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Quinze de agosto de 2019
from FUXICO, RESENHA, MEXERICO NAS ESQUEINAS E BUZUS DE SALVADOR | Caramurê Publicações | Selo João Uba
Seria aquele itinerário noturno comum... comum que nada, vc mora em Salvador. Corre todo mundo no ponto e um bocudo grita: — Lé vem o buzu de ar condicionado!
Sai todo mundo correndo, e naquele aperta e esfrega na catraca vem um entrando, registrando a passagem, colocando o cartão na boca, segurando a sacola, se requebrando. A senhora cheia de muxoxo falou: — Parece que é abestalhado! À toa! Tabaréu!
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A galera toda encantada, o busão realmente lotou e o frio comendo no centro. Um gritou: — Botou pocando, pai, tá filé! Vontade de dormir aqui! Ô mainha, já chegou nas Sete Portas. A mãe, toda envergonhada, não parava de rir. Uma moça toda descabelada, com cara de cansada do trampo, saca da bolsa o saco cheio de bolacha de Maizena quebrada. Nisso, o ônibus freou e foi bolacha para todo lado. Um pedaço da iguaria caiu na cabeça de um homem careca. Sabe essas trajetórias de arremesso que nem a física explica? Todo mundo deu risada, pois a bolacha grudou no topo da cabeça. Rapidamente, envergonhado, o cara tirou. E eu pensando que ia rolar um bafafá!
“Ainda existem pessoas de boa nesta cidade”, disse um gaiato.
Outra mulher esperou a dona da bolacha descer e se pronunciou: — Se fosse eu, ela ia ver o dela!
Aos poucos, esvaziando a ‘carruagem real’, uma mãe quase dá um peteleco na orelha do filho, que ia descer no ponto errado, acompanhado de um grito que nem precisava de otorrino. — Ô mininoooo! Valllllteeeee!
Tá aí uma palavra que amo nesta cidade; “valte”, no bom baianês, é a mesma coisa que “volte”. E voltando as histórias brotam, e eu aqui só captando. Que onda!