906, publicou Os Pobres, mas esse livro já estava escrito desde 1900, tendo ficado três anos a aguardar a carta-prefácio de Guerra Junqueiro e outros tantos à espera de entrar no prelo. Nos doze anos que transcorreram entre o momento em que Brandão escreveu a última frase de A Farsa – “É uma água frígida e límpida que apetece sempre beber.” – e aquele em que começou a compor Húmus, o escritor não deixou de escrever: dedicou-se ao jornalismo e à escrita da história, centrada nos anos conturbados que antecederam a implantação do liberalismo em Portugal, em Agosto de 1820, tendo publicado El-Rei Junot, em 1912, A Conspiração de 1817, em 1914, e O Cerco do Porto, contado por uma testemunha, o Coronel Owen, que prefaciou, anotou e publicou em 1915. Com Húmus, Raul Brandão regressa à escrita de ficção, quebrando um longo interregno, para dar continuidade a uma obra inaugurada com a História dum Palhaço e onde já se inscreviam Os Pobres e A Farsa. Com ele, regressa também à vila que já lhe servira de pano de fundo e que agora servirá de palco às
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maquinações da mesquinha, perversa e hipócrita Candidinha. A afirmação de que vila de A Farsa é a mesma de Húmus é consensual entre os especialistas que se têm dedicado ao estudo da obra de Raul Brandão. Húmus é o melhor livro que Raul Brandão escreveu. Assim o consideram críticos e historiadores da literatura, assim o considerava o próprio Raul Brandão. Trata-se de uma obra literária singular, tanto pela mensagem que transmite, como pelo modo como corta com as convenções e com os preconceitos formais até aí em uso na escrita romanesca e proclama a sua independência em relação aos processos tradicionais, introduzindo um método de escrita que se liberta das peias de um esquema preconcebido, dando livre curso à imaginação e à inspiração imediata, transportando a sua prosa para territórios que se suporiam exclusivos da poesia. É uma das obras maiores da literatura em língua portuguesa do século XX. A narrativa situa-se numa vila onde decorre um drama cujas personagens são reflexos das angústias, dos sentimentos e do pensamento do próprio autor. Uma povoação fantasmática que revisita a vila de A Farsa, réplica lúgubre da Guimarães que Raul Brandão bem conhecia, cuja identidade se desvenda logo nas linhas iniciais, datadas de 13 de Novembro: Uma vila encardida – ruas desertas – pátios de lajes soerguidas pelo único esforço da erva – o castelo – restos intactos de muralha que não têm serventia: uma escada encravada nos alvéolos das paredes não conduz a nenhures. Só uma figueira brava conseguiu meter-se nos interstícios das pedras e delas extrai suco e vida. A torre – a porta da Sé com os santos nos seus nichos – a praça com árvores raquíticas e um coreto de zinco. Sobre isto um tom denegrido e uniforme: a humidade entranhou-se na pedra, o sol entranhou-se na humidade. Nos corredores as aranhas tecem imutáveis teias de silêncio e tédio e uma cinza invisível, manias, regras, hábitos, vai lentamente soterrando tudo. Vi não sei onde, num jardim abandonado – Inverno e folhas secas – entre buxos do tamanho de árvores, estátuas de granito a que o tempo corroera as feições. Puíra-as e a expressão não era grotesca, mas dolorosa. Sentia-se um esforço enorme para se arrancarem à pedra. Na realidade, isto é, como Pompeia um vasto sepulcro: aqui se enterraram todos os nossos sonhos... Sob estas capas de vulgaridade há talvez sonho e dor que a ninharia e o hábito não deixam vir à superfície. Afigura-se-me que estes seres estão encerrados num invólucro de pedra: talvez queiram falar, talvez não possam falar.
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Uma vila com pátios lajeados; um castelo; restos intactos de muralha sem serventia; a Sé, a que também chamará de Colegiada, com uma porta com santos nos seus nichos; uma praça com árvores raquíticas e um coreto de zinco, que o escritor não necessita de nomear para nós sabermos que é o Toural. Um pouco mais adiante, sob a data de 20 de novembro, lemos: Não se passa nada! não se passa nada! No Verão o calor sufoca, de Inverno a mesma nuvem impregna o granito, e apega-se, amolece, dissolve pilares das janelas, casebres e a oliveira da praça, só tronco e duas folhinhas cinzentas. Em volta um círculo de montanhas, descarnadas e atentas, espera a tragédia – e as montanhas não desistem. De quando em quando, na solidão que à noite redobra, caem do alto da Sé as badaladas, uma a uma, pausa a pausa. E percebemos que “a oliveira da praça, só tronco e duas folhinhas cinzentas”, é a árvore que dá nome à Praça Maior de Guimarães, onde antigamente se concentravam o poder político, na Casa da Câmara, o poder judicial, na Casa das Audiências que lhe era contígua, e o poder religioso, na Colegiada, e que as montanhas em volta são os montes que cercam o vale onde Guimarães está implantada, entre os quais sobressai a serra, então granítica e descarnada, que é a Penha. Datado de 18 de dezembro, encontrámos o seguinte trecho: Os padres clamam num coro desesperado: – Acabou o inferno! acabou tudo! Descompõem-se na sala da colegiada que deita para o passado – o claustro com um pé de oliveira, e dois túmulos encravados na parede, cenografia para o Hamlet – ser ou não ser eis a questão... cheiram a urina e a ranço. A religião sem inferno está perdida. A colegiada onde se proclama o fim do inferno é a que conhecemos. Era lá que estava, e ainda está, uma oliveira velha de muitos séculos. Assim como os dois túmulos a que Brandão alude — duas arcas tumulares cravadas na fachada lateral voltada a Sul da igreja, debaixo de arcossólios, que acolheram os restos mortais do morgado de Sezim e da sua mulher. Continuam no mesmo sítio e, para os encontrar, basta entrar no Museu de Alberto Sampaio. A vila de Húmus é feita de granito rude, tem uma montanha descarnada a vigiá-la, uma praça com uma oliveira e outra com um coreto de zinco e árvores raquíticas, um castelo e restos de muralha, com ou sem ameias, e uma igreja com um portal encimado por nichos com estátuas de santos talhadas em pedra que se
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esboroa e onde se encosta um claustro com uma oliveira e dois túmulos de pedra encravados na parede. A vila de Húmus, como a de A Farsa, é Guimarães. A Vila da obra de Raul Brandão é triste, encardida, pobre, enegrecida, onde a humidade se entranha na pedra e o sol se entranha na humidade. Olhámos em volta e temos dificuldade em reconhecer nela a Guimarães de hoje, bela e acolhedora. Mas esta cidade, onde só a espaços somos capazes de reconhecer a vila de Raul Brandão, apesar dos seus muitos séculos de história, é uma cidade nova de poucas décadas. Em meados do século XX, não seria muito diferente da vila que Brandão descreveu, como o mostra um texto que Manuel Mendes, um dos estudiosos e divulgadores da obra de Brandão publicou no Notícias de Guimarães em 1961: Por toda a parte, os bairros pobres das cidades, dão a mesma sensação desoladora, confrange a miséria, parece que irremediável, que se patenteia nas coisas e nas criaturas. O quadro repetese com uma uniformidade impressionante. Aqui, porém, só me fazia saltar à lembrança certos cenários, certas personagens da obra de Raul Brandão, escritor que para estas bandas por largos anos viveu. A atmosfera dir-se-ia exactamente a mesma, o quadro idêntico, as cores sombrias de igual modo pesadas e húmidas, de uma opacidade mortal, e os vultos que via esgueiraremse pelas portas, feridos da mesma agonia, ou a transcender no seu sonho simultaneamente trágico e grotesco. A sensação que me envolvia tornava-se obsidiante, invencível, e olhava para cada um, murmurando para mim mesmo o seu nome — o Gebo, o Pita, a Candidinha, a Luísa, o Gabiru... E se, por entre as portas ou as janelas, lobrigava, à luz mortiça dos candeeiros, algum trecho de casa, com os seus miseráveis trastes, a sensação tornava-se ainda mais pungente e desgarradora, como se de imprevisto lhes entrasse na intimidade. O texto, de onde transcrevemos este excerto, responde a uma questão que o autor epigrafou em título: “Donde surgem as figuras e os cenários da obra de Raul Brandão”. É de Guimarães, como claramente percebeu Manuel Mendes. É nesta “abreviatura do mundo”, cujos habitantes representam “a humanidade inteira”, que, ainda hoje, na véspera de S. Nicolau, acontece o ato que preenche o terceiro capítulo de A Farsa. A vila brandoniana é Guimarães.
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Querida Avó Sofia Antunes Machado sofy.machado13@gmail.com
Querida Avó, Hoje escrevo para ti. Hoje agradeço-te pelas mil e uma coisas que fizeste e fazes por mim. Desde que me conheço, tu estás lá, desde que me redescobri tu estás lá, desde que sei quem sou e o que quero ser, tu estás lá. Contudo, a carta que estás a ler dirige- se a uma situação em concreto: o dia em que me apresentaste o Teatro! Tinha apenas quatro anos quando, pela primeira vez, me senti completa. E pode parecer algo controverso, uma criança de quatro anos a dizer que se sente completa? No momento em que o holofote se projetou na minha face, era o único sentimento digno de ser descritível: felicidade. Consigo relativizar inúmeras coisas: ideias, sentimentos, locais, acontecimentos…Porém, com o Teatro, o relativismo seria algo bastante discriminatório tendo em conta o poder que as palavras e expressões têm em cima de um palco. Cada peça acrescenta um novo ponto de vista, uma nova reação do público, uma nova vontade de criar e encenar algo para impactar os espectadores. Sentia isso com os “Osmusiké Teatro”! Sentia a união, a capacidade de improviso e projeção… Acima de tudo, o culminar de ensaios, modificações e provas, chegam ao momento antes da grande estreia. Em todas essas memórias apareces tu, quer seja a acalmar-me ou a felicitar me pelo esforço depositado em esperanças futuras. Graças a ti, hoje consigo comunicar, refutar ideias, discutir opiniões, erguer fundos, expressar e transpor para o papel as mais conscientes propostas. Graças a ti, tenho o orgulho de dizer que fiz parte de algo tão pequeno, mas que mudou o modo de consciencializar diversas crianças e idosos! Com o Teatro, obtive várias conquistas, mas, do que mais me orgulha é de ter partilhado cada uma delas contigo… Porque, neste momento, nenhuma delas teria a merecida importância se não fosses tu a acompanhar- me. Todos dizem que a escola da vida é intemporal e que vários “professores” irão aparecer. Sem motivo para dúvidas serás, para mim a mais importante e a mais louvada.
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Congratulo-me por ser a melhor aluna, por me destacar em literatura, mas sabes… Não preciso de nenhuma dessas pessoas a dizerem-me que capacidades tenho e em que as devo aplicar, pois a única opinião que realmente causa algum impacto é a tua! OBRIGADA, MADALENA ANTUNES, ORGULHOSAMENTE CONHECIDA COMO “MINHA AVÓ”.
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Terra, a nossa casa Maria Eva Machado luanegra.eva@gmail.com
“Poucas divindades tiveram, como a terra, o direito e o poder de se tornarem tudo”. Mircea Eliade (1997)
É verdade que não faltam temas para pincelarmos algumas folhas com palavras, neste tempo estranho que a Terra, a nossa casa comum, tem vindo a viver. Um tempo de pandemia global que trouxe o medo, quantas vezes exagerado e manipulado, e empurrou populações inteiras, qual formigas aterrorizadas, para um confinamento sanitário obrigatório. As imagens que a imprensa falada e escrita nos apresentava eram quase apocalípticas. Entre o deserto e o silêncio sepulcral, que se instalou por todo o lado, o ser humano tornou-se quase invisível. Quase, porque metade do formigueiro nunca deixou de trabalhar para que a outra metade se confinasse nas suas casas. Instalou-se o pânico e a desconfiança. E, de um dia para o outro um profundo vazio físico, social e cultural, difícil de aceitar e entender, alterou o nosso relacionamento com o outro, e ainda não sabemos até quando perdurará. Durante este curtíssimo tempo, em que o ser humano parou, a Terra tentou harmonizar os seus quatro elementos – ar, terra, ar e fogo. As flores desabrocharam no meio do cimento, a água do mar e dos rios adquiriu a transparência do diamante, os leões passearam nas florestas de asfalto, as tartarugas nidificaram nas praias agora desertas, as águias-reais ocuparam as rotas aéreas. E a Terra… a terra respirou como no tempo em que era considerada uma divindade viva e nunca poderia ser ofendida. Eu revisitei esses mitos e lendas ancestrais que falam do seu simbolismo, de rituais, e da devoção que lhe dedicavam. A história da terra na sua dimensão mágico-religiosa, como divindade viva e mulher – deusa provedora de vida e alimento poderia começar assim1…
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Machado, Eva (2009). Enxerto do mito “Gaia deusa da abundância e fertilidade” publicado no jornal Povo de Guimarães.
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Era uma vez uma deusa que concentrava em si todas as cores, todas as formas, todos os perfumes. Chamavam-lhe Gaia ou Geia, a deusa da Terra. A sua origem remonta ao início de tudo, quando no universo só existiam três elementos: o Caos, o Espaço e… Gaia. Nada, mas mesmo nada tinha vida para além de si. Ela era o elemento primordial do qual viriam a descender todas as raças divinas e toda a diversidade de vida. Transportava em si mesma o grande útero andrógino e berço de todas as coisas a desabrochar: animais, vegetais e minerais. O seu ventre era sagrado, a sua seiva preciosa. A terra era tudo e o todo estava contido em si. Os seus mistérios de eterna fertilidade e a sua condição divina levou os povos primevos a respeitá-la acima de todas as coisas, e a associá-la aos misteriosos ciclos da Lua e do corpo feminino. Mircea Eliade2 refere (1997:309-326) que a “Terra, para uma consciência «primitiva» é um dado imediato: a sua extensão, a sua solidez, a variedade do seu relevo e da vegetação que nela crescem constituem uma unidade cósmica, viva e activa”. Diz-nos ainda que se acredita normalmente que a agricultura seja uma descoberta feminina3. E neste sentido alguns povos conservavam rituais (1997:326) em que “ajudada pelo seu espírito de observação (…) e pelo facto de que era solidária com outros centros de fecundidade cósmica – a Terra, a Lua – a mulher adquiria o poder de influir na fertilidade e de poder distribui-la. É assim que se explica o papel preponderante desempenhado pela mulher nos começos da agricultura (…) papel que continua a desempenhar em certas civilizações”. Perdeu-se o simbolismo, os rituais, e o sagrado feminino e com eles se vai esbatendo o respeito pelo nosso Planeta Azul. Sabemos isso, basta olhar à nossa volta! O progresso do betão, do asfalto e do petróleo tem tingido de negro as cores de Gaia. Agrilhoada no seu próprio ventre sofre para dar à Luz. Estamos vivendo um aquecimento global nunca visto. Esta pandemia, que se espalhou como um rastilho, mostra que o desequilíbrio entre o ser humano e a natureza além das tragédias visíveis como furacões, tsunamis, degelo, a subida do nível do mar, a seca prolongada, a falta de água, os desalojados, os mortos do Mediterrâneo … também cria seres microscópicos virulentos que provocam danos no nosso organismo ou a morte. É preciso
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Eliade, Mircea (1997), Tratado de história das Religiões. Porto. Edições Asa. Alguns estudos, baseados na estatuária das “Vénus de…” defendem também a possibilidade de terem sido as mulheres as primeiras artistas a trabalhar a pedra. 3
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agir. Não podemos continuar a passar pelas coisas sem as ver, como diz Eugénio de Andrade. Temos as ferramentas para fazer a mudança e essa depende da nossa vontade. Este é o século XXI dos avanços científicos, da tecnologia, da informática, do telemóvel, das notícias em tempo real, das catedrais de consumo… de tudo o que aparentemente facilita a vida e traz felicidade. Mas não é isso que vemos nos olhos dos outros. A miséria, a fome, o desemprego, a guerra e o biopoder crescem a um ritmo tão alucinante como o desaparecimento de florestas inteiras ou o surgimento de doenças estranhas. Sendo a Terra um organismo vivo tudo está ligado. A doença e a saúde. A paz e a guerra. A morte e a vida. O mundo deveria crescer em função da felicidade e do bem-estar do ser humano. Mas não é isso que tem acontecido. Ele tem crescido, pela mão “de vendilhões do templo”, cujo único deus é o dólar, o euro, o petróleo, as armas ou até a mais recente tecnologia. O ser humano transforma-se num número ou numa peça a ser vendida e comprada. Hoje a violação dos direitos humanos, tão maléfica como subtil, só pode ser combatida com a nossa vigilância e a solidariedade colectiva nas causas. Este tempo de pandemia global pôs a nu as fragilidades gritantes do serviço nacional de saúde, do desrespeito pela geração dos mais velhos, do ensino, da cultura e da saúde geral do planeta, resultado de políticas governativas cujo lema tem sido “mais privado e menos estado”. Mas este é também o tempo perigoso da biopolítica, da videovigilância, dos certificados de imunidade, das APP para detectar infectados, ferramentas de controlo, de totalitarismo, que conflituam com a democracia, as liberdades individuais e o próprio equilíbrio do planeta. São estas preocupações que nos devem impulsionar a tomar parte activa na vida social, política e associativa, lutando e sonhando um novo paradigma mais fraterno e igualitário para todos os povos. Mas isso não se consegue facilmente. A educação, em casa e na Escola, a cultura e o conhecimento são pilares insubstituíveis na formação de cidadãos e cidadãs conscientes e interventivos, capazes de reflectir e agir sobre estes desafios que o mundo, sempre em mudança, nos aporta. Recordo Stéphane Hessel4 (2011:26-27) quando apela à capacidade de nos indignarmos porque “neste mundo há coisas insuportáveis. Para o ver, é preciso olhar com atenção [porque] a pior das atitudes é a indiferença.” Viver sem ficar indiferente às injustiças começa por ser um desafio pessoal de indignação para depois se transformar num acto de resistência, muitas vezes global, capaz de mover montanhas. É por aí que 4
Hessel, Stephane (2011), Indignai-vos. Carnaxide. Editora Objectiva.
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devemos ir. Só o caminho da solidariedade, da liberdade e da democracia poderá trazer paz e justiça ao mundo. Acredito nesses valores. Acredito que o ser humano voltará a cultuar a deusa Gaia que, suspensa na imensidão do Cosmos, espera poder voltar a desabrochar em toda a sua plenitude. Este é o tempo urgente de retomar aos rituais de respeito a esta mulher sagrada. O futuro pertence-lhe tal como lhe pertenceu o passado. Será ela, e somente ela, com o seu poder de gerar vida, a mensageira da Paz, da Fartura e do Amor de que tanto precisamos para… respirar!
