Nos 20 anos do Centro Histórico de Guimarães Património da Humanidade O TOURAL DE HOJE Lino Moreira da Silva
Convidam-me para colaborar na presente publicação, que se propõe celebrar os 20 anos do reconhecimento, pela Unesco, do Centro Histórico de Guimarães, Património da Humanidade. Faço-o com o maior gosto, recordando que o processo para esse reconhecimento envolveu muitas dificuldades, tendo sido a candidatura aprovada em 13.12.2001. Tratou-se de uma grande vitória, para Guimarães, pelo reconhecimento nacional e internacional que alcançou, pela centralidade que adquiriu, pela dinâmica que adotou, pelos benefícios que recebeu, e (para mim, o mais relevante:) pela obrigação de ‘cuidado’ que passou a ter, dadas as exigências que a Unesco impõe, na preservação e no respeito pelo património reconhecido. Estamos perante valias muito difíceis de conseguir, e sobretudo de manter, pelo que é da maior justiça felicitar todos quantos, sob a égide, nomeadamente, da Câmara Municipal de Guimarães, se têm esforçado por preservar, em Guimarães, o espírito da Unesco de valorização do património. Mas deve notar-se que esse reconhecimento não é irreversível. O galardão da Unesco já foi retirado a algumas entidades, como ao “santuário de vida selvagem”, em Omã (2007), por caçadas ilegais e ‘perda de habitat’; ao Vale do Elba (Dresden, Alemanha), devido à “construção de uma ponte rodoviária, de quatro vias, sobre o rio” (2009); à cidade inglesa de Liverpool (2021), pela intervenção urbanística operada na frente marítima, que originou “uma perda irreversível de atributos que transmitem o valor universal excecional do local” (jornal Público, 22.07.2021). E ainda muito recentemente, Braga manifestou, publicamente, o receio de essa despromoção ser exercida sobre o Bom Jesus do Monte, devido a circunstâncias naturais e à pressão urbanística (Jornal de Notícias, 16.08.2021). Por isso, a preservação do Centro Histórico de Guimarães, Património da Humanidade, exige uma atenção continuada, sob os mais diversos aspetos. Pontos essenciais são a necessidade de dinamização cultural continuada e a sensibilização dos munícipes, para ela mesma, além de apoios para a conservação dos edifícios, que, sendo indispensável, muitos não
114


































