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O Diário de uma Dicotômica Carla Rodrigues Capítulo I Uma esquina para liberdade
S
ábado é meu dia favorito, tanto quanto o domingo, o que retrata um pouco do meu pensar e sentir. A mente realmente é um oceano de profundezas e sutilezas, mergulhar em si é desafiador,
é como encontrar corais lindos, navios naufragados há 100 anos e corroídos pelo tempo, mas também em meio a beleza o medo pode pairar frente ao desconhecido, sem saber ao certo quais criaturas encontrar ou ainda se é possível ir ainda mais fundo... Neste instante, fico a observar meu quadro favorito, situado no meu quarto bem acima da minha mesa de estudos, de formato retangular, suas cores são sóbrias em tons camel. Tento obter o máximo dele, para uns é apenas uma esquina monótona, para mim é um lugar com vários sentidos, um ponto de partida talvez ou apenas uma fotografia em qualidade profissional. No entanto, a imagem diz muito sobre mim e a minha maneira de ver as coisas, nela há dois prédios, um deles amarelo imponente em arquitetura que não sei decifrar, suspeito que seja em outro país, e outro a esquerda apenas uma parte dele é possível contemplar um tanto comprimido pela alameda. Percebo que a rua espaçosa corta o concreto eminente e fico a observar as sacadas, em quase todas as aberturas há rostos e corpos esculpidos verdadeira perfeição, mas não como