ODOYA
Alexandra Suzarte
Os olhos d’água de mãe preta Brilharam, cintilaram calmamente Ela suspirou sorrateiramente Até poder transbordar Sim, mãe preta chora! Suas águas agora correm Correm por toda a terra Mansas ou revoltas São águas salgadas São sempre sagradas Os olhos d’água de mãe preta Encheram o mar Só pra poder acalmar O tormento do navio negreiro Seus filhos gritaram Imploraram, sangraram E mãe preta sentia A dor de seus filhos Pequenos peixes enlatados Aprisionados naquele porão E com suave acalanto Ela suspirava, soprava Movia a maré, balançando o barco Como uma canção de ninar 25