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Dirce Rejane Pimenta Facin

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Tarecos do tempo antigo

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Dirce Rejane Pimenta Facin

Passo o olho nos tarecos, Lembro-me do tempo antigo. E tenho enorme orgulho, De ter guardado comigo. Uns eu mesma juntei, Outros é herança de família, Uns eu ainda uso, Outros só para memórias, Cada um tem seu valor, Para contar uma história.

Quando algum dos ferros esquenta, Seja lá para o que for, Matar a fome ou o homem, Que tarecos de valor. Na panela de ferro uma comida tem sabor, O ferro na mão do homem errado, Pode ser devastador.

E o velho castiçal de louça, Com uma vela branca Para iluminar a santinha Que vinha na nossa casa

Para um terço rezado de joelhos Com uma enorme ladainha. 83

Ainda está por aqui a velha faca Coqueiro, Com as iniciais de meu pai. Que por toda vida lhe acompanhou, E nunca esteve amostra Porque para homem de respeito, Sempre foi desse jeito.

Um livreto de missal ainda escrito em latim, Que minha mãe sempre guardou, Não sei se sabia ler ou eram textos decorados, Mas eu sei, tenho certeza de ter que manter guardado.

O baleiro de arrodiar, Que reviravam meus olhos, Nos bolichos da nossa rua Agora é tareco de luxo, Com lugar privilegiado Na casa desta xirua. São tantos tarecos guardados, Hoje parte de minha história, Outros só para memória. Apenas para memória.

Professora, integrante da invernada Xirua CTG Rincão do Pica-Pau

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