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Onze de outubro de 2018

Das marmotas de buzu agora de manhã. Uma senhora de uns 50 anos aparentemente, conversando com uma outra mulher ao lado dela: — Minha filha, você ainda tem um tesão para se jogar na calada da noite, e eu? Nada! Vou pintar meu cabelo para ver se floresce. Deus sabe de todas as coisas! O varão está vindo!

Eu respirei, fui me sentar no fundo e me acabei de dar risada. Aos lafuriosos2 de plantão, varão é homem de Deus, viu, gente osada?

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2 Jeito frenético e ousado dos fãs da banda baiana de pagode La Fúria.

Cinco de outubro de 2018

Um sextou diferente está pairando hoje. Amanheceu, todo mundo saiu de casa para cumprir suas rotinas operárias no buzu e no metrô, e eu acreditando que iria me bater com o silêncio amargo matinal, mas foi o oposto. Parece que antes estava tudo entupido e, num piscar de olhos, bocas falantes, discussões sobre o debate dos candidatos à presidência, exposições e argumentos em choque. A batida do coração impregnada pelas nossas paixões ideológicas, reacionárias, irracionais e outros olhares — poucos — fingindo demência, a não querer se pronunciar. A coisa tá quente, o babado é forte. Um cara olhou pra outro e disse: — Colé de mesmo, meu pivete? Isso vai passar! Logo vamos meter dança no Carnaval.

Outro olhou e disse: — Você não passa de um abestalhado, marionete do sistema.

Aí o outro disse: — O sistema é a disgraça!

E realmente ele tem razão. Continuei a observar e, doida para me meter na história, segurei a bacurinha e fiquei num silêncio de mosteiro. Não conheço um educador dessa Bahia de meu Deus — ou sem Deus — que não esteja preocupado com o que pode acontecer. E quem não se preocupa é

porque não está entendendo a gravidade ou realmente finge demência. Haja garapa de limão!

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