
1 minute read
Onze de junho de 2019
from FUXICO, RESENHA, MEXERICO NAS ESQUEINAS E BUZUS DE SALVADOR | Caramurê Publicações | Selo João Uba
O hábito de curiar nas janelas daqui da rua é antigo. Quando éramos crianças, na casa da minha madrinha, ficávamos na expectativa de ver os vendedores da vassoura, da tapioca e da folha, para remedar (imitar). O da tapioca passava com uma bacia na cabeça, cheia de beiju e colar de licuri, na maior postura, gritando: “Ê tapioca! É tapioca!”; o da folha passava: “Capim-santo, erva-cidreira, espinho cheiroso e mãe-boa!”; e o da vassoura era o melhor de todos. Na memória de criança parecia tipo aqueles super-heróis. Cheio de vassouras. E a vassoura que a gente amava era a que chamávamos de “vassoura da bruxa”, aquela de limpar telhado gigante. Ele passava: vassoureiro! Sempre mainha reclamava pra gente parar de abusar imitando os vendedores. Era muito divertido ficar dependurado na janela, na expectativa dessas figuras aparecerem. Isso diz muito de como o nosso povo baiano não nega trabalho e labuta muitas vezes pela herança do saber dos nossos antepassados: rolete de cana na cabeça, acarajé, bala de açúcar queimado, acaçá. Dessa história bom sabedor compreende!
Advertisement