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Guimarães vista pelos nossos escritores
Equipa redatorial
“Guimarães é uma cidade perfeitamente Idade Média, com palácios, igrejas e casas minhotas curiosíssimas (…) Os arredores, a paisagem, até nos dias de chuva são admiráveis. Lindas raparigas e vinho verde magnífico a cinco mil réis a pipa; acrescentando isto fica você percebendo que esta terra basta para a minha felicidade. Estou portanto contente. Não vejo à minha volta senão gente feliz, corada e palreira – e a alegria é, como sabe, comunicativa …”
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Raul Brandão, in carta ao pintor e amigo Rafael Bordalo Pinheiro, em 1898
“Guimarães foi a primeira corte de Portugal, e ainda hoje a cidadezinha laboriosa conserva a colegiada, os conventos, as ruínas do Paço do Conde D. Henrique e da rainha D. Teresa, e principalmente o pequenino e humilde templo de S. Miguel do Castelo, que o povo chama Igreja de Santa Margarida. Guimarães é hoje uma cidadezinha tranquila, de ruas estreitas, com as suas casas tão características de beiral saliente e gelosias, ainda célebre no fabrico da cutelaria, que teve nomeada em todo o país, nos tecidos de linho e no curtume dos couros. Raúl Brandão, imagem de SAL Todos os sábados a gente ativa e humilde dos arredores vem ao mercado vender a criação, os gados, as peças de linho. Os arrabaldes são encantadores, e em frente da cidade fica a Penha e o mosteiro da Costa fundado por D. Mafalda. Na cerca existem, ainda não há muitos anos, dois carvalhos colossais, que a rainha fundadora plantara, segundo a lenda, por suas próprias mãos.”
Raul Brandão, in “Pátria Portuguesa”
“Depois da escola fui colocado como alferes no 20, em Guimarães. Outra louça. Achei-me numa casa de campo sem conforto nenhum, mas a parada da guarda era às onze – entrada – e tocava à ordem à uma –saída.” (…)
“Duas vezes por ano estes acontecimentos – a procissão de S. Jorge e a festa de S. Torcato. Estou a verme na Oliveira, com o Flores a comandar uma companhia: - Abrir fileiras! Apresentar armas! Era o simpático
boneco que aparecia lá no fundo, em cima do cavalo, de lança, elmo e plumas, seguido por todas as alimárias que os fidalgos de Guimarães mandavam naquele dia para o acompanhar. Marche! Uma rua mergulhada em sombra húmida. Um ziguezague muito azul lá no alto, entre os beirais. Chiada de ferreiros no céu e pelo chão punhados de funcho aromático, que exalavam mais cheiro calcados. As meninas debruçavam-se sôbre as colchas de seda. - Marche! A música a tocar e nós a rompermos, de espada alta, sorrindo para as janelas atrás do bonifrate.”
Raul Brandão, in “Memórias” volume III

“Eu não podia escrever uma novela urdida com factos de Guimarães sem me lembrar do mais notável filho daquela terra - o Senhor D. Afonso Henriques. Procurei nas ruas e praças de Guimarães a estátua do fundador da monarquia. A cidade opulenta, que tem ouro em barda, (…) não teve até hoje um pedaço de granito que pusesse com feitio de rei sobre um pedestal! Se eu fosse rico, ou sequer pedreiro, quem fazia o monumento de Afonso era eu.”
Camilo Castelo Branco, in Preâmbulo de “A Viúva do Enforcado”
A arte da ourivesaria foi cultivada primorosamente em Guimarães no século XV. Daqui saiu Gil Vicente (…). Se eu pudesse desconfiar da infalibilidade dos linhagistas, justificá-los-ia um documento que possuo de 1455 (…). Com toda a certeza vivia então na Caldeiroa, arrabalde da vila, o sapateiro Fernão Vicente, pai de Martinho Vicente. Este, que era ourives, morava então no Casal da Laje, em Santo Estêvão de Urgezes. Aqui, provavelmente, nasceu Gil Vicente. ”
Camilo Castelo Branco, imagem de SAL

