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Nove de novembro de 2018
from FUXICO, RESENHA, MEXERICO NAS ESQUEINAS E BUZUS DE SALVADOR | Caramurê Publicações | Selo João Uba
Vou chamar essa criatura de Homem do Além. Aqui na Liberdade tem uma figura curiosa, entre tantas. Trabalhador ambulante durante muitos anos. Recordo a passagem do seu pai, já falecido, murmurando coisas que ninguém entendia, subindo e descendo pelas ruas da antiga Estrada das Boiadas. Só sei que vários cães o acompanhavam, vira-latas pretos, robustos, aproveitadores da xepa de pelancas e ossos gigantes, fortificante natural. Vá encostar nesse senhor! Ia receber uma dentada e iscurraçada deles. Uma tropa de quatro patas. Após seu falecimento, os cães começaram a seguir o filho dele. Um dia desses bem babadeiros — não tenho culpa se as coisas ocorrem na minha frente pra eu prontamente tomar nota da vida alheia — estava eu voltando do meu lugar, o Pelourinho, às 23h30min — bem cedo, né? — quando tomei aquele susto de passar a lombra alcoólica de qualquer um! Me bato com essa barreira de cães e o Homem do Além. Eu pensei: o que tinha nessa bebida, Senhor?! Em vez de sair picada, observei estática o alinhamento dessa matilha retada: andavam em formato de H, com o “protegido” no centro. Eu pensei: eita, disgrama! Não sei como não me viram. Só sei que é um esquema de segurança particular que até carro-forte ficaria com inveja. Maluco tem é arte. Cachorro também, e na minha terra todo
mundo é artista e estreia sabendo performar com estilo de nascença. Brinque com baiano, sua miséria!
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