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Cinco por uma Rui Galiano (Técnico de Ideias Gerais) ruiviana@live.com
Lixívia Ia na cidade e uma mulher, a lavar a varanda com lixívia, despejou prá rua o balde, um pouco à minha frente, quando eu ia a passar. O cheiro a lixívia era muito intenso e uma pinga grossa, ou talvez mais, caiu-me na roupa. Fiquei furioso, colérico... a estupidez da mulher... não olhar a ver se estava alguém a passar… claro, não eram horas do gocha, de quem quer namorar com o leproso, ou a casa da Borgonha... antes estivesse colada a isso... Podre... No entanto, isto é Portugal, ainda vai acontecer isto mais cinco vezes até chegar ao Café, nem piei. Cheguei à frente, olhei melhor para a t-shirt e calças, que eram brancas e uma mancha de pêssego, castanha, que vivia na t-shirt desde o Verão do ano passado, abaixo do nariz, tinha desaparecido… na verdade, tinha sido trabalho profissional da lixívia. Estupefacto, sorri de mim, vi que, afinal, a estupidez tinha-me por proprietário, estava em julgar a pessoa em primeiro e, depois, antes de olhar, ver, pensar, contemporizar, compreender, agradecer tudo o que acontece só porque acontece. Mas está cara a lixívia... com isto do vírus...
Groselha Havia um rapaz que desenvolveu um sumo de umas bolinhas que cresciam ao fundo da quinta, nem sabia que era groselha, juntando-lhe raspas de limão, ervas aromáticas e o resto era segredo, dizia ele. O sumo era de facto extraordinário, ao ponto de ser comprado por uma grande marca mundial. Vivia no campo e era muito curioso. Também metia canela. A poucos quilómetros de sua casa, numa povoação vizinha realizavase, anualmente, uma festa popular de grande expressão. O rapaz apetrechou-se, pôs-se a caminho, tirou a licença na Câmara Municipal de Guimarães e foi vender o divino líquido, cheio de fulgor. Finda a festa, o rapaz soltava lágrimas em fio como o quadro do menino a chorar, ninguém lhe comprou sequer um copo. O motivo, comentava-se, era o de que, naquela povoação, todas as pessoas gostavam apenas de vinho. Passado um ano e carregado de moral pelos amigos e familiares, tendo apurado ainda mais a receita e o líquido, um ano mais velho, e um cartaz para plano b, dizendo que se oferecia um copo a quem desejasse provar o sumo, 165
cheio de fé, abalou ao seu destino. O líquido parecia, agora, obra dos Deuses… algo diferente e sublime. Acreditava que, desta vez, ia vender o sumo, mas não vendeu… nem um copo, novamente. Comentavam todos perante o choro compulsivo do rapaz, que relevasse, pois, aquelas pessoas só gostavam de vinho. Talvez até o vinho nem fosse bom e, até, prejudicasse a saúde, mas… era o que as pessoas gostavam. E ninguém lhe devolveu o dinheiro da licença. Agora pergunto: ''Deve continuar o rapaz a fazer a groselha? E uma Cidade que tenha vinho e groselha vale mais do que uma que só tenha vinho ou só tenha groselha? ''. Moral da história: As cidades que tenham vinho e groselha têm duas opções, diversidade. São Diver Cidades. Mais tarde, a marca que comprou o sumo e o segredo transformou o Mundo. E o segredo era: ''Faças o que fizeres, o que nos derrete é o que é verdadeiramente nosso e… se dá aos outros. A grandeza está no carácter das coisas”.
Tempo Eu. Ia no caminho de casa e uma senhora idosa, muito idosa, à porta da rua, mas ainda no interior, de robe e olhar vago, na noite, parada, cristalizada, focava para o chão cinco metros adiante, mesmo que as rugas nem deixassem ver os seus olhos, talvez cinzentos… não sei se ela esperava ou se era o próprio tempo. Passei no passeio no meu passo e, desde longe, habituei-me a vê-la à distância no seu modo de cera, não havia diferença entre a velha vivenda e a espera. Apesar do meu passar não passei, porque àquela porta, com a senhora quase morta, era como se o tempo viesse ter comigo. Eu próprio não sei que tempo sou. A senhora, essa, parecia ser o tempo todo e, tal como eu, passando não passei, ela continuou a ser o tempo e eu o que não sei. Talvez ela esperasse apenas tempo ou a falta dele, talvez nem ela soubesse o tempo…
Amarra Há uma pequena corda que amarra o navio ao cais. Ela é suficiente para suster a força dos dois monstros: navio e mar. É assim a corrupção. Pequenas coisas, ronha, mantêm presa a Liberdade que não desamarra do cais da vergonha.
Democracia Às vezes, cortamos fios de ouro com tesouras de prata. 166
Nota final: aos desatentos, como a diferença entre arte e lampejo, estive a falar de Liberdade e o coiso que eu vejo. Uma coisa é uma coisa e, outra coisa é outra coisa. Há bichos para todos os medos.
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NOS SESSENTA ANOS DO PALÁCIO DA JUSTIÇA DE GUIMARÃES César Machado, Advogado cesarmachadoadvogado@gmail.com
A persistência dos vimaranenses em comemorar a Batalha de São Mamede, a 24 de Junho, não é dos dias de hoje ou dos anos recentes. A invocação da “primeira tarde portuguesa”, como lhe chamou Alexandre Herculano, e José Mattoso repetiu, vem de há muito. Curiosamente, a primeira vez que foi celebrado o Feriado Municipal sucedeu em 1974, depois de 25 de Abril. Contudo, a deliberação de criar tal feriado foi tomada pelo executivo camarário em Março do mesmo ano, antes da Revolução dos Cravos. Nos anos iniciais, não houve a mobilização que se veria mais tarde. Havia preocupações mais prementes. No primeiro, estavase muito próximo de Abril; no segundo, o Verão ia muito quente. Posteriormente, estabilizou-se e Guimarães vem comemorando e reclamando, e bem, que a data se torne Feriado Nacional. O Dia de Portugal deve ser o dia do seu nascimento, com todo o respeito por Luís de Camões. O costume das inaugurações no dia 24 de Junho é mais antigo que a criação do feriado. E em 1960, neste dia, houve várias e bem importantes. Presidiu o Chefe de Estado, Almirante Américo Tomás, com vários Ministros, cada um para as edificações da sua área. Assim, foi inaugurado o Bairro de Urgeses, com 72 moradias, mandado construir pela Câmara Municipal, a rodovia entre Covas (Polvoreira) e o Castanheiro, o edifício da Caixa Geral de Depósitos, o restauro da Igreja de São Domingos, depois de significativas obras, e o Palácio da Justiça. Houve forte mobilização da cidade. Da edição de 1 de Julho de 1960 do jornal “Comércio de Guimarães”, na sua primeira página consta o seguinte: Junto ao Paço dos Duques, quando o Chefe de Estado ali chegou, cerca das 11 horas, o espectáculo era soberbo. Por toda a parte se viam cerradas fileiras de povo, colégios, muitas senhoras e pessoal de representação, não só de Guimarães, mas de concelhos e distritos vizinhos, que, ansiosos aguardavam a chegada do Sr. Almirante Américo Tomás. Pois bem, entre as inaugurações indicadas encontra-se o Palácio da Justiça, que assim comemora, por estes dias, 60 anos. Merecem invocação alguns factos e diversas curiosidades. 168
Alguns dos dados estão na página da Internet da Direcção Geral do Património http://www.monumentos. gov.pt/site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=16386. Ali se qualifica o edifício como “Arquitectura Judicial do Século 20”. O projecto é do Arquiteto Luís Benavente (1902/1993). O seu interior apresenta obras do Artista Plástico António Lino, (1914-1986). A Sala dos Passos Perdidos tem duas paredes revestidas com mosaicos representando as Cortes de Guimarães, e a Sala das Audiências, um fresco alusivo à Batalha de São Mamede. No lado exterior da entrada principal, encontram-se duas esculturas de diferentes artistas, apesar da sua aparente identidade comum. Do lado esquerdo a escultura da Justiça, de Joaquim Correia (1920) e, do lado direito, a escultura da Lei, de António Duarte (1912-1986). No Largo fronteiro ao edifício está a estátua da Condessa Mumadona, da autoria de Álvaro de Brée (1903-1962). O Largo sofreu obras profundas na última intervenção, da responsabilidade do Arquiteto Álvaro Siza Vieira (1933), inauguradas a 5 de outubro de 2005, das quais resultou a criação de um parque de estacionamento subterrâneo, por baixo do Largo. O monumento à Condessa Mumadona recuou uns metros, ficando mais próximo do edifício do tribunal, mas virado para o Paço dos Duques de Bragança quando antes se encontrava virado para o Palácio da Justiça. A já referida edição de 1 de julho de 1960 do jornal “Comércio de Guimarães”, na sua página 2, informava que O edifício do Palácio da Justiça tem sido muito visitado, ainda mesmo por pessoas de diferentes distritos, sendo todos unânimes em afirmar que, no seu género, é o primeiro do País, esperando-se que o edifício principie a desempenhar a sua alta função em Outubro próximo. A reportagem sobre a Inauguração iniciase, contudo, logo a partir da sua 1ª página, do modo que se segue: Inauguração do Palácio da Justiça foi acontecimento que jamais esquecerá. O majestoso Largo que o enfrenta, muito antes da chegada do sr. presidente da República, apresentava curiosa cercadura humana, que sob as ardências do sol, aguardavam a hora da inauguração do novo edifício do Palácio da Justiça., que já projectava a sua monumental fachada. O sr. presidente da República, ao entrar no mesmo, fê-lo no meio de constantes manifestações de carinho e apreço, enquanto das varandas do edifício caía constante chuva de papelinhos com as cores da cidade.
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Como é público, à época, os jornais confrontavam-se com o apertado crivo da censura. E a arte de a fintar exigia habilidade literária. O recurso a metáforas, os ditos, mas, nas entrelinhas, os significados ao lado do que está escrito, mas que se pretende passem para o leitor, tudo isso teve magníficos exemplos. Este lance apontado na reportagem, dos papeizinhos que constantemente choviam da varanda do edifício, deixa muitas dúvidas. Trará água no bico? O que estarão a fazer os papeizinhos naquele texto? E porque se coloca aqui tal interrogação? Conhecendo-se o percurso político de Manuel Luís T. Júnior, percebe-se bem. Em 1960, aquando da inauguração do Palácio da Justiça, e ainda jovem, integrava uma célula do PCP, em Guimarães, clandestina, evidentemente, como todas. Viria a ser preso em 1961, tal como os seus camaradas próximos. No seu depoimento em Guimarães Daqui Houve Resistência, Recolha e Organização de Textos de César Machado, pág. 341, 342, edição do Cineclube de Guimarães, 2014, pode ler-se: Também nesse ano há um curioso episódio relacionado com a inauguração do Palácio da Justiça. As obras tinham sido feitas pelos próprios presos. Iniciaram-se em 1955 e a primeira coisa que foi erguida foi uma vedação em torno da área de construção, uma vedação feita pelos presos para impedir a sua própria fuga. Finda a obra, passados cinco anos, prepararam uma cerimónia toda engalanada com a presença do Presidente da República, Américo Tomás, do Ministro da Justiça, Antunes Varela, do Presidente da Câmara, Castro Ferreira, e de inúmeras entidades como era e é costume. Escolheram a data de 24 de Junho de 1960, dia de São João e Dia da Cidade de Guimarães, embora fosse comemorado como Feriado Municipal apenas depois do 25 de Abril de 1974. Fomos então incumbidos da seguinte missão: - faríamos subir uns balões com um rastilho e, colado à boca do balão, ia colado um molho enorme de tarjetas feitas em papel muito fininho do tipo papel de mortalha, com dizeres anti fascistas. Aceso o rastilho, soltávamos os balões e quando o rastilho chegasse ao fim, rebentava com o balão, espalhando inúmeras tarjetas que choveriam do céu. Fomos para o Monte do Cavalinho, um lugar alto, para executar a operação. Mas, estava demasiado vento, não dava para soltar os balões. Então, nessa noite, pegamos nas tarjetas e fomos colocá-las em volta do edifício do Palácio da Justiça. Em locais estratégicos. Deu-se o caso que na manhã seguinte fez vento novamente, os papéis subiram pelo ar e muitos entraram pelo edifício do tribunal dentro. Isto na época deu um enorme brado, foi muito falado. (Mais tarde, quando fui preso, a primeira coisa que a PIDE me pôs à frente foi uma dessas tarjetas. Perguntaram-me se conhecia aquilo. Claro que nunca tinha visto tal papel). A que papeizinhos pretendia o jornal aludir? 170
O MUNDO SONHOU Albino Baptista baptistagv10@gmail.com
Era uma sexta. Um início de fim de semana. Um dia diferente, pelo menos em símbolo de ilusão. Era uma sexta. As noites, nesse dia, tinham sabor diferente. O ar parecia mais gaiato, as ruas mais acriançadas, os parapeitos das casas quase históricas, mais alegres e as flores mais divertidas, parecendo fazer vénia aos transeuntes, que as olhavam de baixo para cima, parecendo dizer: é fim de semana! Vamos festejar! Vamos brincar! Adelgaçado, o Amadeu parecia numa maratona, como se nunca tivesse feito aquele trajeto, numa sexta feira, num início de fim de semana. Não andava: corria. Alice, mais pesada, melhor arranjada – às sextas ia ao cabeleireiro – ficava para trás, tranquilamente, ouvindo os berros do homem, enfurecido pelos 44 dos sapatos, que lhe apertavam um joanete. Em sentido contrário, a Prazeres e o Serafim, braço dado, amparando-se um ao outro – ai os meus ossinhos, gemia ela - toda aperaltada, porque era fim de semana, sexta feira, e trilhavam o alcatroado do costume, fizesse calor, chuva, vento ou frio. E ele, recordando as suas conquistas de novo, já que elas não olhavam para ele, olhava ele para elas, sorrindo ainda maroto, até o bigode bem grisalho se entontecer de entortado. Olha-me este! Quem andou já não tem para andar, menino!, zumbava a Praz , entre ciumenta e gozona. Outros pares se avizinhavam e faziam sinais na noite luarenta, ao longe, mais perto, mais ao lado, ao desembocar das esquinas, enquanto alguns vinham sós para entreterem a boca da noite e a velocidade do tempo. Era uma sexta. Em casa, o casal Fernandes dava asas à responsabilidade e atropelava-se um ao outro. Ele, porque, nestas velocidades, não sabia onde estava o travão nem a embraiagem. Ela, porque com tanto ano de conhecimento, estava saturada dos esquecimentos e de ser ela o pião das nicas, quando o Leandro Fernandes entrava em órbita.
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Viste onde pus o relatório de atividades para ser discutido daqui a um bocado, na sede? Raios, que desapareceu! Parece bruxedo… é sexta … Rosa, mancando pela casa fora, desesperava para apertar aquele soutien e para que ele a não visse assim, mas sentenciou: sempre a mesma coisa! Olha à tua frente, na mesinha de cabeceira! O que é isso? Ah! Já olhei tantas vezes…. Como raio veio aqui parar? Foram as moscas… Andam assanhadas, hoje! Depois, o Fernandes prontinho, mesmo à beira da porta, fechando tudo contra ladrões, à espera dela… Sempre atrasada. Teria de voltar a subir as escadas?! E os bicos de papagaio? Era o que mais lhe faltava. E para se levantar na cerimónia? Como haveria de ser? Acotovelando-se um ao outro, rua acima até ao 16, o casal procurava endireitar-se bem e quanto mais cheiravam o número, parecia que acontecia como com Fernando Pessoa: quanto mais se aproximava da Igreja, mais o sino soava mais longe! Chegaram. Cumprimentos habituais, daqui um abraço, dali um beijo, dacolá um ajeitar melhor a gravata, de lá um centralizar melhor as pregas da saia. O habitual, nestes preliminares das sessões solenes, que Rosa odiava, principalmente quando o homem atropelava as palavras ou se engasgava com os nervos. Uma noite. Habitualmente, após a telenovela, Rosa fazia as suas orações e obrigava Leandro a tomar parte no terço. Abrindo a boca como um leão, antes da sesta, ele cumpria e até esperava que a mulher limpasse alguma lágrima furtiva, quando se chocava, rezando, com alguma recordação mais maldosa… Naquela noite, este trabalho foi executado. Deram boa noite e abandonaram-se nos braços de Morfeu. Leandro, um aberto outro fechado, deu conta que se sentia farto, mas não conseguiu reconstituir o que havia degustado ao jantar, tal o soninho feroz que o atacou. E… Via-se num baile de gala, ainda solteiro, daqueles que nunca perdia, desse por onde desse… Altito e esguio bebia vinagre, um golinho, todos os dias para emagrecer- era conhecido pelos passes nos tangos e nas valsas. Elas, as debutantes, trocando as vistas ou olhando para baixo e revirando pra cima, só esperavam que ele as fosse buscar para sentirem aquelas mãos no seu corpo, segurando-as, quando o rodopio era mais intenso e brusco… Aqui, aliando a intenção às exigências da dança, ele apertava mais um pouco e deixava descair a mão direita até ao traseiro da donzela, que bem sentia e gostava, sonhando enlevada, antes de adormecer… 172
Era uma sexta, excecionalmente. Leandro nunca estivera tão ufano e tão leve… Não havia jantado… Andava de olho na Rosa do Antão, grande proprietário da região, tão grande como sovina, segundo a filha lhe contava, em segredo, através de papeizinhos, deixados no portão da casa, num local escolhido e escondido. Ambos tinham a estória bem sabida, decorada, devorada pelos neurónios. Tinha de dar certo. E Rosinha corava levemente, ao recordar. E Leandro apressava os 43, ao sentir, dali a horas, a donzela nos seus braços… E na cama dela… Mas que trabalho lhe dera organizar tudo aquilo, ponto por ponto, passado, depois, a pente fino! Ia começar o baile. Rapazes para um lado, donzelas para outro. Ao centro, Antão abria o baile, jaqueta de punhos de ouro a contrastar com o dente de prata, enrolado com a dama, a mulher Felismina. E - zás - lá ia ele mais o bigode assanhado ao encontro dos braços e peito da sua menina. O plano não pode falhar! lia-se nas pupilas azuis escuras, que aumentavam de volume… Dança, mais dança, mais dança. Quatro tangos e duas valsas. Pausa para uma bebida e verter águas. Leandro Correia havia pensado que, após a reforma, tudo faria para organizar com colegas que quisessem, grupos de Cultura múltipla, Canto, Teatro, Dança, um Escrito onde ficassem registados os atos levados a cabo por eles, em prol da sua Terra, tentando dinamizar ou colmatar falhas de nível cultural que a sua cidade necessitasse, para, acima de tudo, a elevar ao lugar que merecia ter. A ideia cresceu, evoluiu, foi divulgada, aqui, ali, em conversas de fim de semana, sistematicamente, de molde a chegar ao momento e haver já algo em que “mexer” e iniciar o trabalho bairrista. Assim aconteceu. Rosa foi o braço direito dele nessa iniciativa, ajudando no que podia e integrando-se habilmente em dois grupos. De seguida, como acontece quase sempre, institucionalizaram-se e no momento próprio avançaram para eleições. E, desde aí, Leandro aguentou, aguentou, porque era sempre eleito…. Atualmente, sentia-se cansado, já sem idade para enfrentar as situações que se deparavam nem as diferentes normas, que cada vez mais, eram emanadas pelo governo. Mas... Continuava e Rosa bem fazia cruzeiros e maratonas para ele ser substituído, mas ninguém avançava… Acabaria aquele sonho? Cessaria o que o Mundo sonhou e aconteceu há vinte e cinco anos? O sonho comanda a vida! Mas as idades não perdoam… Rosa andava preocupada com a saúde do homem. Suspirava como quando Leandro, nos seus bons tempos, a penetrava e fazia sonhar mais que todo o mundo… 173
Recordam-se da pausa e do baile, em que Leandro voava para Rosa Antão, aguardando que o plano gizado se concretizasse? O anfitrião voltou ao meio do salão, dando início à “segunda parte” do baile dos debutantes. Rosa esmagavase em Leandro… O champanhe dá sempre efeito mais os docinhos… Ele esvoaçava no salão e nem sabia quem era nem onde estava. Suava muito e bebia à medida… Ela já bebia da tacinha dele, às escondidas, porque era mais baixa e se escondia no peito dele… Rosinha, está na hora, senão não vamos ter tempo… Não esqueças nada, não? Porta encostada para eu entrar. Abres a outra, a que dá para o interior, caso haja azar, para eu poder esgueirar-me… Descansa que vai dar tudo certo… No fim desta valsa, eu saio, mas vou falar à minha mãe. Sim, já me esquecia disso! Que Santo António nos ajude Rosinha querida. Tomara! Escapuliu-se e espantou Leandro! Nem a viu! E, numa reviravolta, fingiu ir ao WC e seguiu o trajeto planificado. A porta estava encostada e o coração de Leandro parou… mal entrou, porque Rosinha já só tinha soutien e a saia levantada…. Leandro queria andar…, mas vinha para trás… foi ela que o foi buscar e tombaram na cama… Oh Oh Que é isto? O que estás a fazer Leandro? Em cima de mim? Tu abafas-me! Acorda, homem! Estás a tremer! Vamos ao hospital? Ah Ah Ah O quê? O que foi? O que dizes? Ah Ah que te deu? O que aconteceu? Sai de cima de mim, Leandro! Cuidado com a minha perna! Ai as minhas costas, gritava Leandro, saindo a custo de cima de Rosa! Não sei o que se passou… diz Leandro, triste por ter sido apenas um sonho! Podia ter ido até ao fim! O Mundo Sonhou… E eu rejuvenesci …
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O CANTO EM CONTEXTO INFORMAL A IMPORTÂNCIA DO CANTO EM CONJUNTO Júlio Esteves Dias, maestro de Osmusiké juliofilosofo@gmail.com
“A música é a forma mais elevada de expressão artística que o homem conhece. É um conjunto de sons dispostos entre si, de maneira a criar um estado de espírito superior que tanto pode levar uma multidão a estagnar-se em êxtase como a lançar-se ao fragor de uma batalha onde a morte espera…” (Alves Redol, 1939)
Desde tenra idade que me dedico ao trabalho de ensaiar e dirigir coros amadores com os mais variados fins e repertórios e, por isso, como diretor artístico de Osmusiké Coro, achei oportuno, no arranque deste excelente projeto e-book, CADERNOS OSMUSIKÉ, tecer algumas considerações sobre o papel do canto coral num contexto informal de ocupação de tempos livres e lazer, com o objetivo de animação musical e cultural, através do canto, de pessoas de todas as fachas etárias. Depois de um breve enquadramento teórico e histórico, referir-me-ei ao papel do canto coral como ferramenta de motivação e terminarei com a importância do canto em conjunto. 1. Noções gerais O canto é, para Welch, «parte integrante das culturas musicais mundiais e, por inferência, um dos meios mais comuns na educação musical, seja em contextos formais, como a escola, ou informais, como em casa, ou no convívio entre pares, na comunidade em geral» (2004, 8). O Coro, segundo Amato, é um espaço constituído por diferentes relações interpessoais e de ensinoaprendizagem, exigindo do maestro ou do diretor artístico uma série de habilidades e competências referentes não somente ao preparo técnico musical, mas também à gestão e condução de um conjunto de pessoas que procuram a motivação, aprendizagem e convivência num grupo social (2007, 75-96). O coro é uma organização que pode ser formal ou informal. De certo modo, é um grupo social que se rege pelos recursos humanos (maestro/professor e coralistas) e também através de recursos materiais (tais como, instrumentos musicais, partituras etc.) 176
2. A pertinência da prática do canto A prática do canto é defendida por vários pedagogos devendo ser trabalhada em complementaridade com atividades de audição, desenvolvendo assim o estímulo musical. De facto, como nos refere Idalete Giga (2008, 29), «vivemos num mundo completamente dominado pela imagem, pelo virtual, pelo ilusório. Dir-seá que a visão destronou a audição [...], perderam-se os hábitos de escuta, a capacidade e a disponibilidade para ouvir, para nos ouvirmos uns aos outros». Acrescenta esta autora apoiando-se nas palavras de Sá (1997, 10), que «há uma atrofia generalizada da audição que conduz ao esquecimento do acto de cantar», apontando como causas daquela atrofia, [...] a falta de prática vocal nas escolas, a música ligeira incantável e ensurdecedora e a perda da tradição dos serões familiares, em prol das horas de vídeo e de televisão que arrastam consigo um estado de letargia de todo o processo educativo, seja ele o acto de cantar, pintar, escrever ou outro (2008, 30).