Camilo Castelo Branco, in “A Viúva do Enforcado”
“Vi lá em baixo, entre loretas e jardins, o berço da monarquia, a faustosa cidade que teve academia de sábios, que rivaliza com as mais graduadas, em seu tempo, na capital. Nada me lembrou em Guimarães, ao descortina-la por entre a abóboda do arvoredo, senão que ali haveria um leito onde eu encostasse a cabeça esvaído de febre. Nem sequer me ocorreu que as mais lindas mulheres, que um viajante francês encontraria na península, eram de Guimarães, e que, numa aldeia daqueles arrabaldes também ao Sr. A. Herculano se depararam as mais formosas (…)”
Camilo Castelo Branco, in “Discurso Preliminar – Memórias do Cárcere”
“Não vi onde encostar a cabeça febril, e lembrou-me que tinha ali um conhecido, um poeta, um homem de existência amargurada. Procurei o conhecido, e achei um amigo, como usam raramente ser os irmãos, em Francisco Martins (…) Pernoitei no ergástulo da senhora Joaninha, e fui no dia seguinte para as Caldas das Taipas esperar que Francisco Martins me lá desse um leito em sua casa, e um talher à sua mesa. ” (…)
“A meia légua das Taipas tem Francisco Martins Sarmento uma quinta chamada Briteiros. Na casa magnífica da quinta vivia um par de conjugues decrépitos, antiquíssimos criados de pais e de avós de meu amigo. A extensão das salas, câmaras, corredores em longitude e forma conventual, de tudo me senhoreei. Escolhi o quarto, cujas janelas faceavam com um recortado horizonte de arvoredo (…) onde se divisam as relíquias de antiga povoação, que lá dizem ter sido Citânia, cidade de fundação romana. ”
Camilo Castelo Branco, in “Memórias do Cárcere”
“Micaela e a irmã Jacinta eram filhas de um cuteleiro natural de Guimarães e desde 1708 estabelecido em Braga. Se não fosse o contraste da irmã, dera-vos eu aqui em testemunho real da opinião de formosura por que são tidas as filhas de Guimarães um tipo especial de lindeza e graça nesta donairosa Micaela entre os quinze e os seus vinte e quatro anos. ”
Camilo Castelo Branco, in “Anátema”
“Era uma hora da noite quando o exército realista abandonou Guimarães e entrou na estrada de Amarante. Pinho Leal inventara o ataque dos cabralistas para salvar-se a si e aos outros da carniçaria inevitável; porque, ao romper a manhã do dia seguinte, entraram em Guimarães seiscentos soldados do Casal ainda embriagados da sangueira de Braga. Reproduzem-se textualmente no seu estilo militarmente pitoresco os veracíssimos esclarecimentos de Pinho Leal: (…) Saí com eles por um beco e fui com eles pela frente dar uma descarga no nosso piquete de Santa Luzia, e outra no piquete do Castelo. Ao mesmo tempo, não sei quem é que estava num monte no norte de Guimarães que deu uns poucos de tiros que muito ajudaram o meu plano. O “Triste” em vista da nossa prévia combinação, mandou tocar a reunir e formou o suporte debaixo dos Arcos da Câmara. Eu e os meus cinco homens viemos sorrateiramente metemo-nos na vila. Fui passar revista ao suporte a tempo em que já na Praça da Oliveira estava muita gente armada (…). Saí do Porto e fui a Guimarães não sei para quê, nem com que destino (…)”
Camilo Castelo Branco, in “A Brasileira de Prazins”
“A pequena cidade de Guimarães é a mais rica de Portugal, a mais trabalhadora, a de mais recursos próprios e independentes de todo favor alheio. Sustenta umas poucas das indústrias importantíssimas: a dos panos de linhos, a da cutelaria, a das linhas e a do couro, cujos produtos espalha por todo o país e exporta para o Brasil e para África.”
Ramalho Ortigão, in “Banhos de Caldas e Águas Minerais”

