Quatro de novembro de 2019
— Te dou 12 laranjas por dois reais, morenona! Dei risada e respondi: — Quero sim, nego! Entre sorrisos e suspiros no meio das laranjas, a manhã de segunda ficando gostosa e esse frete de primeira, a milésima temporada, nem editor tá conseguindo acompanhar os capítulos da treta soteropolitana. Uma vendedora em frente, sentada e gargalhando lendo um livro, me chamou a atenção. Comia a mercadoria mais que vendia. Me aproximei e vi que lia aqueles romances de mil novecentos e bolinha, Júlia, Sabrina. Eu perguntei: — O que tem de engraçado aí? Ela me olhou bem sisuda e disse: — Intrometida, vou largar o doce. Ô livro bom! Só tem osadia hahaha. E outra, parece o trelelê de vocês dois. Eu superbancando a ingênua, fiz cara de Sandy... — Eu e quem? — Sim, sonsiane! — ela respondeu — Vá trabalhar, viu, mulé! E não deixa a sorte passar! Recado dado e prontamente recebido. Com essa, retoquei meu batom pela lente de um espelho de uma moto estacionada, ao som de fiu fiu, mainha! Minha terra tem laranjais, e o gorjear das aves humanas é incontrolável. Eita!
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