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De Salvador

DE SALVADOR

James Barreiros

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O dia escorre pelas mãos e o crespo Não empoderou a minha coragem Às voltas na cidade, tarde da noite, Não existe representatividade que lhe retire o medo

E a pele enruga nas pontas dos dedos, os dentes batem As mães morrem em choro por outro filho morto Filhos desapontam-nos, despertam-nos e no frio não dormimos Estamos sempre alerta com a chuva, a bala perdida

Salvador, cidade lograda na boca dos santos, Teu sol, Salvador, me faz falta Teu sol é só teu. Íntimo e peculiar. Tonifica Ajuda os teus, Salvador! Há jovens e velhos em suas ruas com fome e frio Sem casa. Os guie. Faz jus ao teu nome!

Salvador não escuta E se escuta não se importa E passam-nos outro dia, outra semana Vemos findar outro mês, ano sem a devida resposta As políticas matam-nos, os políticos torturam-nos E humilhados em subempregos, desesperados Nos atacamos ou esperamos por outro final de semana (o fim da esperança) Ou um novo começo de mês que de nada adianta

Por que nos submete a esses caminhos solitários? Esqueceu-se da alegria ou essa só lhe serve nos cartazes e projeções? O mar está zangado dessa natureza e de tanto amargor

Já não se ouve mais os pássaros, as árvores se esquecem do verde [e a sede

Só se sacia em lágrimas

Do barco ao pescador, do sol à aurora Reconecte em si, senhora ganhadeira de dor Porque Salvador só parece gostar dos que vem de fora.

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