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Carta aberta à opressão

CARTA ABERTA À OPRESSÃO

Lua Gonçalves

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Os negros não regressarão para a senzala Depois de mais de 300 anos de escravidão Trocaram navio por camburão Mas lhe comunico que haverá resistência! E não adianta manter as aparências Quando passo com minhas características de nascença O ódio ainda está velado no seu olhar. Assusta tamanha isenção Em um país onde mais da metade da população É constituída por nós. Gradativamente calaremos sua voz opressora Ao passar dirigindo o carro do ano em frente ao seu consignado. Os LGBTs não retornarão para o armário Presos e sufocados dentro do próprio quarto Sentindo o grito engasgado enquanto engolem o choro Em mais um jantar em família. Já basta de ser alívio cômico na TV Em troca da preservação das suas vidas Que estão nas mãos de falsos moralistas.

Mão sujas pelo deleite dos vídeos protagonizados por travestis Pelo mar vermelho sangrado dos trans São as mesmas mãos que tateiam, cuidadosamente As linhas escritas no livro da moral e dos bons costumes. É a mão que cala a boca da garota Que por dentro padece em um grito eterno e mudo.

Avise aos machistas! As mulheres não voltarão mais para a cozinha Após tantos séculos sendo oprimidas, submissas

Gritando sem serem ouvidas Rindo torto para esconder o medo de um toque Acelerando o passo para esconder o incômodo de um olhar Clamando pelos dias de liberdade Dentro do constante processo de se tornar mulher, Enquanto eles serão eternamente garotos para a sociedade, Clamando pelo vento nas asas, Num mundo em que definem liberdade como não ter medo, Sendo que o sentimos o tempo inteiro. Em meio a barbaridade que te descrevo, Avise a todos que haverá resistência! Uma vez que, liberdade é poder ser quem legitimamente somos.

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