Guimarães: a Cidade Renascida “Por quem os sinos dobram” José Pinheiro
“Com tal arte foi construída Andria, que todas as suas ruas correm segundo a órbita e os edifícios e os lugares da vida em comum repetem a ordem das constelações e a posição dos astros mais luminosos: Antares. (…) O calendário da cidade está regulado de maneira que as obras e as lojas e as cerimónias estão dispostos num mapa que corresponde ao firmamento nessa data: assim reflectem-se os dias na terra e as noites no céu.” Italo Calvino – in “As Cidades Invisíveis”.
Uso o título da obra de Hemingway para descrever o alvoroço vespertino com que, a 13 de dezembro de 2001, as igrejas e os seus carrilhões anunciaram à cidade e aos vimaranenses o reconhecimento e elevação do Centro Histórico da Cidade de Guimarães a Património Mundial da Humanidade, fazendo, a partir de então, parte da lista das Cidades com Centro Histórico de todo Mundo classificadas pela UNESCO, acontecimento que marcou indelevelmente todos os vimaranenses enchendo-nos de orgulho. A classificação do Centro Histórico de Guimarães como Património da Humanidade foi recebida pelos vimaranenses com grande emoção e alegria e um forte sentimento de pertença e de identificação com a cidade. Foi, também, o reconhecimento de um prolongado processo de requalificação e de reabilitação urbana, que teve como objetivo a recuperação e a preservação de um património construído de excelente qualidade formal e estética, bem como a melhoria das condições de vida da sua população local, e a persistente atitude, sensibilidade e empenhamento da Câmara Municipal de Guimarães e da sua excelente equipa de arquitetos e outros técnicos (Gabinete Técnico Local), com base no Plano Geral de Urbanização de Guimarães do Arquiteto Fernando Távora, acrescentando valor crítico, científico e estético, conhecimento inestimável para a apreciação do júri internacional da UNESCO, cumprindo-se, assim, o desiderato coletivo das gentes de Guimarães, projeto em que todos acreditavam. O Plano Geral de Urbanização de Guimarães de Fernando Távora revelou o diamante puro escondido na cidade intramuros, que se propôs lapidar com todas as cautelas, com conhecimento e com a consciência do seu valor patrimonial intrínseco. Como refere o arquiteto Bernardo Ferrão “As propostas efectuadas por 108


