3. Dos primórdios do canto coral Entre os grandes agentes sonoros coletivos o coro é o mais antigo. A existência de uma prática coral ligada às danças sagradas e aos cultos religiosos é relevada pelos antigos documentos do Egito e da Mesopotâmia. Uma das mais antigas formas de socialização é a prática do canto em grupo. Isso pode ser comprovado nos documentos sobre a formação do homem grego e nas atividades musicais e sociais nas demais civilizações antigas. As origens do canto coral esboçam-se entre os povos primitivos, as evocações aos espíritos, por arte de magia, gritos secundados pelos tambores que incitassem e conclamassem o povo para as lutas e ainda nas exclamações entoadas para dar ritmo ao trabalho coletivo, nas repetidas toadas festivas, nas comemorações de feitos de bravura em louvor dos deuses e heróis nos rituais religiosos e lamentações fúnebres. Segundo Behlau e Rehder (1997), o homem primitivo já usava o canto para alegrar, exprimir seu pesar, avisar os outros de um perigo e para acalmar os poderes superiores. A música como produto cultural e histórico (música e sons do mundo) é um dos objetivos que pode ser alcançado tendo como meio a prática do canto coletivo. O canto coral é encontrado em todos os povos, desde as épocas mais remotas até aos nossos dias. Surgindo naturalmente de manifestações coletivas
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religiosas e profanas, foi desde cedo compreendido como fator associado e disciplinador, expressão conjunta de anseios de júbilo ou pesar. Na Antiguidade pré-clássica e na clássica a música era considerada um meio importante para que os grupos e os indivíduos tivessem a possibilidade de exteriorizar seus estados de espírito e acompanhar, por consequência, o trabalho, os cultos religiosos e as festas sociais. 4. O Canto Coral como ferramenta de motivação O canto coral é promotor de qualidade de vida e de equilíbrio social. Assim, após o cumprimento das necessidades básicas e de segurança de determinada população alvo, a participação em atividades que promovam o aumento da auto-estima e do senso de auto-realização constitui significativo aspeto da formação do indivíduo. Para motivar, é preciso cultivar a autoestima individual, integrar a pessoa no seu grupo de trabalho e fazê-la sentir-se importante para o sucesso coletivo. A função do maestro é simultaneamente técnica e relacional: deve alcançar as situações de aprendizagem, observar os comportamentos de cada coralista perante uma determinada tarefa e ajustar-se às necessidades de cada um. Só com um compromisso simultâneo do maestro e do coralista permite o êxito dos concertos e apresentações públicas.
5. A importância do canto em conjunto Independentemente da satisfação emotiva provocada pela própria música, o canto em conjunto, contribui para o desenvolvimento físico, intelectual e moral do indivíduo aperfeiçoando-lhe assim o sentido auditivo, a utilização apropriada da voz, despertando-lhe a inteligência, o raciocínio e a sensibilidade. Trabalhar em conjunto favorece o espírito de cooperação e cordialidade; controlando os ritmos individuais, ensina a esperar, a intervir oportunamente, a trabalhar em grupo sem prejuízo da personalidade, nivelando diferenças e abolindo preconceitos, conjugando esforços, interesses e iniciativas num objetivo comum, no caso, a interpretação perfeita da voz executada
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Para cantar num coro, no que respeita ao aspeto de integração social, para que não exista distinção social é fundamental ter prazer em cantar e fazer amigos. Quanto à importância sociocultural do canto coral, vale afirmar que, a música, concebida como função social, é inalienável a toda organização humana, a todo o agrupamento social. A perspetiva da inclusão caracteriza-se pelo facto de todos os indivíduos pertencentes a um coro se encontrarem na mesma posição de aprendentes, unindo-se na procura de objetivos comuns de realização pessoal e de grupo. Assim, inicia-se o processo de integração, no qual a cooperação dos coralistas é efetivada por meio de uma união com sentimentos canalizados para a ação artística coletiva. Não cantamos para nós. Cantamos para os outros, isto é, exprimimos “qualquer coisa a alguém”, pois quando se canta, esse alguém é o público, a quem entregamos a mensagem. É este o espírito que informa Osmusiké Coro onde, por isso, dá gosto trabalhar. Bibliografia Giga, I. (2004). A Educação Vocal da Criança. Revista Música, Psicologia e Educação, CIPEM, nº 6, pp. 69-80. Fucci Amato, Rita (2007). O Canto Coral como prática sócio-cultural e educativo-musical, Revista Eletrônica da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Música (ANPPOM), v 13, nº1, 75-96. Behlau e Rehder (1997). Higiene vocal para o canto coral, Revinter. Welch, G. F. (2004). O canto como comunicação interpessoal e intrapessoal.
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DESENHOS DO CONFINAMENTO DO SAL COMENTADOS FOI ASSIM QUE COMEÇOU Salgado Almeida (SAL) jasalgadalmeida@gmail.com
Foi como um quarto escuro o confinamento que nos pôs a salvo do” mostrengo”. À volta da fortaleza, esvoaçava e roçava o mostrengo. Lá dentro resistíamos. Valeram-nos as janelas virtuais para criar proximidade, e longe ficamos juntos. Conversei muito com o Jorge. Era grande a sua angústia face a uma situação que agonizava as associações. - Temos de fazer algo pelos Osmusiké!... Era preciso encontrar um antídoto, para nos despertar, reativar, voltar a unir. - Vamos pôr o pessoal a fazer qualquer coisa em casa, vamos criar, partilhar… - Olha Jorge, eu por mim, vou já escrever ainda não sei o quê…mas importa fazer algo…por exemplo, tenho uma série de trabalhos que designei “desenhos do confinamento”, alguns dos quais até publiquei no facebook e que mereceram algumas leituras bastante interessantes por parte de vários amigos…se calhar, poderíamos enviar alguns desses desenhos à nossa gente, para eles comentarem…é um ponto de partida… E foi assim que começou.
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AMÉLIA Pensando a criatividade! Da reflexão em conjunto, surgem as grandes ideias. Juntos,
construímos sonhos e palmilhamos o futuro! OFÉLIA São poucos… São muitos…poucos são muitos. Muitos são poucos. Do pouco se faz muito. Do muito se faz
pouco. LURDES FARIA Pessoas que vão…Pessoas que vem…várias sensações, pessoas que nos fortalecem e que nos inspiram, para
transformar um mundo num lugar melhor.
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MARIA DA LUZ
A natureza e o Homem em plena harmonia. A força, a paz, a tranquilidade e a
esperança no futuro é o reflexo da sociedade que almejamos ser. JANDIRA Liberdade sem preconceitos. Liberdade de pensamento, de expressão, de estilo, …
Uma Liberdade que nos possa conduzir até um mundo melhor. EMÍLIA TEIXEIRA Infinitude da nossa história inspira ao místico e ao concreto.
Figura 2 – APONTANDO O CAMINHO
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João Pontes O estado de alma depende da cor do nosso Coração. Julieta
A imagem e a sua sombra... o preto e o branco... a escuridão e a luz... a vida cheia de contradições e
emoções.
Corpos e silhuetas
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GINA Travessia da escuridão da
vida. O caminho a seguir, continua a reclamar mais esforço e mais magia. CARLOS É preciso muita determinação e garra, para superar os constantes desafios da vida. Por vezes
estar ao pé do precipício, faz-nos refletir e seguir em frente. FIGURA 4- HABITANTES DO SILÊNCIO
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NATÁLIA As memórias negativas devem “migrar” da nossa
vida, sem nos trazer dor ou sofrimento… BELÉM A escuridão refletida faz transparecer a ansiedade, o medo e a sensação de não ter forma de fugir. A harmonia dá lugar aos
vazios e conflitos interiores. LOURDES GUIMARÃES
O negro e o vazio aproximam-se e as aves planam num turbilhão intenso de emoções. A sociedade está em permanente mutação.
FIGURA 5 - REINO DAS AVES
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MADALENA Tempo impreciso que chega misterioso, carregado de nuvens escuras, turbulências e incertezas. Estas dissolvem-se lentamente, quando tocadas pela luz da Lua,
assim que chega o anoitecer. SOFIA A claridade pode ser facilmente substituída por ruínas e desilusão. Acreditar que somos a melhor forma de nós
mesmos ajuda-nos a combater a escuridão instalada num passado longínquo. Essas memórias refletem a clareza da Lua.
SILÊNCIO DA LUA
187
ANA MARIA A discrepância entre o Homem e os animais faz-me
perceber o quão pequenos somos na imensidão do saber. MANUELA BARBOSA
A beleza da arte e a sua fonte de inspiração: Colosso de Pedralva,
Mumadona, Afonso Henriques do Cutileiro, levam-me a fazer esta reflexão.
FIGURA 7 - OS HABITANTES DO SONHO
188
Olívia Freitas Mulher em noite de insónia, acima da lua, forte como uma montanha, num mundo sem nuvens, mente livre, há clarividência. Enquanto no homem, formado por uma nuvem, frágil, suscetível de se
dissipar, há desconfiança. Filipe Guimarães Silêncio de um olhar...
Tranquilidade da mente. José Maria Gomes Viagem no além...As profundezas do subconsciente.
Sonho
189
Friso de Balsamão Adelino Ínsua aeipereira@gmail.com
Pintura/ desenho
190
Tributo a Guimarães Liliana Xavier (Autora do texto) liliana.xavier@gmail.com
Nelson Xize, Artista Plástico (Autor da obra) nelsonxize@nelsonxize.pt
Pintura a óleo sobre tela 1,40 x 2,40 mts*
Um “Tributo a Guimarães” pelas mãos do artista plástico Vimaranense Nelson Xize, ilustra esta cidade que me viu nascer, e eu vi (re)nascer a partir da representação das suas origens, através de momentos de glória associados à época medieval. Foi com enorme orgulho e admiração que assisti à criação desta obra de arte, que traduz, não só o património arquitetónico do berço da nação, como também o cultural, as tradições e as referências de uma cidade imortal. A minha, A tua, 191
A nossa, A vossa cidade, Guimarães. Quem não se revê nesta obra de arte? Quem não tem a sua história retratada neste quadro? Com dedicação e carisma, foi um processo moroso que eu vi crescer, onde a criatividade fala por si e o resultado final fala por todos. Uma cidade repleta de história, uma tela repleta de cor, de pormenor, que nos transporta para as memórias inesquecíveis de um povo bairrista, um povo de arte e cultura, que são os Vimaranenses. *Esta obra de arte encontra-se exposta no restaurante Mumadona, Guimarães.
192
Jardins imperfeitos Filomena Bento filenabsbento@gmail.com
Jardins imperfeitos Quando o jardineiro acordou sentiu desejo de criar um jardim novo. E percebeu que tinha envelhecido. Tentou desenhar, mas as pontas das linhas
não
se
encontravam,
os
quadrados tornavam-se trapézios e os círculos continuavam-se em espirais. Pegou no seu desenho imperfeito, quase sem sentido, e avançou para o terreno abandonado onde já haviam nascido e morrido outros jardins talvez
aí
percebesse,
talvez
encontrasse no cheiro da terra a memória da criação. O desenho foi passando para a terra – mas não era o plano imperfeito que traçara, porque as ideias encontravam pela frente a vontade do próprio espaço. Nasciam os canteiros, os Filomena Bento, JARDINS IMPERFEITOS, acrílico sobre tela 100x80 cm, 2020
caminhos, as fontes sem que nada fosse alinhado como ele imaginara;
193
não conseguia decidir as cores exatas para as flores nem as espécies de arbustos e de árvores, ou o percurso das águas. E assim plantou muitas flores, de muitas cores. Antigamente cresceriam belas e disciplinadas, ocupando cada espécie o seu lugar; mas agora disseminavam-se, misturadas, seguindo linhas imprevisíveis que davam origem a manchas novas, criando espaços que ultrapassavam a tirania do desenho. O jardineiro via mal. As mãos tremiam-lhe. Deslumbrava-o o facto de, ao não controlar o seu corpo, a mente libertar formas das quais nunca tivera consciência que existissem. Lá do alto, a rola que sobrevoava o jardim tinha uma perspetiva diferente, e o que ela via parecia-se muito com um desenho. Agora o jardineiro estava completamente dentro do jardim, embrenhado nele, perdera a perspetiva. Valialhe a rola: - Mais verde à direita! Ali podes plantar uma alameda de magnólias. E deixa correr o ribeiro até ao grande lago! Entusiasmava-se o jardineiro como se fosse jovem outra vez. Teve um sobressalto ao reparar como as ervas, que dantes eliminava, se vinham misturar com as flores. E viu como as ervas eram belas, robustas e fiéis. Quando ele morresse as flores e os canteiros iriam desaparecer se ninguém cuidasse delas, mas as ervas ocupariam o seu lugar e oferecer-lhe-iam abrigo para sempre. E o jardineiro desejou morrer um dia à sombra dum carvalho. Houve uma altura em que teve medo que a sua obra não viesse a ser entendida por ninguém, não sabia se aquilo era mesmo um jardim e se ele próprio era mesmo um jardineiro. A rola sobrevoou mais uma vez o grande espaço colorido e inacabado, mas não disse nada e retirou-se.
