As lembranças estão guardadas nas memórias do tempo Elisangela dos Santos Amaral
“À
s vezes saio a caminhar, pela cidade Vou seguindo a multidão
“
À procura de amizades
Mas eu me retraio olhando em cada rosto Cada um tem seu mistério Seu sofrer, sua ilusão... (Maria Bethânia)
Esses versos me levam a refletir sobre a nossa caminhada nesta vida, os altos e baixos, as idas e vindas das pessoas, o quanto precisamos ter alguém, embora muitas vezes não as temos. O que almejamos ser, e o que, realmente conseguimos ser. Diante de tantas perdas inesperadas, partidas repentinas de pessoas queridas, estamos todos a procurar alguma forma restaurar o senso vital de continuidade para nossa existência, e uma maneira de continuarmos é buscar de forma significativa um desenlace por vezes dúbio através do passado, presente e futuro. Até que o luto seja elaborado, o nosso comportamento está relacionado à nossa capacidade de viver de forma resiliente, o momento adverso, buscando força interior para seguir em frente. Cada um de nós é feito de abismos, até mesmo na paz temos muitos conflitos, desassossegos, e muitas vezes é no silêncio que encontramos o motivo de seguir a diante. Faltam-nos pedaços,
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