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Lendo Carolina Maria de Jesus

LENDO CAROLINA MARIA DE JESUS

Rebeca Oliveira

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Ao iluminar da Lua Que transpassava a janela do meu quarto Mergulhei nas escritas de uma mulher preta O grito, o choro, a coragem, a revolta e a esperança Ecoavam em suas palavras No íntimo de sua escrita Senti as dores que transpassavam cada linha E os conhecimentos que abrilhantava Enxerguei as tristes marcas que as mulheres que me cercam tentam [esconder

Senti que meu existir é resistir Que desde o nascer cada dia teria que lutar para não morrer Que a infância nem sempre é carregada de sorrisos ou brincadeiras Mas de mãos inchadas e pés descalços que labutam todos os dias [para ter o que comer Às vezes nem conseguem estudar porque precisam trabalhar A felicidade acaba se resumindo em ter apenas um teto para morar Comida para se alimentar e um vestir Aprendi que ser mulher preta é mais que resistência É sobreviver Sobreviver à fome Na margem de uma sociedade racista e machista Na miséria, na doença e até na morte É encarar muitos medos e dificuldades É lidar com a solidão e invisibilidade E mesmo cansadas nos deparamos com pessoas que só jogam mais [pesos sobre nossas costas Ainda assim conseguimos transformar nossas memórias em [energia para se erguer

Renascer e ser

Nunca deixando de sonhar e desejar o bem viver E realizar o nosso querer Carregando a fé naquelas que vieram antes de nós Que até aqui nos ensinaram A não calar nossa voz e se armar de conhecimentos para nos fortalecer Quebrando as correntes dos opressores que tentam nos prender

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