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Onze de setembro de 2019

O maior alvoroço! O motorista começou a gritar: — Ohhh gente! Na moral, chama essa rasta que tá dormindo, esse é o ponto dela! Já chegando na Barroquinha, o pessoal fez logo uma agonia: de forma nada delicada deram aquele solavanco, sacudindo a moça. — Eiiiii, acordeeee! Chegou seu ponto!

Um rapaz soltou ironicamente: — Deve ser limusine fretada para a princesa.

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A maior risadaria no buzu. Uma outra disse: — Oh gente, olha onde ela trabalha! Que lugar barriado!

Como se todos fossem amigos de infância, cada um soltava uma piada, bem característico do comportamento baiano: intimidades que são geradas do nada!

A moça acordou esbaforida, agradeceu ao ônibus inteiro. Um filósofo de buzu que tomava parte da situação, assim como eu, disse uma pérola: — Consideração na nossa terra é tipo doce do bom.

Uma mulher que balançava a cabeça em sinal de afirmação disse: — Verdade, nego! Dou valor a quem me consideraaaa!

Aí um cara dando risada disse: — Motô, a pergunta que não quer calar: cê tava na maldade, doido pra levar a moça pra garagem... Cês não pegaram a visão,

inocentes!

Ninguém se aguentava no riso. Ele continuou: — O buzu virou consultório sentimental, sou cabeça feita para dar conselho, bem vivido.

Uma voz no fundo gritou: — Você é corno, isso sim!

Chegou a descida e quem sabe o que rolou adiante? Toda Barroquinha tem seu fim.

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