Voltariam a aparecer, as caçarolas e as frigideiras, no último carro alegórico do desfile que Rosa Magalhães desenhou para a São Clemente, em 2016. Intitulado O Manifesto do Palhaço, o carro exibia um gigantesco boneco articulado com roupas em verde e amarelo, cara branca e nariz redondo vermelho (imagem 120). Nas mãos, duas tampas de panelas. O boneco sintetizava a ideia defendida pela autora no final da sinopse de Mais de mil palhaços no salão: “a garotada que saiu de cara pintada, fazendo barulho pelas ruas, seguindo o exemplo dos nossos palhaços. A eles, a pátria agradece.”396
Imagem 120: Última alegoria do cortejo de 2016 da São Clemente, O manifesto do palhaço. Batendo tampas de panelas, o imenso boneco articulado misturava as manifestações contra os governos de Fernando Collor e Dilma Rousseff, uma generalização. Foto: Wigder Frota. Acervo pessoal.
VII. 2. 4 – Onisuáquisólamento Há uma ambiguidade curiosa, no palhaço batedor de panelas. Ele é turvo, conflituoso: qual o rosto por debaixo da maquiagem? Não há qualquer dúvida no que tange às inclinações políticas do enredo de 2018 da Paraíso do Tuiuti, que pode ser lido
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MAGALHÃES, Rosa. Mais de mil palhaços no salão. Sinopse do enredo do carnaval de 2016 do Grêmio Recreativo Escola de Samba São Clemente, presente no Livro Abre-Alas daquele ano (disponível para consulta no Centro de Memória do Carnaval – LIESA).
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