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Adeus ao Racismo

ADEUS AO RACISMO

Isaac Dubai

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Adeus ao racismo Racismo estrutural Vejo isso quando me chamam de animal. Racismo recreativo Via isso das pessoas que eu chamava de amigo. Mas, hoje em dia, não mostro que sofro Só demonstro o meu descontentamento É tão constante que virou normal Ser humilhado e ofendido virou forma de entretenimento. Mas me diga, se eu tivesse no topo Achariam legal? Ficariam puxando meu saco pra ganhar uma moral? As respostas que recebia eram: Eu só estava brincando, Chamar de macaco louco é normal, É só zoação, mano! Não leva para o pessoal. Mas um dia não aguentei Desabafei e perguntei: Por que isso? Por que comigo? Com um corpo tão escultural, Minha pele sem igual, Uma barba com um brilho fora do normal, E meu cabelo que dá orgulho, Sempre todo natural. O que eu não entendia É que a inveja ali já residia O mal estava nas entrelinhas A perversidade camuflada de brincadeirinha.

Eu não entendia Mas comecei a entender! O estudo mostrou que ali tinha um véu, Que pra atravessar só rasgando. Eu passei a ver E logo fui me postulando. Pois ali, naquele momento, já não exista um menino imaturo. Sem esquecer do passado E olhando para o futuro. Agora pra andar ao meu lado e ser chamado de irmão, Tem que ser na disciplina. Não é só cumprimentar quando, por acaso, me ver na rua ou na esquina. É tipo, derramar o sangue igual, se cortar numa louça fina. É provar que entre os dois lados do muro Você nunca estará em cima. Estamos conquistando espaço, E ninguém vai controlar a revolta Desses pretos.

A “conexão raiz” que estamos criando É algo que vai além dos ancestrais. Seguindo, alinhando nossas lutas, Formando os quilombos dos dias atuais. Aqui não tem essa de fechar com inimigo Só pra provar que temos valor. Estamos nos reunindo Nós queimamos a casa grande e Açoitamos o feitor. Isso mesmo! Castigamos um irmão de sangue Porque naquele momento ele representava o torturador. Chegando de voadora nos racistas E transformando o império do senhorzinho Em poeira. É a revolta organizada, nego, Deu pra entender a parada?

Pode parecer nostalgia, Mas aqui ninguém está pra brincadeira. Conquistaremos batendo e fazendo festa Igual aos tempos dos mestres de capoeira. Os tempos não param! Os pretos não param! É revolta organizada, nego!

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