A Primeira Pedra do Milénio José Maria de Eça de Queiroz Couceiro da Costa
Evocar o vigésimo aniversário da classificação de Guimarães, como Património Mundial da Humanidade, é sempre uma ótima ocasião para se refletir sobre os desafios que pendem sobre o Património. É assim com o Centro Histórico, e com as suas zonas adjacentes, e é também assim com o restante Património classificado que se encontra disperso um pouco por todo o concelho de Guimarães. O desafio de encontrar novos usos, o consociar essa nova utilização a lógicas de antanho e a posterior intervenção no Património, assegurando, simultaneamente, quer a sua perenidade quer a sua autenticidade não é tarefa que se possa considerar como fácil. Contudo, é certamente um imperativo ao qual a Sociedade não pode deixar de responder para que as pedras continuem vivas e a contarem-nos as grandes e as pequenas histórias. Caberá, neste testemunho, estabelecer um paralelismo entre a preservação do Património da cidade com a preservação do Património e memória daquela que é a minha Casa. Naturalmente, a vida tem por tendência lançar sinais e inusitados piscar de olhos. Ora, no presente ano, em que festejamos 20 anos da efeméride da elevação de Guimarães a Património Mundial da Humanidade, festejamos também os mil anos do primeiro documento da Freguesia de Mesão Frio e também da minha casa: a Quinta de Margaride8, ela própria
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“Qui in libris evolvendis omne consumit tempus poteritne hoc die faustíssimo, quem omnes amici tui semper honoratum habebunt, tibi litterarum et ipsi studiosissimo aliquid tibi gratius donare quam literas?” Assim escreveu José Leite de Vasconcelos num “Comentariozinho” publicado em 1893 que ofereceu ao seu parente o 1o conde de Margaride no justo dia do seu aniversário natalício – “De Margariti” Villa in territorio Vimaranensi jam in quibusdam Medii Aevi chartis memorata commentariolum – edidit J. Leite Vasconcellos – Olisipone MDCCCXCIII – ed. 20 ex”.
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