Ramalho Ortigão. imagem de SAL

“Chegado a Guimarães, o viajante tem ainda tempo para entrar na Igreja de S. Francisco, onde o recebe um minucioso sacristão que sabe do seu ofício (…) o viajante foi à sacristia e ao claustro, ouviu as explicações, e regressando à nave reconheceu o esplendor das talhas que sobre as capelas são como caramanchéis floridos (…) viajante deu com a deliciosa miniatura que é a cela de S. Boaventura, ali embutida sobre um altar, o cardeal bonequito sentado à mesa, congeminando em seus piedosos escritos, com a estante carregada de livros, a mitra, o báculo, e a cruz a um lado, o serviço de chã ao outro (…). Declara já o viajante que este é um dos mais belos museus que conhece. Outros terão riqueza maior, espécies mais famosas, ornamentos de linhagem superior: o Museu de Alberto Sampaio tem equilíbrio perfeito entre o que guarda e o envolvimento espacial e arquitetónico. Logo o claustro da Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira, pelo seu ar recolhido, pela irregularidade do traçado, dá ao José Saramago, imagem de SALvisitante vontade de não sair dali, de examinar demoradamente os capitéis e os arcos, e como abundam as imagens rústicas ou sábias, tão belas, há grande risco de cair o visitante em teimosia e não arredar pé. O que vale é acenar-lhe o guia com outras formosuras lá dentro das salas, e realmente não faltam, tantas que seria necessário um livro para descrevê-las: o altar de prata de D. João I e o loudel que vestiu em Aljubarrota, as Santas Mães, a oitocentista Fuga para o Egipto, a Santa Maria a Formosa de Mestre Pero, a Nossa Senhora e o Menino de António Vaz, com o livro aberto, a maçã e as duas aves, a tábua de frei Carlos representando S. Martinho, S. Sebastião e S. Vicente e mil outras maravilhas de pintura, escultura, cerâmica e prataria. É ponto assente para o viajante que o Museu Alberto Sampaio contém uma das mais preciosas coleções de imaginária sacra existente em Portugal, não tanto pela abundância, mas pelo altíssimo nível estético da grande maioria das peças, algumas verdadeiras obras-primas. Este museu merece todas as visitas, e o visitante jura de cá voltar de todas as vezes que em Guimarães estiver. Poderá não ir ao

castelo, nem ao palácio ducal, mesmo estando prometido: aqui é que não faltará. Despedem-se o guia e o viajante, cheios de saudades um do outro, porque outros visitantes não havia. Porém, parece que não faltam lá mais para o verão”.
José Saramago, in “Viagem a Portugal”
“Ao viajante têm dito que Guimarães é o berço da nacionalidade. Aprendeu isso na escola, ouviu nos discursos de vária comemoração, não lhe faltam portanto razões para encaminhar os seus primeiros passos ao outeiro sagrado onde está o castelo. Nesse tempo, os declives que levam até lá deviam estar livres de vegetação de porte para não terem embaraço as hostes nas suas surtidas nem poderem esconder-se os inimigos pela calada. Hoje é um jardim de cuidadas áleas e arvoredo farto, bom sítio para namoros em começo. O viajante, que sempre exagera no seu respeito histórico, preferia rasa toda a colina, apenas plantada de erva áspera, com pedras aflorando há oitocentos anos. Assim, como isto está, perde-se a venerável sombra de Afonso Henriques, não dá com o caminho da porta, e se de impaciência decide cortar a direito tem certa a intervenção do empregado municipal, que lhe há-de gritar: “Ó cavalheiro, para onde é que vai?” E responde o nosso primeiro rei: “Vou ao castelo. Já tenho o cavalo cansado de andar às voltas.” O jardineiro não vê cavalo nenhum, mas responde caridosamente: “Leve-o pela arreata e vá por este caminho, não tem nada que enganar.” E quando Afonso Henriques se afasta, arrastando a perna ferida em Badajoz, o jardineiro comenta para o ajudante: “Vê-se cada um.”
José Saramago, in “Viagem a Portugal
“Mas isto, confessemo-lo sem vergonha, é uma terra de ladrões, olho vê, mão pilha, e sendo a fé tanta, ainda que nem sempre recompensada, maior é o descaro e a impiedade com que se salteiam igrejas, como foi o ano passado em Guimarães, também na de S. Francisco, que , por tão vultuosos bens ter desprezado em vida, tudo consente que lhe levem na eternidade, o que vale à ordem é a vigilância de Santo António, que esse resigna-se mal a que lhe rapem altares e capelas onde estiver, como em Guimarães se viu e em Lisboa se há-de ver.”
José Saramago, in “Memorial do Convento”
“Guimarães tem sido sempre também uma das constantes da minha vida. Em toda a parte me dou a conhecer como homem de Guimarães. E, em toda a parte, me conhecem como tal.
Quando alguém me pergunta se sou português, é do meu hábito – e da minha verdade – responder: Não, não sou português, sou mais do que isso, sou de Guimarães! Com efeito, sou de uma pátria pequenina e sólida chamada Guimarães, que tem por limite Vizela e Caneiros, a Penha e a Pisca. O resto, meus velhos amigos, é a fronteira de outro mundo. No amor pelos homens, e na defesa os seus direitos e dignidade, não reconheço fronteiras. Mas a minha Pátria, a Pátria que me faz vibrar, a minha Pátria autêntica e forte é a Pátria da minha infância, é Guimarães!”


