Revista Brasil Engenharia ed 01/2020

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BRASIL ENGENHARIA I METRÔ DE SÃO PAULO

Ações de relacionamento inclusivas: experiências do Metrô de São Paulo

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ANA MARIA ALVES COELHO*, GISLENE FERREIRA**, MARCO ANTONIO PELLEGRINI***, MARCOS BORGES****, MATHEUS PROFETA FERREIRA*****

Metrô de São Paulo desenvolvia ações de relacionamento com os seus futuros passageiros antes mesmo de iniciar sua operação comercial, em 1974. Foram realizadas visitas monitoradas com o público para o reconhecimento dos equipamentos disponíveis e orientação de como circular pelas estações e trens. Também foram feitas pesquisas para entender o que a população imaginava e esperava do Metrô. Com isso, a empresa pode se preparar para atender os seus passageiros e satisfazer suas expectativas. Como se tratava de um novo meio de transporte, essas ações possibilitaram maior interação com a população, buscando a sustentação de tal empreendimento. Ao longo do tempo, outras ações de relacionamento foram realizadas sempre com o objetivo de desenvolver uma relação de parceria colaborativa com vários segmentos do público. Mais recentemente, em decorrência de transformações sociais e de promulgação de algumas leis como a Lei da gratuidade nos transportes coletivos para os idosos e a obrigação por parte das empresas de se contratar um percentual de pessoas com deficiência, constatamos o crescimento do número de viagens de idosos e pessoas com deficiência circulando pelo Metrô em consequência da intensificação da mobilidade e das atividades desenvolvidas por

estes segmentos. Em contrapartida, nós nos mobilizamos para procurar atender as necessidades e expectativas desses grupos e, para tanto, desenvolvemos diversas ações de relacionamento com caráter inclusivo.

Inclusão é a maneira de preservar cidadania e bem-estar ao idoso

Universidade da Terceira Idade, visita ao CCO (setembro /2019)

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AS AÇÕES INCLUSIVAS DO METRÔ COM AS PESSOAS IDOSAS As velhas crianças continuam curiosas! O envelhecimento populacional é um fenômeno comprovado que se não nos prepararmos poderá tornar-se um problema social, face às múltiplas demandas que dele advém. O aumento da população idosa se deu e evolui de forma progressiva, de modo que se tornou assunto de discussão nas diversas esferas da sociedade. Dessa forma, o envelhecimento traz uma grande preocupação: a exclusão social. Como qualquer outra pessoa, o idoso sente necessidade de permanecer ativo e de ter o seu papel na sociedade, sendo a inclusão a maneira mais certa de preservar cidadania e bem-estar ao idoso. Provavelmente o jovem casal que participava, de maneira curiosa, das primeiras viagens de metrô, hoje são os idosos que estão a se movimentar pela cidade! Felizmente, cada vez menos, presenciamos aquela imagem do idoso jogando dominó na praça, ou da avó sentada em frente da televisão fazendo tricô. O novo perfil da pessoa idosa é composto por pessoas ativas, que viajam e fazem atividades físicas e se preocupam

com o lazer. Os mais velhos estão mais ativos, curiosos e isto está acontecendo exponencialmente! Eles buscam atividades sociais, voluntariado, querem aprender coisas novas e até novos ofícios. Contribuem financeiramente com o orçamento da casa e consomem produtos e serviços. Têm sonhos e se preocupam com a aparência. Não se sentem velhos e acreditam que existem pontos positivos e negativos em chegar nessa idade. Estão cada vez mais conectados ao mundo digital. Na cidade de São Paulo vivem 1,7 milhão de pessoas com mais de 60 anos de idade, equivalente a 14,8% da população. A Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (SEADE), estima que, em 2050, essa porcentagem chegue ao patamar de 30%. O futuro está cada vez mais longevo. Diariamente, cerca de 9% dos passageiros que circulam no sistema metroviário têm mais de 60 anos de idade. Em aspectos gerais, é o grupo que mais demonstra admiração e valoriza o serviço prestado pelo Metrô. Por terem acompanhado as diversas transformações ocorridas na cidade, com a implantação do sistema metroviário, demonstram considerável respeito e senso de colaboração e preservação ao patrimônio. Daí a necessidade de desenvolver ações que o traga para um universo que está em constante evolução e modernização, valorizando assim sua experiência e sabedoria. É preciso propiciar condições para que o idoso continue participativo na comunidade em que vive. Tendo em vista que o maior percentual de passageiros no sistema tem entre 18 e 34 anos as ações devem incentivar formas de convivência mais harmônica, respeitosa e segura entre as gerações, valorizando assim o exercício da cidadania e a oportunidade para que a pessoa idosa seja protagonista de sua própria história. Valorizar esse público e se atentar para o futuro que está envelhecendo rapidamente, e merece ser cuidado de forma “preferencial”, é responsabilidade de todos!

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