Guimarães, Património Mundial da Humanidade Teresa Portal
Portuense de gema, amante confessa da História Nacional e Mundial, viajei para o berço da nacionalidade por um acaso ao preencher uma daquelas folhinhas azuis de 33 linhas (já então se abolira o papel selado) para lecionar no então Liceu de Guimarães (hoje Escola Secundária Martins Sarmento), que mantém na sua fachada o nome de liceu. O que eu não sabia (e apurei fruto de investigação) é que, ao contrário do que diz o meu registo biográfico que menciona ter lecionado no Liceu de Guimarães, vim lecionar para o Liceu Central Martins Sarmento, já que o Liceu Nacional de Guimarães apenas ministrava o currículo até ao 5º. ano do liceu (hoje 9º. ano) e, em 1917, sob proposta de um professor do liceu, o então deputado cónego José Maria Gomes, a Assembleia Nacional transformou o liceu em Central, começando a lecionar o Curso Complementar (6º e 7º anos), hoje Ensino Secundário (10º e 11º anos, já que o 12º ano surgiu bastante mais tarde) e cujas despesas caíam no orçamento municipal, tendo sido muito importante para o efeito a intervenção da Sociedade Martins Sarmento. Quando acabaram as escolas industriais e comerciais e se instituiu o Ensino Secundário único, caiu o nome de liceu central e colocou-se Escola Secundária. Atrevo-me a dizer que a maior parte das pessoas desconhecia e desconhece este facto. Martins Sarmento, um grande arqueólogo e escritor do século XIX, explorou a Citânia de Briteiros e Sabroso (só me interessa esta escavação arqueológica), pois parte do espólio está no Museu da Cidade, sede da Sociedade Martins Sarmento. O Liceu foi uma escola para mim. Nunca tinha lecionado, estava a concluir a Licenciatura em Filologia Germânica na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, no 5º ano, e tive um horário que, se fosse hoje, qualquer professor recusaria por o considerar todo esburacado. Acrescente-se ao horário 6 horas de camioneta por dia (Porto – Guimarães - Porto). É que, antigamente, os professores viajavam de camioneta e de comboio. Posso mencionar, por mera curiosidade, que dava aulas de Alemão de manhã (quase sempre às 8:.30 h) e, de tarde, Inglês (apanhei o 8º ano que tinha Inglês nível 4, única turma do liceu e de Guimarães sem programa a nível nacional, sem manual e sem ajuda, já que as outras turmas tinham todas Francês 4) e duas turmas de Português do 8º ano também. Uma verdadeira escola com muitas coisas boas e outras más, que não vêm ao caso. Consideremos que houve duas coisas que me chocaram na altura: os alunos do 8º ano
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