8 minute read

A manutenção para eficiência operacional

Pátio Oratório do Monotrilho da Linha 15-Prata do Metrô-SP

A manutenção para eficiência operacional

Advertisement

Aeficiência operacional do Metrô de São Paulo (Metrô), adotada como diretriz desde o início da operação comercial da Linha 1-Azul, tem relação direta com a rigorosa política de manutenção adotada, predominantemente voltada para as atividades preventivas e preditivas. O modelo de manutenção adotado pelo núcleo que estruturou as atividades de manutenção se baseou no modelo de manutenção que era utilizado pelas empresas aeronáuticas, pois tinha como objetivo garantir máxima confiabilidade e segurança ao novo sistema de transporte.

Os rigorosos procedimentos de manutenção preventiva e preditiva desenvolvidos e aperfeiçoados no Metrô de São Paulo durante os 45 anos de operação, vem assegurando bons índices de qualidade obtidos em pesquisas de satisfação. No ano passado o Metrô de São Paulo conquistou pelo quinto ano consecutivo o prêmio de meio de transporte preferido dos paulistanos, segundo a pesquisa “O Melhor de São Paulo” da Datafolha, e isso graças aos modelos operacional e de manutenção que vêm sendo adotados.

Uma das principais missões da manutenção no Metrô é assegurar a disponibilidade e eficiência operacional dos equipamentos e instalações, sempre respeitando os padrões exigidos pelos passageiros que utilizam a rede metroviária. Para isso, a manutenção do Metrô, com base em metodologias consagradas de PCM, planeja, executa e controla todas as condições de infraestrutura, gestão e ambiente de trabalho necessárias à execução, com eficácia, dos processos de manutenção.

A manutenção do Metrô, para cumprir o objetivo de permitir a acessibilidade, o conforto e a movimentação dos trens e de usuários com total segurança, utiliza equipes capacitadas e permanentemente recicladas, desenvolvidas com métodos e técni-

CARLOS ALBERTO DE FREITAS TIMOTEO* JEAN MARCO RODRIGUES FINI** GILSON CAPPELLANO***

cas atuais e com profissionais certificados e qualificados em funções especializadas.

Essas equipes realizam serviços de suporte administrativo, de engenharia de manutenção, de manutenção preventiva, de manutenção corretiva e de manutenção em oficinas, referente aos seguintes sistemas e instalações: • Material rodante • Via permanente • Alimentação elétrica • Equipamentos auxiliares eletromecânicos • Controle de arrecadação e passageiros • Sinalização e controle de trens • Telecomunicações • Estruturas e edificações civis

CONhEÇA O DIA A DIA DA MANUTENÇÃO DO METRÔ

O dia a dia da manutenção no Metrô é bastante dinâmico, com atividades para restabelecimento de falhas, manutenção preventiva e preditiva. Quando qualquer equipamento ou instalação apresenta algum desvio operacional, o Centro de

Equipe de manutenção em ação no período noturno Execução de manutenção no Pátio Jabaquara

Figura 1: Gerenciamento de Ativos: MC – Máquina chave, ER – Escada Rolante, PSD – Platform Screen Doors - Porta de Plataforma, CBTC – Comunications-based Train Control - Controle de Trens Baseado em Comunicação

Controle Operacional comunica a ocorrência à Manutenção, que aciona as equipes de manutenção corretiva, existentes nos pátios e ao longo das linhas, que executam o primeiro atendimento. Essas equipes trabalham 24 horas por dia, sete dias por semana, e são formadas por cerca de 2 400 funcionários que se revezam em turnos, sendo que 65% trabalham durante o dia, 20% durante a noite e os outros 15% se empenham em turnos de revezamento.

