na sociedade atual. Hoje, a parcela mais prejudicada com o problema estrutural da educação brasileira são pessoas de classes sociais baixas, negros e mulheres. Pode-se então afirmar que, desde sua origem, o “ensinar” brasileiro sempre foi construído de uma forma desigual.
Hoje, a falta de investimento na educação pública e a dificuldade de acesso a um currículo educacional básico completo impacta[m] e continuará afetando a população e juventude do país. Segundo dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2019, 51,2% das pessoas de faixa etária igual ou superior a 25 anos não completaram a educação básica. Além disso, dentre os 50 milhões de brasileiros de 14 a 29 anos, 20% - equivalente a 10 milhões -, não completaram alguma etapa da escolaridade até o ensino médio, e dentre esses 10 milhões, 71,7% são negros ou pardos. Em 2020, a evasão escolar foi
ainda mais impactada e acentuada pela pandemia, e 5,5 milhões de jovens e crianças entre 6 e 17 anos não tiveram acesso à educação por falta de recursos, e 1,38 milhão abandonaram as instituições
de ensino, já que as escolas públicas não têm condições e investimento suficiente para providenciar ferramentas essenciais para o estudo e aprendizado à distância, de acordo com dados da PNAD de 2020.
A educação é - ou deveria ser
- um direito de todos, porém, como apontam os dados e a história, isso nunca ocorreu no Brasil. É necessária uma reparação no processo educacional do país, e, para isso acontecer, toda a bagagem histórica de séculos de desigualdade, exclusão e negação de direitos teria que ser reconhecida e levada em conta. Portanto, o ensino só cumprirá seu verdadeiro e real papel quando finalmente conseguir abranger todas as plurais juventudes brasileiras, constituídas de jovens pobres e ricos, brancos e negros, homens e mulheres e mais outras diversas e múltiplas realidades. Vicente Franzini
Escola para quê?
Desde a Independência
Brasileira e anteriormente, o debate sobre a Educação nacional existiu, com focos diferentes, como “O governo deveria financiar escolas públicas?”, no Século 19, para 41
“Como fazemos uma escola?”, no século 20 e, até hoje em dia, quando o debate virou “Escola para quê?”.
A escola em uma sociedade
utópica serviria, principalmente, para trazer informações necessárias para a integração funcional da pessoa na sociedade, além de criar uma personalidade, formar caráter, etc. Essas seriam importantes ferramentas para o processo de amadurecimento do indivíduo, além da eventual entrada no mercado de trabalho da pessoa, mas não vivemos em uma utopia.
Ao invés disso, temos um país
como o Brasil, onde a adesão em escolas pela população em massa só ocorreu no Século 20, enquanto em outros países desenvolvidos esse mesmo patamar já tinha sido alcançado quando entramos nesse século.
Mas, até mesmo hoje em
dia, não temos grande adesão nas escolas. De acordo com o Anuário Brasileiro da Educação Básica, em 2018, 90% dos alunos concluíram o Ensino Fundamental 1, 76% o Fundamental 2 e apenas 64% o Ensino Médio.
O porquê desses níveis
abismais de completude do