TRANSBORDAR
Geisla Sanara Silva de Abreu
cê para de entupir a passagem deixa jorrar! teus olhos nem maream o coração em apuros grita há tanto, tanto, tanto… e aguentas aguentas mas transborda vez em quando, que tu é água mas também é fogo escuta: não vira barragem! quem não sabe saudar suas águas não merece entrar nelas. quem não te vê como mundo que incendeia, inunda como vento que leva tudo, como terra fresca que esfria os pés não merece fazer parte dele. quem quer andar por teus labirintos com pés calçados não merece conhecer suas encruzilhadas. quem não tem cuidado com teus remendos, com tua carne marcada, tua memória de naufrágios, teu peito alagado de perdas, teus ouvidos com rastros de ilusões quem não tem paciência com seu tempo quem não respeita sua história e não escuta teus sentires meu bem, não te merece.
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