Os pátios de manutenção existentes em Jabaquara, Itaquera, Belém, Tamanduateí e Oratório abrigam a administração, a engenharia da manutenção, as equipes de manutenção preventiva e corretiva de trens, as oficinas de reparo de equipamentos mecânicos, elétricos e eletrônicos, bem como áreas para recebimento, inspeção e armazenagem de materiais, estacionamento de trens e veículos, lavagem de trens e, em particular no Pátio do Jabaquara, o Centro de Treinamento do Metrô. Os equipamentos são em sua grande maioria de concepção modular, o que possibilita a sua substituição por um equipamento reserva equivalente. O equipamento ou módulo retirado com defeito é enviado para a oficina, onde é reparado ou revisado, testado e colocado à disposição.

As periodicidades com que são executadas as manutenções preventivas são fixadas em planos de manutenção que também definem e orientam as ações e tarefas necessárias para tal. Estas são expressas em quilômetros, em unidade de tempo ou ciclos e consideram os parâmetros de desempenho e de confiabilidade exigidos. O desempenho dos equipamentos é acompanhado e avaliado permanentemente, para garantir que operem de acordo com os requisitos estabelecidos em projeto e pela Operação. Os desvios de desempenho são objeto de análises e estudos técnicos que determinam se há necessidade de desenvolver modificações nos métodos de trabalho ou mesmo nos equipamentos a fim de eliminar o desvio.

Os processos e os sistemas de gestão da Manutenção do Metrô são permanentemente submetidos a auditorias e sustentados por sistemas informatizados que colocam à disposição informações gerenciais a todos os setores pertinentes. As atividades e resultados da Manutenção do Metrô, são certificadas pelas normas da série ISO 9001 – Qualidade; IS0 17025 – Requisitos Gerais para Competência de Laboratórios de Ensaio e Calibração; ISO 18001 – Segurança e Saúde Ocupacional; e ISO 14001 – Ambiental.

COMO A MANUTENÇÃO CONTRIBUI PARA A EFICIÊNCIA OPERACIONAL

A eficiência operacional depende em muito da estratégia de manutenção adotada. Além de ter planos de manutenção e planejar as atividades, é necessária a adoção de medidas adicionais que podem se resumir em: • Acompanhar o Desempenho da Operação • Manter os Colaboradores Capacitados e Atualizados • Investir em tecnologia

ACOMPANhAR O DESEMPENhO DA OPERAÇÃO

Não adianta fazer os melhores planos de manutenção e planejamento se não houver um acompanhamento da execução e resultados operacionais. Somente acompanhando as rotinas das atividades de manutenção é possível aferir a aplicabilidade real dos pla-

Centro de Controle de Manutenção - CCM Figura 2

nos e estratégias, assim como aplicar medidas corretivas e preventivas que reduzam a probabilidade de ocorrências semelhantes na operação comercial. Da mesma forma, a performance dos ativos operacionais é acompanhada de forma criteriosa, com base em indicadores (KPIs) de classe mundial, com o objetivo de promover melhorias contínuas nos processos de manutenção e, consequentemente, na disponibilidade, confiabilidade, manutenibilidade e segurança destes ativos. Para tanto, são utilizadas as ferramentas mais consagradas em análise e gestão da manutenção, como por exemplo, RCM, RAMS, FMEA, FMECA, PCM etc.

MANTER OS COLABORADORES CAPACITADOS E ATUALIZADOS

O esforço em manter os colaboradores capacitados e atualizados é um dos fatores de sucesso no Metrô de São Paulo, que desde o seu início se preocupou com a transferência de conhecimento entre os seus colaboradores. O Metrô de São Paulo programa treinamentos e capacitação constantes de seus colaboradores, tanto para melhoria de processos de manutenção como para agregar conhecimento de novas tecnologias. Um dos pilares dos bons indicadores das atividades de manutenção é ter equipes bem preparadas e engajadas e com domínio técnico dos equipamentos e sistemas.