194
E o jardineiro ficou só. Um dia entrou no labirinto, o que lhe despertou memórias do prazer de se perder. Há um imenso silêncio nos labirintos, mesmo quando estão cheios de gente. Aquele lugar havia-o ele construído muitos anos atrás – no entanto parecia não lhe pertencer, como se tivesse entrado, furtivo, em casa de outrem. Não sentia solidão, só um vago receio de se encontrar num outro mundo. Porque era de noite, ouvia o som de animais pequenos que não podia ver. Luziam estrelas no céu e a rola dormia numa árvore. Não quis acordá-la. “A simetria é para os preguiçosos” - disse um dia a rola, e passou a explicar: “Basta repetir, mas ao contrário, e o efeito é previsível. Mas tu entraste no labirinto e aí ninguém pode dizer o que está certo ou errado”. E o jardineiro sentiu alguma saudade do tempo em que desenhava círculos perfeitos que se interligavam nos pontos certos e descreviam fontes e canteiros; teve saudades das alamedas limpas e das sebes aparadas – mas apenas conseguia aperceber-se das forças contraditórias que o guiavam. “Não estás perdido”, - disse-lhe a rola - “estás só a descobrir o caminho”. Já era de manhã. Os altos muros vegetais alargavam-se, revelando novos espaços e passagens. O jardineiro renasceu com uma luz nova: “É esta a minha casa, pertenço aqui.” Flor a flor, cor a cor, espaço a espaço, som a som, foi criando novas harmonias. “E, no entanto, há muitos anos, já usei estas cores, plantei estas árvores, dei forma a estas sebes, planeei o cantar da água das fontes e o chilreio dos pássaros que aqui se instalariam; há muitos anos, sonhei o desdobrar das perspetivas ao caminhar nas alamedas.” Continuava ainda no labirinto e era como se as paredes se fechassem e os espaços se fossem estreitando. “Se eu desse a volta ao mundo”, - pensava o jardineiro - “viria sempre, por fim, ter aqui. Será por isso que nunca fui embora, nunca saí? Estarei fechado do lado de fora? No dia em que conhecer os limites do jardim, sei que irei morrer. Então é bom que este jardim não tenha muros.” 195
“Mas a rola pode voar, por isso sabe muitas coisas. O seu arrulhar guia-me os movimentos e o seu grasnido repentino faz-me criar rasgões nesta paisagem. A rola é a única que conhece por inteiro o meu desenho.” O jardineiro escolhia arbustos novos: “Quero aquele verde claro, luminoso e alegre, para surgir por trás do escuro dos ciprestes - porque o sonho de todo o criador é transmitir o sopro da vida.” E não represou o pequeno ribeiro: “Corre ribeirinho, fresco e jovem, deixa que a tua água cante sobre as pedras! Os lagos não cantam”. E ao vê-lo cansado, disse-lhe a rola: “Endireita as costas. Não transmitas ao jardim nem as dores nem o peso do teu corpo. Assim, ele emergirá leve dos sonhos e poderás fundir-te nele para sempre.” O jardineiro pensou que era fácil para a rola, que voava; mas tentou obedecer. E os seus passos não faziam ruído ao pisarem os caminhos saibrados; e as mãos trementes plantavam uma a uma cada árvore, lançavam à terra novas sementes, regavam os canteiros que haviam secado, construíam pequenos canais para dirigir a água. E disto só eram testemunhas o silêncio e a sombra dos ciprestes; porque a rola tinha saído dali - “vou tratar da minha vida” - dissera ela - “volto mais logo”. E ele tinha-se sentido inseguro. “Quero aqui a força do vermelho. Um grito de alegria, não de guerra”. “Boa noite, rola! Vai dormir.” Ela não estava ali - o jardineiro falou só porque precisava de sentir que tudo estava no seu lugar. Ouviu grasnar ao longe. “Volta ao trabalho” - incitou a rola - “tudo no jardim deve acordar; tudo no jardim só existe quando o tocas e o fazes ser”. “Mas se ninguém vir o meu jardim, é como se ele não existisse, é como se eu não existisse.” “Não importa, continua. O jardim vai existir enquanto o construíres; depois... não sabemos: poderá ser submergido pelas marés ou simplesmente, de mansinho, ser ocupado pelas ervas.” 196
“Fica comigo” - pediu o jardineiro à rola. E nesse dia semeou as miosótis. “Estou cansado”. E a rola sabia que sim. “Estou inseguro” - foi tudo o que o jardineiro disse ainda outra vez. A rola olhou para outro lado e não disse nada, porque sabia que ele tinha trabalhado muito. E houve mais um dia. Faltava fazer tanto! O jardim rodopiava-lhe na mente, acendia-se e apagava-se conforme o trabalhava. “Sustenta-se do tempo e da minha alma!” - Ele parou mais uma vez para observar a sua obra, o pensamento procurando respostas para o que os olhos viam, o corpo absorvendo a essência dos sonhos. Lá do alto, a rola era o freio e a dobadoura das ideias. Para que tudo batesse certo, para que os fios não se ensarilhassem, ela vigiava. Ao fim da tarde, o jardineiro viu que o que tinha feito era bom. E foi fazer o jantar. No dia seguinte, caminhou até ao centro do jardim (havia muito tempo que já lá não ia – contornava o espaço, ordenava outros lugares). Descobriu, então, que as flores que outrora semeara explodiam em cores. E nessa manhã, e ao longo do dia, tudo que produziu fluía como uma dança há muito ensaiada em que tudo saía certo. “Boa noite, rola!”
Fevereiro/março de 2020
197
Pequenos recetáculos Teresa Almeida teresalmeida@gmail.com
Casting, medidas variáveis, 2018
198
199
OSMUSIKÉ Cantar Guimarães Este relatório pretende descrever as atividades desenvolvidas pela ASSOCIAÇÃO MUSICAL E ARTÍSTICA DO CENTRO DE FORMAÇÃO FRANCISCO DE HOLANDA – OSMUSIKÉ, no âmbito da Valência “Cantar Guimarães”
2010 Data Espetáculo/Atividade
Local
Público alvo
Largo do Toural
Público em geral
Inauguração da sede do Canal Guimarães TV
ASMAV
Público em geral
27
“A Última Dúvida de D. Afonso”. (colaboração Bando do Gil)
Casa da Marcha
Associados, familiares e convidados
21
Feira do Livro
EB 2/3 Abação
Comunidade Educativa
29
“Património Cultural” (Turma B3 - C de formandos)
Escola Secundária das Taipas
Comunidade educativa
1
“Chuva de Estrelas”
Centro Paroquial de S. Cristóvão de Selho
Público em geral
8
Aniversário do Centro Social Cultural Desportivo Recreativo de Vila Nova de Sande.
Centro Social Cultural Desportivo Recreativo de Vila Nova de Sande
Associados e público em geral OSMUSIKÉ
22
“Cantar Guimarães” acompanhar o grupo de teatro “O Bando do Gil”, na “Última Dúvida de D. Afonso”
Lar de Santa Estefânia
Utentes e colaboradores da instituição
23
IX Encontro de UTIS (realizado este ano pela Universidade Sénior de Guimarães - UNAGUI).
UNAGUI
Público em geral
19
VI Encontro dos Amigos da Rua Nova.
Guimarães - Centro histórico
Público em Geral
Mês
Dia
Janeiro
6
Reisadas da Câmara Municipal
5 Março
Abril
Maio
Junho
200
2011 Data Espetáculo/atividade
Local
Público alvo
Igreja de S. Francisco
Público em geral
S. Torcato, Associação para o Desenvolvimento das Comunidades Locais
Público em geral
Gondar
Público em geral
Sede dos Trovadores do Cano
Público em geral
Reisadas - Grupo Coral e recreativo de Barco
Barco
Público em geral
26
Gala EFA (Educação e Formação de Adultos) “História – Personalidades de Guimarães”.
Escola Secundária de Caldas das Taipas
Comunidade educativa
abril
5
Sarau da Escola Secundária Francisco de Holanda – Liberdade
CCVF
Comunidade educativa
abril
8
O 25 de Abril do Agrupamento de Escolas de Briteiros
auditório de AVE PARK,
Publico em geral
Maio
22
XXX Aniversário da Associação de Solidariedade Social dos Professores (ASSP)
Camélia Hotel, em Polvoreira
Associados, colaboradores e convidados
Junho
10
Expo Guimarães
Multiusos
Público em geral
Junho
18
VII Confraternização dos antigos moradores das Rua Nova e do Retiro
Centro histórico
Moradores e público em geral
Julho
15
Lançamento da revista ELO 18
Escola Secundária Francisco de Holanda
Professores e outros agentes educativos
Outubro
9
Festa do Idoso - interfreguesias
Centro Social D. Manuel Monteiro de Castro, em Sta. Eufémia de Prazins.
Público em geral
Mês
dia
Janeiro
8
Reisadas da Câmara Municipal de Guimarães
Janeiro
14
Reisadas - Centro Comunitário da ADCL
Janeiro
22
Cantar os Reis - Paróquia de Gondar
Janeiro
23
Reisadas
30
Janeiro
Janeiro
201
2012 Data Espetáculo/atividade Mês
Janeiro
7
Reisadas
Maio
Público alvo
Guimarães - Praça da Oliveira
Público em geral
8
Reisadas - Festa do Idoso
Sta. Eufémia de Prazins - Centro Social D. Manuel Monteiro de Castro
Público em geral
13
Reisadas - ADCL
S. Torcato - Associação para o desenvolvimento das Comunidades Locais
Público em geral
22
Reisadas - Trovadores do Cano
Sede - Trovadores do Cano
Público em geral
28
Reisadas - Centro Social Cultural Desportivo Recreativo
Vila Nova de Sande
Público em geral
29
Reisadas - Grupo Coral e Recreativo de Barco
S. Cláudio de Barco
Público em geral
4
Cantar Guimarães - FNAC
Guimarães Shopping
Público em geral
16
Colaboração com o grupo de teatro “O Bando do Gil”, na peça “A última dúvida de D. Afonso”
21
Auditório da Universidade do Minho
Comunidade educativa do Agrupamento de Escolas Egas Moniz
Cantar - “Liberdade”, no âmbito do projeto NE 25 A
Taipas - Auditório da Escola Secundária das Taipas
Comunidade educativa do Agrupamento Vertical de Escolas de Briteiros
12
Conferência de Marcelo Rebelo de Sousa - “Solidariedade em Tempo de Mudança”
Pequeno Auditório do Palácio Vila Flor
Elementos e convidados dos Lions Club de Guimarães
19
Aniversário dos Antigos alunos da Escola Secundária Francisco de Holanda - Abertura
Gondar - Centro Paroquial
Antigos alunos da Escola Secundária Francisco de Holanda
26
Aniversário dos Antigos Alunos da Escola Secundária Francisco de Holanda - Encerramento
Escola Secundária Francisco de Holanda
Antigos alunos da Escola Secundária Francisco de Holanda
Março
Abril
Local
Dia
202
Festa da Amizade dos Moradores da Rua Nova e do Largo do Ourado
Junho
Colaborar com o grupo de teatro “O Bando do Gil” em “As Cortes do Reino em Guimarães”
Largo do Ourado
16
Festa da Cruz Vermelha Portuguesa
Parque da Cidade
Público em geral
20
Lançamento do ELO 19
Escola Secundária Francisco de Holanda
Professores e Educadores do Concelho de Guimarães
30
Aniversário d’Osmusiké
Marisqueira Com Requinte
Associados, familiares e convidados
13
Festa no Centro Social e Paroquial de Corvite
Corvite
Crianças do Centro Social e Paroquial de Corvite
29
Festa de inauguração de “Isto é uma Praça!”
Praça Zona de Couros
Público em geral
Feira Afonsina - Mercadores Vendas de Afonsinhos e licores
Praça Cónego José Maria Gomes
Público em geral
14 Setembro
Amigos e moradores da Rua Nova e do Largo do Ourado
16
às , 16
2013 Data Espetáculo/Atividade
Mês
Dia
Janeiro
5
Local
Organização da Câmara Municipal “Festa do Idoso “
12
16
REISADAS
Centro Social D. Manuel Monteiro de Castro Grupo Coral e Recreativo de Barco
203
Público alvo
Praça da Oliveira
Guimarães - Sta. Eufémia de Prazins Guimarães - S. Cláudio de Barco
Público em geral
Fevereiro
19
Centro Social Cultural Desportivo Recreativo
27
Trovadores do Cano
10
Santo Ovídio
Guimarães- Vila Nova de Sande
Guimarães - Cano Fafe
Março a junho
Junho
Julho
Setembro
Formação: “Saber dizer/dicção” orientada por Fernando Capela Miguel
Guimarães – Escola Secundária Francisco de Holanda
Formação: “Educação Musical” orientada por Guilherme Silva
Guimarães – Escola Secundária Francisco de Holanda
22
Festa no Centro Social e Paroquial de Corvite
29
Comemoração do XI Aniversário d’OSMUSIKÉ
12 19
Elementos d’ OSMUSIKÉ Cantar Guimarães
Guimarães Corvite
Crianças do Centro Social e Paroquial de Corvite
Guimaraes - Open Village Sports – Hotel & Spa
Membros da associação OSMUSIKÉ
Lançamento do ELO 20
Guimarães - Escola Secundária Francisco de Holanda
Professores e Educadores
Associações ao Coreto
Guimarães - Coreto da Alameda de S. Dâmaso
Público em geral
Guimarães - Centro histórico
Público em Geral
13 14
Feira Afonsina - Mercadores Venda de Licores e “Afonsinhos
15 Guimarães - Centro Juvenil
Novembro
16
Festa do Magusto do Centro Juvenil S. José
Dezembro
6
Convívio da Formação de Inglês
8
Festa da Cruz Vermelha-angariação de fundos
Guimarães - Cinema
22
Festa de Natal da ASSP- Associação de Solidariedade de Professores
Guimarães – Camélia hotel & homes
S. José Guimarães - Restaurante Oriental
204
S. Mamede
Habitantes do Lar Associados de OSMUSIKÉ, familiares e amigos
Público em geral Sócios residentes, familiares colaboradores Público em geral
2014 Data Espetáculo/Atividade Mês
Janeiro
11
Organização da Câmara Municipal
11
Cadeia de Guimarães
11 26
Fevereiro
Abril
Porta da Senhora da Guia REISADAS
Grupo Coral e Recreativo do Barco
26
Trovadores do Cano
31
Ceia de Reis d’Osmusiké
09
Santo Ovídio
Público-alvo
Praça da Oliveira Cadeia Guimarães Guimarães - S. Cláudio do Barco
Associados e convidados Público em geral
Guimarães - Cano Restaurante Oriental Fafe
24
Participação nas Comemorações do 25 de Abril
24
Cantar a LIBERDADE
25
Participação nas Comemorações do 25 de Abril
26
Participação nas Festas de Nossa Senhora da Luz Creixomil
26
Atuação integrada nas comemorações dos trabalhadores da SOPSI
10
Atuação no Convívio dos Militares amigos do Teixeira
30
Largo da Câmara
População em geral
Associação de Socorros Mútuos Artística Vimaranense
Associados e convidados
Fábrica da Ramada
Público em geral
Creixomil
Público em geral
Restaurante Histórico
Trabalhadores da Empresa
Praça de Santiago
Ex-militares e famílias
Participação na Apresentação do livro Água do cu lavado da autoria de Eva Machado
Associação de Socorros Mútuos Artística Vimaranense
Convidados
21
Comemoração do XII Aniversário D’Osmusiké
ULTIMATUM
Associados, familiares e amigos
4
Associações ao Coreto
Guimarães - Coreto da Alameda de S. Dâmaso
Público em geral
5
Casa do Machado - Calvos
Casa do Machado - Calvos
Convidados
Maio
Junho
Local
Dia
Setembro
205
13
Animação na Cruz de Pedra
26 a 28 Outubro Novembro
Participação na Feira Afonsina
5
Comemoração do dia da República
17
Sarau OSMUSIKÉ
10
S. Martinho
Cruz de Pedra
Público em geral
Guimarães - Centro histórico
Público em Geral
Casa do Machado
Convidados
Universidade do Minho
Público em geral
Sede
Associados e familiares e amigos
2015 Data Espetáculo/Atividade Mês Janeiro
16
Fevereiro
20 20
Março
Festa da Primavera
Comemorações do dia de Creixomil Escola da Pegada Centenário das Oficinas de S. José
28
Animação do Jantar da Cruz Vermelha
17
Participação na peça de teatro Portugal Amordaçado com canções de abril/ Pac Oficina S. José
11
Julho
Restaurante Papa Boa
Ceia de Reis d’ OSMUSIKÉ
22
Abril
Maio
Local
Dia
18
Participação nas Festas de Nossa Senhora da Luz Creixomil Colaboração/teatro na peça Contos…recontos…Encontros
29 2
Atuação na ADCL Paço dos Duques - 5ª feira à noite
5
O Aniversário da Carochinha
7
Infantário do Centro Paroquial de Fermentões
206
Público alvo Associados, familiares e convidados
Creixomil
Público em geral
UM
Comunidade escolar
Oficina S. José
Alunos e convidados
Estádio D. Afonso Henriques
Voluntários, Convidados
CCVF
Público em geral
Creixomil
Público em geral
Paço dos Duques
Alunos Pré-escolar e 1.º ciclo das Escolas
S. Torcato Paço dos Duques
Público em geral Público em geral
Agrupamento de Escolas de Moreira de Cónegos Fermentões
Comunidade educativa Comunidade educativa
18
Citânia de Briteiros- Feira Medieval Polvoreira (Feira Sanjoanina)
Briteiros
Público em geral
Polvoreira
Público em geral
Campo de Tiro Pevidem
Associados, familiares e convidados
19
Comemoração do XII Aniversário D’ OSMUSIKÉ
6
Associações ao Coreto
Guimarães - Coreto da Alameda de S. Dâmaso
Público em geral
18
EB 1 Alto da Bandeira
EB 1 Alto da Bandeira
Comunidade educativa
19
Gala de Emoções Artísticas ASSP
Auditório da U Minho
Público em geral
21
Abertura ano letivo das Escolas (colaboração c/ teatro) O aniversário da Carochinha
26
A Cantar pela Cidade e dia Mundial do Turismo
Outubro
16
2º sarau OSMUSIKÉ
Universidade do Minho
Público em geral
Novembro
10
S. Martinho
Centro Criativo Osmusiké
Associados, familiares e convidados
4
Inauguração da iluminação da Árvore de Natal Ecológica
Câmara Municipal
Público em geral Público em geral
Setembro
Dezembro
Monte Largo e Cruz d’Argola Do Castelo até ao Centro Histórico
4
3º Aniversário da Associação “A Vaca Negra”
Centro Criativo Vaca Negra
5
MIT Penha- Animação de Jantar da LPCC
MITT Penha
12
Colaboração c/ o teatro - Festa de Natal - O Natal da Carochinha
Pinheiro CCC –RSI Polvoreira
16
Festa de Natal - Animação Sénior (Câmara Municipal)
Multiusos
21
Colaboração com o Teatro O Natal da Carochinha
Laboratório da Paisagem
Comunidade educativa
Público em geral
Associados, familiares e Convidados Utentes, familiares e convidados Utentes das Instituições Sociais - Lares Alunos inscritos nas Atividades de Férias
Nota Final Iniciou-se a gravação do CD “Cantar Guimarães II” que terá o seu desenvolvimento através da candidatura de um projeto ao REMAGE. Da mesma forma será concluído o Projeto de um CD com as reisadas que Osmusiké tem vindo a cantar desde há muitos anos atrás 207
2016 Data Espetáculo/atividade Mês
Público alvo
Restaurante Histórico
Associados, familiares e convidados
Paço dos Duques
Público em geral
Multiusos
Instituições Sociais e lares
Clube Fenianos
Associados da instituição
ASMAV
Associados e público em geral
Restaurante Dan José Penha
Associados e amigos
UNAGUI
Público em geral
Praça Santiago
Moradores e público em geral
Dia 15
Ceia de Reis-Restaurante Histórico
23
1º Concerto de Reis
22
Colaboração com a Câmara Municipal no Projeto ATIVA – Canta de Reis
Março
12
Cantar Guimarães no Porto –
Abril
25
Cantar a “Liberdade”
17
Festa de Aniversário d’Osmusiké
22
Cantar Guimarães na apresentação de livro
3
Festa dos moradores da Rua Egas Moniz (Rua Nova e Centro histórico)
Janeiro
Local
Junho
Setembro
4/5
Marcha Republicana ASMAV
Ruas da Cidade
Público em geral
29
3º SARAU d’Osmusiké
Auditório UM
Público em geral
5
2º Sarau da ASSP
Auditório UM
Público em geral
5
Colóquio
CCVF
Público em geral
17
Festa de Natal
Lar Camélia Hotel & Homes
Utentes e familiares
17
Festa de Natal
Centro de Convívio de Idosos de Mesão Frio
Utentes, familiares e convidados
Outubro Novembro
Dezembro
208
2017 Data Espetáculo/ Atividade Mês
Local
Público
Edifício da Misericórdia
Utentes, famílias, Colaboradores Cruz Vermelha
ESFH
Comunidade Educativa
Dia 7
Cuidados Continuados da Sta. Casa da Misericórdia de Guimarães
14
Cerimónia de entrega dos diplomas de mérito e excelência do Agrupamento de Escolas Francisco de Holanda
14
Ceia de Reis d’Osmusiké
Dan José - Penha
Associados, familiares e convidados
15
FC Marinhão - Animação da ceia de reis dos associados
Marinhão - Fafe
Associados e convidados
21
2º Concerto de Reis – Cantar ao Menino
Paço dos Duques
Público em Geral
28
Participação na Inauguração da Sede da Comissão de Moradores do Bairro Nossa Senhora da Conceição
Sede
Público em geral
Fevereiro
22
Participação no dia de Creixomil
Sede
Público em geral
Abril
24
Cantar Liberdade - ASMAV
Sede
Associados e Público em geral
2
Participação nas comemorações do Museu da Casa do Povo de Fermentões
Casa do Povo de Fermentões
Público em geral
Junho
10
Participação no dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, em direto na RTP 1
Monte Latito
Espetadores RTP 1 e público em geral
Junho
16
Participação no 15º aniversário de “Osmusiké”
Rest Pança - Pevidém
Associados e amigos
17
Junta de freguesia de Fermentões
Fermentões
Público em geral
Agosto
7
Marcha Gualteriana
Cidade
Público em geral
Setembro
30
Projeto: As nossas ruas e praças têm história e vida: Pedras que falam.
Rua de Santa Maria, Largo da Oliveira, Praça de S. Tiago, Praça de Donães
Público em geral
Janeiro
209
Comemoração do Dia da República
Associação Artística de Guimarães
Público em geral
7
Projeto: As nossas ruas e praças têm história e vida: Pedras que falam - Dia dos Castelos
Castelo de Guimarães
Público em geral
28
Projeto: As nossas ruas e praças têm história e vida: Pedras que falam - 4º Sarau Osmusiké - Sons de outono
Auditório da UM
Público em geral
10
Participação no Sarau da casa do Pessoal do Hospital de Guimarães
UM
Associados e amigos
9
Lar de D. Leonor
Urgezes
Utentes e colaboradores
13
Guimarães - Sítio de memórias
Largo da Oliveira
Público em geral
16
Festa de Natal dos idosos da Arcela
Arcela
Idosos e familiares
Local
Público
Restaurante das Oliveiras
Associados, familiares e amigos
4/5
Outubro
Novembro
Dezembro
2018 Data Atividade Mês
Dia 13
Ceia de Reis d’Osmusiké
14
Cerimónia de entrega de diplomas da Escola Secundária Francisco de Holanda
ESFH
Comunidade Educativa
20
3º Concerto de Reis – Cantar ao Menino: FC Maranhão; Orfeão de Guimarães; FC Maranhão; Coro de Caldelas (Amares); Osmusiké
Paço dos Duques
Público em geral
26
Filmagens de um Sketch Teatral para a TV – Festival da Canção
Monte Latito
Público em geral
01
Atuação na RTP (Praça da Alegria)
Monte da Virgem (VNG)
Em Direto
24
Cantar Liberdade - ASMAV
Sede
Associados e Público em geral
Janeiro
Fevereiro
Abril
210
Paço dos Duques de Bragança
Público em geral
Centro histórico
Público em geral
Restaurante Pança
Associados, familiares e amigos
Dia da União de freguesias
Salão da Oliveira
Público em geral
24
Concerto Sons do Temp(l)o
Igreja da Oliveira
Público em geral
29
Participação no congresso Internacional CROSSCUT 2018 – Cross curricular Teaching: Curriculum, Flexibilityand Innovation
UM
Congressistas
3
Lançamento do ELO 25
Paço dos Duques de Bragança
Professores e público em geral
12
Festa de encerramento da época
Sala T 24
Membros de todas as Valências
Setembro
30
Projeto: As nossas ruas e praças têm história e vida: Pedras que falam.
Rua de Santa Maria, Largo da Oliveira, Praça de S. Tiago, Praça de Donães
Público em geral
Outubro
4/5
Comemoração do Dia da República Marcha Republicana
Associação Artística de Guimarães - Cidade
Público em geral
7
Projeto: As nossas ruas e praças têm história e vida: Pedras que falam - Dia dos Castelos
Castelo de Guimarães
Público em geral
13
Concerto no Mosteiro de Vilarinho – Santo Tirso
Vilarinho
Antigos alunos do Liceu Nacional de Guimarães
19
Participação no Congresso dos CFAE
Escola Profissional Conde de S. Bento - Santo Tirso
Diretores de centro, professores
Novembro
3
Concerto de gala Sons de Outono
Quinta de S. Vicente
Público em geral
Dezembro
7
Cantata Mariana
Igreja da Oliveira
Público em geral
11
Natal dos Idosos de Guimarães
Multiusos
Idosos
Maio
Junho
Julho
28
Sarau de Poesia - Somos Portugueses
19
Projeto Animação dos espaços Urbanos: Memórias que falam
08
Jantar do 16º Aniversário d’Osmusiké
16
211
2019 Data Atividade Mês
Local
Público
Restaurante Pança em Pevidém
Associados, familiares e amigos
ESFH
Comunidade educativa
Dia 12
Ceia de Reis de Osmusiké
14
Cerimónia de entrega dos diplomas de mérito e excelência do AEFH
19
4º Concerto de Reis – Cantar ao Menino: Osmusiké; Anima Populi; Grupo coral de Caldelas; Grupo Folclórico de Vila Verde e Orfeão CCD de Coelima.
Paço dos Duques
Público em geral
Fevereiro
02
Grande Gala do Fado - Guimarães Fado Associação
Paço dos Duques
Público em geral
Março
02
Sons e Estórias – Creiximir contos e lendas
Público em geral
02
Escola EB 2/3 Egas Moniz
Domus Vitae EB 23 Egas Moniz salgueiral
04
Semana Aberta do AEFH
ESFH
Público em geral
24
Cantar Liberdade - ASMAV
Sede
Associados e público em geral
27
Sons e Vozes da Liberdade – organização d’Osmusiké
Paço dos Duques de Bragança
Público em geral
18
Projeto d’Osmusiké - Animação dos espaços Urbanos: Memórias que falam
Centro histórico
Público em geral
08
Jantar do 17º Aniversário de Osmusiké
Restaurante Pança
Associados, familiares e amigos
24
Concerto Sons do Temp(l)o
Igreja da Oliveira
Público em geral
Julho
12
Festa de encerramento da época
Sala T 24
Membros de todas as valências
Outubro
4/5
Comemoração do Dia da República
Associação Artística de Guimarães Cidade
Público em geral
Novembro
09
Sons de Outono - 2º Concerto de Gala
Mit Penha
Público em geral
Dezembro
7
Cantata Mariana
Domus Vitae
Público em geral
Janeiro
Abril
Maio
Junho
212
Alunos e professores
2020 Data Atividade Mês
Local
Público
Matamá
Geral
Restaurante Pança em Pevidém
Associados, familiares e amigos
ESFH
Comunidade Educativa
Paço dos Duques
Geral
Briteiros
Geral
Barco
Geral
Sede dos Trovadores do cano
Geral
Atães
Família/amigos
Dia 4
Concerto solidário em Matamá
11
Ceia de Reis de Osmusiké
14
Cerimónia de entrega de diplomas da Escola Secundária Francisco de Holanda
18
5º Concerto de Reis- Cantar ao Menino: Osmusiké; Chorus Anima Populi; Vilancico; Orfeão de Guimarães
19
Reisadas na Casa do Povo de Briteiros
26
Reisadas em Barco
2
Participação no Encontro de Reis dos Trovadores do Cano
8
Reisadas ao Maestro
Abril
25
Liberdade em casa
Gravação em casa
Dezembro
13
“A vós homens que vieste povoar em Guimarães e àqueles que aí quiserem habitar”
Gravado no Museu Alberto Sampaio
Janeiro
Janeiro
Fevereiro
Março - ATIVIDADES SUSPENSAS EM VIRTUDE DA PANDEMIA – COVID 19
213
Publico em geral (apresentado online) Público em geral (apresentado online)
OSMUSIKÉ Cantares Populares (criado em 2013) Esta Valência emerge do interior d’OSMUSIKÉ Cantar Guimarães e foca a sua atividade apenas na música tradicional. Esta Orquestra Instrumental atua isoladamente ou acompanhando Osmusiké Cantares Guimarães e, por vezes, as outras valências com regularidade
2013 Data Mês
Dia 29
Espetáculo/Atividade Apresentação – Comemoração XI aniversário
Junho
Novembro
19
Participação – Associações ao Coreto
8
Festa/convívio de S. Martinho
Local Open Village SportsHotel& Spa
Público alvo Associados, familiares e convidados
Alameda S. Dâmaso
Público em geral
Casa de Vila Pouca
Utentes, colaboradores e convidados
2014 Data Mês
Dia
Espetáculo/Atividade
11
Convívio em Centro Social
19
Reisadas
Março
16
Encontro de Saberes
Abril
19
Convívio
Local
Público-alvo
Stª Eulália de Vizela
Utentes, colaboradores e familiares
Briteiros
Público em geral
Vila Nova de Sande
Utentes, colaboradores e convidados
Camélia hotel & homes
Utentes e familiares
Janeiro
214
Maio
Restaurante D. José
Antigos Combatentes colegas do Teixeira
Colégio do Ave
Alunos, pais e comunidade educativa
Jantar de Aniversário
Restaurante Ultimatum
Associados e amigos
15
Concerto/Arraial-Aniversário
Parque de Campismo de Vila Chã
Campistas
4
Associações ao Coreto
Jardim da Alameda
Público em geral
5
Convívio
Qtª do Zé Machado
Convidados
5
Comemoração do dia da RepúblicaCasamento do Zé Machado
Qtª do Zé Machado
Convidados
11
Convívio org. Lyons Club
Lar de Santo António
Utentes, familiares e convidados
9
Festa/convívio de S. Martinho
Briteiros
Idosos e familiares
10
Encontro de Militares
13
Arraial Minhoto
21
Junho
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
2015 Data
Espetáculo/Atividade
Local
Público-alvo
Restaurante Histórico
Associados, familiares e convidados
Sande S. Martinho
Público em geral
Jantar de Aniversário de OSMUSIKÉ
Guimarães
Osmusiké, familiares e amigos
23
S. João organizado pelos escuteiros
S. Cláudio de Barco
Público em geral
Julho
26
Festa em honra de Stª. Ana
Briteiros Stª Leocádia
Público em geral
Setembro
6
Associações ao Coreto
Guimarães
Público em geral
Outubro
16
2º Sarau de OSMUSIKÉ
Auditório da UM
Público em geral
Mês
Dia
Janeiro
14
Ceia de Reis
13
Festa de Stº António na sede da ARADCAS
19
Junho
215
21
Atuação no Centro Social
Souto Stª Maria
22
Festa de idosos das localidades vizinhas
Novembro
Dezembro
Público em geral“
4
3º Aniversário da VACA NEGRA
Briteiros S. Salvador Urgeses
Público em geral
Local
Público-alvo
2016 Data
Espetáculo/Atividade
Mês
Dia
Maio
14
Encontro de Idosos – Organização dos Rotary das Taipas
Caldas das Taipas
Idosos, colaboradores
2
Cuidados Continuados (Organização da Cruz Vermelha)
Misericórdia Guimarães
Utentes, familiares e colaboradores
26
Pavilhão Multiusos- festa para Idosos
Guimarães
Idosos, colaboradores
5
Magusto (Organização da Associação VESPAS)
Sede escuteiros Santo Amaro
Associados, familiares e convidados
12
Magusto Comunitário (Org. União Juntas freg. De Guimarães Cidade)
EB 1 Arcela
Público em geral
22
Festa de Natal do Lar Residencial
CAO Alecrim Guimarães
Utentes, familiares e colaboradores
Julho
Novembro
Dezembro
216
2017 Data
Espetáculo/Atividade
Mês
Dia
Junho
16
15º Aniversário d’Osmusiké
Setembro
29
Festa de aniversário-António Xavier
Outubro
28
4º Sarau d’Osmusiké
Novembro
30
Nicolinas – Alunos EB 1-1º ciclo Pegada
Local
Público alvo
Pevidém
Associados, familiares e convidados
Pousada de Stª Mª Costa
António Xavier e Convidados
UM.
Público em geral
Azurém
Comunidade educativa e público em geral.
2018 Data
Espetáculo/Atividade
Local
Público alvo
6
Reisadas - Cuidados continuados
SCMG
Utentes, famílias e Voluntários Cruz Vermelha
11
Ensaio alunos EB1 da Pegada
Pegada
Alunos e professores
13
Ceia de Reis d’Osmusiké
Restaurante Oliveiras
Associados, familiares e convidados
14
Dia do Agrupamento
Pavilhão ESFH
Comunidade educativa
18
Reisadas – utentes da SCMG
Lar D. Leonor
Utentes, familiares e colaboradores
Abril
13
Festa da primavera
UM.
Comunidade educativa da EB da Pegada e Público em geral
Junho
8
16º aniversário d’Osmusiké
Restaurante Pança Pevidém
Associados, familiares e convidados
Mês
Janeiro
Dia
217
2
Candoso ativo
Centro escolar S.M. Candoso
Pessoas idosas
27
Festa - Arraial
Briteiros
Público em geral
Agosto
11
Animação Parque Campismo
Vila Chã
Utentes
Setembro
27
Concerto angariação de fundos
Creixomil
Público em geral
Novembro
3
Concerto de Gala Sons d’Outono
Quinta de S. Vicente
Associados, familiares e convidados
Julho
2019 Data Mês
Espetáculo/Atividade
Local
Público alvo
5
Reisadas – cuidados continuados
SCMG
Utentes, família e voluntários C. Vermelha
11
Participação em convívio
Sede Cruz Vermelha
Voluntários C.V. e convidados
12
Ceia de Reis d’Osmusiké
Restaurante Pança
Associados, familiares e convidados
Monte Largo
Comunidade escolar
S. Torcato
Público em geral
Esc. Sec. Santos Simões
Comunidade educativa
Nespereira
Público em geral
Restaurante Príncipe Parque Taipas
Professores colaboradores da instituição
Restaurante Pança - Pevidém
Associados, familiares e convidados
Dia
Janeiro 14 Ensaio alunos escola 16
Março
18
Reisadas na ADCL
19
Reisadas – alunos escola de Monte Largo
9
Feira da terra (Raúl Brandão)
Maio
18
Convívio ASSP
Junho
8
17º Aniversário d’Osmusiké
218
Julho
27
Arraial em Stª Mª de Souto
18
Associação Cult. e Recreat. de Campelos
19
Centro de Dia (Stª Cª Misericórdia)
Novembro
9
Concerto de Gala Sons d’Outono
Dezembro
17
Jantar de Natal de idosos
Stª Mª de Souto
Público em geral
Campelos
Público em geral
Donim
Utentes, familiares e colaboradores
MitPenha
Associados, familiares e convidados
C. Povo Fermentões
Idosos e Familiares
Local
Público alvo
Matamá
Público geral
SCMG
Utentes, familiares e voluntários Cruz Vermelha
Briteiros
Idosos da União freguesias.
Restaurante Histórico
Associados familiares e amigos
Paço dos Duques
Público em geral
Moreira de Cónegos
Utentes, familiares e colaboradores
Outubro
2020 Data Mês
Dia
Espetáculo/Atividade
4
Concerto solidário em Matamá
5
Atuação nos Cuidados Continuados Almoço idosos – Casa do Povo
Janeiro 11
Ceia de Reis d’Osmusiké
Fevereiro
18
Concerto de Reis – Cantar ao Menino
10
Centro Social (Infantário/Lar)
219
OSMUSIKÉ REISADAS Espetáculo/Atividade 2010 Data Mês Dia
Espetáculo/atividade
Local
Público-alvo
6
Reisadas
Largo do Toural (Organização Câmara Municipal)
Público em geral
8
Reisadas na Cadeia
Estabelecimento Prisional de Guimarães
Reclusos, colaboradores da Instituição
14
Noite de Reis
ADCL. – Associação para o desenvolvimento das Comunidades Locais - S. Torcato
Público em geral
23
Encontro de Reis
Trovadores do Cano
Associados, familiares e convidados
Janeiro
2011 Data Mês
Dia 8
Espetáculo/atividade Reisadas ((Organização Câmara Municipal)
Local
Público-alvo
Igreja de S. Francisco
Público em geral
Sta. Eufémia de Prazins
Utentes, familiares e colaboradores da Instituição
ADCL. – Associação para o desenvolvimento das Comunidades Locais –S. Torcato
Público em geral
Festa de Reis do Idoso 8
Centro Social D. Manuel Monteiro de Castro
14
Noite de Reis
Janeiro
22 23
Encontro de Reis
Associação
Trovadores do Cano
Trovadores do Cano
Reisadas
Paróquia de Gondar
220
Associados, familiares e convidados Público em geral
2012 Data Mês
Espetáculo/atividade
Local
Público-alvo
Dia 7
Praça da Oliveira
Reisadas
Público em geral
(Organização Câmara Municipal)
Reisadas - “Festa do Idoso “ 8
Centro Social D. Manuel Monteiro de Castro
13
Noite de Reis ADCL
22
Encontro de Reis
Utentes, familiares e colaboradores da Instituição
Sta. Eufémia de Prazins S. Torcato
Janeiro
Associados, familiares e convidados
Trovadores do Cano Vila Nova de Sande -
28
Reisadas
29
Reisadas
Público em geral
Associação para o desenvolvimento das Comunidades Locais
Centro Social Cultural Desportivo Recreativo
Utentes, familiares e colaboradores da Instituição
S. Cláudio de Barco Grupo Coral e Recreativo de Barco
Público em geral
2013 Data Mês
Espetáculo/Atividade
Dia 5
Organização da Câmara Municipal “Festa do Idoso “
12 Janeiro
Fevereiro
Centro Social D. Manuel Monteiro de Castro
Local
Público alvo
Praça da Oliveira
Público em geral
Guimarães
Utentes, familiares e colaboradores da Instituição
Sta. Eufémia de Prazins
Grupo Coral e Recreativo de Barco
Guimarães- S. Cláudio de Barco
19
Centro Social Cultural Desportivo Recreativo
Guimarães- Vila Nova de Sande
27
Trovadores do Cano
10
Santo Ovídio
16
REISADAS
221
Público em geral
Guimarães -Cano
Associados, familiares e convidados
Fafe
Público em geral
2014 Data Mês
Dia
Espetáculo/Atividade
11 11
Reisadas (Organização Câmara Municipal)
11 Janeiro
Fevereiro
Local
Público-alvo
Estabelecimento Prisional
Reclusos e colaboradores
Porta Senhora da Guia
Público em geral
Praça da Oliveira
Público em geral Público em geral
26
Encontro de Reis Grupo Coral e Recreativo de Barco
S. Claúdio de Barco
26
Encontro de Reis Trovadores do Cano
Associação Trovadores do Cano
09
Encontro de Reis Santo Ovídio
Santo Ovídio Fafe
Público em geral
2015 Data Mês Dia
Espetáculo/Atividade
5
Reisadas
6
Reisadas dos Reformados
9 10
Reisadas
14 Janeiro
Fevereiro
Local
Público-alvo
Restaurante Papa Boa
Clientes e colaboradores
Multiusos de Guimarães
Utentes, colaboradores das Instituições do concelho, convidados
Restaurante Papa Boa
Clientes e colaboradores
Mercado Municipal (Praça)
Público em geral
Restaurante Papa Boa
Clientes e colaboradores
Porto
Associados e convidados
17
Reisadas no Clube - Os Fenianos
18
Reisadas do Grupo Coral e Recreativo do Barco
Guimarães- S. Cláudio do Barco
18
Reisadas Casa do Povo Briteiros
Briteiros
31
Reisadas
01
Encontro de Reis Trovadores do Cano
Público em geral
C.C. Continuados – Emídio Guerreiro Guimarães
Utentes, familiares e colaboradores da Instituição
Guimarães -Cano
Associados e convidados
222
2016 Data Mês Dia
Local
Público-alvo
5
Restaurante Histórico
Clientes e colaboradores
9
Mercado Municipal
Público em geral
9
Restaurante Histórico
Clientes e colaboradores
Souto Santa Maria
Público em geral
10
Espetáculo/Atividade
REISADAS
16
UC Continuados da Sta. Casa da Misericórdia de Guimarães
16
Lar Emídio Guerreiro
Janeiro
Fevereiro
Briteiros
Utentes, familiares e colaboradores da Instituição
17
Reisadas Casa do Povo Briteiros
Público em geral
31
Reisadas Grupo Coral e Recreativo do Barco
31
Reisadas Grupo Folclórico casa do Povo de Creixomil
Creixomil
Público em geral
07
Reisadas Trovadores do Cano
Cano
Associados e convidados
Local
Público-alvo
Mercado Municipal
Público em geral
Barco
2017 Data Espetáculo/Atividade Mês Dia 7
REISADAS
UC Continuados da Sta. Casa da Misericórdia de Guimarães Lar Emídio Guerreiro
Janeiro
Fevereiro
13
Noite de Reis
15
Encontro de Reis
22
Encontro de Reis Casa do Povo de Briteiros
22
Utentes, familiares e colaboradores da Instituição
ADCL – S. Torcato
Público em geral
Maranhão
Associados, familiares e convidados
Briteiros
Público
Encontro de Reis de Brito
Brito
Público em geral
29
Reisadas Grupo Coral e Recreativo do Barco
Barco
05
Reisadas Trovadores do Cano
Cano
223
Associados e convidados
2018 Data Mês
Dia 6
Janeiro
Fevereiro
Espetáculo/Atividade REISADAS
Local
Público-alvo
Mercado Municipal
Público em geral
Briteiros
Público em geral
21
Encontro de Reis Casa do Povo de Briteiros
21
Encontro de Reis Brito
Brito
Público em geral
28
Encontro de Reis de Barco
Barco
Público em geral
04
Encontro de Reis de Mujães
Mujães - Viana do Castelo
Público em geral
2019 Data Mês Dia
Local
Público-alvo
Mercado Municipal
Público em geral
Briteiros
Público em geral
Brito
Público em geral
Igreja N.ª Sr.ª da Conceição
Público em geral
5
REISADAS
20
Encontro de Reis Casa do Povo de Briteiros
20
Encontro de Reis Brito
26
Encontro de Reis
03
Reisadas Trovadores do Cano
Trovadores do Cano
Público em geral
Espetáculo/Atividade
Local
Público-alvo
Mercado Municipal
Público em geral
Janeiro
Fevereiro
Espetáculo/Atividade
2020 Data Mês
Dia 4
REISADAS no Mercado
4
Concerto Solidário de Reis
Matamá
Público em geral
19
Encontro de Reis Casa do Povo de Briteiros
Briteiros
Público em geral
26
Encontro de Reis Brito
Brito
Público em geral
02
Reisadas Trovadores do Cano
Trovadores do Cano
Público em geral
Janeiro
Fevereiro
224
OSMUSIKÉ POESIA
2013 Data Mês
Dia
Junho
Julho
12
Outubro
Espetáculo/Atividade
Local
Público-alvo
Preparação da atividade
Escola Secundária Francisco de Holanda
Elementos da Valência
Participação no Lançamento da revista ELO 20
Escola Secundária Francisco de Holanda
Professores e Educadores do Concelho de Guimarães
Participação na Ação de Formação “Escola com Sentido”
Escola Secundária Francisco de Holanda
Professores e Educadores do Concelho de Guimarães
2014 Data Mês
Dia
Junho
Espetáculo/Atividade
Local
Público-alvo
Preparação da atividade
Escola Secundária Francisco de Holanda
Elementos da Valência
Escola Secundária Francisco de Holanda
Professores e Educadores do Concelho de Guimarães
ADCL - S. Torcato
Público em geral
Julho
10
Participação no Lançamento da revista ELO 21
Novembro
21
Noite de Poesia na ADCL
2015 Data
Espetáculo/Atividade
Local
225
Público-alvo
Mês
Dia
Março
8
Junho
Declamação de Poesia alusiva à comemoração
Café Concerto de Artes do Espetáculo
Associados e público em geral
Comemoração dos 800 anos da Língua Portuguesa
ADCL
Elementos da Valência
Guimarães-Escola Secundária Francisco de Holanda
Professores e Educadores do Concelho de Guimarães
ADCL
Público em geral
Julho
10
Participação no Lançamento do ELO 21
Novembro
21
Noite de Poesia na ADCL Comemoração dos 800 anos da Língua Portuguesa
2017 Data Mês
Dia
Outubro
28
Espetáculo/atividade 4º Sarau Sons de Outono
Local
Público-alvo
Auditório UM
Público em geral
2018 Data
Local
Público-alvo
1º Sarau de Poesia Somos Portugueses
Paço dos Duques
Público em geral
3
1º Concerto de Gala Sons de Outono
Quinta S. Vicente
Associados, familiares e convidados
8
Declamação de Poesia no 16 º Aniversário d’Osmusiké
Mês
Dia
Abril
28
Novembro
Junho
Espetáculo/atividade
226
Restaurante Pança Pevidém
Associados, familiares e convidados
2019 Data
Espetáculo/atividade
Local
Público-alvo
Restaurante Pança Pevidém
Associados, familiares e convidados
CAR
Público em geral
Fragmentos de Leitura “Poesia com Humor”
Escola Secundária Francisco de Holanda
Comunidade educativa
2º Sarau de Poesia Sons e Vozes da Liberdade
Paço dos Duques
Público em geral
Restaurante Pança Pevidém
Associados, familiares e convidados
Espaço Criativo Osmusiké
Associados, familiares e convidados
Mit Penha
Associados, familiares e convidados
Mês
Dia
Janeiro
12
Ceia de Reis - Poesia de Natal – Poesia lida pelos Pequenos Poetas
Abril
1
Lançamento do livro O Limiar do Sonho de José Matos (declamação de poemas do autor)
Abril
4
Abril
27
17º Aniversário d’Osmusiké Junho
14
Poesia intergeracional “Poesia com Humor” (com a intervenção dos Pequenos Poetas)
Julho
4
Inauguração do Espaço Criativo d’Osmusiké
Novembro
9
2º Concerto de Gala Sons de Outono
2020 Data
Espetáculo/Atividade
Mês
Dia
Janeiro
11
Ceia de Reis - Poesia intergeracional “Poesia de Natal” (com a colaboração dos Pequenos Poetas)
Março
15
Chá com Poesia*
* Atividade adiada devido à Covid’19.
227
Local
Público-alvo
Restaurante Histórico
Associados, familiares e convidados
Espaço Criativo Osmusiké
Associados, familiares e convidados
OSMUSIKÉ TEATRO - Atividades Atividades 2010/2020
2010 Data Espetáculo/atividade Mês Janeiro Fevereiro
Março
Abril
Maio
Local
Público alvo
Dia 17
“Capuchinho Vermelho”
EB 1/JI de S. Roque
Comunidade escolar
29
“Capuchinho Vermelho”
Colégio do Ave
Alunos do pré-escolar
15
“A gata Borralheira”
Colégio do Ave
Alunos do pré-escolar e 1.º ciclo
2
“A gata Borralheira”
EB 1/JI de Serzedo
Comunidade escolar
3
“A gata Borralheira”
Auditório – Póvoa de Varzim
Alunos do Pré-escolar e 1º Ciclo do Agrupamento dos Sininhos
16
“A gata Borralheira”
EB 1/JI de Corvite
Comunidade escolar
19
“Capuchinho Vermelho”
Lar de S.to António
Utentes da Instituição
23
“A gata Borralheira”
EB 1/JI de S. Faustino
Comunidade escolar
26
“A gata Borralheira”
EB 1/JI de Urgeses
Comunidade escolar
29
“A Carochinha e João Ratão”
Sociedade Martins Sarmento
Alunos inscritos nas atividades de tempos livres
30
“A gata Borralheira”
JI de S. Francisco
Comunidade escolar
4
“A gata Borralheira”
Cercigui
Utentes da instituição
21
“A gata Borralheira”
EB 1/JI de Mesão Frio
Comunidade escolar
22
“A gata Borralheira”
Colégio de N. S. da Conceição
Alunos do pré-escolar
26
“A gata Borralheira”
EB 1 de Creixomil
Comunidade escolar
27
“A gata Borralheira”
EB 1/JI de Igreja Ponte
Comunidade escolar
3
“A gata Borralheira”
EB 1/JI de Cerrado
Comunidade escolar
5
“A gata Borralheira”
EB 1/JI de Barco
Comunidade escolar
10
“A gata Borralheira”
EB 1/JI de Tabuadelo
Comunidade escolar
228
Junho
Setembro
Outubro
Dezembro
17
“A gata Borralheira”
Auditório de Campelos
Comunidade escolar das EB 1/JI de Campelos e Além
18
“A gata Borralheira”
/JI de S. Paio de Vizela
Comunidade escolar
25
“A gata Borralheira”
EB 1/JI de Deserto
Comunidade escolar
26
“A gata Borralheira”
EB 1/JI de Cerca do Paço
Comunidade escolar
31
“A gata Borralheira”
EB 1/JI de Charneca
Comunidade escolar
1
“A gata Borralheira”
EB 1 do Salgueiral e Infantário Nuno Simões
Comunidade escolar
2
“A gata Borralheira”
Auditório dos Bombeiros de Cabeceiras
Alunos do 1.º Ciclo do Agrupamento de Cabeceiras
8
“A gata Borralheira”
EB 1/JI de S. Roque
Comunidade escolar
9
“A gata Borralheira”
EB 1/JI de Sande S. Clemente
Comunidade escolar
13
“A gata Borralheira”
EB 1/JI de Monte Largo
Comunidade escolar
14
“A gata Borralheira”
EB 1/JI da Quintã
Comunidade escolar
15
“A gata Borralheira”
EB 1 da Pegada
Comunidade escolar
6
“A Carochinha e o João Ratão
Colégio de Vila Pouca
Alunos do pré-escolar
11
“A gata Borralheira”
EB 1/JI do Cerrado
Comunidade escolar
12
“A gata Borralheira”
Centro Paroquial de Torrados
Alunos do pré-escolar e 1.º Ciclo
16
Ante estreia “Salada de Contos...Era uma vez...”
EB 1/JI de Cruz d’Argola
Comunidade escolar
13
“Conto de Natal”
Infantário Nuno Simões
Alunos dos 4 anos
15
“Salada de Contos...Era uma vez...”
Salão Junta de Freguesia de Urgezes
Comunidade escolar do pré-escolar e 1.º Ciclo
17
“Salada de Contos...Era uma vez...”
Salão Paroquial de Vila Nova de Sande
Público em geral
20
“Salada de Contos...Era uma vez...”
Auditório Fraterna
Alunos e utentes da instituição
21
“Salada de Contos...Era uma vez...”
Salão da PSP de Guimarães
Familiares dos agentes da PSP
22
“Salada de Contos...Era uma vez...”
Salão da Casa do Povo de Creixomil
Utentes e colaboradores da Instituição
229
2011 Data Espetáculo/atividade Mês
Fevereiro
Local
Público alvo
Dia 1
“A Carochinha e o João Ratão”
EB 1/JI de Paçô Vieira
Comunidade escolar
4
Sketch “Salada de Contos ...Era uma vez”
RTP- Praça da Alegria
Telespectadores
9
“Salada de Contos ...Era uma vez”
EB 1/JI de Lordelo
Comunidade escolar
10
“Salada de Contos ...Era uma vez”
EB 1/JI de Gandarela
Comunidade escolar
14
“Salada de Contos ...Era uma vez”
EB 1/Ji de S. Romão –Mesão Frio
Comunidade escolar
15
“Salada de Contos ...Era uma vez”
EB 1/JI de Monte Largo
Comunidade escolar
21
“Salada de Contos ...Era uma vez”
EB 1/JI de Carreiro Lordelo
Comunidade escolar
23
Salada de Contos ...Era uma vez”
EB 1/JI de Infantas
Comunidade escolar
28
“Salada de Contos ...Era uma vez”
EB 1/JI Vermis e Outeirinho
Comunidade escolar
2
” Salada de Contos ...Era uma vez”
EB 1/JI de Serzedo
Comunidade escolar
3
” Salada de Contos ...Era uma vez”
EB 1/JI de Aula Conde
Comunidade escolar
” Salada de Contos ...Era uma vez”
Colégio Vila Pouca
Comunidade escolar
4
EB 1/JI de Pegada e Quintã
Comunidade escolar
Março 10
” Salada de Contos ...Era uma vez”
EB 1/JI de Creixomil
Comunidade escolar
14
” Salada de Contos ...Era uma vez”
EB 1/JI de Barco
Comunidade escolar
15
” Salada de Contos ...Era uma vez”
EB 1/JI de Guardizela
Comunidade escolar
230
Abril
16
” Salada de Contos ...Era uma vez”
EB 1/JI de Deserto Prazins
Comunidade escolar
21
” Salada de Contos ...Era uma vez”
EB 1/JI de Ponte
Comunidade escolar
23
” Salada de Contos ...Era uma vez”
EB 1/JI de S. Miguel - Vizela
Comunidade escolar
24
” Salada de Contos ...Era uma vez”
Auditório da Biblioteca Municipal de Paços de Ferreira
Comunidade escolar do Pré-escolar e 1.º Ciclo do Agrupamento de Escolas da Cidade
28
” Salada de Contos ...Era uma vez”
Auditório de S. Clemente de Sande
Utentes e alunos do pré-escolar da Instituição
29
” Salada de Contos ...Era uma vez”
EB 1/JI de Corvite
Comunidade escolar
30
” Salada de Contos ...Era uma vez”
EB 1/JI de Cerca do Paço
Comunidade escolar
4
” Salada de Contos ...Era uma vez”
Salão Paroquial de Lagares
Comunidade escolar do pré-escolar e 1.º Ciclo Agrupamento de Lagares
5
” Salada de Contos ...Era uma vez”
EB 1/JI de Oliveira do castelo
Comunidade escolar
6
” Salada de Contos ...Era uma vez”
Auditório de Sta. Estefânia
Comunidade escolar
7
” Salada de Contos ...Era uma vez”
Póvoa de Varzim
Alunos do 1.º Ciclo da EB 1 de Aver o Mar
8
“Ruturas Mudanças Inovações”
Auditório do AVEPARK
Comunidade educativa do Agrupamento de Briteiros e NE25 de Abril
23
“A Carochinha e o João Ratão”
Colégio N.S. da Conceição
Alunos Grupo etário 3 anos e educadores
24
” Salada de Contos ...Era uma vez”
EB 1/JI de S. Paio de Vizela
Comunidade escolar
EB 1/JI de Infantas
Comunidade escolar
Infantário Nuno Simões
Comunidade escolar
Maio
“A gata Borralheira” Junho
1
” Salada de Contos ...Era uma vez”
231
Dezembro
6
” Salada de Contos ...Era uma vez”
Centro Paroquial de N.S. da Conceição
Utentes e colaboradores da instituição
7
” Salada de Contos ...Era uma vez”
EB 1/JI do Campelos
Comunidade escolar
8
” Salada de Contos ...Era uma vez”
EB 1/JI de S. Faustino
Comunidade escolar
13
” Salada de Contos ...Era uma vez”
EB 1/JI de Souto S. Salvador
Comunidade escolar
14
” Salada de Contos ...Era uma vez”
EB 1/JI Salgueiral
Comunidade escolar
15
” Salada de Contos ...Era uma vez”
Casa do Povo de Mascotelos
Utentes e colaboradores do Centro de dia e Jardim de Infância
27
” Salada de Contos ...Era uma vez”
Externato Delfim Ferreira
Alunos do 1.º Ciclo
15
“O Capuchinho Vermelho”
Auditório Fraterna
Alunos, utentes e colaboradores da instituição
16
“O Capuchinho Vermelho”
Salão Paroquial de Torrados
Alunos do pré-escolar e 1.º Ciclo
19
“A Gata Borralheira”
Salão da Casa do Povo de Creixomil
Utentes e colaboradores da Instituição
20
“A Gata Borralheira”
Salão da PSP
Familiares dos agentes da PSP de Guimarães
22
“O Capuchinho Vermelho”
Salão do Centro Paroquial de N. S. da Conceição
Alunos, docentes e não docentes da Instituição
232
2012 Data Mês
Espetáculo/Atividade
Local
Público-alvo
Fórum Permanente de Teatro
UM
Elementos do Grupo de Teatro
Casa do Povo de Fermentões – Sarau Cultural inserido na comemoração do 35.º Aniversário da Instituição
Público em geral
Centro Educativo de Torrados
Comunidade escolar
Jardim da Alameda de S. Dâmaso
Público em geral
Colégio Vila Pouca
Comunidade escolar
Grande Auditório da Universidade do Minho (10.30 e 14. 30)
Agrupamento Santos Simões e Agrupamento Egas Moniz
Sala de espetáculos C. A. S. Mamede
Comunidade escolar da EB1 de Oliveira do Castelo e alunos com NEE do 5.º ano da Escola João de Meira;
Dia 13 14
Janeiro
Março
15
27
“A Gata Borralheira”
21
” O Capuchinho Vermelho”
7
“Jantarada dos 13 - A Queima do Judas” em colaboração com o TERB/CAR
11
” O Capuchinho Vermelho”
Abril
17
Maio
23
Comunidade escolar EB1/JI de S. Roque
“As aventuras e desventuras das Gato de Botas” 31
Centro Escolar de S. João de Ponte
Comunidade escolar
1
Infantário Nuno Simões
Comunidade escolar
4
EB 1/JI de Corvite
Comunidade escolar
8
EB 1/JI de Barco
Comunidade escolar
14
EB 1/JI S. Faustino
Comunidade escolar
Junho
233
Agosto
Setembro
25
Participação - Onde o Horizonte se Move
30
X Aniversário d’Osmusiké – Sopra no Pano e Osmusiké de Ouro
23
Participação – Morte de Portugal
4
*Participação Conjunta – Encerramento de Associações ao Coreto
Coreto da Alameda S. Dâmaso
Público em Geral
Centro Histórico
Público em geral
16
*Participação Conjunta 2.ª Feira Afonsina – As Regateiras / Banca -Venda de Licores e Afonsinhos
Junta de Freguesia de Silvares;
15:00)
Formação – Corpo e Gesto; corpo e simbolismo; corpo e movimento; Expressão vocal e instrumental; Música, som e meios técnicos;
Auditório ATC- Joane
14 15
Outubro Novembro
Dezembro
Fábrica Asa/Mascotelos, Stº Amaro
Público em geral
Restaurante – Marisqueira com requinte!
