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Odoya
ODOYA
Alexandra Suzarte
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Os olhos d’água de mãe preta Brilharam, cintilaram calmamente Ela suspirou sorrateiramente Até poder transbordar Sim, mãe preta chora!
Suas águas agora correm Correm por toda a terra Mansas ou revoltas São águas salgadas São sempre sagradas
Os olhos d’água de mãe preta Encheram o mar Só pra poder acalmar O tormento do navio negreiro
Seus filhos gritaram Imploraram, sangraram E mãe preta sentia A dor de seus filhos Pequenos peixes enlatados Aprisionados naquele porão
E com suave acalanto Ela suspirava, soprava Movia a maré, balançando o barco Como uma canção de ninar
Os olhos d’água de mãe preta Ainda transbordam Ainda imploram Ainda nos tocam
Você pode sentir? Você pode ouvir o choro de mãe preta?
Quando eu andar Na beira do mar As águas tocar Irei contar aos meus irmãos: Nossa mãe chora!
E na lua cheia Suas lágrimas de dor Se tornarão um belo canto Ecoará pelos quatro cantos
Suas águas Lavarão todo sangue que escorre Levarão todo açoite embora
Mãe preta chora!
Seus olhos Brilham, cintilam calmamente Ela suspira sorrateiramente Até transbordar! Mãe preta chora por você!