Joaquim Teixeira de Novais, imagem de SAL
Joaquim Novais Teixeira, no discurso em sua homenagem, no Restaurante Jordão, em 1956
“De Guimarães o campo se tingia Co’o sangue próprio de intestina guerra, Onde a mãe, que tão pouco o parecia, A seu filho negava o amor e a terra. Co ele posta em campo já se via; E não vê a soberba o muito que erra Contra Deus, contra o maternal amor; Mas nela o sensual era maior.
“Não passa muito tempo, quando o forte Príncipe de Guimarães está cercado De infinito poder, que desta sorte Foi refazer-se o inimigo magoado; Mas, com se oferecer à dura morte O fiel Egas amo, foi livrado; Que, de outra arte, pudera ser perdido, Segundo estava mal apercebido.”

Luís de Camões, In “Os Lusíadas” (Canto III, est.s 31 e 35)

Luís de Camões, imagem de SAL
(…) “Donde claramente se interfere que, nesse acordo, os dois monarcas irmãos tinham igualmente em mente a ideia da assimilação da nacionalidade fundada por Afonso Henriques. Tal pacto em breve, porém, se tornou letra morta. O fim prematuro de Sancho, de Castela, impôs novas circunstâncias, dando origem a outras maquinações e outros dissídios. Em 1165, o rei de Galiza e Leão encontrou-se em Celanova com Afonso Henriques, firmando ambos novo pacto que parecia por termo às recíprocas apreensões dos dois monarcas. (…) Após a jornada de Ourique, D. Afonso Henriques instituiu, no burgo vimaranense, no lugar do antigo mosteiro fundado por Mumadona, uma Sant'Anna Dionísio, imagem de Colegiada anexa ao santuário de Santa Maria da Oliveira…” SAL Miguel Torga, imagem de SAL José Viale Moutinho, imagem de SAL
Sant’Anna Dionísio, in “Velho Minho”
“Pouco depois, a caminho de Guimarães, com antolhos de parra a impedirem o aceno de qualquer horizonte, apetecia mais do que ruminar. Uma indizível melancolia, para além do quadrúpede, mandava especar a raiz num lameiro e vegetar. Na citânia de Briteiros, a evocação dum passado sobranceiro aos charcos, todo vivido nas alturas agrestes do mundo, deu-me um pouco de calma. Infelizmente, logo a seguir, as aquistas das Taipas lembravam anjos a veranear numa nuvem de clorofila… Parecia uma alucinação. E comecei a parodiar-me:
O vinho é verde, o caldo é verde… Era uma tolice rematada ir visitar a célula da nacionalidade com tanta folha nos sentidos. A cama da pátria deve espelhar a enxerga dos filhos. E, tanto no temporal como no espiritual, cada português nasceu sempre numa manjedoira de palhas secas.”
Miguel Torga, in Portugal
“Em Guimarães, no meio de um jardim cercado de altos muros, há um colosso de granito armado de um falo descomunal. Os arqueólogos e os geólogos têm as suas opiniões divididas, pois uns dizem que se trata de obra do homem e outros que não passa de uma dessas bizarras esculturas naturais. Há ainda quem suponha o colosso fruto de um capricho de deuses embriagados.”
José Viale Moutinho, in “Hotel Graben”

