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Luto pela Liberdade

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Ancestralidade

Ancestralidade

LUTO PELA LIBERDADE

Raíssa Nizah

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Desculpa, mas tá doendo É que tem muita gente como eu, morrendo É que tem muita gente como eu, sofrendo, com medo, temendo!

Aliás, desculpa não! Aqui, é lei do cão! Cês não pediram desculpas por passar com tanto ódio Nem pediram licença pra dizimar os meus, bem debaixo dos meus [olhos

Cês não pediram permissão pra destratar a minha crença Mas toda vez que chego em casa, olho pra Mãe, toco no chão, peço [Agô e bença Isso é RESPEITO, a tido que me rege. Respeito é palavra que vocês [nem conhecem!

E vai achando que esse discurso de fé me desce Quem tem fé de verdade, não odeia quem com você não se parece.

Esse discurso de ódio me deixa com medo Todo dia o mesmo enredo Desejando o meu fim, aproveitando do meu desespero Com os privilégios que você tem Quem de nós cê acha que morre primeiro?

É certo que os meus já morrem Rondesp, peto, gêmeos, boleto, fundamentalista, homofóbico. Eu chamo de GE-NO-CÍ-DIO E ainda querem armar “o povo” Para “se defender” permitem homicídio

É que a lei só funciona pra quem tem pele clara Armani, Channel, Vuitton, coisa cara Pra gente de pele escura, cabelo crespo, só resta bala É que às vezes saco de pipoca parece com arma E o tiro se endereça pra preto que é sempre suspeito

Imagina se o filhinho de papai tem uma arma? Atira no preto, legítima defesa, sai ileso Imagina essa arma na mão de um homofóbico? Mata travesti e justifica seu crime com ódio

A morte dos meus é reflexo da falta de amor dos seus Mas com a força de Xangô, há de haver justiça: KAÔ! E eu não vou parar Porque a minha raça não tem dom pra se conformar

A gente passou 400 anos lutando contra vocês Não vão ser 4 de um sonho burguês que vão nos deixar no chão Experimenta tentar nos falar Pra quem de pé, sua cultura deixou, mesmo depois da escravidão, é [pouco o que vem de lá!

Experimenta tirar de nós os direitos que suamos pra conquistar! A luta não acabou E nós não vamos parar!

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