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Lucas Watanabe A. P. Litvin Pai contra mãe

Lucas Watanabe A. P. Litvin

Pai contra mãe

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Trabalho e moro com a minha tia Mônica. Nós somos costureiras e pelo fato de tanto trabalharmos, nem tenho tanto tempo para namorar. Minha tia sempre implicou com os meus namorados, às vezes ela nem sabia o nome deles.

Até que um dia eu vi um homem, estávamos num baile ele se chamava Cândido Neves, senti na hora que ele poderia ser o meu marido, um marido verdadeiro, único. Nessa época eu já tinha os meus 22 anos e ele 30.

Nos casamos uns 11 meses depois, mesmo com os meus amigos e minha tia achando que ele não era homem para mim. Só porque Cândido era um homem pobre, cheio de dívidas e ele pegava escravos fugidos. Mas é que ele era tão apaixonado por mim…

Mesmo depois de casados, a tia Mônica não era a favor da nossa relação. Ela sempre implicava e ainda dizia que se um dia eu tivesse um bebê que ele iria passar fome. E foi assim que aconteceu, eu engravidei.

Cândido também continuava o mesmo, sem um emprego, só ficava tentando e tentando arrumar algo, mas sempre voltava para casa sem um vintém.

Trabalho bastante, tem dias que nem tenho tempo de remendar as roupas de Cândido, mas a tia Mônica sempre me ajudava. No final da minha gravidez, tia Mônica veio conversar comigo e Candinho. Disse que deveríamos levar a criança à Roda dos enjeitados.

Candinho perguntou:

— Enjeitar o quê?

Candinho arregalou os olhos e até deu um soco na mesa de tanta raiva que ficou.

Eu falei:

— Titia não fala por mal, Candinho.

Tia Mônica replicou. Por mal ou por bem, seja o que for, digo que é o melhor que vocês podem fazer. Vocês não têm dinheiro e querem aumentar a família, ela terminou a frase com um gesto de ombros, deu as costas e foi para o seu pequeno quarto.

Eu fiquei meio chocada, pois ela sempre insinuava que eu não deveria ter o bebê, mas dessa vez ela foi cruel.

Dei a mão a Candinho, para ampará-lo e ele fez uma careta e chamou a tia Mônica de maluca.

Até que bateram na porta de casa. Era o dono da casa, veio cobrar os três meses de aluguel atrasado. Ele veio receber os aluguéis vencidos, como não tínhamos o dinheiro ele falou que se, em cinco dias não pagássemos, teríamos que deixar o imóvel.

— Cinco dias ou rua! Ele repetiu e foi embora.

Candinho tentou de tudo, mas não conseguiu nenhum dinheiro e os dias foram passando. A situação era aguda.

Tia Mônica conseguiu arrumar um lugar para ficarmos, só que ela danada que é, não falou nada até o dia de sairmos da casa, para que Candinho se agilizasse. A casa