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Iolanda Magalhães Blanco Escola para quê?

isso fazia parte da minha rotina e nada mais. Mas, hoje, é diferente. Durante o tempo [em] que ficamos sem aulas presenciais percebi o quanto ela é importante. Não apenas para transmitir conhecimento, mas também para conviver com colegas e professores. Como disse Paulo Freire, um dos maiores pensadores sobre educação no Brasil, eu acredito que esse contato com colegas, professores e outros profissionais da escola nos ajudam a criar mais conhecimento e nos transformar.

Nesses últimos meses de quarentena[,] percebi melhor também que no Brasil o acesso à educação é muito desigual, como todo o restante das coisas do país. Segundo uma pesquisa realizada pelos sociólogos Marcelo Medeiros, do Instituto de Pesquisas Econômica Aplicadas (Ipea), Rogério Barbosa, da Universidade de São Paulo (USP), e Flávio Carvalhes, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 2017, o Brasil era o nono país do mundo com a maior desigualdade de renda, segundo o coeficiente de Gini. O mais desigual do continente americano.

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OBrasil é também um dos países com o maior número de habitantes sem diploma do ensino médio do mundo. De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), 52% dos adultos entre 25 e 64 anos não possuem esse nível de formação. E apenas 15% da população brasileira tem curso superior. Para os estudiosos, para o Brasil reduzir a pobreza para menos da metade, seriam necessárias enormes melhorias, como, por exemplo, garantir formação superior para todos. Uma mudança mais realista, segundo os pesquisadores, seria a de garantir que ninguém saísse da escola sem o ensino médio completo. Mas os alunos mais pobres, em geral negros e moradores das regiões menos desenvolvidas do país, acabam desistindo da escola antes de terminarem o ensino médio porque precisam trabalhar e ajudar as famílias. Isso acaba fazendo com que esse ciclo de pobreza continue. Porque[,] segundo estudo feito pelo pesquisador Sergio Firpo, professor do Insper, um trabalhador com diploma de ensino superior pode ganhar até 5,7 vezes mais do que os profissionais com outros níveis de ensino.

Além da pobreza levar os jovens a desistir de estudar, também vemos que muitas escolas públicas e das regiões mais pobres não tem condições sanitárias boas nem mesmo material e professores. Isso também desanima os estudantes a irem para a escola. Na minha opinião, são muitas coisas que precisam mudar na educação no Brasil e eu não tinha noção disso antes. Eu não tenho as respostas do que precisa ser feito, mas sei que tem muita coisa que não está certa. Uma boa maneira de começar a ajudar a melhorar a educação no Brasil é termos uma melhor política para valorizar as escolas e os professores.

Iolanda Blanco

Escola para quê?

Se você perguntasse para qualquer aluno de qualquer série como é a sua escola dos sonhos, ele provavelmente diria que desejaria uma escola sem lições de casas, sem incontáveis exercícios, sem provas e com mais tempo de recreio. É claro que a escola é uma peça fundamental para a educação, mesmo assim ela é vista como um símbolo de opressão para a juventude, onde jovens passam horas sentados em carteiras enfileiradas de frente para uma lousa, dentro de um sistema monárquico em que a figura de autoridade é o professor. Há décadas que a escola segue o mesmo modelo de ensino, claro que houve mudanças, mas a sala de aula