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Francisco Priolli Xavier Pensamentos de Chico: um cérebro bipolarizado

FRANCISCO PRIOLLI XAVIER

Será que eu presto para alguma coisa?

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Já pensei em textos, frases, poemas. Letras de música, mas sobre qual tema? Repeti isso como um ator pratica a cena. Isso tudo valeu a pena? Sei lá, às vezes faz sentido.

-O Quê? -Não sei, só pensei em rimar isso com umbigo. — resposta a mim mesmo. Vamos falar sobre música, por que você parou? Se zangou, ou algo ruim se tornou? Alguém te forçou? Não, só não tinha compromisso. Eu sou só um vagabundo. Na verdade, não é isso. É que eu me sinto inseguro. Sinceramente, tô fazendo isso pra quem? Meu coração diz que minha música pode salvar o mundo.

Mas minha mente me diz que não ajuda ninguém.

Música não serve, mas preciso ir para algum lugar. Eu me conheço, e tenho a clara noção de que trabalhar, como alguém comum, não é algo que desperta meu interesse. Na verdade, só me preocupa. E acho que isso tem a ver com a juventude em si, o acesso a toda essa tecnologia, me faz perceber que eu quero ganhar dinheiro em cima de mim, e não da minha mão de obra. Mas é só sobre dinheiro? Tem certeza?

Pra que mais serve o trabalho, aliás, por que trabalhamos? A resposta é simples, para viver em sociedade é necessário que cada indivíduo exerça uma função, quanto mais importante, mais bem remunerado será.

De verdade? Quanto mais importante for a função? Então você quer dizer que... Pera, você sabe bem disso, é sobre dinheiro sim. Quer dizer, não o dinheiro em si, mas a necessidade e a pressão que o mundo faz em torno de um jovem: -Ah você precisa estudar, pra passar em uma faculdade e arrumar um emprego! Realmente preciso? Acho que sim, né? É isso ou virar um Zé Ninguém! Aliás, eu posso ler Desobediência Civil, queimar meus documentos e ir morar no mato, já li, achei a ideia entediante. Enfim, nada disso faz o menor sentido, foda-se tudo, joga pro alto. Não posso, amanhã tem prova.