Revista Nó na Palavra - 2021

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Theo Rocabado Zapella Andrade

Escola pra quê(m)?

Já há algum tempo, em um

cenário global, um dos principais requisitos para a formação de uma sociedade que tenha oportunidades de empregos razoáveis, acesso à informação, melhor qualidade de vida e participação de indivíduos em seus âmbitos sociais, é uma boa estrutura educacional. No Brasil, o processo de formação das instituições de ensino público ao longo dos séculos passou por diversos empecilhos devido à falta de investimento e ampliação do acesso ao estudo. Isso gerou consequências que perduram até hoje em nossa sociedade e acaba fazendo com que uma jornada educacional qualificada seja inacessível a uma grande parcela dos jovens brasileiros. Sendo assim, o Brasil acabou formando seu processo educacional de uma maneira excludente e desigual que impacta sua juventude até os dias atuais, por isso, o problema da educação brasileira é um fator histórico.

É na instituição escolar que

ocorre a formação em conhecimentos gerais - desde o letramento até disciplinas mais avançadas -, desenvolvimento

do caráter moral e ético e capacitação para uma vida em sociedade e para o mercado de trabalho, além de ser também um lugar de convívio social e, para alunos de uma condição de vida mais difícil, um refúgio de suas realidades precárias ou situações desagradáveis no ambiente familiar. São esses e outros motivos que fazem da educação um direito de todos, desde a infância até o final da juventude. Porém, com a desigualdade de ensino do Brasil, esse direito não é assegurado para grande parte dos jovens brasileiros.

Tendo em vista o problema

do atraso educacional do país, é preciso ter um panorama histórico do papel do ensino até os dias atuais. No início do processo de formação da educação brasileira, existia um grande descompasso em relação a outros países, que possuíam estruturas econômicas e sociais semelhantes. Uma das hipóteses para tentar justificar esse atraso era que talvez “não houvesse demanda” da população, já que o Brasil era um país muito agrário e rural, constituído predominantemente por núcleos familiares pobres e escravos libertos.

Entretanto, o professor da

Faculdade de Economia, 40

Administração e Contabilidade da USP, Renato Colistete, em uma análise de manuscritos antigos, concluiu exatamente o contrário. Ele estudou abaixo-assinados realizados entre os anos de 1830 e 1919, que contavam com pedidos de providência da população de baixa renda por escolas e professores para suas crianças e jovens. O professor também pôde constatar que muitas das assinaturas eram escritas “a mando” de alguém, já que muitos - e em alguns casos, a maioria - dos que participavam das petições e iniciativas eram iletrados. Colistete também pontuou que “De fato, as petições, sozinhas, não representam um movimento generalizado de demanda [...] mas são o indício de algo que pode ser mais generalizado do que a gente imagina”.

A solicitação por instituições

de ensino da população de classes sociais mais baixas daquela época não é uma surpresa, já que, por muito tempo, a educação era acessível unicamente a homens e meninos brancos de elite, fazendo com que a parte majoritária dos brasileiros fosse impossibilitada - até proibida - de aprender. A negligência do Estado naquele período causou um grande impacto


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