“O Castelo de Guimarães, qual existia nos princípios do século XII, diferençava-se entre os outros, que cobriam quase todas as eminências das honras e préstamos de Portugal e da Galiza, por sua fortaleza, vastidão e elegância.” (…)
“Mas não vedes aí ao longe, por entre a casaria da povoação e verdura das almuinhas, que, entressachadas com os edifícios burgueses, servem como vasto tapete, onde assentam os panos dos muros alvos, e os telhados vermelhos e aprumados das casas modestas dos peões? Não vedes, digo, a alpendrada de uma igreja, a portaria de um ascetério, a grimpa de um campanário? É o Mosteiro de D. Mumadona: é um claustro de monges negros; é a origem desse burgo, do castelo roqueiro e dos seus paços reais. Havia duzentos anos que neste vale viviam apenas alguns servos, que cultivavam a vila ou herdade de Vimaranes. Mas o mosteiro edificou-se, e a povoação nasceu.“
Alexandre Herculano, imagem de SAL

Alexandre Herculano, in “O Bobo”
“Santa Cristina de Cerzedelo, pelo que toca à beleza e amenidade do sítio, nada tem de mais notável do que qualquer das outras aldeias, que estanceiam naquela Formosíssima península, formada pelas correntes do Ave e do Vizela. Está situada na encosta de uma grande colina ou monte, como à falta de montes lhe chamam por lá, assombrada por arvoredo copado e viçoso, fresca, amena e deleitosa como todas as demais. A sua igreja, porém, é que desperta a curiosidade, e atrai profundamente a atenção dos que passam por ali.”
“O solar de Nespereira era um dos poucos que ainda, no princípio deste século, conservavam as feições primitivas. Era uma grande torre quadrada, feita de paralelogramas uniformes de granito, nus e denegridos pelo bafo dos séculos.“

Arnaldo Gama, imagem de SAL
Arnaldo Gama, in “O Segredo do Abade “
“Ferreira de Castro nos ensina a norte de Portugal no verão sem mácula, de cidade em cidade, de aldeia em aldeia, conhece cada recanto, paisagens e histórias, de Oliveira dos Azeméis onde nasceu à fronteira espanhola… Mesmo com o calor de Julho veste-se para o rigor do Inverno, não abandona o terno pesado, o
colete e o chapéu, não sei de ninguém com tamanha fobia a resfriados, nenhum francês o ganha no repúdio às correntes de ar. No carro pede a Zelia que lhe cante o Luar do Sertão, cantiga em que é vidrado. Perto de Guimarães, na localidade de Taipas, ergueram-lhe um busto, os portugueses se orgulham do romancista traduzido em todas as línguas, carregado de prémios - vem de receber a Águia de Ouro de Nice, atribuído por um júri internacional presidido por Miguel Angel Astúrias.
Jorge Amado, imagem de SAL O busto no parque da aldeia, à sombra das árvores, próximo a um banco onde conversam labregos na folga do domingo. Louvo o gesto da municipalidade e da gente do lugar, a homenagem, o autor de A Selva não comparte de meu entusiasmo: - Uma pena, botaram-me a perder o veraneio. Todos os anos, no verão, vinha aqui para uns dias de descanso. Antes do sol se pôr, à tarde, sentava-me naquele banco - aponta o banco junto ao busto , conversava sobre a chuva e o bom tempo, a vida e a morte com os patrícios, sabem coisas, contavam-me das pessoas e dos costumes, os detalhes com que se fazem os romances.”
