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Enadir Obregon Vielmo
Os Caminhos do Amor
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Enadir Obregon Vielmo
Ao apagar das luzes das comemorações alusivas em publicações em todo Brasil do Bicentenário de nascimento de Anita Garibaldi (1835-1845), aquela que viria a ser uma das mais famosas Brasileiras na História Universal. Dessa forma ressaltasse a guerreira farrapa uruguaia e italiana, a heroína de dois mundos.
Sendo assim, escolho as páginas do “Infinitamente Mulher”, para deixar o meu tributo. Caso nós pudéssemos olhar para o coração um do outro e sentirmos os desafios únicos que cada um enfrenta, acredito que iríamos compreender mais suavemente, com maior cuidado e tolerância as tomadas de decisões. Anita tinha uma profunda fidelidade a si mesma, viveu à frente de seu tempo, dando referências e inspirações às mulheres. Pertenceu a uma época que figuras femininas não costumavam ter destaque na sociedade e na história. O nome da heroína é Ana Maria de Jesus Ribeiro (o apelido afetivo foi dado por Garibaldi). Nasceu em Laguna, o pai era o tropeiro
Bento Gonçalves Ribeiro da Silva e a mãe dona Maria Antônia Antunes. Foi a terceira de 10 filhos (seis meninas e quatro meninos).
Durante maior parte da infância residiu em uma casa rústica na localidade de Morrinhos ( hoje Bairro Anita Garibaldi em Tubarão).
Após a morte do pai a família ficou sem recursos ou receitas que garantisse a sobrevivência, o que levou a mãe de Anita buscar trabalho em residências no centro de Laguna.
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Durante esse período a família foi visitada diversas vezes por Antonio da Silva Ribeiro, tio paterno de Anita, quando passava por Laguna como tropeiro. Ele era republicano e se declarava a favor de uma revolução como forma de conquistar mudanças. Devido às pregações críticas à monarquia foi perseguido. Seus ideais foram transmitidos à Anita, que gradualmente aderiu a eles ao longo de sua juventude.
Após a morte do pai e o casamento da irmã mais velha, Anita precisou ajudar no sustento da família e por insistência materna, casou em 30 de agosto de 1835, dia em que completou 14 anos, com o sapateiro, monarquista Manuel Duarte de Aguiar, na Igreja Matriz de Laguna. O casamento descrito por Anita foi uma “farsa”, em carta enviada ao seu tio Antonio. Foi marcado pelo desinteresse no relacionamento de ambas as partes e não gerou filhos. Em poucos anos o monarquista alistou-se no Exército Imperial, abandonando a jovem esposa.
O curso de sua vida mudou ao conhecer o Italiano Giuseppe Garibaldi que arriscou tudo em uma busca inédita e numa declaração: “TU DEVES SER MINHA! - Eu falava pouco o português e articulei as provocantes palavras em italiano. Contudo fui magnético em minha insolência. Havia atado um nó, decretado uma sentença que somente a morte poderia desfazer. Eu tinha encontrado um tesouro proibido, mas um tesouro de grande valor.” – Ela seria dela. Antes de tudo, seria de si mesma, do seu jeito, dos seus sonhos.
Aos 18 anos, Anita se uniu aos farroupilhas sulistas que desejavam separar-se do Brasil e fundar uma República.
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O tempo avançou (...) já era véspera de Natal, e recentemente reinstalada a República Catarinense. A paz é efêmera, mas muito valorizada pelo povo de Lages. A população se dirige à Igreja para assistir a Missa do Galo. Anita graças à generosidade de algumas mulheres, está com um vestido de musselina, sapatos de marroquim e com a cabeça coberta por uma mantilha sevilhana. Nesta noite, ela e Giuseppe viveram deliciosas horas de amor. E, certamente, ali foi plantada a semente do primeiro filho Menotti Garibaldi, que veio a se tornar um importante general do exército italiano.
Assim iniciou-se a intrépida trajetória da heroína, que pegou em armas, combateu tropas, conduziu soldados em marcha, além de organizar um hospital para cuidar dos feridos em batalha.
Hoje nomeia avenidas, ruas, escolas, em todo o país, já foi tema de Escola de Samba no Carnaval do Rio de Janeiro e sua história foi contada em filmes, livros e documentários. Nos dias atuais Anita pode ser considerada um símbolo do empoderamento feminino.
Há exatamente 20 anos que fui agraciada com o troféu “Anita Garibaldi, em Bento Gonçalves pelo trabalho realizado como Presidente do Centro Cultural “Aureliano de Figueiredo Pinto”, no Programa Leonismo e Cultura e como Coordenadora dos Núcleos e Centros Culturais da Região das Missões-RS, Coordenadora do 1º Encontro sobre Patrimônio Histórico e Evolução Urbana dos Municípios das Missões, entre outros, com o seguinte teor: A Diretoria do Conselho do Instituto Cultural Giuseppe e Anita Garibaldi de Bento Gonçalves, dentro das comemorações dos 120 anos da morte do herói farroupilha, outorga o Troféu Anita Garibaldi (conforme Certificado) à ENADIR JOSEFINA OBREGON VIELMO, pelos relevantes serviços pres-
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tados à Cultura do Estado, enaltecendo o trabalho, dinamismo e o brilho na busca de melhores dias para a construção de uma sociedade mais justa, de progresso e bem-estar social para todos.” (O troféu confeccionado com bronze, mármore e acrílico, representa Anita com o filho no braço e o fuzil na mão). Estava emocionada, ao lado de um descendente de italiano, que três anos antes de me conhecer, olhando fotos das colegas de Internato de sua sobrinha, apontou: “Com esta moreninha eu me casava.” O Universo conspirou a nosso favor. Nestes 59 anos de união ele é presença, estímulo, apoio e compreensão. O momento também é dele. Ali junto aos “nossos amores”, Marelisa e Piter, celebramos com um brinde aos “Caminhos do Amor.”
Realmente me senti uma guerreira da Cultura de Santiago e Região, levando o standart do Lions nos braços e os valores culturais no coração.