Revista Brasil Engenharia ed 01/2020

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BRASIL ENGENHARIA I ME TRÔ

Protótipo para homologação em laboratório do sistema massa-mola da via permanente da Linha 5-Lilás TIAGO JULIANI*, LUCAS JULIANI**

INTRODUÇÃO

A

Linha 5-Lilás do Metrô de São Paulo tem, aproximadamente, 20 km de extensão, iniciando na Estação Capão Redondo e terminando na Estação Chácara Klabin. Por ser uma linha urbana, seu traçado se desenvolve ao longo de regiões densamente povoadas do município de São Paulo, as quais possuem hospitais, escolas, laboratórios de exames clínicos, teatros, residências, escritórios etc. Consequentemente, uma grande preocupação resultante deste tipo de empreendimento são as questões das emissões de vibrações e ruídos pelas passagens dos trens na via permanente, uma vez que os usuários das edificações lindeiras à linha podem ser afetados e seu conforto comprometido. Por essa razão, durante o projeto da su-

Figura 1 - Transmissão de vibração pelo solo

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perestrutura da via permanente o sistema de atenuação de vibrações e ruído secundário deve ser desenvolvido para que os níveis nas edificações fiquem abaixo dos prescritos pela especificação técnica do Metrô e/ou normas vigentes. O conceito deste projeto se baseia em um sistema dinâmico de um grau de liberdade, em que a frequência natural é calculada de acordo com a seguinte expressão:

Dessa maneira, como k é a rigidez dada pelos apoios da laje da via e m é a soma de todas as massas constantes (laje, fixações, massa não-suspensa do trem), o sistema de atenuação de vibrações e ruído secundário é denominado sistema massa-mola.

SISTEMA MASSA-MOLA (SMM) NA LINHA 5-LILÁS

Ao longo do trecho entre as estações Adolfo Pinheiro e Chácara Klabin, há diversos segmentos de sistemas massa-mola com quatro frequências naturais distintas: 5 Hz, 6 Hz, 10 Hz e 14 Hz. Quanto menor a frequência natural, mais eficiente é a atenuação de vibrações, uma vez que o campo de frequências atenuadas é maior. Para o dimensionamento da frequência natural do sistema, alguns parâmetros da fonte, meio e receptor são levados em conta. Para a fonte, relativa à interação veículo/via/túnel, o espectro de vibrações deve ser medido ou fornecido e é a partir dele que todo o cálculo se desenvolve. Para o meio de propagação, neste caso o solo, a geologia do terreno deve ser conhecida para que seus parâmetros vibracionais sejam estimados, enquanto que o receptor são as edificações lindeiras. Como ao longo do traçado da via há milhares de imóveis, são selecionados para análise aqueles com maior sensibilidade às vibrações, ou seja, aqueles que possuem os menores limites. Logo, fatores como distância em planta à via permanente, número de pavimentos, uso do imóvel e transmissibilidade de vibrações são levadas em conta para o dimensionamento do sistema massa-mola em determinado trecho. Para se obter a transmissibilidade de um imóvel, as vibrações são medidas simultaneamente em diversos pavimentos para que a relação “pavimento superior/pavimento inferior” seja obtida. A figura 1 apresenta um esquema da propagação de vibrações pelo solo até uma edificação vizinha. No caso do sistema de 5 Hz, sua aplicação se deu principalmente por causa de um aparelho de ressonância magnética localizado no Hospital São Paulo, situado na Rua Napoleão de Barros esquina com a Rua Pedro de Toledo. Para atender aos limites vibracionais fornecidos pelo fabricante do equipamento, um projeto especial e inédito no mundo teve de ser elaborado. No caso, além de uma laje maior, para aumento da massa, e de molas de rigidezes BRASILengenharia 01/2020

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