Associados e família
Início - Castelo de Guimarães; Fim - Alameda de S. Dâmaso
Auditório de Brito;
Público em geral
Elementos Grupo de Teatro
Quotidiano cénico XXVIII Festival de Teatro – I Ato
8 “As Aventuras e Desventuras do Gato das Botas” 14 Dezembro 20 28
ATC – Joane Grande Auditório da Universidade do Minho
Público em geral Alunos do pré-escolar e 1.º Ciclo – EB1/JI de Abação, Fraterna e Agrupamento de Lagares
Grande Auditório CCV “Aqui Nasceu D. Afonso Henriques”
Salão JF de Silvares
29
Auditório de Brito
234
Público em geral
2013 Data Espetáculo/Atividade
Local
Público alvo
Auditório –TC Joane
Público em geral
Patronato S. Sebastião
Comunidade escolar
Teatro de fantoches “Quem tem razão?”
EB 1 Monte Largo
Comunidade escolar e JI de S. Dâmaso
“A Gata Borralheira”
EB 1/JI de S. Roque
Comunidade escolar
Mês
Dia
Fevereiro
16
Participação - “Aqui Nasceu Afonso Henriques”
Março
27
“A Gata Borralheira”
Abril
19
Maio 2
“As aventuras e desventuras das Gato de Botas”
Auditório Nobre de Felgueiras
Alunos do Pré-escolar de Lagares
6
Professoras Aposentadas/desempregadas voltam à escola com Teatro
TVI – “A tarde é sua”
Público em geral
13
“A Gata Borralheira”
Encontro de Saberes – Vila Nova de Sande
Utentes e colaboradores da Associação
29
XI Aniversário d’OSMUSIKÉ – “A família OSMUSIKÉ”
Open Village SportsHotel& Spa
Associados, família e convidados
Participação – Associações ao Coreto “O Capuchinho Vermelho no Jamor”
Alameda de S. Dâmaso
Público em geral
Participação na 3ª. Feira Afonsina – “As Regateiras”
Centro Histórico
Público em geral
Junho
Agosto 15 16 Setembro
17 19
“O Capuchinho Vermelho”
Auditório dos Caixeiro Viajantes
Alunos do 2º ano do Agrupamento Santos Simões
Outubro
12
“A Gata Borralheira”
Salão da Junta de Freguesia de S. Lourenço de Selho
Alunos da EB 1/JI de S. Lourenço de Selho
Novembro
23
Participação “O Baile”
Salão Nobre da Sociedade Martins Sarmento
Público em geral
235
2
Participação – Comemorações do 2.º Aniversário do Banco de Voluntariado de Guimarães
12
Estreia - “O Reflexo da Estátua”
17
“A Gata Borralheira”
EB 1/JI de Abação
Alunos da EB 1/JI de Abação,
“A Gata Borralheira”
Auditório da Fraterna
Fraterna
“Aqui Nasceu D. Afonso Henriques”
Grande Auditório CCV
Público em geral
Local
Público-alvo
Colégio N.ª S.ª da conceição
Comunidade escolar
Salão Paroquial de Tabuadelo
Comunidade escolar
Auditório- EB 2/3 de Abação
Alunos 5.º e 6.º anos
Centro educativo de Barco
Comunidade Escolar
Salão Paroquial de Corvite
Comunidade escolar
Centro educativo de Idães
Comunidade escolar
EB 1 Monte Largo
Comunidade escolar ATL
Eb 1 Oliveira do Castelo
Comunidade educativa
Agrupamento Santos Simões
Alunos do 1.º Ciclo Cruz d’Argola e Monte Largo
Salão da Junta de Freguesia de Souto St. ª Maria
Público em geral
Escola Secundária Martins Sarmento e Largo do Toural XXVIII Festival de T
Dezembro
Grande Auditório da Universidade do Minho
Voluntários e Público em geral
Alunos do pré-escolar e 1.º do agrupamento Santos Simões
20
2014 Data
Espetáculo/Atividade
Mês
Dia
Fevereiro
28
“O Reflexo da Estátua”
17
“A Gata Borralheira”
18 Março 20
“O Reflexo da Estátua”
27 2
“A Gata Borralheira”
10 Abril ” Portugal Amordaçado” 24
Maio
17
“O Reflexo da Estátua”
236
30
Salão paroquial S. João de Ponte
Alunos do Pré-escolar e 1.º Ciclo
2
“As Aventuras e Desventuras do Gato das Botas”
Salão paroquial de Vermoim
Comunidade escolar
21
XII Aniversário d’OSMUSIKÉ – “OSMUSIKÉ d’Ouro”
ULTIMATUM
Associados, família e convidados
4
Participação – Associações ao Coreto “O Casamento da filha”
Alameda de S. Dâmaso
Público em geral
Centro Histórico
Público em geral
Lar/Hotel Camélia
Utentes e familiares da instituição
Auditório UM
Público em geral
Junho
Setembro
26 a
Participação na 4 Feira Afonsina – “As Regateiras”
28
Outubro
Dezembro
1
“A Gata Borralheira”
17
Sarau “Contos…Recontos…Encontros”
24
“O Reflexo da Estátua”
Agrupamento D. Afonso Henriques
Alunos do 1.º Ciclo
27
Participação “Guimarães: Voluntariado e Solidariedade”
Pequeno Auditório CCVF
Voluntários do BVG e Publico em geral (inscrição prévia)
28
“A Gata Borralheira”
Salão ADCL
Público em geral Alunos do pré-escolar e 1.º do agrupamento Santos Simões
Estreia – “A Estrela e o Pequeno Grão de Areia”
Auditório Nobre da Universidade do Minho
17
“A Gata Borralheira”
Lar/Hotel Camélia- VNG
Utentes e familiares
18
“A Estrela e o Pequeno Grão de Areia”
Salão Verbo Divino
Agentes e familiares da PSP
19
“O Natal da Carochinha “
Salão Paroquial N.ª S.ª da Conceição
Alunos e Educadores da Instituição
16
237
Alunos da Eb1/JI de Abação e S. Roque
2015 Data Mês Dia
Espetáculo/Atividade
Local EB Vermis – Moreira de Cónegos
12 Janeiro
“A Gata Borralheira”
EB Lordelo – Moreira de Cónegos
20 11 Fevereiro
26 26
Março
Abril
“A Estrela e o Pequeno Grão de Areia”
Auditório Nobre da UM EB Pombeiro
“O Reflexo da Estátua”
EB Lagares
Público-alvo
Comunidade escolar
Comunidade escolar da EB Quintã Comunidade escolar
Casa das Artes Felgueiras
Comunidade escolar
Riba d’Ave
Comunidade Educativa
Auditório- Colégio das Caldinhas
Alunos 5.º e 6.º anos
Multiusos
Idosos de Instituições de Solidariedade Social
Salão Paroquial de Tabuadelo
Utentes RSI de Polvoreira
“Queima do Judas”
CAR
Público em geral
9
“A Gata Borralheira”
Gondifelos
Comunidade escolar
17
“Portugal Amordaçado” Com “Cantar Guimarães” – Parceria com a Oficina S. José
25
“Candidatos a Presidente”
11
“A Estrela e o Pequeno Grão de Areia”
19
“A Gata Borralheira”
20
“O Reflexo da Estátua”
27
Comemoração Dia do Teatro - “A Gata Borralheira”
31
“A Estrela e o Pequeno Grão de Areia”
4
30
Utentes e familiares da instituição e Pequeno Auditório CCVF público em geral Casa da Memória RUM Ouvintes da RUM e Público em geral EB Briteiros
“A Gata Borralheira”
EB Barco
5
“A Gata Borralheira”
APCG Penselo
Utentes da Instituição
18
“Contos…Recontos…Encontros” com “Cantar Guimarães”
Paço dos Duques
Visitantes / Alunos de várias instituições
28
“O Reflexo da Estátua”
Salão Paroquial de Corvite
Comunidade escolar
29
“O Reflexo da Estátua”
ADCL – S. Torcato
Público em geral
30
Comunidade escolar
EB Barco
Maio
238
Junho
Julho
Setembro
1
“A Estrela e o Pequeno Grão de Areia”
Salão Paroquial de S. João de Ponte
Comunidade escolar
5
“O Aniversário da Carochinha” com “Cantar Guimarães”
Sede Agrupamento Moreira de Cónegos
Comunidade Escolar do 1.º Ciclo
19
XIII Aniversário de Osmusiké – “A Velha Rabugenta”
Campo de Tiro Pevidém
Associados, familiares e convidados
26
Feira Afonsina – Performance Regateiras
Praça de Mercar
Público em geral
27
Feira Afonsina – Performance Regateiras
Praça de Mercar
Público em geral
28
Feira Afonsina – Performance Regateiras
Praça de Mercar
Público em geral
2
“O Reflexo da Estátua”
Paço dos Duques
Público em geral
25
“Isto é um trinta e um”
Salgueiral
Público em geral
6
Participação – Associações ao Coreto” Monumento Perfeito”
Alameda de S. Dâmaso
Público em geral
18
Festival de Teatro - Cem Cenas - “O Reflexo da Estátua”
Salão da Oliveira
Público em geral
EB Cruz d’Argola
Comunidade escolar
EB Monte Largo
Comunidade escolar
Rua Egas Moniz
Público em geral
Auditório da UM
Público em geral
PAC
Congressistas e público em geral
Sede Vaca Negra
Público em geral
Salão – Lar de Pinheiro
Utentes do RSI de Polvoreira
Auditório da UM
Comunidade escolar de S. Roque; Cruz d’Argola; Monte Largo e Serzedo
Abação
Comunidade escolar de Abação e público em geral
Salão Laboratório da Paisagem
Crianças inscritas e alunos do ATL de Monte Largo
21 21 4 Outubro
“O Aniversário da Carochinha” com “Cantar Guimarães” Noc Noc – Casa Guimarães mais Verde “Era uma vez… Ecocarochinha”
16
Sarau de Osmusiké “A Arte dos Reencontros” – Pranto de Maria Parda”
4
Participação “IV Congresso Internacional de Turismo” com “Pranto de Maria Parda”
4
III Aniversário da Vaca Negra – “Pranto de Maria Parda”
12
“O Natal da Menina Baratinha” Com “Cantar Guimarães”
Dezembro
Antestreia da peça “O Rei da Helíria” 17 “O Rei da Helíria” 21
Eco férias - “O Natal da Menina Baratinha “
239
2016 Data Mês Dia Fevereiro
Março
Abril
Maio
Espetáculo/Atividade
22 23
“A Gata Borralheira” “O Rei da Helíria”
2
“O Aniversário da Carochinha”
16
“A Gata Borralheira”
18
“O Rei da Helíria”
21
“Era uma vez… Uma Ecocarochina”
22
“O Rei da Helíria”
23
“Era uma vez… Uma Ecocarochinha”
26
“Queima do Judas”
15 20 10 14 24
“O Aniversário da Carochinha” “A Gata Borralheira” “A Gata Borralheira” “A Gata Borralheira” (Convívio entre gerações –Rotaract- Os avós entre nós) “A Gata Borralheira”
1
“O Rei da Helíria”
3
“A Gata Borralheira”
Junho 4
“Casamento singular” no Guimarães in moda
Local
Público alvo
Infantário S. Francisco Auditório Casa das Arte Felgueiras
Comunidade Escolar Comunidade escolar de Idães
Infantário Nuno Simões
Comunidade escolar
Escola B/S do Vale do Tamel, Lijó Barcelos
Comunidade escolar
Salão Paroquia de Ponte
Comunidade escolar Centro Educativo de Ponte
Paço dos Duques
Alunos das escolas do pré-escolar e 1.º Ciclo da cidade
Auditório UM
Utentes RSI Polvoreira e público em geral
Laboratório da Paisagem
Alunos do Programa Férias no Laboratório
CAR –S. Luzia Arões Centro Comunitário de Gondar EB de Galegos – Barcelos
Público em geral Comunidade escolar Utentes e colaboradores CCG Comunidade Escolar
EB 2/3 das Taipas
Alunos da EB 2/3 e Idosos
EB do Ave - Póvoa de Lanhoso
Comunidade escolar Comunidade escolar do Agrupamento Afonso Henriques
Auditório da UM
Mujães - Viana do Castelo
Comunidade educativa
Largo do Serralho, Rua da Rainha, Largo da Oliveira, Praça Santiago, Largo do Serralho
Público em geral
PAC, Rua Paio Galvão, Largo do Toural
Público em geral
UNAGUI
Público em geral
“Excerto “Pranto de Maria Parda”
240
23 24
Agosto
25 15 4 8
“Performance medieval “As Regateiras”
“O Capuchinho Vermelho” “Hairstyle e Casamento singular” “Marcha Gualteriana –Jubileu Real”
Feira Afonsina-Praça de mercar (Largo Câmara) Laboratório da Paisagem PAC – Festival Hair Ruas da Cidade
15 Setembro
Público em geral
Alunos do programa eco férias Público em geral
EB de S. Roque “O Capuchinho Vermelho”
EB Monte Largo
20
Comunidade escolar
EB Mesão Frio Outubro
1
“Ecostyle – NOC NOC”
Casa + Verde Rua Egas Moniz
5
“Marcha Republicana
21
“Capuchinho Vermelho”
ASMAV Jardim de Infância de Creixomil
7
“Num cenário de batalhas comemoramos as nossas conquistas”, no 39.º Aniversário da Cercigui
Novembro
16
Utentes, colaboradores, convidados da Instituição e Público em geral
Auditório da UM
Alunos das escolas Monte Largo, cruz d’Argola, Serzedo e Infantário de Creixomil
Auditório da Fraterna
Comunidade escolar
Laboratório da Paisagem
Alunos do programa eco férias
“A Cigarra e a Formiga”
Dezembro
“A Cigarra e a Formiga”
22
“As Regateiras no Mercadinho da Duquesa” Performance
23
Comunidade escolar
Campo de S. Mamede
Dezembro 19
Público em geral
Paço dos Duques
241
Público em geral
2017 Data Mês
Dia
Espetáculo/Atividade
8 Fevereiro
15
“A Cigarra e a Formiga”
17
Março
Local
Público alvo
Casa das Artes – Felgueiras
Alunos do AE de Idães
Escola Secundária Francisco de Holanda
Alunos pré-primária e 1.º Ciclo
JI de S. Francisco
Comunidade escolar
7
“Raul Brandão na Rua”
Centro Histórico
8
“O Avejão”
Pequeno auditório CCVF
Público em geral
21
Paço dos Duques
23
EB Arões – S. Romão
Comunidade escolar
27
Auditório UM
Utentes do RSI de Polvoreira
29
Alijó – Barcelos
4
S. João de Ponte
“A Cigarra e a Formiga”
5
Caldas das Taipas
6
Souto St. ª Maria
10
EB Carreiro
11
EB S. Torcato
12
Ronfe
Comunidade escolar
13 Abril
14
“Regateiras - mercadinho da Duquesa”
Paço dos Duques
Público em geral
19
Casa das Artes – Felgueiras
Comunidade escolar de …
21
Figueira de castelo Rodrigo
Alunos do Pré-escolar e 1.º Ciclo de Figueira de Castelo Rodrigo
15
26
Maio
Escola de Galegos Stª Maria – Barcelos
“A Cigarra e a Formiga”
27
Casa de Vila Pouco
10
Centro Escolar- António Lopes – Póvoa de Lanhoso
242
Comunidade escolar
Junho
4
“Guimarães LandArte – A Arte da Terra – Ritual Sonora (Sons à Terra)”
Centro Histórico
10
“Dia da Portugalidade RTP”
Colina Sagrada
21
“A Derrota da Bruxa da Poluição”
Auditório da UM
Comunidade escolar de EB Monte Largo e Santa Luzia
“Feira Afonsina – As Regateiras”
Praça de Mercar
Público em geral
Público em geral
23 24 25 5 Julho
6
Centro Escolar de Ponte “A Cigarra e a Formiga”
EB Abação
7 Agosto
Outubro
Feira da Terra – S. Torcato
8
“Mercadores de Villeneuve, a aldeia da Bela e do Monstro e o Jardim Itinerante”
Marcha Gualteriana
8
“A Insustentável Leveza do casar”
Guimarães Noc Noc
Público em geral
23
EB de Mesão Frio
Comunidade escolar
28
Sarau
Público em geral
31
Barco-Helena
10 Novembro
Comunidade escolar
“A Derrota da Bruxa Poluição”
Colégio Da Vinci – Braga
14
EB Bela Vista Selho
23
Braga
Comunidade escolar
10
Festival de Teatro – Joane
13
Comemoração do 16.º aniversário de elevação a Património da Humanidade-Praça da Oliveira
Público em geral
Mascotelos
Comunidade escolar
Escola N. S Conceição
Comunidade escolar
Escola Francisco de Holanda
Alunos do pré-escolar e 1.º ciclo das escolas do Agrupamento
Centro escolar de Urgezes
Comunidade escolar
Paço dos Duques
Público em geral
“Guimarães – Sítio de Memórias”
15 Dezembro 18
“A Derrota da Bruxa Poluição”
19 28 a 30
“Mercadinho da Duquesa - Pêro o Trovador e as regateiras”
243
2018 Data Mês
Dia
Espetáculos/Atividade
Local
Público alvo
Restaurante das Oliveiras
Associados, convidados e familiares
13
“Reisadas Teatrais”
24
“A Derrota da Bruxa Poluição”
Fermentões- Agrupamento Fernando Távora
Comunidades escolar
6
“A Derrota da Bruxa Poluição”
Escola Vinha - Atães
Comunidades escolar
28
“A Derrota da Bruxa Poluição”
Escola Mosteiro S. Torcato
Comunidades escolar
1
“Afonso Henriques e o Festival da Canção” - performance
Castelo de Guimarães
Turistas
2
“Afonso Henriques e o Festival da Canção”
RTP – Porto Praça da Alegria
Espetadores RTP
21
Escola Arões-Fafe
Comunidades escolar
22
Paço dos Duques
Comunidades escolar
23
Agrupamento Alijó-Barcelos
Comunidades escolar
24
Centro Escolar S. João de Ponte
Comunidades escolar
27
Festa da primavera – Laboratório da paisagem
Público em geral
JI de S. Francisco
Comunidades escolar
Janeiro
Fevereiro
Março
“A Derrota da Bruxa Poluição”
29 30 31
244
Abril
Maio
7
“Pero do Paço e as Regateiras”
Público em geral
8
“Pero do Paço e as Regateiras”
9
“Pero do Paço e as Regateiras”
12
“As Regateiras e o Trovador”
Festa da Primavera- Lar da Misericórdia
Utentes, familiares e profissionais da instituição
18
“A Derrota da Bruxa Poluição”
EB do Pinheiral – AE Taipas
