Guimarães, Património Mundial da Unesco, 20 anos depois Victorino Costa
Qualquer evento, por mais importante que seja, só deixa marcas quando estribado num conjunto de infraestruturas que pautem o bem-estar e o progresso das populações. Isso requer, como é óbvio uma visão de futuro dos responsáveis pelos destinos das populações, que não podem ficar presos a contingências conjunturais e temporais, antes têm de alargar as suas perspetivas numa ótica de alargada prospetiva, visionária de um futuro que tem de mental social e culturalmente se projetar no amanhã. Esse foi o mérito do Marquês do Pombal ao ‘visionar’ a baixa pombalina, esse foi o mérito de Fontes Pereira de Melo ao ‘visionar’ as redes viárias como as veias de um país e esse foi, em última análise o grande demérito dos responsáveis autárquico de Guimarães das últimas décadas, esse foi o mérito do Infante D. Henrique ao visionar o projeto das descobertas. Por muito que a alguns custe admitir, temos de reconhecer que não tivemos, nas últimas décadas, edis com perspetiva de futuro, capazes de aproveitar as sinergias de todo um conjunto de acontecimentos que marcara, indelevelmente a comunidade e poderiam ter sido efetivas fontes de desenvolvimento sustentado, de um cada vez maior bem-estar das populações, de um maior progresso e desenvolvimento do concelho. Elevação de Guimarães a Património Mundial, Euro 200 e Capital Europeia da Cultura terão sido os mais importantes. Todavia e pese embora a sua relevância e impacto social e cultural, nem por isso com significado duradouro na referida melhoria das condições de vida, no progresso e desenvolvimento social e económico da terra e das populações. Porque não houve ‘visionarismo’ capaz, os eventos ficaram geralmente preso nas teias da conjunturalidade, nas ténues malhas da temporalidade e circunstancialismo. Não criaram redes que sustentassem novos fôlegos, que congregassem as sinergias de uma população que bem merece melhor atenção. O passado só tem real valor, se sustentáculo de padrões de futuro, se alicerce de sentimentos e forças que nele se estribem para evitar erros e aproveitar sinergias. A elevação de Guimarães a Património Mundial da UNESCO irmanou-nos num conjunto restrito de
136


































