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Quatorze de abril de 2019

Gente, tempo de quaresma não se fuxica. Entregue à força do hábito, voltando no buzu lotado da caminhada de Ramos, no meu traje de devota com a camisa de Santo Antônio, na minha, concentrada, um cara me olhando e eu desviando a vista, até que ele falou: — Uma mulher de Deus nesse mundo raro, religiosa e indígena...

Eu olhei para ele e perguntei: — Indígena?

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Ele disse: — Sim. Esse seu colar veio de longe, da comunidade dos Kiriris...

Calou minha boca. Quando íamos remendar conversa, ele já sacando o celular para me pedir meu número, surge aquele vozeirão familiar: — Dona Daiana Maria, chegou o ponto!

Ai, meu Deus! Cortada de Painho até de Maria ele me chama... de novo. Viu, para vocês que amam um pecado, tome! Glorioso Antônio não vai me casar nunca. Dos caprichos de fazer arte, recordei de minha vó ao mesmo tempo, de quando a gente ia saber bem sabido o gosto do couro quente da bainha de facão enquanto dançava “Alibabá”, o que quase fez o povo voar pela janela na casa da fazenda. Quaresma é coisa séria. E quando mais velho fala, acontece!

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