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Dor diária

DOR DIÁRIA

Karine Alves Matias

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Uns com muito Outros com nada Vejo a miséria no caminho do trabalho Desde que boto os pés pra fora de casa O corredor de gente só cresce Sem emprego, sem comida, sem casa A taxa de moradores em situação de rua só aumenta E o governo não tá nem aí pra nada Nem a gente, se naturalizar essa questão recorrente Não ver humano no irmão que está bem em frente à gente Às vezes, pedindo esmola, comida ou até um lençol quente E parte o coração não saber o que fazer Não podemos salvar o mundo Mas não devemos pensar que essa desgraça é natural e é assim que tem que ser Frutos do sistema fodido Matam nossos entes E os que vivem são escravos do capitalismo Batalhando de segunda a sábado Às vezes, de domingo a domingo E o que nós temos com isso? O diálogo paz e amor não funciona mais comigo Se saio do trabalho e vejo uma senhora comendo lixo E ela tem cor A mesma dos nossos ancestrais arrancados de casa e pra cá trazidos E vocês querem justificar que são as drogas que causam isso Só se for a droga do povo branco Que talvez com esse trecho se sinta ofendido E o que vamos fazer pra mudar isso? Passar mais uma vez na calçada, no comércio, no Pelourinho, com

os olhos vendados, ou pior, não vendo humanos, mas sim, bichos? Muitos com muito Poucos com nada Sigo assistindo crianças pedindo apenas paz, comida e água pra dentro de casa.

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