Revista Brasil Engenharia ed 01/2020

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BRASIL ENGENHARIA I METRÔ DE SÃO PAULO

O desenvolvimento em mais de duas décadas dos sistemas de amortecimento de vibrações e ruídos secundários no Metrô

A

via permanente do Metrô de São Paulo nesses 45 anos de operação obteve muitos avanços tecnológicos. A maneira como a via deve ser projetada hoje é mais complexa e leva em conta parâmetros que antes não eram considerados, como, por exemplo, o incômodo que a passagem dos trens pode causar nas edificações lindeiras devido as vibrações, introduz vários fatores a serem considerados na concepção da via permanente. O contato entre a roda do trem e o trilho produz ondas mecânicas que se propagam pela estrutura do túnel e solo, podendo chegar às edificações vizinhas a linha do Metrô, causando vibrações e ruídos secundários que causam incômodo e desconforto (figura 1). Desta forma é necessário que esses efeitos sejam mitigados por meio de sistemas de amortecimento implantados nas linhas metroviárias. PARÂMETROS SEGUIDOS PELO METRÔ A percepção e o incômodo humanos são variáveis, as normas e recomendações consideram tal fato quando estabelecem os valores de vibração máxima aceitável associa-

Figura 1 - Propagação da vibração do solo até a edificação

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ADILSON ROBERTO TAKEUTI*, JANAINA TOBIAS DE CARVALHO**, ANTÔNIO JOSÉ CALDAS DE SOUSA*** da a atividade que é efetuada nas diferentes edificações. Assim o nível aceitável em uma residência unifamiliar é inferior ao de um edifício comercial, devido a natureza das atividades executadas. A mensuração destes níveis de vibração pode ser em velocidade ou aceleração das partículas e apresentados na escala decibel (dBV) como mostrado na Equação 1.

Equação 1 Onde Lv é a velocidade em nível de dBV, v é a amplitude de velocidade RMS e v ref é a amplitude de velocidade de referência (FEDERAL TRANSIT ADMINISTRATION, 2006). A velocidade de referência utilizada é v ref = 25,4 * 10 -6 mm/s. Tal medida é utilizada no Metrô como critério para os níveis máximos permitidos, conforme tabela 1. MEIOS DE ATENUAÇÃO DE VIBRAÇÕES Pode-se atenuar as vibrações tanto na fonte (via), no caminho (meio) que as ondas mecânicas percorrem para chegar as edificações (receptor) ou na própria estrutura do imóvel. Tanto no caminho como

no receptor a atenuação é mais difícil já que requerem mais obras de intervenção, além da própria construção do metrô. Assim o que é mais comumente utilizado é a atenuação na fonte, ou seja, escolher uma solução na construção da superestrutura da via permanente que amenize essa vibração para que ela chegue as edificações com os níveis aceitáveis já pré-definidos. A utilização do sistema massa-mola para a atenuação de vibrações De forma simplificada um sistema massa-mola pode ser representado por um arranjo de molas, massas e amortecedores interconectados. Todo o sistema possui um modo próprio de vibrar, e esta propriedade é função deste arranjo. A frequência natural do sistema (frequência que a estrutura tem mais facilidade de vibrar) e os modos associados a elas são uma forma de medir a propriedade vibracional do material. Por simplificação a frequência natural pode ser calculada como mostrado na figura 2. A capacidade amortecedora de um sistema pode ser medida a partir da sua transmissibilidade, que é a taxa da vibração transmitida de um sistema a outro. A transmissibilidade depende da frequência natural de vibração e da frequência imposta ao sistema (no caso do Metrô, a frequência

Figura 2 - Esquema simplificado de um sistema massa-mola e sua frequência natural

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