ABRIL DE AMOR, ABRIL DE PAZ José Matos zematos2@sapo.pt Abril de sonho, abril de ternura, abril que se fez de lutas e palavras, como esta onda de desejo que cresce em forma de vinho por nós decantado. Abril que se renova em cada aventura, sonho que brilha nos olhos da aurora em memória de um rosto vivo e frágil que sobrevive ao tempo da poesia. Abril que se respira num sopro de ar, apesar de nos encontrarmos retidos em casa por causa das normas do confinamento. Abril de sonho, paz, liberdade, de todas as memórias que o tempo não apaga. Abril de ternura, de sonho e de saudade, que se reinventa enquanto o coração bate por esta expressiva sensação de euforia que nos faz reviver a festa em cada dia. Abril razão, abril paixão, espaço de perfeição e harmonia, ar que vem com cheiro a alfazema, liberdade que se respira com emoção e se repete ano após ano, dia após dia. A vida fixou-se no limiar desta paixão assumida e petrificados no limite da inconstância deste rio de caudal indefinido que embala e corre no meio de sorrisos,
afetos, sonhos e emoções. As florestas hão de crescer a salvo do crime perpetrado a soldo dos malfeitores que querem espalhar o terror e o medo para nos conduzirem ao centro da tragédia, clamando vingança em nome do poder, até dirimirem a última réstia de esperança. Abril de querer como que te quero, abril de tudo: de paixão, de serenidade, de ternura, da minha, da tua e da vossa geração, abril da rua, onde hoje não podemos estar. Abril desta gente pura, trabalhadora, valente, que sabe ir até onde outros não conseguem chegar, sem medo do futuro, com cautela no presente. Abril sempre, neste jardim de delícias e paixões, onde respiramos a neblina fresca das manhãs, onde podemos gritar a plenos pulmões este sonho consolidado na paz e na alegria. Sou livre para sonhar e para viver, para cumprir esta viagem perfeita em torno de um ideal que foi crescendo, criando raízes, cimentando ideias para a construção de um mundo novo mais fraterno, mais igualitário, mais justo. Sei que não posso sair à rua, mas vou aplaudir 110