Comunidades escolar
3
“A Derrota da Bruxa Poluição”
EB Galegos - Barcelos
“A Derrota da Bruxa Poluição”
Junta de Freguesia S. Martinho de Sande
Paço dos Duques
Público em geral
21 a
Público em geral
Comunidades escolar
24 21 Junho
a
“As Regateiras”
Feira Afonsina
Público em geral
Marcha Gualteriana
Público em geral
Agrupamento de Lordelo
Comunidades escolar
Agrupamento Taipas
Comunidades escolar
Agrupamento S. Torcato
Comunidades escolar
ASMAV
Público em geral
Guimarães Noc Noc 8
Público em geral
Concerto de Gala – Sons de Outono
Convidados, associados e amigos de Osmusiké
Auditório Universidade do Minho
Público em geral e utentes do RSI de Polvoreira
Festa de Natal - Multiusos
Idosos das instituições e lares de Guimarães
Paço dos Duques
Público em geral
Auditório Universidade do Minho
Alunos das escolas S. Roque
24 Agosto
6
“Cinema mudo ou talvez não”
11 Setembro
12
“A Derrota da Bruxa Poluição”
13 Outubro
Novembro
Dezembro
5
“Marcha republicana”
5
“Colombina e seus amores”
3
“As estações do Ano – Deusa gregas e Charlot ou a Alma do Povo”
11
“Cinderela Borralheira”
7
“Reencontros com mitos e lendas”
6 7
“Pero do Paço e as Regateiras”
8 14
“Cinderela Borralheira”
245
2019 Data
Local
Público alvo
Restaurante Pança Pevidém
Associados, familiares e convidados
“Cinderela Borralheira”
Auditório da Fraterna
Utentes da instituição
2
“Sons com Estória”
Domus Vitae Creiximir
Público em geral
21
“Cinderela Borralheira”
Paço dos Duques
Alunos do pré-escolar e 1.º ciclo dos AE. da Cidade
27
“Auto da Visitação”
Auditório da UM (Espetáculo Solidário)
Utentes do RSI Polvoreira e público em geral
Centro Escolar de Ponte
Comunidade escolar
Agrupamento Abel Salazar
Comunidade escolar
Agrupamento de Briteiros
Comunidade escolar
“Auto da Visitação”
Doçaria no Convento
Público em geral
“Frei João e as Beatas”
Doçaria no Convento
Público em geral
Espetáculo/Atividade
Mês
Dia
Janeiro
5
“Os três Reis Magos/ Convívio de Reis”
Fevereiro
25
Março
5 8
“Cinderela Borralheira”
10 13 14 Abril
13 14 18 19
Público em geral Público em geral
“Pêro do Paço e as Regateiras” Paço dos Duques
2o
Junho
Público em geral
20
“Julgamento do Judas”
Círculo de Arte e Recreio
Público em geral
1
“Mat’19 Maria Parda”
Centro Cultural VF – Pequeno Auditório
Público em geral
13
“18.º Aniversário Osmusiké”
Rest. Pança em Pevidém
Associados, familiares e convidados
21 a 24
“As Regateiras” - Feira Afonsina
Povoado e aldeia
246
Público em geral
4
“Quem casa quer casa” - Inauguração do Espaço Criativo Osmusiké
6
“Auto da Visitação”
3
“(De) Assis” – Espetáculo itinerante
5
“Colombina e seus dois amores” - Marcha Gualteriana
15 5
Espaço Criativo Osmusiké
Associados, amigos e convidados
Penha – Encontro de educadores de Infância
Educadores APEI e público em geral
Hospital Velho até Largo S. Francisco
Público em geral
Ruas da Cidade
Público em geral
“As meninas Tortas” – Participação no Programa da RTP Sete maravilhas de doce
Braga (Programa 7 maravilhas - Doces)
espetadores da RTP 1 e público presente
“As mulheres da República” na Marcha republicana
ASMAV
Público m geral
Auditório da UM
Alunos do 2.0 e 3.º ciclo do concelho
Mit Penha
Associados, familiares e convidados
Julho
Agosto
Outubro
16 17
Novembro
9
“Maria Parda” “Sons de Outono” – Apresentação Performativa
Público em geral
6 7 Dezembro
“D.ª Catarina de Bragança e Pêro do Paço e as Regateiras”
Paço dos Duques
Público em geral
8 17
“Auto da Visitação”
Auditório da Fraterna
247
Público em geral
Utentes e profissionais da instituição
2020 Data Mês Dia Janeiro
Março
4
Espetáculo/Atividade Concerto solidário Auto da Visitação Reinventado
20
A Cigarra e as Formigas
26
(reinventada)
27
Público alvo
Matamá
População em geral
Paço dos Duques de Bragança
Alunos das escolas
EB de Mascotelos
Comunidade Escolar
EB de Ponte (manhã)
Comunidade escolar
Auditório da UM (tarde)
Utentes RSI Polvoreira Público em Geral (espetáculo Solidário)
Auditório Bombeiros Taipas
Alunos do 2.º e 3.º Ciclo Taipas e Comunidade em geral
Santa Estefânia
Utentes e profissionais da instituição
Guimarães Noc Noc – Parque de estacionamento da Caldeiroa
Público em geral
Guimarães Noc Noc – Parque de estacionamento da Caldeiroa
Público em geral
A Cigarra e as Formigas (reinventada)
22
Local
Guimarães – Tesouros a descobrir
Abril 26
3
A Cigarra e as formigas (reinventada) Instalação Artística – “Peças de Peças“ Osmusiké Teatro “Os Saltimbancos chegam à cidade”
Outubro 4
Instalação Artística – “Peças de Peças“ Osmusiké Teatro “Os Saltimbancos chegam à cidade”
Dezembro
13
“A vós homens que vieste povoar em Guimarães e àqueles que aí quiserem habitar”
Gravado no Museu Alberto Sampaio
Nota – As atividades destacadas a azul foram suspensas devido ao COVID’ 19
248
Público em geral (Apresentado online)
OSMUSIKÉ TEATRO - PEÇAS PRODUZIDAS Espetáculos/Performances Produzidos Peça
Elenco
Sonoplastia/apoio
2008
O Capuchinho vermelho
Madalena Antunes, Alice Xavier, Ana Maria Bourbon e Emília Ribeiro
Guilherme Ribeiro
2009
O Capuchinho Vermelho
Madalena Antunes, Alice Xavier, Ana Maria Bourbon, Ana Maria oliveira e Emília Ribeiro
Guilherme Ribeiro
2009
A Gata Borralheira
Madalena Antunes, Alice Xavier, Ana Maria Bourbon, Ana Maria oliveira, Jandira Henriques, Ana Maria Bastos, Adelaide Fernandes e Emília Ribeiro
Guilherme Ribeiro
2010
Salada de Contos
Madalena Antunes, Alice Xavier, Ana Maria Bourbon, Ana Maria oliveira, Jandira Henriques, Ana Maria Bastos, Adelaide Fernandes e Emília Ribeiro
Guilherme Ribeiro
2011
O Aniversário da Carochinha
Madalena Antunes, Alice Xavier, Ana Maria Bourbon, Ana Maria Oliveira, Jandira Henriques, Sofia Antunes, Bruno Simões e Emília Ribeiro
Guilherme Ribeiro
2011
Sala de Contos
Madalena Antunes, Alice Xavier, Ana Maria Bourbon, Ana Maria Oliveira, Jandira Henriques, Adelaide Fernandes e Emília Ribeiro
Guilherme Ribeiro
2011
2012
As Regateiras na Feira Afonsina
As Aventuras e desventuras do Gato das Botas
Alice Xavier, Ana Maria Bourbon, Jandira Henriques, Manuela Sousa, Bruno Simões, Ana Isabel Gomes, José Maria Gomes e Emília Ribeiro
Guilherme Ribeiro
A partir de 2013 sai a Ana Bourbon e junta-se ao grupo Liliana Xavier, Francisco Simões e Sofia Ribeiro Madalena Antunes, Alice Xavier, Ana Maria Bourbon, Ana Maria Oliveira, Jandira Henriques, Ana Maria Bastos Adelaide Fernandes, Emília Ribeiro e Sofia Antunes
249
Guilherme Ribeiro
Madalena Antunes, Alice Xavier, Ana Maria Bourbon, Ana Maria Oliveira, Jandira Henriques, Sofia Antunes, Liliana Xavier e Emília Ribeiro
2013
Luís Almeida
2013
O Reflexo da Estátua
Madalena Antunes, Alice Xavier, Ana Maria Bourbon, Ana Maria oliveira, Jandira Henriques, Ana Maria Bastos Liliana Xavier e Emília Ribeiro
2014
A Estrela e o Pequeno Grão de Areia
Madalena Antunes, Alice Xavier, Ana Maria Bourbon, Ana Maria oliveira, Jandira Henriques, Ana Maria Bastos, Sofia Antunes, Liliana Xavier, Rosa Silva e Emília Ribeiro
Luís Almeida
2014
Pranto de Maria Parda
Madalena Antunes, Alice Xavier, Ana Maria Bourbon, Ana Maria Oliveira, Jandira Henriques, Liliana Xavier, Bruno Simões, Francisco Simões, Sofia Antunes, Manuela Sousa, Rosa Silva e Emília Ribeiro
Luís Almeida
2014
Portugal Amordaçado
Alice Xavier, Jandira Henriques, Ana Bourbon, Madalena Antunes e Emília Ribeiro
2014
Contos…Recontos…Enco ntros
Madalena Antunes, Alice Xavier, Ana Maria Bourbon, Ana Maria Oliveira, Jandira Henriques, Liliana Xavier, Bruno Simões, Francisco Simões, Sofia Antunes, Manuela Sousa, Rosa Silva, Ana Gomes e Emília Ribeiro
Luís Almeida
2014
Era uma vez… Uma EcoCarochinha
Alice Xavier, Manuela Sousa, Bruno Simões, Francisco Simões, Liliana Xavier, Madalena Antunes, Sofia Antunes, Luís Almeida e Emília Ribeiro
Luís Almeida
2014
“A Estrela e o Pequeno Grão de Areia”
Madalena Antunes, Alice Xavier, Ana Maria Bourbon, Ana Maria Oliveira, Jandira Henriques, Sofia Antunes, Liliana Xavier, Manuela Sousa, Emília Ribeiro e Rosa Silva
Luís Almeida
2015
Era uma vez… Uma EcoCarochinha
Alice Xavier, Manuela Sousa, Bruno Simões, Francisco Simões, Ana Gomes, Liliana Xavier, Luís Almeida e Emília Ribeiro
Luís Almeida
2015
Pranto de Maria Parda
Madalena Antunes, Alice Xavier, Ana Maria Bourbon, Ana Maria oliveira, Jandira Henriques, Liliana Xavier, Bruno Simões,
Luís Almeida
250
Luís Almeida
Luís Almeida Luís Oliveira
Francisco Simões, Sofia Antunes, Manuela Sousa, Rosa Silva e Emília Ribeiro
2016
O Rei da Helíria
2016
Madalena Antunes, Alice Xavier, Ana Maria Bourbon, Ana Maria oliveira, Jandira Henriques, Liliana Xavier, Manuela Sousa, Emília Ribeiro, Sofia Isabel Ribeiro e Beatriz Roberto
Luís Almeida
Madalena Antunes, Ana Maria oliveira, Jandira Henriques, Liliana Xavier, Rosa Silva e Emília Ribeiro
Luís Almeida
Madalena Antunes, Alice Xavier, Ana Maria oliveira, Jandira Henriques, Rosa Silva
Luís Almeida
Luís Oliveira
A Cigarra e a Formiga 2017
O Avejão
Madalena Antunes, Alice Xavier, Liliana Xavier Rosa Silva, Manuela Sousa, Emília Ribeiro e Luís Almeida
Luís Oliveira Luís Almeida
A Derrota da Bruxa Poluição
Ana Ribeiro, Alice Xavier, Liliana Xavier, Ana Maria Oliveira, Jandira Henriques e Rosa Silva
Luís Almeida
2017
A Insustentável Leveza do casar
Ana Ribeiro, Alice Xavier, Liliana Xavier, Jandira Henriques, Emília Ribeiro, Manuela Sousa, Bruno Simões, Cândido Barbosa, Luís Almeida e Nelson Xize
Luís Almeida
2017
Guimarães – Sítio de Memórias
Ana Ribeiro, Alice Xavier, Liliana Xavier, Jandira Henriques, Emília Ribeiro, Manuela Sousa, Bruno Simões, Francisco Simões, Luís Almeida e Nelson Xize
Luís Almeida
2018
Colombina e seus amores
Ana Ribeiro, Alice Xavier, Liliana Xavier, Jandira Henriques, Emília Ribeiro, Manuela Sousa, Bruno Simões, Cândido Barbosa, Luís Almeida e Nelson Xize
Luís Almeida
2019
Auto do Vaqueiro
Alice Xavier, Liliana Xavier, Jandira Henriques, Rosa Silva, Manuela Sousa, Beatriz Roberto, Celeste Pinto, Ricardo Faria, Luís Almeida, João Fernandes e José Soares
Luís Almeida
2019
Cinderela Borralheira
Alice Xavier, Liliana Xavier Ana Maria oliveira, Jandira Henriques, Rosa Silva, Celeste Pinto, Manuela Sousa, Emília Ribeiro, José Soares
Luís Almeida
2019
Maria Parda
Alice Xavier, Liliana Xavier, Jandira Henriques, Rosa Silva, Manuela Sousa, Celeste Pinto, Ricardo Faria e Emília Ribeiro
2017
251
Luís Oliveira
Luís Oliveira
Luís Oliveira
Luís Oliveira Luís Almeida
2019
Frei João e as Beatas
2020
A Cigarra e as Formigas (nova versão)
Alice Xavier, Jandira Henriques, Manuela Sousa, Bruno Simões, Liliana Xavier, Luís Almeida, José Maria Gomes, Bruno Simões, Francisco Simões e Emília Ribeiro Alice Xavier, Liliana Xavier Jandira Henriques, Rosa Silva, Manuela Sousa, Celeste Pinto, Emília Ribeiro e Elvira Oliveira
252
Luís Oliveira
Luís Almeida Luís Oliveira
OSMUSIKÉ TEATRO - Performances Data
Performance
Elenco
Sonoplastia
Alice Xavier, Liliana Xavier, Jandira Henriques, Ana Bourbon, Maria João Marques, Sofia Isabel Ribeiro, Ana Gomes, Emília Ribeiro, Manuela Sousa, Bruno Simões, José Maria Gomes, José Maria Ferreira e Ana Maria Bastos
Guilherme Ribeiro
2012
Jantarada dos 13 - A Queima do Judas - em colaboração com o TERB/CAR
2012
Rui Mais que cenas e sopra no pano
Alice Xavier, Jandira Henriques, Liliana Xavier e Emília Ribeiro
Guilherme Ribeiro
2013
O capuchinho Vermelho no Jamor (Associações ao Coreto)
Alice Xavier, Jandira Henriques, Manuela Sousa, Liliana Xavier Emília Ribeiro
Luís Almeida
2014
O Casamento da filha – Associações ao Coreto
Alice Xavier, Jandira Henriques, Ana Bourbon e Emília Ribeiro
Luís Almeida
2014
“Candidatos a Presidente (RUM Casa da Memória)
Alice Xavier, Jandira Henriques, Ana Bourbon, Emília Ribeiro e Liliana Xavier
Luís Almeida
Luís Oliveira
Casamento anos 20
Alice Xavier, Jandira Henriques, Manuela Sousa, Bruno Simões, Francisco Simões, Ana Gomes, José Maria Gomes, Liliana Xavier, Luís Almeida, Sofia Isabel Ribeiro e Emília Ribeiro
2015
A Velha Rabugenta
Alice Xavier
Luís Almeida
2015
Coreto – Monumento Perfeito
Alice Xavier, Jandira Henriques, Manuela Sousa, Bruno Simões, Liliana Xavier, Francisco Simões, Emília Ribeiro
Luís Almeida
2016
Hairstyle
Alice Xavier, Jandira Henriques, Manuela Sousa, Liliana Xavier, Luís Almeida e Emília Ribeiro
Luís Almeida
2016
Ecostyle
Alice Xavier, Jandira Henriques, Manuela Sousa, Bruno Simões, Liliana Xavier, Luís Almeida e Emília Ribeiro
Luís Almeida
2016
“Num cenário de batalhas comemoramos as nossas conquistas”
Alice Xavier, Jandira Henriques, Manuela Sousa, Bruno Simões, Liliana Xavier, Luís Almeida, Ana Ribeiro, Beatriz Roberto e Emília Ribeiro
Luís Almeida
2017
Dia da Portugalidade
Alice Xavier, Jandira Henriques, Manuela Sousa, Bruno Simões, Liliana Xavier, Luís Almeida, José Maria Gomes, Bruno Simões, Francisco Simões e Emília Ribeiro
Luís Almeida
2017
Isto é um trinta e um!
Jandira Henriques, Liliana Xavier e Emília Ribeiro
Luís Almeida
2015
Guimarães in moda – Casamento Singular
253
2017
Pêro o Trovador e as regateiras
Alice Xavier, Jandira Henriques, Manuela Sousa, Bruno Simões, Liliana Xavier, Luís Almeida, Bruno Simões, Francisco Simões e Emília Ribeiro
Luís Almeida
2018
Reisadas Teatrais
Alice Xavier, Jandira Henriques, Ana Maria Bastos, Liliana Xavier e Emília Ribeiro
Luís Almeida
2018
Afonso Henriques e o Festival da Canção
Alice Xavier, Jandira Henriques, Liliana Xavier e Rosa Silva
Luís Almeida
Alice Xavier, Jandira Henriques, Manuela Sousa, Bruno Simões, Liliana Xavier, Luís Almeida, José Maria Gomes, Bruno Simões, Francisco Simões, Celeste Pinto, Ana Ribeiro, Paula Campos, Nelson Xize, Cândido Barbosa, Mariah Li, João Fernandes e Emília Ribeiro
Luís Almeida
Alice Xavier, Jandira Henriques, Bruno Simões, Liliana Xavier, Luís Almeida, Ricardo Faria, Celeste Pinto, Rosa Silva e Emília Ribeiro
Luís Almeida
2018
Cinema mudo ou talvez não
2018
Reencontros com mitos e lendas
2018
Sons com Estória
Alice Xavier, Jandira Henriques, Manuela Sousa, Bruno Simões, Liliana Xavier, Luís Almeida, José Maria Gomes, Bruno Simões, Francisco Simões e Emília Ribeiro
Luís Almeida
2019
Frei João e as Beatas
Alice Xavier, Jandira Henriques, Manuela Sousa, Bruno Simões, Liliana Xavier, Luís Almeida, José Maria Gomes, Bruno Simões, Francisco Simões e Emília Ribeiro
Luís Almeida
Quem casa quer casa
Alice Xavier, Jandira Henriques, Manuela Sousa, Celeste Pinto e Ricardo Faria
Luís Almeida
D.ª Catarina de Bragança e Pêro do Paço e as Regateiras
Alice Xavier, Jandira Henriques, Manuela Sousa, Liliana Xavier, Luís Almeida, Celeste Pinto, Ricardo Faria, Rosa Silva e Emília Ribeiro
Luís Almeida
2019 2019
254