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Nádia
Rosemari Bragato
N
a época em que o Brasil estava no auge da retomada da democracia, Nádia nascera no sul do Brasil, em uma pequena colônia de imigrantes poloneses. Fora uma criança linda, mas
muito rebelde, que não aceitava conselhos dos pais e não valorizava a cultura local, evitando as festas tradicionais, tão valorizadas pelos moradores do lugar, especialmente pelos idosos que nelas procuravam amenizar as saudades que sentiam dos familiares que haviam ficado na terra natal. Criada em ambiente onde o catolicismo era praticado com muita fé e que todos seguiam, sem questionamentos, as orientações dos sacerdotes, detestava ir à missa e, quase todos os domingos procurava uma desculpa para não acompanhar os pais e irmãos à igreja. Na família de agricultores humildes, as roupas que a mãe confeccionava passavam do irmão maior para o menor e as doações que chegavam de pessoas com melhores condições econômicas, eram muito bem-vindas. Na adolescência, muito crítica e ambiciosa, usando palavras irônicas, rejeitava todos os rapazes que, encantados com seus olhos azuis e seus longos cabelos loiros, se aproximaram dela e a pediam em namoro. - Namorar você? Vê se enxerga seu caipira pobretão.