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Lívia Dantas Educação em uma sociedade mal educada

a distribuição de absorventes e camisinhas, garantir comida na mesa (o que algumas escolas já têm), etc. Muitos especialistas acreditam que o sistema de educação do Brasil é falho, e infelizmente temos muitos dados que comprovam isso, como por exemplo; esse estudo que saiu no site exame.com, dizendo que alunos de em média 14 e 15 anos tem desempenho matemática irelevantemente estagnado[,] tendo uma variação média de 0,8 em relação a 2015, também temos muitas crianças e adolescentes que não estão matriculados em escolas, segundo o anuário brasileiro da educação básica, e alguns dos motivos são: baixa renda familiar, trabalho infantil / iformal, domicilios em areas rurais, isoladas ou de risco, entre outras (site: noticiasconcursos.com.br), e não podemos esqueser de um dos principais motivos: a falta de investimento. Esses são só alguns dos exemplos entre centenas deles. A escola tem um papel super importante em nossas vidas, é ela que vai nos impulsionar para o nosso futuro, é ela que nos guia, é ela onde passamos em média 18 anos da nossa vida, e é uma pena que nem todos os jovens possam ter essa experiência completa, temos que lutar para cada vez mais a escola fique acessível para todos, tanto para pessoas com alguma deficiência física ou mental, tanto para meninas que engravidaram cedo, tanto para pessoas mais velhas que não conseguiram estudar na infância… a escola é um lugar para todos. Acho que agora já podemos responder a questão de pra que serve a escola.

Lívia Dantas

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Educação em uma sociedade mal educada

Em um país de economia ascendente e órgãos públicos precários como o Brasil, é comum a crença de que apenas a educação pública e o investimento governamental nessas instituições poderá salvar o nosso país de suas dificuldades socioeconômicas. Para suportar tal ideia, se usa como exemplo países europeus super desenvolvidos, que apresentam altos índices de escolaridade e mão de obra de ponta, com PIB e IDH altos. Contudo, existem também nações como a Argentina, que,apesar dos problemas socioeconômicos e PIB mediano, apresenta altos índices de alfabetização dignos de potências globais, com 99,51% de seus jovens alfabetizados em 2018. Isso evidencia que uma melhoria na escolarização não está necessariamente relacionada ao crescimento econômico de um país, pelo menos não a curto prazo, como defende o artigo “Apenas acesso à educação não é suficiente para reduzir desigualdade no Brasil” por Heloísa Mendonça, publicado no El País.

Adicionalmente, as condições de vida precárias em nosso país impossibilitam o aproveitamento pleno da escola por diversos jovens. Segundo uma pesquisa publicada no site da UOL em 2020, 116,8 milhões de brasileiros sofriam algum grau de insegurança alimentar. Há outras questões que dificultam ou se tornam prioridades frente aos estudos, como a falta de transporte para a escola, de apoio familiar e a moradia precária contribuem para menores taxas de escolarização. Tais elementos revelam que, para uma educação funcional que influencie positivamente a economia, é necessário o desenvolvimento coletivo de uma base social consistente, promovendo a melhora da infraestrutura e a compreensão das juventudes. Ao projetarmos instituições de ensino visando [a] um

futuro crescimento econômico, desencadeamos uma das mais fortes características dos métodos de ensino brasileiros: o conteudismo. Termo este utilizado para classificar algo estritamente teórico, que valoriza o conteúdo em detrimento da forma. Fenômeno evidenciado quando a capacidade de um aluno é medida por sua habilidade de reproduzir as informações que lhe foram passadas. De forma a qualificar o jovem como um mero receptor ao invés de um ser crítico e pensador. Tal metodologia sobrecarrega os estudantes, fazendo com que não se sintam pertencentes ao ambiente escolar. Como podemos observar em relatos de alunos e professores no documentário “Pro dia nascer feliz” de João Jardim.

Apesar de a escola ser vista como uma instituição de preparação para o mundo do trabalho, a necessidade de auxiliar na renda familiar é uma das principais causadoras da evasão escolar no Brasil. Foi estimado pelo instituto Datafolha que cerca de 4 milhões de estudantes na faixa de 6 a 34 anos deixaram os estudos no ano de 2020, sendo mais da metade deles das classes D e E. Mesmo com iniciativas como o Bolsa Família, a pobreza no Brasil ainda afeta diversas famílias, colocando outras necessidades como a obtenção de alimento e moradia acima da educação. Esses dados alarmantes explicam a inserção precoce desses jovens no mundo do trabalho informal.

Para muitos, a escola, ainda que precária, é vista como um abrigo. A violência doméstica e a fome tornam-se incentivos para diversos jovens, principalmente de áreas periféricas, frequentarem o ambiente escolar. Porém, a hostilidade presente no ambiente escolar também é um forte causador de desmotivação entre as juventudes. A adoção de sistemas de ensino antiquados e pouco plurais, que posicionam o professor como um ser superior “inimigo” dos alunos, dificulta sua aproximação com a matéria, impactando negativamente seu desempenho escolar, muitas vezes gerando constrangimento, tristeza e raiva. Ao tornarmos a escola um ambiente tão intolerável quanto o mundo externo, sem nenhum atrativo ou razão pela qual o aluno deva ficar, perdemos os jovens que necessitavam daquele abrigo, expondo-os, à criminalidade, diversos tipos de violência, abusos e trabalhos exploratórios. O documentário “Quando sinto que já sei” de Antonio Sagrado, Raul Perez e Anderson Lima, problematiza a perversidade em nosso sistema educacional e retrata escolas que seguem diferentes metodologias, optando pela não diferenciação de séries, a não utilização de salas de aulas e adoção de diretrizes não convencionais.

Para que as instituições de ensino promovam melhorias que impactem as condições socioeconômicas do nosso país, são necessárias diversas mudanças no modo como enxergamos e tratamos a educação. Os métodos de ensino repressores, ainda muito comuns no Brasil, desmotivam as juventudes. Estes, pensados para a formação de uma mão de obra em massa, reduzem o jovem a um receptáculo, sem opiniões e, consequentemente, voz. A pobreza e a falta de acesso a condições básicas de vida são outros fatores que prejudicam a escolarização. Para o avanço educacional, é indispensável a luta coletiva pelo exercício pleno dos direitos básicos e pela formação de ambientes seguros e plurais dispostos a tratar as juventudes como seres pensantes da sociedade.