INVESTIR EM TECNOLOGIA

A tecnologia traz para a manutenção novas formas de gerenciamento, com ferramentas capazes de desburocratizar procedimentos, diminuir gastos com pessoal, aperfeiçoar entregas e diminuir prazos de execução e entrega. Investir em novas tecnologias para garantir a disponibilidade e confiabilidade dos ativos operacionais não é mais uma estratégia que possa ser adiada, pois os modelos tradicionais de gestão da manutenção e performance dos ativos não são mais suficientes para oferecer o suporte e a agilidade necessários para a adoção de uma abordagem preditiva, ou mesmo, na implantação de uma estratégia de manutenção proativa, levantando e cruzando dados para gerar insights sobre possíveis falhas com base em FEMEA/FEMECA, ou prescritiva, onde o resultado final da análise dos dados orientará ações para aumentar a confiabilidade, disponibilidade e ciclo de vida do ativo.

Atualmente a manutenção do Metrô tem trabalhado em soluções utilizando o monitoramento contínuo de seus ativos, coletando e analisando dados provenientes de inúmeros sensores e sistemas, que possibilitam atuar de forma mais eficiente na atuação e correção de falhas. E é com este foco, que o Metrô vem se respaldando nas técnicas de gestão da manutenção mais consagradas e investindo em técnicas da da Indústria 4.0, substituir por: “... , que buscam a eficiência operacional e consolidar a Manutenção de Classe Mundial (WCM - World Class Maintenance).”

GERENCIAMENTO DIGITAL DE ATIVOS

O gerenciamento digital de ativos é uma realidade tecnológica que vem sendo utilizada pelo Metrô para aumentar a eficiência nas atividades de manutenção e a performance operacional.

A gerência de manutenção está implementando o monitoramento de seus ativos com sensores de forma indireta em sistemas modernos e sistemas legados e direto quando não há possibilidade, coletando informações de temperatura, tensão, corrente, potência, vibração e outras variáveis (figura 1).

As variáveis monitoradas ajudam na análise de condição, ou, manutenção prescritiva. Com o advento da tecnologia e a revolução da Indústria 4.0, que introduz novos conceitos, como por exemplo: internet das coisas (Internet of Things – IoT), hiperconectividade, big data e analytics. Estas soluções disruptivas otimizam os processos e buscam desenvolver soluções para falhas potenciais e identificáveis.

O Metrô está realizando com o seu próprio corpo técnico de manutenção pesquisa e desenvolvimento de dispositivos de aquisição de dados, métodos para coletas de informações dos ativos, sistemas e aplicações open source de monitoramento para Tecnologia Operacional (TO), cujas informações são centralizadas no Centro de Controle de Manutenção (CCM).

As informações são conectadas ao CCM por um backbone específico para o sistema de monitoramento de ativos, por meio de fibras ópticas. Com base nas informações coletadas, no conhecimento do sistema e utilizando técnica de inteligência artificial, será possível num futuro muito próximo ter o controle total no funcionamento dos equipamentos e atuar de forma planejada e mais assertiva nos ativos operacionais. Isso possibilitará anteceder uma parada de equipamento e auxiliará as equipes de campo na diminuição do downtime do ativo, causando menor transtorno operacional para os passageiros, diminuindo custos para companhia e contribuindo para a melhoria da imagem do Metrô (figura 2).

As informações em tempo real obtidas no monitoramento de ativos, também podem ser utilizadas em sistemas de controle, sistemas de otimização de energia, sistemas móveis para ordens de serviço e muitos outros sistemas inteligentes que centralizam as ações, o que permitirá aumentar a rapidez e robustez na tomada de decisão, assim como contribuir com o aumento da eficiência operacional das linhas sob gestão do Metrô de São Paulo.

* Carlos Alberto de Freitas Timoteo

é engenheiro do Metrô-SP E-mail: imprensa@metrosp.com.br

** Jean Marco Rodrigues Fini

é engenheiro do Metrô-SP E-mail: imprensa@metrosp.com.br *** Gilson Cappelano é engenheiro do Metrô-SP E-mail: imprensa@metrosp.com.br

This article is from: