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Sophia Casolari Landell Balbino A fuga de Arminda

Pelo menos agora tenho dinheiro o suficiente para ter meu filho comigo!

Volto alegre para farmácia e com dinheiro nos bolsos, pego meu filho no colo e volto depressa para casa.

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Quando chego explico o ocorrido para Mônica, ela me perdoa e dou graças a Deus pela fuga da escrava! Tia Mônica fala coisas sobre a escrava, mas pouco me importo, estou com meu filho em meus braços! Lágrimas me escorrem no rosto, breve mente me lembro do aborto da escrava, mas pouco me importo.

— Nem todas as crianças vingam

Sophia Casolari Landell Balbino

A fuga de Arminda

Desde os meus 14 anos me tornei uma escrava, existiam pessoas que como profissão caçavam escravos fugidos e os entregavam a seus senhores em troca de dinheiro, nunca tentei fugir pois sempre tive medo de ser pega, sabia que se algum dia isso acontecesse, colocariam um ferro ao redor do meu pescoço e iria apanhar. Por isso nunca tive coragem, apesar de desejar muito a minha liberdade.

Trabalhava num engenho com a produção de roupas dos escravos, lençóis, sacarias e outros misteres. O trabalho era muito pesado, o dia começava com a colheita de capulhos em sacaria, depois ocorria a separação das sementes nas descaroçadoras onde era retirado o algodão, esse era encaminhado às fiandeiras onde obtém-se a fiação, depois os fios eram distribuídos nas máquinas de tear, e assim era obtido o tecido.

Durante as manhãs o senhor andava pelo engenho para ter certeza de que todos estavam fazendo seu devido trabalho, e se não, haveria consequências. Um dia enquanto colhia capulhos, avistei o senhor passando por perto, e achei estranho pois cada vez mais se aproximava de mim. Fiquei com medo pois achei que tinha feito algo de errado, mas ao invés disso ele havia me chamado para conversar particularmente, o que soou estranho, mas o segui. Depois de uma longa caminhada chegamos ao final da plantação, onde não havia ninguém. Sem nenhuma explicação de por que havia me levado para lá, ele brutamente me jogou no chão, segurou meu braços com muita força de forma que não pudesse escapar. Ele levantou o meu vestido e desceu suas calças, tentei recusar, tentei escapar, tentei lutar, mas era tarde demais…

Depois desse dia continuei a trabalhar, mas fiquei traumatizada, havia sido violada! Senti tantas coisas: raiva, vazio, tristeza, fúria, angústia, medo, rancor, vergonha, ÓDIO! Queria me livrar de todos esses sentimentos horríveis, não estava confortável, por isso me perguntava se deveria fugir, mas algo que eu sabia que deveria fazer era permanecer em silêncio.

Depois de alguns meses comecei a ficar assustada pois tinha certeza de que estava grávida e a última coisa que desejava era ter uma criança e ter de vê-la crescer no meio de um engenho com péssimas